Várias lições
Às vezes acho que devia andar com uma câmara atrás para mostrar exatamente o que vejo e não ter que escolher palavras. Neste caso tinha valido a pena.
Comecemos pelo início. Fui ao Jamor este domingo e saí zangado. Raras exceções, não vi os jogadores chorar quando o jogo acabou.Também não os vi juntos – nem antes, nem depois desse apito. E achei mau sinal.
Se depois do jogo eles tivessem passado por aqueles estreitos corredores de saída do estádio talvez percebessem o que eu quero dizer com isto. Registem: não ouvi uma só pessoa queixar-se de termos perdido. Mas ouvi dezenas, muitas, a lamentar o mal que o Sporting jogou na final.
Costumo dizer e repito aqui: o que gosto mesmo é de ver o Sporting jogar bom futebol. Das melhores memórias que tenho de Alvalade são de Mirko Jozic. Acabou no quarto lugar, mas a equipa jogava que era um consolo.Vejam bem a comparação: ouviram alguém queixar-se da derrota em San Mamés?
A época acabou assim, nesta tristeza. Convém retirar algumas lições dela.
1) Não fazer eleições de ano a ano –isso traz tantas vantagens como problemas [p.e., o Domingos];
2) Apostar numa única coisa: ganhar o campeonato ou, na pior das hipóteses, ir à Liga dos Campeões [sem isso o clube não tem futuro];
3) Ter muito cuidado a escolher jogadores, treinadores ou dirigentes [e não estou a falar do Godinho Lopes].
Quanto ao Sá Pinto, gosto dele e desejo-lhe o melhor. Mas devo dizer que só fico convencido daqui a um ano. Por agora, fez bem o mais fácil, que foi juntar as peças de uma equipa sem qualquer espécie de esperança em si própria. E fez mal o mais difícil, que era ganhar realmente alguma coisa. O pior começa agora.
Isto não é ceticismo. Estarei lá a bater palmas logo no primeiro jogo, do princípio ao fim, mesmo que percam. Desde que chorem, como eu choro.