Itália mereceu passar às meias-finais, Espanha nem por isso. É a diferença entre uma selecção que deslumbra pelo seu futebol alegre e criativo e outra que se limita a picar o ponto neste irregular Euro-2021 num continente ainda marcado pela pandemia.
Os primeiros a entrar ontem em campo foram os espanhóis. Em Sampetersburgo, contra a Suíça estreante em quartos-de-final de uma grande competição futebolística. Seriam favas contadas, para muitos adeptos do país vizinho. Mas não foram. A "fúria" espanhola parece ter migrado para parte incerta: restou uma equipa desinspirada, incapaz de aproveitar um golo oferecido pelos suíços e a vantagem de jogarem com um a mais durante 48', o que faz uma diferença enorme nesta fase da competição.
Aos 120 minutos, esgotado o prolongamento, mantinha-se o 1-1 do tempo regulamentar. Nos penáltis, brilhou o réu da partida anterior, contra a Croácia: o guarda-redes Unai Simón, que defendeu dois. Destacou-se também Oyarzabal, que não vacilou quando chamado a converter - ao contrário de Rodri, médio do Manchester City, e do veterano capitão Sergio Busquets, único campeão mundial de 2010 que resta no plantel. Jordi Alba, campeão europeu por Espanha em 2012 tal como Busquets, apontara o golo do tempo regulamentar, beneficiando de um desvio de Zakaria.
Foi o único remate espanhol à baliza no primeiro tempo. Por parte da Suíça, nem isso.
A injusta expulsão de Freuler por acumulação de amarelos, aos 77', somada à lesão de Embolo antes da meia hora de jogo, virou o campo a favor de Espanha. Mas nem assim resultou, desde logo por uma exibição de luxo do guardião Sommer, sobretudo no prolongamento. Foi preciso muita incompetência suíça (só um penálti convertido em quatro marcados) na roleta das grandes penalidades para carimbar o passaporte do trajecto espanhol às meias-finais. Com muita sorte e pouco mérito.
Espanha, 1 - Suíça, 1(vitória espanhola 3-1 no desempate por penáltis)
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Futebol do bom, só aconteceu à noite. Em Londres, no Bélgica-Itália. Os primeiros tinham eliminado Portugal num jogo em que não conseguiram ser melhores em campo. Os segundos haviam afastado a Áustria num desafio muito sofrido.
Previa-se confronto intenso entre dois assumidos candidatos ao título europeu. E assim foi. Com predomínio italiano na primeira parte e ligeiro ascendente belga na segunda, em que os italianos pareceram sempre mais preocupados em defender a vantagem (2-1) alcançada ao intervalo.
O triunfo foi construído nesse primeiro tempo. Com o trio composto por Insigne, Immobile e Chiesa a brilhar nas rápidas incursões à grande área belga e Jorginho a pautar as operações no meio-campo.
O primeiro golo surgiu aos 31', pelo capitão do Inter, Barella, numa jogada de insistência, fuzilando Courtois após ter driblado três adversários. O segundo - um dos mais espectaculares deste Euro-2021 - surgiu dos pés de Insigne, fazendo jus ao nome: magnífico remate em arco, a meia-distância, aos 44'. Courtois nada podia fazer.
Com um futebol sempre muito apoiado, abrindo sucessivas linhas de passe e garantindo equilíbrio no meio-campo, os italianos confirmaram-se como a selecção com melhor média de remates neste Europeu. Exibições de luxo do guarda-redes Donnarumma, de Chiesa e Spinazzola - este, infelizmente, forçado a abandonar aos 77', de maca, com lesão grave. O Campeonato da Europa terminou para ele.
Os belgas, com o lesionado Eden Hazard fora do onze titular, podiam ter marcado por De Bruyne aos 22' e Lukaku aos 26' e aos 61'. Mas só o fizeram graças a um penálti convertido por Lukaku, aos 45'+2, a castigar derrube de Doku à margem das regras.
A Itália apenas conseguiu ser campeã europeia em 1968 e parece seriamente apostada em repetir essa proeza, 53 anos depois. Quanto à Bélgica, que tomba nos quartos-de-final após ter sido afastada pela França nas meias-finais do Campeonato do Mundo de 2018, continua sem justificar o absurdo destaque que a FIFA lhe atribui como selecção mais cotada do planeta futebol. Que raio de trono é este, alcançado sem uma só vitória até hoje num Mundial ou num Europeu?
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2019/2020, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio.
27 de Setembro (Paços de Ferreira, 0 - Sporting, 2): COATES
«Esgaio tem a seu favor já ter trabalhado com o treinador, o que por si só significa que, a vir, Rúben Amorim já deu luz verde para avançar. Depois, vem para jogar numa posição que tem ocupado com mestria no último ano e meio, com um registo acima da média. É ainda um jogador formado em nossa casa, com capacidade de liderança, o que o levou a ser um dos capitães do Sp. Braga.»
Peço que leiam esta notícia no jornal O Jogo (link), um exemplo perfeito da arte de lamber-botas no seu esplendor.
«Os leões, não perdoando ao FC Porto a contratação de Pedro Valdés, revolucionaram a equipa: Ricardo Costa rende Rui Silva como técnico, Martim Costa entra para central e Kiko Costa é o novo esquerdino
Os irmãos Martim e Francisco Costa, de 18 e 16 anos respetivamente, são considerados dois dos mais promissores talentos do andebol português e trocaram o FC Porto pelo Sporting, que pagou as suas cláusulas de rescisão - 150 mil euros pelo mais velho, que joga a central ou lateral-esquerdo, e 100 mil pelo benjamim, um canhoto que faz a lateral direita e a ponta.
Os dois jovens portuenses vão acompanhar o pai, Ricardo Costa, que aos 44 anos deixou a Artística de Avanca para orientar de novo um grande, depois de dois períodos no FC Porto - como adjunto de Obradovic em 2012/13, como treinador principal entre 2015 e 2017.
De Alvalade sai o técnico Rui Silva, dispensado semanas depois de ter sido convidado a renovar.
A pequena revolução no plantel do Sporting, que agora tem Carlos Carneiro como diretor, foi uma resposta à contratação de Pedro Valdés por parte do FC Porto, também pagando a cláusula de rescisão - 150 mil euros. Não sendo decisivos no plantel atual de Magnus Andersson - o mais novo estava mesmo emprestado ao Avanca -, os irmãos Costa eram duas das grandes apostas de futuro, depois de terminarem a formação no Colégio dos Carvalhos e no FC Gaia já com ligações aos portistas.
Para o Sporting, os dois irmãos também deverão ser encarados como talentos a evoluir, pois o plantel já tinha várias opções tanto entre os esquerdinos como para centrais (os espanhóis Carlos Ruesga e Natan Suarez, mais a promessa André José, vinda do ABC) ou laterais-esquerdos (Salvador Salvador e Edmilson Araújo).
A aposta na família Costa, no entanto, tinha um segundo sentido: a vingança está consumada.»
Golos marcados pelos jogadores do Sporting na época 2020/2021:
Pedro Gonçalves: 23
(Santa Clara, Santa Clara, Gil Vicente, Tondela, Tondela, V. Guimarães, V. Guimarães, Moreirense, Moreirense, Famalicão, Braga, Rio Ave, Marítimo, Marítimo, Santa Clara, Famalicão, Farense, Rio Ave, Benfica, Benfica, Marítimo, Marítimo, Marítimo)
Jovane: 8
(Paços de Ferreira, V. Guimarães, Sacavenense, Nacional, FC Porto, FC Porto, Belenenses SAD, Nacional)
Nuno Santos: 8
(Portimonense, FC Porto, V. Guimarães, Sacavenense, Nacional, Boavista, Portimonense, Benfica)
Coates: 7 (Paços de Ferreira, Sacavenense, Sacavenense, Gil Vicente, Gil Vicente, Santa Clara, Belenenses SAD)
Tiago Tomás: 6
(Aberdeen, Lask Linz, Gil Vicente, Paços de Ferreira, Belenenses SAD, Tondela)
Porro: 4
(Tondela, Famalicão, Braga, Boavista)
Sporar: 4
(Gil Vicente, Tondela, Mafra, Farense)
Matheus Nunes: 3
(Braga, Benfica, Braga)
Paulinho: 3
(Moreirense, Rio Ave, Boavista)
Tabata: 2
(Paços de Ferreira, Mafra)
Palhinha: 2
(Paços de Ferreira, Paços de Ferreira)
João Mário: 2
(Belenenses SAD, Paços de Ferreira)
Gonçalo Inácio: 2
(Sacavenense, V. Guimarães)
Feddal: 2
(Portimonense, Nacional)
Pedro Marques: 2
(Sacavenense, Sacavenense)
Nuno Mendes: 1
(Portimonense)
Plata: 1
(Marítimo)
Vietto: 1
(FC Porto)
Na época 2014/15, os melhores marcadores foram Slimani, Montero e Adrien.
Na época 2015/16, os melhores marcadores foram Slimani, Teo Gutiérrez, Adrien e Bryan Ruiz.
Na época 2016/17, os melhores marcadores foram Bas Dost, Alan Ruiz e Gelson Martins.
Na época 2017/18, os melhores marcadores foram Bas Dost, Bruno Fernandes e Gelson Martins.
Na época 2018/19, os melhores marcadores foram Bruno Fernandes, Bas Dost e Luiz Phellype.
Na época 2019/20, os melhores marcadores foram Bruno Fernandes, Luiz Phellype e Vietto.
Assumindo que a Inglaterra chega à final do Europeu – embora eu aposte as fichas todas na Bélgica -, os ingleses irão realizar todos os jogos em casa, com excepção do jogo dos quartos de final, contra a Ucrânia e que será em Roma.
Numa primeira análise, poder-se-ia concluir que em todas as competições deste tipo há, sempre, uma selecção que joga em casa e que, embora evidencie alguma vantagem, não significa, inexoravelmente, o triunfo na competição.
É verdade. Dolorosamente, somos transportados, quase de imediato, para o Europeu de 2004. Contudo, neste Europeu, a vantagem da Inglaterra é muito diferente daquela que resulta dos pretéritos Europeus.
Enquanto que antes as selecções forasteiras só tinham de deslocar-se dentro do país anfitrião e, por norma, até mantinham os seus quartéis-generais durante toda a competição, neste Europeu algumas selecções andaram numa azáfama inusitada, com viagens para trás e para a frente, o que, obviamente, representa um cansaço acrescido.
Só para exemplificar o que precede, gostaria de referir que a Bélgica, só na fase de grupos, efectuou 9.157 km, enquanto a Inglaterra efectuou as idas ao supermercado.
Texto do leitor Francisco Gonçalves, publicado originalmente aqui.
Nos 22 destaques feitos pelo Sapo em Junho para assinalar os dez blogues mais comentados nesta plataforma ao longo do mês,És a Nossa Férecebeu 22 menções. Alcançando assim o pleno, pelo 25.º mês consecutivo. Há mais de dois anos.
Além disso, figurámos também 19 vezes no pódio dos mais comentados - com nove "medalhas de ouro", seis de "prata" e quatro de "bronze".
Recorde-se que os textos publicados ao fim de semana são agregados aos de sexta-feira para este efeito, o que leva o número de destaques a ser inferior ao número de dias.
«Desde o princípio pensei que a Itália era uma forte candidata a vencer o Euro 2020, tinha esperança de [ver] Portugal fazer um pouco melhor e talvez pudesse chegar mais longe se o engenheiro tivesse feito outras opções, mas é claro que isto é somente a minha opinião, no entanto nunca pensei que tivésse-mos a sorte que tivemos em 2016. Continuo a pensar que a Itália vai ganhar o Euro 2020.»
A Inglaterra está a ser levada ao colo, como ficou evidente neste Inglaterra-Alemanha jogado em Londres num estádio praticamente cheio apesar de o Reino Unido estar novamente com aumento de casos de infecção por Covid-19 - ao ponto de nas últimas 24 horas ali terem sido registados 26 mil novos contágios, sem que isso pareça incomodar as sumidades da UEFA.
Dos quatro jogos da Inglaterra disputados até agora, três foram em Wembley. O outro ocorreu em Glasgow. Assim tudo se torna mais fácil.
Chovem as críticas a Fernando Santos porque Portugal, em quatro jogos disputados no Europeu, só conseguiu uma vitória. Esquecendo que um dos empates foi de uma injustiça clamorosa: o penálti apontado a Nélson Semedo no Portugal-França que permitiu à selecção gaulesa empatar connosco nunca existiu. De tal maneira que este grave erro até ditou a exclusão do árbitro espanhol das fases seguintes da prova.
Em suma: um falso penálti que, se tivesse sido assinalado numa competição interna, estaria a ser discutido durante semanas pelos mesmos adeptos que agora nem o contestaram só porque isso não lhes dá jeito nos protestos contra o seleccionador.
De qualquer modo, fraca tese, essa da vitória solitária. Porque a própria França, orientada por Didier Deschamps, também foi afastada do Europeu só com um triunfo (contra a Alemanha). O mesmo ocorreu com a Croácia, treinada por Zlatko Dalic: a vice-campeã mundial saiu do Campeonato da Europa com apenas uma vitória no currículo (contra a Escócia). Sem esquecer a Alemanha, afastada igualmente do Euro-2021 sem conseguir melhor do que um triunfo solitário em quatro partidas (os 4-2 a Portugal, com autogolos de Rúben Dias e Raphael Guerreiro).
É a vida, como dizia o outro. A conquista do Campeonato da Europa, tudo o indica, será alcançada por um não-favorito.
Má notícia para nós? Nem pensem nisso. Foi exactamente o que nos aconteceu no Euro-2016. E, já agora, também ao Sporting no campeonato 2020/2021.
João Palhinha é excelente a fazer cobertura, a recuperar bolas, a construir lances ofensivos a partir do nosso meio-campo, a ocupar o seu espaço. Mas também capaz de fazer golos, como se comprova neste remate em vólei - de primeira, sem deixar a bola bater na relva - em que se estreou como goleador no campeonato 2020/2021. Demonstrando em definitivo ao seleccionador Fernando Santos que tinha de ser convocado para o Europeu.
«O factor casa pode vir a ser decisivo neste Europeu mal amanhado. A Alemanha, por exemplo, fez a fase de grupos toda em casa. Portugal, por exemplo, teve de viajar para a Hungria para jogar com a dita, viajou para a Alemanha para jogar com a dita cuja, voltou à Hungria para jogar com a França (só faltava ir a Paris) e depois para Sevilha. Uns jogam em casa, outros visitam-nos. Onde está a integridade da competição?»