As lamúrias do costume
Um jogo menos bem conseguido, um resultado dececionante, três pontos perdidos em casa. Irrita qualquer adepto, eu incluído nesse rol. Mas, apesar disto tudo, excluo-me do rol dos lamurientos, dos negativistas e dos masoquistas. Sou assim, porra! Astral alto, aberto às críticas mas não bebé chorão, mais de cerrar os dentes, quando as coisas correm mal, e seguir em frente.
Sou mau sportinguista, eu sei. Deveria arranhar-me, torcer os olhos em desespero, achar que o mundo acaba num jogo, partir à desfilada contra dirigentes, técnicos, jogadores etc. Dizer hoje uma coisa, amanhã outra e depois o seu contrário. E concordar com o meu colega de bancada que, na segunda à noite, lamentava, dominado pela emoção, não termos o Acosta ou o Liedson. (Quando o olhei e lhe lembrei que o Liedson esteve muitas e muitas jornadas sem marcar, que o Ricky na primeira temporada de Sporting marcou mais golos que o Liedson e o Acosta nalgumas das suas épocas e que nos primeiros seis meses se chamavam todos os nomes a um Acosta que parecia deceção - ele parou o seu linguajar e concedeu: «pois é, a gente esquece isso»).
Pois é, esquecemos. Ficamos impacientes ao menor obstaculo, a nossa tão afirmada fé torna-se num bruaha enraivecido e dá lugar à dúvida e à auto-mutilação. Temos ou não temos fé? Somos ou não somos fortes para ultrapassar as dificuldades? Muitos de nós somos assim-assim, como todos os inseguros. E transmitimos essa insegurança para aqueles que amamos. Somos o Sporting, dizem os nossos detratores. Seremos? Eles agradecem.