Reduzir a nada o uso da razão
De tempos a esta parte e por razões que só ele poderá explicar, mas que não explica, Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal, sócio do Sporting e antigo conselheiro leonino, presume tomar sobre si a legitimidade à observância rigorosa dos deveres, da sensatez e da integridade intelectual, a fim de desfeitear a gestão e os administradores do clube que alega apoiar, ao mais pequeno ensejo. Têm sido várias as ocasiões em que se inspira a vir «molestar» o auditório com os seus discursos supérfluos e irreflectidos que resultam, simples e penosamente, em reduzir a nada o uso da razão. A sua mais recente investida peca, não tanto pelo que disse, mas pelo facto de ter sentido a necessidade de, mais uma vez, emitir opiniões que não preservam a imagem e a união que tanto clama defender. «Não é aceitável prejudicar a imagem do clube e acho que o Sporting está a ser altamente prejudicado» pelo não afastamento de Paulo Pereira Cristóvão até a situação relacionada com o caso Cardinal ficar esclarecida. Revelou, ainda, que vai votar contra a fusão da sociedade Património e Marketing com a SAD na Assembleia Geral que se realiza hoje. «Acho que é mais uma engenharia financeira, há anos que é assim».
Tem direito à sua opinião, com certeza, mas num muito delicado momento para o clube, tanto no que concerne às questões de ordem estrutural como desportiva, as figuras mais visíveis associadas ao Sporting deveriam ter a sensatez de evitar enunciar pareceres que serão, inevitavelmente, aproveitados para provocar acrescido sensacionalismo em torno do clube. Não deixa de ser estranho que esta personagem apareça frequentemente a enodoar o padrão comportamental que preza impor aos elementos sob a sua alçada no organismo nacional a que preside. Lamentavelmente, este cariz de intervenção não é inédito no seio da família sportinguista, levando qualquer desinteressado observador à conclusão de que a insaciável procura do protagonismo, por vezes, o aprazimento de interesses materiais e sociais e, sobretudo, a proverbial estimulação do «consagrado» ego, supera o bom senso e preenche o leque de considerações egoisticamente soberanas, indiferente aos danos ao Sporting.