Sá Pinto e Domingos
A pergunta que muitos sportinguistas se fazem, hoje: porque não veio Ricardo Sá Pinto antes? A pergunta vem na sequência do raciocínio linear dos adeptos - palmas para o vencedor, vaias para o vencido. Mas não deixa de fazer sentido. É obvio que a equipa mudou muito neste consulado do Ricardo. Ficou mais arrumada, ganhou outra raça, os jogadores, um por um, parecem saber exatamente o que fazer no relvado e têm mentalidade ganhadora. Mesmo considerando que houve mais tempo para a equipa se conhecer, para criar mecanismos, para se consolidar enquanto grupo, é visivel que algo mudou com a chegada de outro treinador. Não assistimos mais ao pobre espetáculo de desespero do treinador no banco, desmotivador para os jogadores, antes vemos um treinador raçudo, incentivando, corrigindo, aplaudindo.
Não está em causa a competência técnica de Domingos, nem o seu caráter, tem-se é duvidas sobre a sua força psicológica e a sua capacidade de liderança. E da sua preparação para estar à altura de um desafio como é ser treinador do SCP. No começo da temporada, a escolha de Domingos foi consensual e aplaudida, pelo percurso que ele fizera no Braga. Mas o mundo é feito de mudança, como escreveu Camões. E o registo do Braga - sabemo-lo hoje, com a marca forte de António Salvador - não se repetiu em Alvalade. A equipa ia derrapando, mais e mais. Sá Pinto chegou, rodeado de dúvidas e de receios. Mas tem vindo a conquistar os tímidos e os medrosos. Finalmente, esta temporada (e, espera-se, nas seguintes), o Sporting encontrou e solidificou um verdadeiro 'grupo de trabalho'. E construiu uma sintonia adeptos/equipa, como se não via há muito muito tempo.