O Ernesto vai para o Sporting
Quando eu era aluno do Instituto Vaz Serra, em Cernache do Bonjardim, a equipa de futebol local era reforçada com jogadores de primeira água que frequentavam o colégio, nomeadamente o Parente, o Duarte, o Paes e o Ernesto. Todos estes haveriam de ir parar à Primeira Divisão. Mas o Ernesto era um fora-de-série. Num jogo contra o Lamego em que o Cernache venceu por 13-1, o Ernesto marcou 7. Um belo dia, cheguei ao recreio e gritei: "Ei, malta! O Ernesto vai para o Sporting!". A minha alegria era imensa por se tratar do clube do coração. Entretanto, a nova temporada iniciou-se e aos domingos à tarde não largávamos o aparelho de rádio para acompanhar os relatos dos jogos. Um domingo, nada de Ernesto no Sporting. Outro domingo e nada. Ao terceiro domingo desesperei. Na aula de ginástica seguinte perguntei ao professor, também ele um sportinguista doente, por que razão não jogava o Ernesto no Sporting. A resposta foi surpreendente, com um toque de mágica: "Ó rapaz, o que dizes tu? Está a jogar e já marcou golos!" O Ernesto no Sporting era afinal conhecido por outro nome. No Sporting ele era o Figueiredo, o grande Figueiredo...