Os nossos ídolos (18): Luisinho
Eu gosto tanto de um armador de jogo como de um desarmador eficaz, de quem constrói como de quem desfaz, sempre contanto que o faça bem: de um grande defesa diz-se "imperial" - mas vá lá alguém dizer isso de um carregador de pianos, de um "playmaker" ou mesmo de um excelente finalizador... Luisinho, um dos melhores zagueiros que passou alguma vez pelo Sporting ou pelo futebol português, não seria imperial, com o que o termo tem de novo-rico: ele era mais nobreza antiga, elegante sempre no "gesto técnico", como agora se diz, e sobretudo na atitude desportiva. Não sei em que berço nasceu, mas era em qualquer caso um senhor: jogava antes dos outros (tinha "antecipação"), conseguia muitíssimo com um esforço bem medido (tinha "classe"), era um atleta exemplar, que não era maldoso nem simulava, e respeitava o público, o adversário e a arbitragem (tinha sportinguismo). Recordo-o com muita saudade, e queira o Destino ser-lhe favorável, porque ele também nos deu sempre muitas alegrias. Ver, salvo erro, Veiga Trigo expulsá-lo, numa eliminatória da Taça contra o Boavista, no Bessa, vai para vinte anos, foi das injustiças mais feias que vi no nosso futebol.