"O Sporting está doente"
Os problemas, quando existem, não devem ser varridos para debaixo do tapete. Devem ser assumidos e enfrentados. Confesso portanto já não suportar os apelos que vou escutando à unidade mansa e queda à volta da direcção do clube, sob pena de poder vir aí "algo pior". Esta mentalidade, que nos instiga a estar quietos e calados, é típica dos que entram em campo antecipadamente derrotados.
O Sporting tem inúmeros problemas: nenhum deles se resolve fazendo de conta que não existem. Por isso gostei de ver um destacado membro dos órgãos sociais do clube, Daniel Sampaio, falar de modo franco e desassombrado de questões preocupantes. Em entrevista à edição de hoje do Record, conduzida pelo jornalista João Pedro Abecassis, o vice-presidente da assembleia-geral diz em voz alta aquilo que muitos de nós pensamos.
Destaco algumas frases:
"O Sporting está doente."
"O problema do Sporting é a organização interna e tem a ver com níveis de decisão. Não está definido quem decide e o que decide."
"O Sporting tem de definir-se. Tem de haver enorme contenção de custos, reestruturação financeira profunda e um período em que a aposta tem de centrar-se em jogadores portugueses ou da formação, mesmo que isso implique não ser candidato ao título."
"É preciso um homem do futebol na SAD e um investimento grande na força psicológica da equipa. Há psicólogos nos juniores e equipa B e isso não está a ser aproveitado."
"O Conselho Directivo mostrou-nos uma avenida cheia de estrelas, uma espécie de passeio da fama só com jogadores internacionais, com Domingos como treinador campeão e com a garantia de que o Sporting conquistaria o título e seria sempre candidato. Ano e meio depois, nada disto existe."
"O Sporting é um labirinto de mágoas, onde toda a gente se queixa. O que acontece hoje é que o Sporting perde, porque é lógico que perca."
"Enquanto o clube não se modificar por dentro, não pode ser campeão."
É preciso que mais gente fale assim. Sem papas na língua. Porque a situação do Sporting não se compadece com meias palavras.