Uma entrevista imperdível
Começo por esclarecer que concordo em grande medida com o que atrás escreveu o João Távora. Estou à vontade para o fazer: sou 100% republicano e totalmente antimonárquico. Conheço a história do Sporting e tenho o maior orgulho em ser sportinguista. O qualificativo “homem do povo que subiu a pulso” aplicado a alguém que quando fala parece ter uma mola a apertar-lhe o nariz como é o caso do presidente do nosso clube só revela a total falta de noção de qualquer realidade por parte da anterior presidência da mesa da Assembleia Geral do Sporting. E a frase “O Sporting tem na sua génese uma coisa terrível; ter sido fundado por um visconde” só revela muitos complexos da parte do catedrático de psiquiatria Daniel Sampaio, que contrastam profundamente com o slogan da lista de que há dois anos fez parte e pela qual foi eleito. E o ter proferido estas atoardas sem se dar conta do destaque que teriam, quando tinha tanta coisa tão mais importante a dizer revela mais uma vez o desastre que foi a comunicação aos sportinguistas e ao público em geral da parte deste órgão, como se confirmou uma última vez na noite eleitoral (o colega e presidente Eduardo Barroso, representante do Sporting num programa semanal de TV, nesse aspeto é talvez ainda pior).
Justamente: quando Daniel Sampaio tinha tanta coisa mais importante a dizer. E disse, no meio disto tudo que são questões absolutamente secundárias quando comparadas com outras histórias que são reveladas na mesma entrevista. A confirmar-se o que Sampaio revelou, a anterior direção, nomeadamente o anterior presidente, mostravam um desprezo total pelos sócios, nomeadamente os que os queriam destituir. Mais grave ainda: os últimos presidentes têm sido escolhidos por um só homem, José Maria Ricciardi. Por isso, e por muitas dúvidas que Bruno de Carvalho ainda me ofereça, era essencial escolher um presidente que não fosse o “escolhido” de Ricciardi. Era essencial mudar algo no Sporting, que não é um clube “do povo” mas é um clube muito grande. De todos os seus sócios, e não de um pequeno grupo que tem concentrado todo o poder.