O fim
Contradigo-me, ainda ontem aqui fiz profissão de fé em não falar da direcção do clube. Mas as notícias de agora mesmo, com a chegada de um "civil" para gerir o futebol do Sporting e a contratação do treinador que foi despedido quando este presidente chegou ao clube mostram um total desnorte. Insustentável.
Uma coisa é a legitimidade formal, que Godinho Lopes tem. Outra coisa é a legitimidade associativa, "política". Godinho Lopes ganhou umas eleições tangencialmente. Fruto da distribuição de votos no colégio eleitoral sportinguista, excessivamente desigual, como o poderá dizer qualquer pessoa crescida em democracia. E fruto da simpática memória que alguns membros da sua lista despertavam, por via dos triunfos que conduziram na última década.
Godinho Lopes já não tem essa direcção. Está dizimada. Sem, entre outros, o ex-polícia enriquecido, com práticas inaceitáveis no clube, e os responsáveis do futebol que ele agora decapitou, o presidente está praticamente só se pensarmos na equipa com chegou. Só e desnorteado.
E fragilizado. Sensível até a um presidente da Assembleia Geral. Que pode ser uma excelente pessoa e um excelente profissional. Mas que é, em termos públicos, um puro cabotino. Não me esqueço da sua zanga com a anterior direcção, pois não tinha sido convidado para uma qualquer tribuna presidencial. O que arengou na TV por causa disso. Homem sem espelho, sem noção do ridículo próprio. Incomensuravelmente cheio dele próprio. E, obviamente, como Godinho Lopes, desnorteado.
Não há condições para que estas lideranças do clube continuem. Não é uma opinião. É uma mera constatação.
O meu primeiro postal aqui foi invocando João Rocha. Que deixou o clube em meados dos anos 80s com enorme património e julgo que sem défice. Amado de Freitas, grande sportinguista, deixou algum défice mas nada gravoso. Sousa Cintra, tão gozado pelos bem-pensantes pela sua maneira de ser, foi crucificado à saída pela pré-falência em que deixou o clube, ao que diziam 5 milhões e 400 mil contos. Depois vieram os notáveis, nomes sonantes oriundos da banca e da construção civil, a gente a que os basbaques chamam de "boas famílias", nada mais do que dinheiro "algo velho" que sabe onde o multiplicar. Agora o clube deve, sei lá, mais de 60 milhões de contos e não tem património. Isto é um estupro. E é exactamente o que a banca e a construção civil fizeram ao país. Arruinaram o país, arruinaram o clube.
O que o Sporting precisa? Que a bola entre. E que estes notáveis, este grupo sociológico, sejam afastados. De vez. E não me venham falar do "sportinguismo" como se sacro seja. Principalmente quando o deste conglomerado que escangalhou o clube. E, pior ainda, de gente que escangalhou o país, o vendeu à revelia da lei, torneando as leis, forçando as leis. Influenciando a justiça, esmagando a justiça.
No meio disto ... que se lixe a taça!