Roma e Pavia
A espaços, tem vindo a falar-se de eleições antecipadas no Sporting. O próprio Presidente, Godinho Lopes admitiu esse cenário, tendo porém, mais tarde, afirmado que não vai ocorrer. Ora, não tendo apoiado Godinho Lopes, estou à vontade para dizer que não percebo a razão de se querer, como alguns querem, eleições antecipadas. Apesar dos resultados insatisfatórios da equipa de futebol, do nunca bem explicado processo de despedimento de Domingos Paciência e da forma como se lidou com o “caso Pereira Cristóvão” - que considero as situações em que o Presidente não esteve bem – penso que houve igualmente situações positivas.
A saber, o maior número de pessoas nos jogos em Alvalade, o ressurgimento de algumas modalidades entretanto extintas, uma melhor política de comunicação (destaque para a comunicação 2.0) que aproximou os adeptos da equipa e sobretudo, um final de época onde foi possível ver o Sporting a “jogar à Sporting” com um dos "nossos" no lugar de treinador. No geral, não foi um bom ano se olharmos apenas para os resultados do futebol, mas não faz sentido ir para eleições após um ano de mandato, sem nenhum evento de extrema gravidade que o justifique.
O projecto de Godinho Lopes precisa de mais um ano e então aí, com a casa mais do que arrumada e moldada segundo as suas directrizes, será possível fazer uma análise séria, onde seja possível responder a uma pergunta simples – a actual direcção está a fazer um bom trabalho? Se sim, é para continuar. Se não, então talvez seja mais adequado ir para eleições. Nesta fase, além de prematuro, penso que a balança ainda não pende taxativamente para nenhum dos lados. Reafirmo o que já disse no passado, os projectos em futebol precisam precisam de tempo para se afirmar e dar fruto, o que contrasta com a sede de títulos que temos. Não podemos andar todos os anos em eleições, sob o risco do clube se tornar ingovernável.
É certo que chutar para a frente com a barriga é algo típico nos clubes de futebol (a tal história do “para o ano é que é”), falando em amanhãs que cantam, para menorizar as derrotas do presente. No futebol, querem-se as vitórias e os títulos para ontem. Não obstante, não esqueçamos que gerir uma organização como o Sporting, embora deva ser feita sempre com grande paixão, requer igualmente razão, onde a serenidade e a ponderação em cada escolha imperem para o melhor do nosso clube.
Lembremos a máxima popular que nos diz “Roma e Pavia, não se fizeram num dia" e apliquemo-la ao nosso Sporting!