O manifesto anti-laranja
Confirma-se, o Sporting vai ter um equipamento alternativo cor de laranja. Já vi com os meus próprios olhos o dito cujo na Loja Verde do Alvaláxia. Faço já uma declaração de interesses: apesar de serem esteticamente agradáveis, não gosto que o Sporting equipe com um equipamento destes, passe a redundância. Dirá o leitor que é um tema menor e que pouco interessa discutir a cor do equipamento alternativo, pois o que interessa é que o oficial seja listado a verde e branco com calções pretos. Eu até estaria disposto a concordar, não fosse o caso de o Sporting jogar tantas vezes com o alternativo, nomeadamente em jogos europeus fora de casa, o que não deveria acontecer, pois é – principalmente - nesses jogos que temos de nos apresentar com as nossas célebres listas horizontais de verde e branco.
Este ano, que me lembre, jogámos pelo menos duas vezes com o alternativo em jogos europeus, com o Metalist Kharkiv e com o Athletic Bilbao. Reitero, a não ser que joguemos com “equipas verdes” (como o Werder Bremen ou o Celtic) devemos sempre jogar com o nosso equipamento principal. Mas como tal não acontece, quer seja devido às regras da UEFA quer seja por decisão do clube, o dito alternativo assume uma preponderância maior no nosso dia-a-dia. Ora, é aqui que a porca torce o rabo quando vê o Sporting a equipar de laranja.
Primeiro motivo: o laranja não é uma das nossas cores, pelo menos foi assim que sempre me ensinaram. Em Alvalade, as cores reinantes são o verde, o preto, o branco e o amarelo. Não há espaço para essa cor quente, que embora, não seja a coisa mais abominável do mundo, nada tem a ver com o nosso clube.
Segundo motivo: talvez a ideia seja imprimir uma "lógica mecânica" à equipa, se tivermos em conta o paralelismo com o equipamento da selecção da Holanda. Mas até nesse aspecto a ideia sai furada, pois no Euro que agora termina a laranja foi tudo menos mecânica. Talvez Schaars se sinta bem com aquele fato vestido, mas não é motivo suficiente para nos impor a eufórica cor.
Terceiro motivo: a cor de laranja é muitas vezes associada a uma disposição enérgica e é frequentemente usada para chamar a atenção. Ora, eu até compreendo a ideia, pois é bom dar energia e centrar as atenções nos nossos rapazes, mas só se acreditarmos que por um qualquer processo osmótico as características cromáticas das camisolas passarão para os corpos dos jogadores. E mais, o que é importante é captar a atenção pelo futebol jogado e pelas vitórias da equipa e não pela fatiota que veste.
Quarto motivo: se atentarmos nas características constituintes da cor de laranja, vemos que é uma cor terciária, à qual se chega pela junção do vermelho (cor primária) com o amarelo (cor secundária). Mais uma vez, é razão para franzirmos o sobrolho, pois jogar com um equipamento que é uma derivação do vermelho faz-nos engolir um grande sapo e eu não sei até que ponto é que o Visconde não se contorce no seu túmulo por ver o Sporting a jogar com cores tão próximas do rubro.
Em suma, um equipamento que descaracteriza. Um equipamento que, se pretende ajudar a criar uma equipa “mecânica”, vem em mau momento, pois a sua pátria-mãe não está na melhor das situações. Um equipamento vaidoso e fanfarrão que quer chamar para si aquilo que queremos que esteja focado no futebol da equipa. E por fim, um equipamento demasiado escarlate para tão nobre instituição como é o Sporting Clube de Portugal.
Abaixo o equipamento!
Morra o laranja, morra! Pim!