Contagem decrescente: reflexões sobre o Sporting (II)
Ao contrário de alguns colegas de blogue, não tomo partido pela conquista do campeonato quando o meu clube está afastado dessa corrida. Abri uma excepção a esta regra em 2001, quando o Boavista venceu o título: isso sim, trouxe-me satisfação. Por fazer a diferença.
Considero que o futebol português retrocede com a progressiva hegemonia de dois clubes que tendem a secar tudo em redor: essa hegemonia agrava-se quando o Sporting, como este ano sucedeu, perde influência nos estádios e fora deles. E quanto mais hegemónico for um desses clubes mais o meu pessimismo se agrava quanto às perspectivas de regeneração do futebol português, que todos os anos vai perdendo competitividade global, receitas de bilheteira e espectadores.
Quanto às explosões de júbilo por outros clubes ganharem ou perderem o título, lamento, mas não as partilho. Porque nada disso pode redimir uma época desastrosa - a nossa pior de sempre - em que nos podemos queixar essencialmente dos dirigentes que escolhemos, portanto de nós próprios.
Porém, se soubermos fazer das fraquezas força, e da falta de meios soubermos gerar um motivo para aproveitarmos bem os nossos recursos (e não andarmos a largar milhões por jogadores ineptos), talvez até acabe por vir a considerar positivo este período de penúria desportiva e financeira.
Fantasia? É possível. Porque os vícios estruturais e - pior que isso - a mentalidade autodestrutiva que já nos levaram a prescindir de excelentes técnicos e excelentes atletas em nome de arroubos momentâneos foram criando raízes e tardam em ser extirpados de Alvalade.