Um ano depois
Faz agora um ano, Godinho Lopes cometeu o seu maior erro enquanto presidente do Sporting: dispensou abruptamente Domingos Paciência do comando técnico da equipa, ao fim de escassos oito meses em funções, a pretexto de três jogos mal sucedidos e de uma irrisória manifestação de hostilidade ao treinador por parte de duas dezenas de imbecis no aeroporto de Lisboa. Ainda hoje estamos para conhecer os motivos do insólito despedimento do homem que Godinho Lopes tanto enalteceu no início do seu mandato prometendo que seria ele a conduzir o futebol profissional do Sporting no caminho de regresso aos troféus.
Na recente mega-entrevista ao Record, o ainda presidente leonino nada esclareceu sobre este controverso acto da sua gestão, refugiando-se em expressões vagas e até contraditórias. "As coisas comigo são claras. Todas as competições são importantes. Na análise que foi feita na altura, entendemos que o projecto previsto para o clube com Domingos Paciência não teria condições para continuar. Gosto de Domingos mas, na altura, entendi que era a melhor opção", declarou Godinho Lopes.
Ou seja, tudo menos claro. O ainda presidente, que tanto apregoa a necessidade de deixar cumprir os mandatos quando o visado é ele próprio, não deixou nenhum dos seus principais colaboradores para o futebol profissional cumprir qualquer mandato. Nem Domingos, nem Sá Pinto, nem Vercauteren, nem Luís Duque, nem Carlos Freitas. Suprema contradição num homem que é fértil nelas. Repare-se neste outro trecho da entrevista ao Record: "Considero que foi um erro ter contratado tantos treinadores. Isso não significa que eu não tomasse as mesmas decisões que tomei."
Alguém aí falou em incapacidade de liderança?
Releio estas linhas, escritas quando este blogue tinha mês e meio de existência, e confirmo: já era então possível detectar as raízes da degenerescência do mandato de Luís Godinho Lopes.
Pior que cometer erros é não reconhecer os erros cometidos. Com os dados hoje ao nosso dispor sabemos que o inexplicável e inexplicado despedimento de Domingos abriu caminho a um prolongado ciclo de pesadelo no Sporting. O pior de sempre.
Bastaria isto para esta data ser lembrada: as lições que encerra devem servir de vacina para prevenir outros males.
As pessoas e as instituições que não assumem os erros estão condenadas a repeti-los. Em doses maiores e suportando consequências ainda mais nefastas.