Hoje é dia de AG, e é o dia também de perceber a diferença entre sócio e adepto.
Eu vou lá estar para votar nas questões em causa e assim contribuir para o melhor futuro do clube.
Outros sócios não poderão estar presentes, pelas mais variadas razões, a começar pela distância entre o local onde vivem e o Pavilhão João Rocha.
O futuro do clube passa por aí: alargar a base de sócios que decidem, impedir que o clube fique refém de minorias divorciadas dos princípios e da história do clube, por muito ruidosas e arruaceiras que sejam.
Hoje é dia dos sócios do Sporting Clube de Portugal.
Como jogaram há quatro dias os jogadores portugueses contra a selecção da Geórgia na nossa derrota em Gelsenkirchen por 0-2:
Diogo Costa. Infeliz. Sem culpa nos dois golos sofridos. No primeiro, traído pela defesa, nada pôde fazer. O segundo foi de penálti: esteve quase a defendê-lo.
António Silva. Inepto. Responsabilidade clara nos dois golos. "Assiste" o adversário no primeiro (2'), comete penálti que deu o segundo (43'). Enterrou a equipa.
Danilo. Imóvel. Com Pepe poupado, não foi o patrão de que a defesa precisava. Ficou a "marcar" com os olhos no primeiro golo, sem ir à dobra.
Gonçalo Inácio. Insípido. Não foi por ele que perdemos. Mesmo assim, a sua prestação soube a pouco nesta sua estreia a titular no Euro 2024.
Dalot. Indolente. Um dos responsáveis pela fraca dinâmica da selecção. Incapacidade evidente de progressão com bola. Acordou tarde: quase marcou aos 90'+4.
Palhinha. Intenso. Excelente passe para CR7 aos 35'. Fez a bola roçar o ferro com remate forte (43'). Saiu ao intervalo, de forma surpreendente: estava a ser um dos melhores.
João Neves. Inquieto. Não fez esquecer o ausente Vitinha, longe disso. Duas boas recuperações. Fez atraso de risco no lance que culminou no penálti.
Francisco Conceição. Insatisfeito. Talvez o melhor (o menos mau) dos nossos. Deu sensação de golo ao rematar à malha externa (28'). Tentou bastante, conseguiu nada.
Pedro Neto. Inconsequente. Viu amarelo aos 44' por simulação. Quase marcou de canto directo (45'+2). Desperdiçou sucessivos cruzamentos na segunda parte.
João Félix. Incapaz. O seleccionador imagina-o como segundo avançado, útil entre linhas. O suplente de Yamal no Barcelona não conseguiu ser nada disso.
Cristiano Ronaldo. Inconformado. Quase marcou, num tiro de livre directo, aos 17'. Derrubado na grande área (28'), viu amarelo por protestos. Rondou o golo aos 47'.
Rúben Neves. Inútil. Inexplicável, a troca de Palhinha por este médio sem chama que jogou todo o segundo tempo. Aos 53', viu o amarelo. Teve sorte: arriscou o segundo aos 65'.
Nelson Semedo. Intranquilo. Só substituiu Silva aos 63'. E entrou com nervos em excesso. Esteve a centímetros de marcar aos 90'+1: in extremis, o guardião evitou o golo.
Gonçalo Ramos. Invisível. Um mistério, ter entrado aos 63' para render Ronaldo quando perdíamos por dois golos. Falhou escandalosamente emenda à boca da baliza (90'+3).
Diogo Jota. Irrelevante. Substituiu o errático Pedro Neto aos 75'. Teve muito menos tempo, é certo, mas foi incapaz de mostrar melhor.
Matheus Nunes. Incipiente. Entrou só aos 75', rendendo João Neves. Em estreia num Europeu. Podia ter marcado num remate forte aos 89', mas a pontaria não estava afinada.
Fixem este nome, para o caso de ainda não o conhecerem: o suíço Ruben Vargas. Tem 25 anos, joga na Liga alemã, pelo Augusburg. É um dos primeiros heróis deste Euro-2024: ninguém fez tanto como ele para derrubar os italianos, campeões europeus em 2021.
No embate de ontem em Berlim, foi dele a assistência para o primeiro golo helvético, aos 37', com irrepreensível finalização do médio-centro Freuler. E foi ele a marcar o segundo, logo após o intervalo, sentenciando a partida. Um dos mais vistosos golos deste torneio: desmarcação perfeita, domínio total da bola, disparo colocadíssimo à malha lateral interna. Sem hipótese para Donnarumma, que alguns consideram o melhor guarda-redes do mundo. Fama que lhe ficou ao defender dois penáltis na final de 2021, para infortúnio da Inglaterra.
De Vargas poderá dizer-se hoje algo semelhante: é um dos melhores do mundo na sua posição preferencial de extremo-esquerdo. Bem gostava de o ter no nosso clube.
Já aos 24' Embolo podia ter aberto a contagem ao isolar-se frente à baliza, mas o guardião impediu-o de fazer o gosto ao pé, cortando-lhe ângulo de remate com uma saída providencial.
Pastosa e sem dinâmica, a Itália sai de cena nos oitavos-de-final, com registo medíocre neste Campeonato da Europa: venceu com muita dificuldade a Albânia (2-1), evitou quase por milagre uma goleada da Espanha (0-1) e só conseguiu empatar com a Croácia (1-1) a 20 segundos do apito final, no minuto 97 do prolongamento. Não merecia mais. Abandona o Europeu com duas derrotas em quatro jogos, cinco golos sofridos e apenas três marcados.
Fez-se história no futebol europeu. Foi a primeira vitória da selecção suíça em jogo a eliminar numa grande competição de futebol desde a II Guerra Mundial. Os helvéticos vão defrontar, nos quartos-de-final, o vencedor do jogo Eslováquia-Inglaterra.
Para nós, sportinguistas, esta pequena vingança: Scamacca, estrela da Atalanta e "carrasco" do Sporting na Liga Europa, regressa a casa sem um golito sequer nos relvados alemães.
Esteve para não prosseguir, o Alemanha-Dinamarca, quando uma tempestade se abateu sobre a cidade de Dortmund ao minuto 34 do jogo, então ainda em branco: chuva torrencial, granizo, trovoada.
O clima lá se recompôs na medida do possível, sem estragos irreparáveis no relvado. Ao intervalo, mantinha-se o empate a zero. Com Kasper Schmeichel, fluente em português, a destacar-se entre os dinamarqueses para adiar o golo.
Só resistiu até ao 53'. E mesmo então apenas foi batido de penálti, a punir mão na bola de Andersen, que cinco minutos antes marcara na baliza germânica (mas sem valer, pois estava deslocado).
Havertez (Arsenal, 25 anos) converteu o castigo máximo.
A Dinamarca tentou reagir, mais com a emoção do que com a razão, mas Neuer não facilitou a vida à turma adversária, aliás como todo o bloco defensivo germânico, com destaque para o central Rüdiger, rei e senhor no jogo aéreo. E foi a Alemanha a marcar, aos 68', fixando o resultado, desta vez em lance de bola corrida com apenas três toques antes de Musiala (21 anos, Bayern de Munique) a enfiar nas redes. Eficácia máxima: foi o terceiro golo do jovem atacante neste certame.
Os germânicos irão defrontar nos quartos-de-final o vencedor do jogo Espanha-Geórgia.
Enfim, o nosso Morten está de malas feitas. Já nem participou nesta partida, excluído por acumulação de amarelos. Fez falta à sua selecção, tendo marcado um golo no Euro-2024.
Mas faz ainda mais falta ao Sporting: o lugar dele é em Lisboa.
António Figueira: «A Alemanha ganhou a Portugal que ganhou ao Gana / que perdeu com os Estados Unidos que / empatou com Portugal e com a Alemanha / que também empatou com o Gana. / Portugal foi eliminado, / o Gana idem idem e os Estados Unidos jogam amanhã. / A Alemanha eliminou hoje a Argélia / que não tinha entrado na história.»
Edmundo Gonçalves: «A minha preferida nesta fase, a Holanda, continua em prova. Não é por nada, são ainda recordações daquelas fabulosas equipas dos anos setenta e do futebol total de Cruiff, Neeskens, Rensenbrink, Rep e companhia. E também porque aquela camisola, apesar de laranja, tem um enorme... LEÃO!»
João Paulo Palha: «Numa altura em que o jornalismo é tão insistentemente vilipendiado por tanta gente e acusado, entre muitas outras perversões, de desonroso alheamento dos trabalhos de investigação, é recompensador verificar que ainda há profissionais que se esforçam por ir ao fundo das coisas, esclarecendo conceitos ultrapassados e anunciando descobertas como a da Sport TV, graças à qual somos os primeiros a saber da modificação.»
Tiago Cabral: «Preparámos-nos bem, estivemos bem. Mas as coisas correram mal. As coisas, essas malditas.»
«Mais que o título, que foi muito bom, foi ver muitos jovens a festejar o campeonato do Sporting. Como é que um clube que só ganhava um campeonato de 19 a 19 anos tem tanta gente jovem? Algum sociólogo que faça o estudo. Deve ser interessante. Para mim, deixa-me descansado quanto ao futuro do nosso clube.»
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre GYÖKERES:
- CAL: «Entrou a mostrar ao que vem e até já começou a explorar a bonita costa portuguesa.» (24 de Agosto)
- Francisco Chaveiro Reis: «É um verdadeiro número 9 e a minha aposta para melhor marcador do campeonato. E é nele que os defesas se vão focar, deixando Paulinho num confortável segundo plano.» (24 de Agosto)
- José Navarro de Andrade: «Acossado por dois defesas em três passadas Gyökeres já corre sozinho para a baliza. O estádio levanta-se a celebrar antecipadamente o golo, porque com ele o óbvio acontece sempre.» (5 de Dezembro)
- Eu: «Em cinco meses, entrou por mérito próprio na galeria suprema de pontas-de-lança que envergaram as nossas cores.» (27 de Dezembro)
- Marta Spínola: «Quem vai ao futebol sabe que há sempre momentos destes, levantamo-nos devagar, fila após fila, antecipando um golo ou pelo menos um remate, o golo logo se vê. Mas com Gyökeres tem sido diferente, o entusiasmo é grande, a confiança maior ainda, é muito bonita de ver esta "ola de cabeças", como dizia um amigo.» (7 de Janeiro)
- João Távora: «Aparentando uma escultura clássica, sem ostentar no corpo tatuagens ou outros artifícios, transmite sobriedade, a contrariar a imagem de decadência do europeu médio. Como um atleta chegado do Olimpo.» (2 de Fevereiro)
- Edmundo Gonçalves: «Teve dois polícias e meio em cima e mesmo assim ainda marcou.» (11 de Fevereiro)
- Luís Lisboa: «É o "abono de família" da equipa.» (5 de Abril)
António Figueira: «Comi alguma coisa estragada ao jantar e tive um pesadelo horrível: que no Mundial de 2054, disputado na Gronelândia (era em Junho, os dias nunca mais acabavam e fazia muito calor), os jogadores equipavam apenas de calções e as selecções distinguiam-se umas das outras pelas tatuagens que os jogadores usavam no tronco (os brasileiros com uns tucanos e uns sabiás sobre fundo amarelo, os do Emirado da Síria e do Levante todos pintados de negro, só com uns dizeres do Profeta a enfeitar, etc.); os árbitros, por seu lado, distinguiam-se dos jogadores por serem autorizados a usar cabelo, e usavam todos o mesmo corte, dito à Meireles (em homenagem a um jogador português do princípio do século); e Portugal lixou-se, mais uma vez, por acumulação de cartões (que no novo código FIFA eram amarelos por pensamentos impuros, cor-de-laranja por dentadas e vermelhos por blasfémias & insultos politicamente incorrectos): o detector telepático apanhou um dos nossos defesas carecas a dar uma cabeçada virtual num avançado da Prússia e a partir daí foi o descalabro.»
Helena Ferro de Gouveia: «O Brasil vai a penaltis. De Roraima ao Rio Grande do Sul há uma nação suspensa das luvas de um goleiro com nome de imperador. “Assim ninguém vai poder dizer que o Brasil comprou a Copa, pô”. Deu Brasil e o menino chora. O bar abraça-se numa loucura. Um e outro e outro pegam no menino ao colo, atiram-no ao ar. “Você foi a nossa mascote. Nos deu sorte”. O bar compra a caixinha completa de balas ao Marcelo-mascote-herói e ainda paga o dobro. O Marcelo sorri, sorri sem reservas. Cumpriu um sonho “ver o jogo como os ricos da Vila (Madalena)” e hoje a mãe “não vai bater, nem chingar”. O futebol inventou um jeito de igualar todos, pelo menos por um dia.»
João Paulo Palha: «Luís Francisco, há pouco, na TVI24: Eu estou convencido de que temos campeonato do mundo até ao fim. Até pode ser que me engane, mas quer-me parecer que este tipo tem razão.»
José Navarro de Andrade: «O Brasil pode jogar mal, um direito conquistado por ser uma penta-potência, por ter gasto uma dinheirama a implantar estádios em cidades meticulosamente escolhidas por não haver futebol decente nelas e por apresentar jogadores que jogam nas mais finas ligas europeias e passeiam de Bentley descapotável nas grandes metrópoles historicas do Velho Continente. Devia, aliás, o Brasil reclamar uma espécie de wild card para só se apresentar na final, no dia marcado, sem essa trabalheira de jogar com selecções domésticas como a dos Camarões ou a do Chile. Mas os gregos, senhores? Ter-se-ão imbuído de Euripedes para fazerem de cada jogo uma tragédia só desenlaçada nos segundos finais? Será que conspiram contra a língua portuguesa e vêm para o Brasil estragar a festa como fizeram em 2004 em Lisboa? Mas não haverá quem lhes espete uns cinco secos para nos desampararem a loja? Por quanto mais tempo iremos aturar aquele futebol de quem luta para não descer?»
Luciano Amaral: «Não percebo porque é que, nesta altura do ano, os jornais desportivos parecem um Jornal de Ocasião (um olx.pt, vá lá, para ser mais moderno) de jogadores de futebol. Bem, lá perceber percebo, o que não percebo é porque se chama àquilo jornalismo.»
Rui Cerdeira Branco: «Será avançado, será número 10, é japonês, tem 26 anos, internacional pelo seu país sobre o qual poucos entenderam o porquê de ter ficado de fora do mundial. O Sporting foi buscá-lo ao Kashiwa Reysol procurando reforçar a sua linha ofensiva, patrocinando aquele que será o primeira ingresso de Tanaka nos campeonatos europeus.»
Eu: «Já não havia tempo para reagir. Caía o mito Ochoa - até ao momento, o melhor guarda-redes do Mundial. Caía a selecção mexicana. Mas de pé, com o orgulho de quem se bate sem temor até ao fim. Merecia ter seguido em frente. Mas esta Holanda, já se percebeu, está imparável. Até onde chegará?»
«Nasci num ano em que o Sporting CP foi campeão nacional e a memória que tenho de campeonatos conquistados não me permite sequer chegar à dezena! Escasso, sem dúvida; algo que todos nós sabemos e sentimos. Mas é agora - com estes dirigentes e esta estrutura - que vejo um trajecto a ser percorrido que pode vir a mudar as páginas da nossa História.»
«Grande homem. No meu caso, foi ele quem me deu a mão, quem me levou para o futebol profissional, foi ele que me abriu uma porta que três décadas atrás era muito difícil de abrir. Foi ele. É uma dívida que terei sempre para com ele.»
José Mourinho, evocando hoje Manuel Fernandes em declarações à SIC
José Navarro de Andrade: «Num ranking da revista Forbes do rendimento anual auferido pelos treinadores deste Mundial Paulo Bento está em 12º (nada a contestar) e o do Professor Carlos Queiroz, treinador do Irão, em 13º, com uma diferença de apenas €62.110 – menor que o preço de um Porsche. Diferença essa que daria singelo por dobrado em como não cobre a expropriação do fisco português a que Bento está sujeito. Ambos saíram no final da primeira ronda, Queiroz saiu felicíssimo por ter conseguido empatar um jogo em resultado da inovadora táctica do autocarro; Bento saiu acabrunhado por só ter vencido um jogo. Quem é o esperto, quem é?»
Eu: «Sou suspeito, porque torcia pela quarta vitória consecutiva da Colômbia: não consigo assistir a uma partida de futebol sem tomar partido. E considero que o Uruguai já entrou em campo derrotado pela inqualificável consulta antidesportiva do seu goleador,Luis Suárez, justamente castigado com uma sanção duríssima pela FIFA por ter mordido um adversário no jogo Itália-Uruguai - conduta em que é reincidente (é pelo menos a terceira vez que protagoniza um lamentável lance deste género). Os uruguaios passaram aos oitavos, mas Suárez regressou a casa. Estará afastado da selecção por nove jogos, o que lhe dará imenso tempo para reflectir sobre a sua conduta. Prejudicou-se a si próprio. E também prejudicou a equipa.»
Recordo-me de ver ao vivo um dos primeiros jogos de Manuel Fernandes, talvez o Sporting - Beira Mar, com a camisola do Sporting, acabadinho de vir da CUF, numa época de "vacas magras" e de forte assédio do Pinto da Costa aos jogadores "libertos" dos condicionalismos contratuais que vinham do "antigamente", e que terminou com o 5.º lugar no campeonato.
E logo para fazer esquecer o "Chirola". Coisa pouca.
E se o rapazinho que ele era no princípio não deixava grande impressão, à medida que o jogo ia decorrendo vinha ao de cima o bom toque de bola, o passa e desmarca para receber, o passe para a baliza que dava golo. Foram 32 golos nessa temporada, e muitos mais anos a fio com a camisola do Sporting, antes e depois da vinda do seu parceiro Rui Jordão, e em duas épocas "malucas" com Big Mal e Roger Spry no V. Setúbal também com o seu parceiro, tendo encerrado aí a carreira. Na selecção nacional nunca teve o protagonismo alcançado no Sporting, onde foi capitão muitos anos, sempre leal ao clube e a João Rocha. Se calhar por isso mesmo.
Depois foi treinador no Sporting e em vários clubes, descobriu Oceano, deu a mão a José Mourinho, integrou a melhor equipa técnica de sempre do Sporting com ele, Bobby Robson e Roger Spry, era o director da melhor equipa B de sempre no tempo de Godinho Lopes com Oceano e Dominguez como treinadores quando entrou Bruno de Carvalho e sofreu a maior desconsideração pública de que me recordo no clube, ao ser denominado "o pior funcionário que já vi no Sporting."
Anos mais tarde a seita do ex-presidente ainda teve a falta de vergonha de se mobilizar para vetar a atribuição do nome de Manuel Fernandes a uma porta de Alvalade.
Com Frederico Varandas o Manuel Fernandes, tal como o mestre Aurélio Pereira, voltou a ter o reconhecimento que merece, passou a ser presença regular na tribuna e no comentário da Sporting TV. A visita ao hospital do presidente com Gyokeres com o troféu foi apenas mais um episódio de profundo respeito e homenagem a um grande ídolo do Sporting e a uma pessoa simples que deixa amigos em todo o lado.
O seu filho Tiago Fernandes, também ele já com um passado no Sporting que interessa sublinhar, é testemunha.
Descansa em paz, grande capitão, em companhia dos teus amigos Rui Jordão e Vitor Damas. Para nós fica a imensa saudade dos teus jogos e dos teus comentários.
O Manel, nosso eterno capitão e do melhor que a margem sul deu ao Mundo (que me desculpem os demais), foi talvez o último dos sonhadores e "injénuos" da bola. Um miúdo que tinha como objectivo de vida desportiva jogar no Sporting, nem que fosse um jogo apenas e que ficou por largos doze anos, recusando propostas aliciantes que lhe dariam um outro estatuto, talvez não desportivo mas económico, não tem explicação, a não ser pelo seu indefectível amor à camisola e ao emblema. Ao clube!
O Manel tinha apenas mais nove anos que eu, ou oito e uns pozinhos, vá lá, portanto eu sou um dos privilegiados que o viu jogar de verde e branco e estava lá na chamada bancada nova, naquela tarde/noite meio chuvosa dos sete a um à lampionage em que ele enfiou quatro batatas no gol do Silvino que, coitado, até fez uma excelente exibição.
Era sempre uma delícia ver este rapaz jogar, lá dentro não era só ele que jogava, com ele jogava também o seu sportinguismo, a sua enorme paixão pelo Sporting.
Terá sido dura a sua saída, porque tenho a certezinha absoluta que a sua vontade era jogar até de cadeira de rodas ali, com a listada no corpo em defesa das nossas cores, mas foi o melhor que fez, sair em grande e pela porta grande, que é por onde saem os heróis. Foi para Setúbal, onde ainda fez umas belas jogatanas e prosseguiu como treinador, tendo como maior registo a subida do Santa Clara à primeira divisão, sendo no Sporting treinador de vários escalões e adjunto de Bobby Robson.
Era um olheiro de primeira água. Lembro-me de uma vez, já no novo estádio, estarmos à conversa num dos camarotes onde fui ver um jogo a convite de uma empresa de cervejas que não é a Sagres, ele me ter dito sobre um jogador recentemente contratado por quem "pagámos bem, mas este miúdo não vai dar nada" explicando porquê. Estava certo, infelizmente, o não interessa o nome não deu nada e acabou por sair pela porta pequena no final dessa época.
Entretanto a sua vida foi o Sporting.
Não lhe imagino melhor sentido para a vida do que aquele que escolheu.
Não vi o Manuel Fernandes jogar. Toda a admiração que lhe nutro vem das histórias narradas por outros leões, ou pela nossa imprensa desportiva, e, claro está, pelas suas intervenções apaixonadas de cada vez que se referia ao seu Sporting.
Não vi o Manuel Fernandes jogar, como dizia, mas testemunhei um episódio bem revelador da sua grandiosidade.
Estávamos na época 1998/1999 e o Santa Clara, à época treinado pelo Manel, veio jogar a Esposende, minha terra, contra o clube local.
O meu melhor amigo e o seu pai eram benfiquistas fervorosos e doentes. Quando a comitiva do Santa Clara chegou ao estádio, o pai do meu amigo estava à espera dela. Abriu-se a porta do autocarro e a primeira pessoa a sair foi o Manuel Fernandes. E o pai do meu amigo, rapidamente, estendeu-lhe a mão para um cumprimento caloroso.
Ou seja, o pai do meu amigo, enorme benfiquista, e que certamente teve muitas desilusões à conta do Manuel Fernandes, esperou pela chegada do Santa Clara só para poder cumprimentar o Manuel Fernandes. Que belíssimo testemunho de fair play!
Foi então que pensei para comigo que o Manel Fernandes foi realmente um jogador superlativo. Tão grande que até benfiquistas dos sete costados faziam gosto em saudá-lo.
O Manuel Fernandes era o meu jogador preferido em miúdo, o meu ídolo. Tive a sorte de há uns anos ter-lhe dito isso mesmo, ao vivo e a cores, no camarote presidencial do SCP. Na altura, chamei-lhe "uma lenda viva". Agora, no dia da sua partida, só lhe posso agradecer por tudo o que fez por nós, sportinguistas, e pelo clube. O seu clube, o nosso Sporting. Obrigado, Manel!
Acabo de saber que o eterno capitão Manuel Fernandes (05-jun-1951 - 27-jun-2024), meu ídolo de criança, foi jogar e marcar golos para outro campeonato...
Todos nós que o vimos jogar estamos tristes por esta mudança de campeonato, mas felizes por o ter visto marcar os golos que marcou com a camisola que sempre amou.
Ontem o jogo Geórgia vs Portugal trouxe-me à memória algo que parece longínquo, mas que até Jesus chegar ao Sporting e continuado para melhor na era Amorim, era a minha irritação contínua. Éramos os melhores a jogar para o lado e para trás, eficácia que era o que se queria, bola, parafraseando o mestre da táctica.
E ontem foi assim desde o primeiro minuto. Azares todos têm, que o diga o checo que nos deu o segundo golo no primeiro jogo e com mais de 90 minutos para dar a volta ao jogo aquele lance de António Silva poderia ter sido apenas de má memória e para recordar com um sorriso, mas ao que se assistiu foi a uma imitação pobre daquele Sporting de má memória.
O árbitro não ter ajudado (penálti claro sobre Ronaldo) não é desculpa para a exibição paupérrima de jogadores que estavam, supostamente, à espreita de um lugar no onze inicial. Efectivamente os que estiveram bem (Ronaldo, a quem mais uma vez foi difícil ser servido pelos colegas, Palhinha e Diogo Costa, que não teve culpa alguma nos golos sofridos) foram os que são titulares. Bom, não sei se para o espanhol é titular, mas adiante. Todos os restantes desperdiçaram a oportunidade que lhes foi dada. Mau para eles e mau para a selecção.
Quanto ao treinador, aconselhava-o a, depois do Euro, fazer um estágio intensivo em Alcochete, para perceber como se joga em 3-4-3, se é esse sistema que quer levar para o apuramento para o Mundial. Achei alguma piada à análise que fez ao jogo, quando disse que "perder prepara melhor a equipa psicologicamente". Eu cá não sou do ramo da psicologia, nem tenho loja aberta à análise a grupos de risco, mas dá-me a ligeira impressão que uma dinâmica de vitória é bem capaz de ser melhor. Até parece que perdeu de propósito. Olha, ontem só me lembrei de Fernando Santos, com ele pelo menos empatávamos!