Unhappy ending
Lembram-se do Sunil Chhetri? É um sorridente rapazinho oriundo da Índia que há meia dúzia de meses foi apresentado como um promissor reforço do Sporting e um homem capaz de abrir as vastas portas do vasto subcontinente indiano às aspirações do nosso clube. A coisa na altura originou reportagens televisivas, entrevistas e extensos artigos de jornal alimentados pela excelente máquina promocional de que Godinho Lopes então dispunha, capaz de transformar uma cabeça de alfinete no USS Enterprise.
Chegámos até, na altura, a ler linhas como estas: "O acordo enquadra-se numa perspectiva de internacionalização da marca do clube de Alvalade, que aposta num mercado com mais de 1200 milhões de pessoas." Na página do clube na Internet, falou-se em "dia histórico". Enquanto Godinho Lopes, num assomo de megalomania patrioteira, proclamava estas palavras de teor épico que fariam Vasco da Gama corar de inveja: "Queremos apoiar o desenvolvimento do futebol na Índia."
O problema destas histórias que alimentam rios de propaganda, muitas vezes, é o seu desfecho. E o desfecho surge hoje, numa notícia de escassas cinco linhas impressas no diário desportivo O Jogo: "O jogador indiano Sunul Chhetri, que o Sporting contratou esta época ao Mohun Bagan AC, está de regresso ao seu país. O avançado, que participou somente em três jogos pelo Sporting B na II Liga, foi emprestado ao Churchill Brothers até final da época." (O sublinhado a negro é meu).
Desta vez, no momento da despedida, o simpático indiano não tinha holofotes televisivos nem batalhões de jornalistas no aeroporto...
Quadro: Vasco da Gama perante o Samorim de Calecute, de Veloso Salgado (1898)