Cromos da bola
No intervalo do último jogo - por sinal, miserável - frente à Académica, um dos meus filhos delirou com uma imagem que passou nos ecrãs de Alvalade: uma caderneta de cromos do nosso Sporting. Só do Sporting. Eu percebo o que lhe terá passado pela cabeça: para quê comprar cromos à espera que nos calhem autocolantes do Van Wolfswinkel, do Elias, do Rui Patrício, tendo lá pelo meio uns quantos indesejáveis, quando podemos pedir carteirinhas só recheadas de jogadores leoninos? Expliquei-lhe mais tarde, depois de me informar, que esta colecção é mais do que isso. Tem os melhores dos melhores, aqueles que protagonizaram goleadas históricas, deram-nos jogadas fantásticas e arrecadaram taças e campeonatos. Para acreditar no futuro é preciso conhecer o passado. Muitos dos problemas recentes do SCP têm a ver com isso. Não saber como chegámos até aqui. Era bom que os nossos heróis do passado fizessem alguma coisa pelos "cromos da bola" que andam hoje em dia a arrastar-se penosamente pelos relvados. Já aqui falei de Manuel Fernandes. Posso falar de Pedro Venâncio também. Vão buscar a nata da nata. Esses, sim, deviam andar por Alvalade e podiam representar-nos nas reuniões e nos sorteios nacionais e internacionais. Eles sabem o que é preciso ter para andar com um leão ao peito.