O futebol como metáfora da política
O futebol pode ser uma metáfora da política. Pensei nisto esta noite, ao ver o jogo das meias finais entre o Barcelona e o Inter, com um Camp Nou cheio de adeptos a incentivar o clube catalão. Durante 90 minutos, o Barça jogou ao ataque, pressionando o último reduto italiano. E chegou a marcar um belíssimo golo, por Piqué. Insuficiente, no entanto, para anular o 3-1 da primeira mão, jogada em casa do Inter.
Sem uma jogada ofensiva, sem um remate à baliza, sem um único avançado, o clube treinado por José Mourinho ganhou o acesso à final com o Bayern de Munique. Só por ter sido eficaz a defender. O espectáculo que deu no estádio foi deprimente. A "justiça" - termo que os nossos comentadores desportivos adoram - do desfecho foi nula. Mas não estamos no reino da estética: como dizia o outro, quem quer espectáculo compra bilhete para a ópera. E também não estamos no domínio da justiça, como se um relvado fosse um tribunal: se estivéssemos, o Barça seria um vencedor obrigatório.
Estamos no domínio dos resultados. Só isso. Mourinho transformou a sua equipa num intransponível muro de betão. Dando mau espectáculo e condenando ao fracasso o futebol de ataque. Mas carimbou o passaporte para a final.
E é por isto que o futebol me parece uma metáfora da política. Não interessa se o espectáculo é feio ou se o desfecho é "injusto".
Só os resultados contam.
Reedito este texto, publicado originalmente aqui. Faz hoje precisamente dois anos.