Venceremos!*
No dia 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polónia. Dois dias depois, o Rei Jorge VI de Inglaterra, tido como um monarca fraco, fez um discurso arrebatador, preparando o seu povo para a guerra e os tempos difícieis que se avizinhavam. O texto aqui escrito, com os necessários paralelos, é uma adaptação para a realidade do nosso Clube. Mesmo nos tempos mais negros, precisamos de encontrar a esperança...“Nesta hora grave que nos encontramos, possivelmente a mais decisiva na nossa história, quero aqui enviar uma mensagem de esperança a todos os sportinguistas, falando com a mesma profundidade de sentimento que sei que cada um de nós tem em relação ao momento que vivemos. Não preciso de o esconder de vós: Estamos em crise.
Por diversas vezes, ao longo dos últimos tempos, temos tentado encontrar uma solução pacífica para as diferenças entre nós e em relação aqueles que são nossos adversários. Mesmo em relação aqueles que se encontram bem junto a nós e que, no Estádio, torcem pelo nosso onze. Os últimos meses mostraram que a busca por uma solução pacífica tem sido em vão...
Estamos a ser empurrados para um conflito que não desejámos, para enfrentar o desafio de um princípio que, se prevalecesse, seria fatal para qualquer equipa onde esta se encontrasse. É um princípio que permite a um clube de futebol, na busca egoísta de poder e de vitórias, de desconsiderar os adversários, de não honrar os seus compromissos e as suas promessas solenes. Um princípio que, no fundo, visa sancionar o uso da força ou ameaça de força, contra os outros clubes.
Se este princípio prevalecesse, hoje seria o Sporting a ser posto em causa. Amanhã poderiam ser outros clubes que estaríam em perigo, com todas as garantias, liberdades e sã convivência entre todos a serem postas em causa e irremediavelmente perdidas.
Esta é a questão principal que nos leva ao confronto e que nos obriga a ser muito mais do que um clube que vive dias negros na sua história, com derrotas atrás de derrotas e polémicas nos jornais. Para o bem de todos nós, do futuro do nosso clube e do futebol profissional, é impensável que, enquanto grande Clube que somos, que nos recusemos a cumprir o desafio para o qual agora nos empurram.
É por isso que me dirijo hoje a vós e que vos chamo, sportinguistas, a estarem juntos nesta batalha e que, juntos, lutemos pelo nosso Clube. Peço-vos calma, serenidade e união neste momento.
A tarefa será difícil. Poderão existir ainda mais dias negros pela frente, mais horas difícieis. E a guerra que agora vivemos poderá extender-se para além das quatro linhas de um qualquer desafio de 90 minutos.
Mas nós temos a razão do nosso lado. Temos a nossa história, que nos orgulha. Temos gerações e gerações de sportinguistas que olham para nós e que procuram respostas. Se todos e cada um de nós se manter resolutamente fiel à causa do Sporting, se todos e cada um de nós estiver pronto para qualquer serviço ou sacrificío que o Sporting poderá exigir, tenho a certeza que, demore o tempo que demorar, iremos prevalecer”.
*Artigo desta semana do jornal do Sporting