O estranho mito dos 6 milhões*
Sempre me fez uma enorme confusão ouvir dizer que o SLB tem seis milhões de apoiantes. Para além de achar este número manifestamente um exagero, é assustador pensar-se como uma mentira descarada, que já tem barbas, se mantém com total impunidade e com proveitos próprios para a religião da Luz, ultrapassa gerações e é assumida como verdade insofismável.
Situemo-nos no tempo. Reza a história que o mito foi criado em meados do século passado, salvo erro nos anos 60, quando o Eusébio, por sinal um jogador iniciado nas escolas do Sporting de Lourenço Marques, fazia grandes brilharetes no Benfica. Independentemente da fama que o Pantera Negra tinha, recordemos que, na altura e segundo os dados oficiais, Portugal não chegava aos 9 milhões de habitantes. É de alguma soberba achar que 2/3 da população Portuguesa da altura era encarnada, não?
Mas, mesmo supondo que isto fosse verdade e que seis milhões torciam pela águia, há outro dado inquietante. O que se passa com este clube que, em meio século, não aumenta nem diminui o número de adeptos? Reparem que nunca se ouve falar “em cerca de seis milhões”, ou “à volta de seis milhões”. É sempre este número redondo e certinho. Pergunto eu: Será que os excedentários foram saindo do País e, como tal, não contam? Será que há uma co-relação entre taxa de mortalidade em Portugal e os adeptos do SLB?
Para me sossegar, gostaria muito que o Benfica apresentasse provas destes seis milhões. Pode ser como quiserem. Deixo aqui a minha sugestão: Se eu mandasse no SLB, pedia a cada adepto/sócio/simpatizante depositasse um euro numa conta aberta para esse efeito pelo outro Clube da Segunda Circular. Com uma óbvia ressalva: Não vale fazer batota, como acontece nos partidos políticos - em que há sempre uma alma caridosa que se presta a pagar quotas em atraso de militantes mais distraídos - e cada um apenas poderá depositar essa quantia, ok?
Se o SLB fizer isto e, ao fim, digamos, de três meses, tiver 6 milhões de euros na conta, eu juro que me calo com esta questão e cedo às evidências.
*Artigo publicado hoje no jornal do Sporting