O génio das transferências
O caso de estudo é tão sério entre os meios geriátricos que ninguém consegue fingir-se indiferente: todos riem. O chefe do Porto regressou dos trópicos a dizer que Hulk (o melhor amigo de David Luiz) só saíria se pagassem 100 milhões. O "único desconto" que o chefe admitia fazer era "um cêntimo" - provavelmente um "desconto no cartão" para debitar depois na compra do João Moutinho. A sua fama de negociador confirmou-se. A "inteligência emotiva" de chefe também. O mercado percebeu que ali não há "Pongolles". O chefe do Porto anunciou no mesmo fôlego ter recusado uma proposta de 50 milhões (nunca escrevo "euros" porque não consigo "visualizar tanta massa) e ainda se deixou dominar pela sua celebrérrima ironia para enxovalhar os emissários do clube comprador, o Zénit. Resumo: primeiro, a determinação e a coerência do chefe; depois, a coragem e a fluência literária. A tropa portista mostrou os dentes de alegria (os que têm para mostrar, óbvio, e nisto aceito incluir o fotogénico "emplastro) perante a magnética "inteligência emotiva" do chefe. Uns dias depois, Hulk saiu por 40 milhões. Quem comprou? O Zénit. Foi então que me lembrei do negócio do "Palito": também começaram por recusar vendê-lo ao Chelsea por 55 milhões. O Moutinho estava no negócio "dois em um" como "desconto no cartão", ou seja, para o chefe do Porto não pagar o que deve ao Sporting por uma transferência do "maçã". Não estou a inventar: foi também o que tentaram fazer com o Falcão e o Atlético de Madrid. Estava eu a dizer que recusaram vender o Álvaro Pereira por 55 milhões e depois deixaram-no ir por 10 milhões para Milão. Seria agora fácil terminar dizendo isto: imaginem o que se diria (incluindo neste magnífico solar leonino) se esta "inteligência emotiva" fosse manifestada pelo presidente do Sporting com o Rui Patrício ou o Ricky! Mas eu quero terminar de outra maneira, assim: depois disto, só falta o chefe do Porto transferir o guarda Abel para as milícias sírias e meter o Moutinho na transferência para mostrar ao Sporting que, por ali, negoceia-se com "inteligência emotiva". Embora cada vez mais em doses claramente desproporcionadas.