O que tem de acabar
Aquilo a que agora se chama a "guerra civil", claro, e logo em primeiro lugar: deixar de chamar "cabotino" ao Presidente da AG, por exemplo, faz parte dessa desejável pacificação. De que é acusado EB? De dizer o óbvio: que esta Direcção foi eleita no pressuposto de um projecto para o futebol profissional que incluía Luís Duque, Carlos Freitas e Domingos Paciência e que já não existe, e que três treinadores e meio depois, e depois do pior desempenho de que há memória da equipa, é simplesmente inevitável que os sócios sejam chamados a pronunciar-se sobre a sua continuação. Segunda coisa que tem de acabar: como aqui já disse e repito, à Direcção cabe dirigir, à equipa técnica cabe treinar. Ponto. EB a comentar a qualidade dos treinadores belgas, Godinho Lopes a avaliar (fora de tempo, e na base nem quero imaginar de quê) o trabalho de Domingos Paciência, e toda a gente no clube a fazer de treinador de bancada, não pode ser. O SLB sofria de um síndroma psíquico chamado "o mito do segundo Eusébio" (todos os anos encontravam um); o SCP agora sofre da chamada "inveja de Pinto da Costa". Ora, sobre isso, duas coisas: primeiro, não é Pinto da Costa quem quer (e o Sr. Presidente do SCP, com o devido respeito, não é); segundo, a tentação de ser Pinto da Costa costuma implicar a tentação de arranjar um guarda Abel, e o Sporting não é (não deve ser) um clube de gente dessa. Terceira coisa: tem de acabar a pressa e a megalomania. Com o orçamento mais pequeno dos três maiores clubes portugueses, com uma presença assinalável de jogadores formados no clube, contra a arbitragem e o "sistema", tivemos, na época Paulo Bento, um desempenho notável, segundos no Campeonato, a discuti-lo até ao fim, e com presença garantida na Liga dos Campeões. Mas não chegava, queríamos mais, e a "rua" correu com PB. Poucos anos depois, basta olhar: PB confirmou-se como um dos grandes treinadores portugueses, e o Sporting não voltou a ser o que foi na sua época. Com o treinador de então e o plantel actual, não é absurdo pensar que poderíamos hoje estar a discutir o campeonato, mas não: somos um clube que deixa a "rua" mandar, e onde cada "individualidade" quer dar a táctica à equipa. Enquanto for assim, temos o que merecemos.