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És a nossa Fé!

Este Sporting preocupa

Esta temática é de difícil abordagem pelo eminente consciencioso conflito entre o sentimento e o realismo. Não pretendo ser injusto para com Ricardo Sá Pinto - não obstante nunca ter sido um fã fervoroso seu, mesmo enquanto jogador - mas também não me é possível ignorar a precária evolução da equipa até este momento. Não sei que Sporting vai comparecer no domingo frente ao Olympiacos na primeira edição do Troféu Cinco Violinos e, mais relevante, diante do Vitória de Guimarães na primeira jornada da Liga, mas desagrada-me sugerir que quaisquer das versões que vimos nesta pré-época dão causa para preocupação. Acima de tudo, sinto enorme dificuldade em digerir as reflexões do treinador: «Fizemos um jogo de qualidade», e de Daniel Carriço: «Deixámos uma boa imagem», após o último embate do torneio de Huelva. Amistoso ou não, relvado ou não relvado, o Sporting afigurou-se mediocremente perante adversários de questionável qualidade. Pior do que isso, continua a exibir uma aflitiva insuficiência de consistência de jogo, ligação entre sectores, criatividade, profundidade e fluidez nas manobras ofensivas. A ingrata realidade é que a equipa, indiferente dos onze em campo, só esporodicamente tem exibido o calibre de futebol que lhe permitirá aproximar-se dos seus mais directos rivais e com condições para poder lutar pelo título.

O «coração de leão» de Ricardo Sá Pinto sempre foi uma «faca de dois gumes» e é por de mais evidente que o espírito de luta e entreajuda que ele incutiu nos jogadores na época passada terá de ser complementado por algo muito mais substancial para o Sporting tornar-se verdadeiramente competitivo - a não esquecer a final do Jamor. A pré-época é o período das experiências, de introduzir novos elementos ao grupo e de consolidar relações e sistemas, mas com o passar dos dias e dos jogos, também envolve a gradual implementação e aperfeiçoamento de um sistema fundamental - estratégico, tático e nuclear - que permita catapultar a equipa para a competição oficial que se aproxima, nas devidas condições. Para ser sincero, não vejo isto neste Sporting e é essa a causa da minha maior perturbação. Verifico já tendências pouco salutares - tanto no modelo de jogo como no que a opções concerne - um sistema tático que não poderá dar frutos com regularidade - especialmente perante a maioria dos adversários que se vão apresentar num enquadramento ultra-defensivo - e, sobretudo, um meio campo recheado de talentos, mas sem um aparente genuíno líder.

Por desgostar de individualizar quando é o colectivo que não está bem, permitam-me apenas dois ou três reparos neste contexto. Parece-me óbvio - por muito que aprecie o talentoso jovem - que André Martins ainda não possui a maturidade competitiva para ser um titular indiscutível, em princípio, especialmente, na posição número dez. Pereirinha oferece maior consciência e experiência defensiva do que Cédric Soares, mas fica muito aquém deste quanto a profundidade ofensiva. Quase me custa admitir, mas Adrien Silva tem que constar nos onze, embora com função exacta ainda por definir. Um outro ajustamento terá de ser efectuado com os cinco centrais do plantel. Não faz sentido insistir em Daniel Carriço, em detrimento de Onyewu, salvo existir alguma agenda não esclarecida por parte da SAD. Viola é ainda uma incógnita, mas tenho grande fé de que Labyad vai ser a estrela do meio campo, não obstante não ser um natural número dez. O Ricky é um excelente jogador que se vai tornar ainda num melhor goleador, desde que seja bem apoiado e servido. Perante as probabilidades do futebol de hoje, é injusto e irrealista exigir que em duas ou três oportunidades por jogo, se tanto, ele as concretize todas. Por fim, Ricardo Sá Pinto terá que evoluir, como treinador, mais rápido ainda do que os seus jovens pupilos. Muito por uma equipa de futebol não se posicionar e movimentar como pedras do xadrez, ele terá que aprender que o actual 4x3x3 rígído que prefere perante a vasta maioria dos adversários não resulta, pela sua ineficácia e vulnerabilidade. Opto por não adiantar sugestões específicas - o que não seria difícil - e limitar-me-ei a explanar que o «segredo» reside no meio campo. Terá forçosamente de ter capacidade polivalente para reforçar a defesa e suplementar o ataque e, para esse fim, os atletas de eleição terão que ter essas exactas caracterísicas dentro de um enquadramento que se movimente em simultâneo. É imprescindível um médio versátil à frente da defesa - e não me refiro ao notório «trinco» - um médio com capacidade grande-angular e um criativo em apoio ao ponta-de-lança, todos em linha, complementados pelos alas/extremos a partir de uma posição mais recuada. Se fosse no xadrez, isto quase seria um 4x1x1x1x2x1, salvo em movimento. É imperativo que os três médios em linha sejam bons recuperadores de bola e com instintos e habilidade para a rápida impulsão ofensiva. Reconheço, desde já, que esta tese, como qualquer outra, é discutível, até porque nem todos nós temos a mesma leitura do jogo e, idem, para treinadores. De qualquer modo, indiferente dos detalhes do sistema, o meio campo é a chave do sucesso e é sobre ele que as maiores atenções devem recair. Dito tudo isto, ninguém mais do que eu deseja estar errado quanto às apreciações da equipa sob a liderança de Ricardo Sá Pinto, mas até provas em contrário as dúvidas residem.

 

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