A «Champions» - uma história surreal
Já se presenciou exibições futebolísticas muito mais brilhantes nos relvados do mundo, mais aprimoradas explorações da técnica e da beleza do desporto-rei, mas o que ocorreu em Munique foi algo que somente surge de tempos a tempos e que transcede os parâmetros de qualquer desporto. Foi o mostruário de um campeão a reservar em vida o seu espaço na história - não apenas pelo assombroso clímax a uma longa e distinta carreira aos 34 anos de idade, mas também pelo sofrimento e os desapontamentos de uma campanha de oito anos, que sacrificou sete treinadores, entre eles alguns dos mais notáveis da actualidade, e que importou uma despesa global em excesso de dois biliões ao oligarca russo.
Didier Drogba impulsionou o Chelsea à vitória na Liga dos Campeões, com um excelente golo de cabeça ao fechar do pano que salvaguardou a sobrevivência da sua equipa e, mais adiante, pela marcação das grandes penalidades, executou o «golpe de misericórdia». Drogba, no estilo de um velho gladiador que agradece aos deuses a bênção que lhe foi concedida, dedicou a conquista a todos aqueles que caíram ao longo dos anos na tentativa de assegurar o título mais cobiçado pelo clube de Stamford Bridge: «Isto é para todos os treinadores e jogadores que percorreram esta longa jornada. Sempre acreditei no destino e esse sentimento foi sempre muito forte este ano.» Nem todos apreciam a sua exuberância no relvado, mas não existem dúvidas quanto à sua magnificência no centro de uma das mais surreais histórias que o mundo do futebol já testemunhou.