Os nossos ídolos (8): Yazalde
3.500 contos em moeda antiga. Corria o ano de 1971 e, para o jovem Hector Casimiro Yazalde, então com 25 anos, a soma oferecida pelo Sporting era uma pequena fortuna.
Oriundo de uma família pobre de Buenos Aires, obrigado a sustentar pais e irmãos trocando o sonho de estudar medicina pela dura realidade de trabalhos como picador de gelo, vendedor de jornais ou de bananas, o dinheiro permitiu a “Chirola” – como era chamado – cumprir a missão sagrada de todo o bom filho nas mesmas circunstâncias e oferecer uma vivenda aos pais numa zona nobre da capital argentina, enquanto rumava a Alvalade.
Dizem as crónicas que o período de adaptação não foi fácil nesse primeiro ano, mas na história e na memória de todos os sportinguistas ficou registado aquele jogo em que ganhámos a Taça de Portugal na época de 1972/73 e durante o qual marcou um dos três golos sofridos pelo Vitória de Setúbal num 3-2 vivido ao minuto. E, principalmente, o seu trabalho nas épocas seguintes quando conquistou primeiro uma Bota de Ouro, com 46 esféricos entrados nas redes adversárias e, logo de seguida em 1974/1975, uma Bota de Prata.
Após a conquista da Bota de Ouro, o argentino mostrou mais uma vez o seu bom coração e provou que valores como a gentlemanship e o desportivismo não são pertença de nenhuma classe social. O Toyota que recebeu como prémio, vendeu-o ele para repartir o dinheiro com os restantes camaradas da equipa porque – e bem – considerava que todos eram parte contributiva dos resultados que alcançara.
Era assim Yazalde e por isso o recordo aqui: Atleta de excepção e Leão do coração, algo que não escolhe fronteiras nem origens. Que se revela dentro e fora dos relvados. Que distingue aqueles que são verdadeiramente grandes de todos os outros. Algo que pertence apenas aos verdadeiros campeões.