Da série "Os nossos ídolos" (em substituição e em protesto)
Quando entrou em nossa casa, tinha cerca de 2 meses. Andava abandonado na rua, mas tinha uns olhos meiguíssimos. Após uma votação renhida, decidimos adoptá-lo, impunha-se agora escolher um nome. "Mãe, um nome à Sporting, por favor!"
Ok. Liedson foi a primeira proposta, quase em uníssono. Porém, algo naquele momento me fez recuar. Não, Liedson não. Apesar de gostar muito dele, sei que está de passagem pelo Sporting, e um dia será jogador de outro clube e ainda nos dá algum desgosto. Tem de ser um nome indiscutivelmente sportinguista, ligado ao clube para a eternidade. Outra vez em uníssono: Stromp.
Foi assim que o Stromp chegou à nossa casa. Por estes dias deve estar a completar os 3 anos de vida, e hoje, como no primeiro dia, recebeu-me outra vez no quintal com aquela devoção que é própria de quem é incapaz de uma traição.
Eu venho aqui pedir desculpas. Devia ter sido tão rigorosa ao escolher o meu ídolo para esta série de posts como fui ao escolher o nome do cão.
Fundador eclético, e jogador de magníficos recursos, Francisco Stromp, foi o primeiro grande capitão e treinador de futebol do Sporting Clube de Portugal. Nascido em 1892, é perpetuamente o sócio nº. 3, número que possuía quando faleceu, em 1930.
Respeitado por companheiros e adversários, atleta de eleição, Stromp comandou a equipa campeã de Portugal em 1923, marcando o primeiro golo da final. Também se sagrou campeão nacional do disco. Foi duas vezes vice-presidente do Sporting.
As palavras que proferiu após a vitória do Campeonato de Lisboa em 1923, definem bem o espírito do Sporting:
“Ganhámos o Campeonato de Lisboa sem contestação dos nossos adversários e, até, com aplausos de todos eles. É isto um dos mais saborosos frutos do nosso trabalho. Ainda não chegámos ao fim. Agora vamos disputar o Campeonato de Portugal. Pretendemos ganhá-lo da mesma forma, sem contestação. A nossa vitória no Campeonato de Lisboa não se deve ao valor individual dos componentes da nossa equipa. Deve-se principalmente à correcção que todos soubemos manter em todos os jogos que fizemos, à assiduidade aos treinos que todos compreenderam serem necessários para vencer e à disciplina que me orgulho de ter sabido manter, não usando outros meios que não fossem a evocação da amizade que por todos tenho e aquela que todos temos pelo Sporting Clube de Portugal. Confio novamente na vontade de todos para poder triunfar. Continuaremos a trabalhar sem um desfalecimento."