Rescaldo do jogo de ontem
Não gostei
De perder dois pontos no Funchal. Voltámos a tropeçar frente ao Marítimo, a equipa que nos afastou da Taça de Portugal na época passada. No desafio da primeira mão, em Alvalade, conseguimos vencer com muita sorte, graças a um penálti convertido aos 98' por Porro. Desta vez o mesmo jogador enviou um petardo à barra com a bola a fazer ricochete num poste sem transpor a linha de golo, aos 75'. A estrelinha ficou em Lisboa: empatámos 1-1 - resultado que já estava construído ao intervalo. Mais dois pontos perdidos, após as recentes derrotas contra Santa Clara e Braga, além do empate no Dragão.
De Matheus Nunes. Fez-lhe mal ouvir aquele rasgado elogio de Pep Guardiola. Pelo segundo jogo consecutivo, teve uma exibição apagadíssima. Agarrou-se em excesso à bola, abusando do individualismo. Falhou numerosos passes. Foi incapaz de criar um verdadeiro lance de perigo. Perde automatismos quando actua sem Palhinha, seu habitual parceiro no meio-campo.
De Nuno Santos. O golo do Marítimo, logo aos 5', nasce de um mau alívio dele em zona frontal à nossa baliza. Parece ter acusado em demasia este erro individual: nunca mais se reencontrou na partida. Tentou alguns ataques pelo seu flanco, mas foram sempre inócuos.
Do nosso início. O que começa mal tarde ou nunca se endireita. Assim aconteceu ao Sporting nesta partida no estádio dos Barreiros. Exibimos um fio de jogo previsível, sonolento, burocrático e desinspirado, concedendo demasiada iniciativa ao adversário. Erro que se pagou caro.
Do sistema táctico de Amorim. Confrontado com várias ausências de titulares, o treinador leonino dispôs desta vez os jogadores num 3-5-2 inédito em início de partidas nestes dois anos em que orienta o Sporting. Talvez também para potenciar Paulinho e Slimani em simultâneo lá na frente enquanto entregava a Daniel Bragança a missão de ser o médio mais criativo. Faltam rotinas neste processo, como se foi tornando evidente à medida que o jogo se desenrolava.
Da condição física da equipa. Neste seu 40.º jogo oficial da temporada, o onze titular acusou claro desgaste. As pernas já vão pesando em vários jogadores, muito ao contrário do que aconteceu em 2020/2021.
Da nossa lentidão em campo. O conceito de "ataque rápido" parece ter rumado a parte incerta no futebol leonino.
Das ausências. Quatro das nossas peças nucleares ficaram de fora: Sarabia, Palhinha (por castigos), Feddal e Pedro Gonçalves (por lesões). Não é de somenos, longe disso. Basta referir que dois deles incluem-se entre os nossos três melhores marcadores actuais.
Do banco de suplentes. Amorim só fez duas trocas: Nuno Santos por Edwards (76') e Daniel Bragança por Vinagre (80'). Meter mais quem? Além dos que entraram e de dois guarda-redes, tinha apenas Neto, Esgaio e Dário.
De Edwards e Vinagre. Nada adiantaram: continuam ambos à procura de exibições convincentes no Sporting.
Gostei
De voltar a ver Slimani como titular. Seis anos depois, o craque argelino voltou a integrar o onze inicial. Está fortemente motivado, o que se reflecte na sua atitude em campo, pressionando a saída em construção da equipa adversária. Esforço recompensado aos 38', quando marcou o nosso golo - à ponta-de-lança, muito bem servido por Matheus Reis. Ei-lo a facturar na terceira vez que veste de verde e branco desde o seu regresso, após uma assistência no jogo anterior, em que foi suplente utilizado. E aguentou os 90 minutos. Exibição muito positiva.
De Matheus Reis. O melhor em campo. Voltou a evidenciar-se como um dos grandes valores deste Sporting 2021/2022. Sobretudo no seu envolvimento em lances ofensivos bem desenhados, com ponto alto na assistência para o golo. Aos 85' voltou a fazer um cruzamento perfeito, solicitando Coates, quando o capitão já actuava lá na frente, como ponta-de-lança improvisado.
De Porro. Deu-nos os três pontos contra o Marítimo na primeira volta e bem tentou repetir a proeza na partida de ontem. Aquele seu tiro que bateu duas vezes nos ferros merecia melhor desfecho. Tal como o lance aos 49' em que isolou Paulinho na cara do golo, infelizmente desperdiçado.