O que eu desejo para o futuro treinador do Sporting: que trabalhe bem com tranquilidade
Num episódio de uma telenovela brasileira magnificamente escrita por Manoel Carlos, aprendi que existem essencialmente dois tipos de pessoas: as que têm sonhos e as que têm objetivos. Uma pessoa rica pode ter sonhos, mas uma pessoa pobre tem que ter objetivos: os seus sonhos acabarão sempre mal. O Sporting neste momento não é um clube rico, mas comportou-se como tal ao contratar treinadores sonhadores (que nunca sabiam muito bem o que andavam a fazer) e ao despedir treinadores com objetivos. Despediu Fernando Santos e contratou Peseiro para sonhar muito e não ganhar nada (se tivesse mantido Santos mais uma época não teria nem sonhado ganhar a Taça UEFA, mas naquele ano de 2005 teria seguramente sido campeão). Despediu Domingos para contratar Sá Pinto e nada ganhar, apesar de muito ter sonhado. Se tem mantido Domingos até ao final da época anterior, como teria sido avisado, teria sido eliminado muito mais cedo da Liga Europa, mas a taça de Portugal de certeza não teria escapado. (Que em 2005 tivéssemos sido campeões e em 2012 eu me contentasse com uma taça revela a nossa crise.)
Eu já não tenho idade e não aguento mais treinadores sonhadores. Por favor contratem um treinador com objetivos. Face à equipa que temos, irmos à Liga dos Campeões para o ano e não passarmos mais uma época em jejum de troféus são objetivos perfeitamente realistas. Ganhar no domingo no Dragão também. Mas sobretudo: não me deixem sonhar, que isso é que eu não quero mais.