30 de Agosto de 1977
Faz hoje 43* anos que Rui Jordão vestiu pela primeira vez a camisola do Sporting, num jogo contra o Vasco da Gama.
«Sporting 2 – Vasco da Gama, 1
JORDÃO – AQUELA MÁQUINA
BRASILEIROS… AQUELA «BRONCA»
Numa noite verdadeiramente convidativa para a prática do futebol, o Sporting derrotou (2-1) o Clube de Regatas Vasco da Gama, num encontro que não fora as «fitas» incríveis rubricadas por alguns vascaínos até podia, ainda hoje, estar a ser saboreado por todo aquele público que ocorreu ao estádio José Alvalade como uma agradável recordação. De facto, embora tudo possa esperar-se das equipas brasileiras – e muito particularmente de alguns dos seus craques – a verdade é que começa a saturar ver tamanhas manifestações de indisciplina. Os brasileiros não têm necessidade de exibir aquele reportório de má criação. O futebolista brasileiro tem futebol de sobra para vencer e convencer. O resto… é resto.
Entretanto numa análise ao que foram os noventa minutos do desafio, temos que a actuação do «team» leonino, para princípio de época – como soe dizer-se – não deixou de impressionar de maneira muito favorável. A ganhar plena ligação entre os seus sectores, o «association» sportinguista está agora a beneficiar de uma movimentação mais competitiva, graças a uma velocidade que os seus homens do meio-campo estão a evidenciar e que chegou a contagiar as bancadas. Na verdade, os últimos minutos tiveram sabor de campeonato. Houve competição. Aconteceu futebol e o público fez-se ouvir nas suas múltiplas maneiras de marcar a sua presença, agrado e… desagrado.
A par disso, a apresentação do angolano Jordão foi aliciante de tomo. De que quase será escusado falar…
Preocupados com as intenções atacantes denunciadas pelo Sporting, os brasileiros iniciaram a partida recolhidos num 4-3-3 que bem cedo começou a viver a intranquilidade provocada por hábeis, rápidas e perigosíssimas «tabelas» rubricadas por Keita e Jordão.
Não obstante, foi à passagem do primeiro quarto-de-hora que o marcador não funcionou por um triz… E a favor dos cariocas… Um cabeceamento de Roberto apanhou Valter em falso… Na circunstância valeu Da Costa que, sobre a linha de golo evitou o pior. Pouco depois, o mesmo Roberto fez nova ameaça.
À meia hora e espevitado por estes dois pequenos sustos, o «onze» de Paulo Emílio passou a descer com mais frequência e maior perigo à área brasileira. Contudo, Mazzapolli, opôs-se com determinação, ficando «tocado» num lance em que disputou a bola com Jordão.
Para o segundo tempo, depois de tentativas «leoninas», bem gizadas, para levar de vencida a defesa vascaína, temos que à passagem do sétimo minuto a «bronca» instalou-se no relvado. Um desentendimento entre Artur e Roberto foi o princípio. Abel meteu-se ao barulho e a partir daí a partida endureceu em prejuízo do futebol que até estava a ser bem aceite por relativamente bem jogado.
... E o golo havia de aparecer. A vinte minutos do fim, aproveitando uma «fífia» de Valter, Roberto «Dinamite» «estoirou» e... a bola só parou no fundo das redes do azarento guarda-redes sportinguista.
Inconformado, o Sporting lançou-se ao ataque na ânsia, natural, de alcançar um empate que justifica plenamente. Confiantes, os vacainos iam tentando tudo para congelar o jogo pelas zonas de meio-campo, lateralizando e… entretendo. Até que a sete minutos do fim, nova «bronca». Fraguito, junto à área brasileira é impedido de jogara abola e Nemésio de Castro não hesita. É «penalty»… É «sururu»... É bom e... o feio! Jordão atira e apanha a devolução da bola que «estalara» na barreira adversária e dos pés do angolano à baliza foi um ápice... Era o empate e... continuação do «sururu». Feio.
Nos últimos instantes o mesmo Jordão apanha a equipa vascaína em «contrapé» e disparado para abaliza tenta fintar o guarda-redes que não foi de cerimónia... Falta do «keeper» e «penalty»...
«Penalty» e... golo do Sporting. (…)
Sob a arbitragem de Nemésio de Castro, as equipas alinharam:
SPORTING: Valter; Artur, Laranjeira, Manaca e Da Costa; Vítor Gomes Fraguito e Baltasar; Barão, Jordão e Keita.
VASCO DA GAMA: Mazzapolli, Orlando, Abel, Geraldo, e Marco António; José Mário, Hélinho e Dirceu; Wilsinho, roberto «Dinamite» e Ramon.
Golos: Roberto «Dinamite» (70 m) e Jordão (84 e 90 m)
Substituições: Orlando por Geninho (45 m) e Wilsinho por Paulo Roberto (71 m)»
In. Record, n.º 2976, de 2 de setembro de 1977
(*) 43, este é, igualmente, o número de vezes que Rui Jordão vestiu a camisola da selecção nacional.