É tempo de unir os sportinguistas num Congresso de fervor clubístico*
Não é seguramente do desconhecimento de um único sócio ou adepto do Sporting o momento infeliz que a equipa principal de futebol atravessa tendo-se sobre esta temática já escrito demasiadas coisas. Não contribuirei mais para essa análise. Assim, muito mais importante do que o dissecar do presente – sendo que o presente é o actual campeonato da Liga - importa, a meu ver, tratar do futuro.
E o futuro implica ter a certeza de que o Sporting saberá atravessar esta crise de resultados e perpetuar a sua presença firme como “grande” do futebol português que é, livre de maiores constrangimentos do que aqueles porque tem passado. Vem isto a propósito de um pedido de alguns sócios destinado à realização de uma Assembleia Geral Extraordinária do clube visando o derrube da actual Direcção, pedido este especialmente crítico para com o Presidente do clube, Luiz Godinho Lopes.
A par deste, e com intuito, também, de ouvir de forma alargada os sócios, um grupo de associados resolveu solicitar a convocação de um órgão que reúne periódicamente, e que é, de acordo com os Estatutos do clube, o Congresso Leonino. Trata-se, no meu entender, de uma feliz iniciativa porquanto permite discutir de uma forma mais abrangente a situação do clube, sem prejuízo de nele se poder fazer uma crítica ao que menos bom tem acontecido no Sporting nos últimos meses. Aqui chegados, e perante dois pedidos de dar a palavra aos sócios, a decisão está agora primeiro nas mãos da Mesa da Assembleia Geral. Recorde-se, a este propósito, que o PMAG anunciou publicamente que seria importante dar a palavra aos sócios, mas não divulgou a forma como entendia que a mesma deveria ser efectivada.
Sabendo-se que os compromissos financeiros do clube, que ascendem a muitos milhões por mês, não podem estar dependentes de uma qualquer AGE que, por mais legitimidade estatutária que tenha - e esta ainda se desconhece se o terá - vise, tão só, derrubar a actual Direcção sem que se vislumbrem quaisquer alternativas no horizonte, é desejável que o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, Eduardo Barroso, que possui, assumidamente, e nas palavras do próprio, “o coração ao pé da boca”, tenha, independentemente disso, o suficiente sentido de responsabilidade para perceber que o futuro Sporting é demasiado importante para que possa ser posto em causa por uma iniciativa de sócios que, pese embora o seu indiscutível fervor clubístico, não leva em conta aquelas que são as pesadas responsabilidades do clube e em nada contribui para assegurar o futuro do Sporting.
É, pois, altura de ouvir os sócios, sim, mas ouvi-los de forma a que se possa conciliar o normal exercício de gestão de uma Direcção que foi eleita pelos sócios com o também normal processo de auscultação dos Sportinguistas em reunião alargada dos mesmos. E esse desiderato só o Congresso Leonino, e nenhuma outra reunião, permite assegurar na plenitude.
*Artigo publicado hoje no Jornal do Sporting