2022 em balanço (1)
JOGADOR DO ANO: MATHEUS NUNES
A importância dos jogadores também se mede por isto: alguns tornam-se quase imprescindíveis numa equipa. Aconteceu no Verão passado, quando Matheus Luiz Nunes disse adeus ao Sporting, causando um abalo sísmico na equipa, onde era titular indiscutível.
O luso-brasileiro, que fomos buscar ao Estoril em Janeiro de 2020, subiu a pulso em Alvalade. Campeão nacional na época seguinte, em que alternava no meio-campo com João Mário, conquistou lugar cativo no onze após a partida do campeão europeu, tornando-se num dos mais influentes do grupo de trabalho comandado por Rúben Amorim.
Influente na capacidade técnica, na visão de jogo, no dom de saber colocar a bola em passes longos, no remate de meia-distância, na mestria em acelerar o ritmo da equipa, na destreza como ligava o meio-campo à linha ofensiva.
Atributos que foi desenvolvendo sob a batuta do treinador, que o potenciou da melhor forma. A tal ponto que, em Agosto, Matheus acabou por protagonizar a segunda mais bem paga transferência de que há registo na história do futebol leonino ao sair para o Wolverhampton por 45 milhões de euros, mais 5 milhões por objectivos. Só a saída de Bruno Fernandes para o Manchester United, dois anos e meio antes, nos rendeu mais.
Boa notícia para as finanças do clube, má notícia para a nossa prestação desportiva. Sem Matheus, a equipa caiu muito - até porque esta saída fora antecedida pela partida de Palhinha e Tabata, além de coincidir com a grave lesão de Daniel Bragança. Seguiram-se três meses de fraco desempenho que só agora começa a ser superado.
Ainda foi o melhor em campo no desafio de abertura da Liga 2022/2023, frente ao Braga. E marcou o último golo de verde e branco na jornada seguinte, contribuindo para a nossa vitória em Alvalade (3-0) frente ao Rio Ave. Na hora da partida, mostrou-se grato: «O Sporting deu-me tudo quando eu não era nada.»
Havia participado em 33 das 34 partidas do campeonato anterior, com dois golos e três assistências. Teve papel crucial, em Janeiro, na conquista da Taça da Liga. No final da temporada, os treinadores elegeram-no para o onze ideal do campeonato. E escutou um rasgado elogio de Pep Guardiola, em Fevereiro, quando o Sporting recebeu o Manchester City para a Liga dos Campeões em jogo de má memória para nós. «É um dos melhores jogadores do mundo», disse o conceituado técnico catalão. Na linha do que escrevi aqui há um ano, ao eleger Matheus como Confirmação de 2021: «Tem fibra de campeão: isso é o que mais importa.»
Guardiola, com aquelas palavras, antecipava de algum modo a saída de Matheus Nunes para a Premier League, onde o luso-brasileiro - agora com 24 anos - foi ganhar um salário cinco vezes superior ao que auferia em Alvalade. Infelizmente, não tem demonstrado por lá o mesmo rendimento desportivo. Também passou discreto pelo Mundial do Catar.
No Sporting era muito mais influente. E sou até capaz de apostar que talvez fosse mais feliz.
Jogador do ano em 2012: Rui Patrício
Jogador do ano em 2013: Montero
Jogador do ano em 2014: Nani
Jogador do ano em 2015: Slimani
Jogador do ano em 2016: Adrien
Jogador do ano em 2017: Bas Dost
Jogador do ano em 2018: Bas Dost
Jogador do ano em 2019: Bruno Fernandes
Jogador do ano em 2020: Pedro Gonçalves
Jogador do ano em 2021: Pedro Gonçalves