Faz hoje um ano, perdíamos o nosso melhor jogador da década: Bruno Fernandes deixava o Sporting, rumo ao Manchester United, onde não tardou a fazer sucesso e a tornar-se ídolo nesse emblema.
Foi um momento triste para nós. Mas que soubemos aproveitar da melhor maneira: quando um leão cai, logo outro se levanta; quando um leão sai, logo outro chega.
Perdemos Bruno Fernandes, como depois perderíamos Mathieu e Acuña, por exemplo. Mas ganhámos Porro, Pedro Gonçalves, Nuno Mendes, Adán, Matheus Nunes, Tiago Tomás, Nuno Santos.
No Sporting-Benfica da próxima segunda-feira não contaremos com João Palhinha, vergonhosamente amarelado por Fábio Veríssimo numa autêntica declaração de guerra ao Sporting. Este afastamento compulsivo, sem qualquer motivo que o justificasse, só beneficia o Benfica - clube do coração do árbitro - pois Palhinha é um dos elementos nucleares do onze leonino.
Mas tal como nos reconvertemos há um ano sem Bruno Fernandes, também o Sporting saberá demonstrar em campo tudo quando vale mesmo sem Palhinha. Para dedicarmos a vitória nesse clássico ao jogador que saiu do Bessa lavado em lágrimas, revoltado com o atentado à verdade desportiva que Veríssimo acabara de cometer.
Esta é a força do Sporting: a força que assenta num verdadeiro colectivo. A força de uma equipa em que o todo ultrapassa largamente a soma das partes.
Com a vitória categórica no Bessa o Sporting segue destacado no primeiro lugar da 1.ª Liga. A equipa B segue também na liderança da série G do Campeonato de Portugal, e a equipa sub-23 está nos lugares cimeiros da Taça Revelação, depois de afastada da luta pelo título no campeonato.
No que respeita ao futebol profissional do Sporting, ou seja da SAD leonina, não nos podemos de facto queixar.
Mas depois há o lado financeiro, as verbas a receber, as contas a pagar, os investimentos que têm de ser feitos, lado esse necessariamente negro dada a conjuntura que atravessamos, sem público nos estádios, sem Gameboxes para vender, e que afecta tudo e todos.
Obviamente que o Sporting não pode deixar que as dificuldades do momento se transformem em danos reputacionais, que afectem a imagem do clube nacional e internacionalmente. Então importa resolver questões pendentes com origem em tempos mais próximos ou mais distantes.
E é com grande satisfação que vejo o "trolha" Salvador dizer que “após a reunião de Setembro com Frederico Varandas, as coisas voltaram à normalidade. Foi feito um novo acordo e que, em abono da verdade, o Sporting tem cumprido escrupulosamente“.
Também se pode ler hoje n´A Bola que o Sporting contratualizou com os clubes com quem tinha dívidas pendentes o pagamento faseado das mesmas, o que veio pôr o Sporting à vontade no que respeita aos licenciamentos nacionais e UEFA e o mesmo está a fazer com empresários e outros fornecedores. Alguns deles já começaram a receber valores em dívida.
Assim, deixaram de aparecer nos jornais aquelas histórias de dívidas e penhoras no Sporting, que estão para os seus sócios e adeptos como as moscas no piquenique. Aparecem mais agora doutros clubes em que infelizmente os jogadores não recebem há alguns meses. E depois se calhar existem as malas, as contratações para a próxima época, etc...
Obviamente que a manta é curta, para tapar a cabeça destapa os pés, e tivemos um despedimento colectivo que é sempre de lamentar, independentemente da justeza ou não da inclusão dum ou doutro elemento que serviu o Sporting no mesmo.
Mais do que nunca são os sócios do Sporting que estão a aguentar o barco, pagando e até antecipando quotas, e são apenas eles que têm legitimidade para exigir e criticar seja o que for. Quem se afastou apenas conseguiu ampliar o problema existente e obviamente tem também responsabilidade nas medidas mais ingratas que tenham sido ou venham a ser tomadas.
Da nossa concludente vitória sobre o Boavista. Domínio total do Sporting do princípio ao fim da partida do Bessa, quase sempre de sentido único. Com Adán a fazer apenas uma defesa digna desse nome (82'). O resultado ao intervalo (1-0) era muito lisonjeiro para a equipa da casa. No mesmo estádio onde o Boavista vencera o Benfica por 3-0.
Do golo marcado cedo. Marcador inaugurado aos 22', por Nuno Santos, correspondendo da melhor maneira a um soberbo cruzamento de Nuno Mendes. Com notável sentido de posicionamento e desmarcação.
De Porro. Para mim, o melhor em campo. Pelo extraordinário golo que marcou aos 77', fixando o resultado (2-0) e comprovando a sua inegável mais-valia neste plantel leonino. Pega na bola e à meia volta, a 30 metros da baliza, faz um disparo fortíssimo, indefensável. Desde já candidato a um dos melhores golos da Liga 2020/2021. E deste ano civil há pouco iniciado.
De Nuno Mendes. Temos de volta o nosso ala esquerdo após algumas semanas de menor brilho. Exibição de luxo coroada por três soberbos centros que levavam selo de quase-golo, aos 18', 22' e 33'. Infelizmente só um encontrou o melhor desfecho.
De Matheus Nunes. De jogo para jogo revela-se um dos jogadores mais consistentes deste Sporting 2020/2021, mesmo quando lhe cabe uma missão de especial dificuldade, como foi neste caso a de render Palhinha na posição de médio defensivo titular. Deu boa conta do recado, tanto no capítulo das recuperações de bola como na qualidade de passe. Nunca dá um lance por perdido: é um Leão da cabeça aos pés.
De Nuno Santos. Outro golo para a sua contabilidade pessoal. Aos 53' assistiu Sporar, entregando-lhe a bola de bandeja com um passe cirúrgico: só a inépcia do esloveno o impediu de empurrá-la lá para dentro. Jornada após jornada, vai-se confirmando como um dos elementos mais influentes do plantel.
De continuarmos invictos. Somos a única equipa da Liga que prossegue sem derrotas, o que faz toda a diferença.
De ver a nossa liderança reforçada. Somamos já 39 pontos, em 45 possíveis. Estamos há nove jornadas consecutivas no primeiro posto - e assim continuaremos pelo menos até à entrada na segunda volta desta Liga 2020/2021. Continuamos a marcar em todas as partidas do campeonato. Conservamos a vantagem de quatro pontos face ao segundo classificado, o FC Porto, e ampliámos para seis pontos a distância que nos separa do Benfica, que empatou em casa com o Nacional. Se vencermos o SLB no dérbi de segunda-feira em Alvalade, passaremos a ter mais nove do que o nosso mais velho rival.
Não gostei
De Sporar. Exibição péssima do ponta-de-lança esloveno, que continua divorciado do golo. Desta vez não pode queixar-se de não ter sido servido pelos colegas, que lhe puseram a bola nos pés só para ele empurrar. Aos 33', falhou a emenda, a passe de Nuno Mendes. Aos 53', voltou a ser desastrado, desperdiçando uma quase-assistência de Nuno Santos. Não ataca a profundidade, não antecipa os movimentos dos companheiros, reage quase sempre tarde às solicitações que lhe fazem. É hoje, claramente, o principal ponto fraco da equipa.
Dos falhanços de João Mário. Também o campeão europeu mantém uma relação muito problemática com o golo, desperdiçando oportunidades sucessivas. Desta vez mais duas para a sua conta pessoal: aos 43', em posição frontal, optou pelo tiro-ao-boneco; aos 60', com Jovane desmarcado, atirou para a bancada. Além disso também não lhe saiu nada bem a marcação de um livre.
Do "critério largo" do árbitro Fábio Veríssimo. Deixou os jogadores do Boavista "distribuir fruta" desde o início do jogo, com 20 faltas deixadas impunes - metade das quais sobre Jovane, que passou grande parte do primeiro tempo estendido no relvado transformado em lamaçal. Aos 79', subitamente, decidiu mudar de critério, amarelando Palhinha - entrado três minutos antes - num lance de bola dividida, similar a dezenas do género que ocorrem em qualquer jogo. Por causa deste injustíssimo cartão, o nosso médio defensivo será em princípio excluído do Sporting-Benfica - um dos jogos grandes da temporada. Um acto de lesa-futebol. As imagens de Palhinha abandonando o campo lavado em lágrimas já fazem parte da iconografia leonina.
Marco Ferreira na edição impressa do Record de hoje [ontem]:
«EMPURRÃO. João Palhinha empurra o adversário com o braço direito no momento em que este se preparava para rematar à baliza. Livre directo e cartão amarelo bem exibido.»
O mesmo árbitro no fórum on-line do mesmo jornal esta tarde [ontem à tarde]: «Em relação a este lance em particular, a infracção técnica não é motivo para amarelo, foi um empurrão imprudente e nada mais.»
O mais incrédulo é o texto a seguir a este último:
«O amarelo foi exibido porque o árbitro entendeu que era uma jogada prometedora, sendo uma questão de interpretação eu acompanho sempre a decisão tomada em campo. Realço que qualquer decisão disciplinar seria sempre acompanhada por mim, exibir ou não o amarelo.»
Ou seja, para Marco Ferreira, ele escreverá sempre "certo" o que o árbitro decidir sobre cartões amarelos MESMO QUE NÃO CONCORDE! E agora que o Fábio Veríssimo disse que se tinha enganado... como é que vai ser?
TRAPALHADA: Por aqui se vê: corporativismo mesmo quando despromovidos... E são estes os árbitros chamados a dar opinião especializada em jornais de referência?
«Eu preferia sempre jogar com adeptos. Por falar em adeptos no estádio, lembro que em momentos de menor desempenho dos nossos rivais, vi estádios muito mais despidos de público do que o nosso e manifestações de desagrado tão ou mais agressivas. Os estádios precisam de nós e nós precisamos de ir à bola.»
E se a Direcção não tivesse anunciado logo que iria pedir a despenalização? E se o universo leonino em peso tivesse antes ficado calado perante mais um atentado à verdade desportiva?
A verdade é esta, se não formos nós a defendermo-nos poucos o fazem.
Relator e narrador da partida na Sport TV foram incapazes de rejeitar e condenar a decisão do árbitro. E a seguir, entre o infindável cortejo de comentadeiros, a esmagadora maioria deles, viram falta de Palhinha e muito poucos criticaram a amostragem do cartão amarelo. Uns e outros cúmplices da incompetência, na melhor das hipóteses, alimentadores de um polvo que abraça e chupa o sistema de forma tentacular, na pior delas.
Ser-se incapaz de chamar aberração arbitral àquilo a todos assistimos, além da cumplicidade já referida, será sempre servir interesses que não os do desporto.
Terá o apitador vergonha na cara e coragem para voltar atrás no roubo que nos fez?
Teremos de esperar para ver se o escândalo prevalece incólume. Resta-nos o consolo que nos dá o choro de Palhinha no final do jogo. A certeza de que a nossa equipa é feita de uma força e de um querer ir à luta. E nós estamos na luta, contra tudo e contra todos. E ontem, o que aconteceu no Bessa mais uma vez mostrou que onde vai um vão todos.
Ou "Os filhos da Puta", versão revista, actualizada e o que mais vos aprouver.
Sabem que eu sou pouco de rodriguinhos, por isso não vou perder muito tempo com isto e então cá vai: Este filho da puta mostrou deliberada e conscientemente um cartão amarelo numa jogada onde nem existe qualquer falta, a um jogador que sabia que se o visse, falharia o próximo jogo.
Trabalho encomendado, trabalho executado! Tal qual como seu competentíssimo tio, que lhe terá ensinado que só se progride na carreira com coluna de minhoca, este merdas saiu do Bessa com o sentimento de dever cumprido. Esperou 79 minutos pela presa, dando um baile de apitadeiro com um "critério largo", deixando o desgraçado do Jovane fazer de saco de porrada até o treinador o ter feito sair, sob risco de ficar todo negro (sem piada, forma de expressão). Esperou acoitado numa arbitragem que tudo permitiu ao adversário, com um único fito, o de prejudicar um clube e o de beneficiar outro, o adversário do jogo seguinte. Sim, o Benfica.
Foi o Vieira que lhe untou as unhas? Não! O gajo não recebeu um pacote de coca saído pela porta 18 e transportado no carro conduzido pelo Zé. O que acontece é que este árbitro de proveta, proveniente dos cursos do Inatel patrocinados pelo Benfica, promovido a internacional sem o mínimo de jogos obrigatórios para tal nas divisões inferiores, sabe que se não apitar desta forma não progride na carreira, nem é preciso dizer-lhe nada, a notinha boa que é precisa, no final da época lá estará.
Triste futebol este em que os adeptos de um clube criticam o treinador por colocar em campo um jogador "à bica" com os cartões amarelos, porque toda a gente sabia que isto ia acontecer. E não devia, o treinador meteu quem entendeu, a estratégia de um treinador nunca pode ser condicionada pela previsível amostragem de um cartão a um seu jogador. Mas é! Infelizmente neste futebolzinho de merda em que se tornou o futebol português, o treinador não só precisa de se preocupar com a sua missão, como também tem que estar preocupado com o gajo que vai apitar o jogo. Será certamente caso único no Mundo.
A questão é esta, meus caros: O futebol está podre! Tudo fede, inclusive o que gravita à sua volta, observadores, delegados, árbitros, a maior parte dos comentadeiros, a maior parte dos "jornalistas" desportivos (peço desculpa aos jornalistas verdadeiros), tudo, enfeudado a dois emblemas que querem de qualquer forma aceder ao bolo da Liga dos Campeões. Foi ver o Mota em Faro todo acagaçado reverter uma raquetada com a mão dum gajo do Porto, porque sabe que o macaco lhe ia tratar das montras dos talhos e foi ver este lambuças, no primeiro lance em que Palhinha interveio, três minutos depois de estar em campo, mostrar-lhe um cartão amarelo, injustificado à luz de qualquer das leis do futebol, que o atira para a bancada na recepção ao Benfica.
Era um pau enfiado pelo fundo das costas! Não por castigo, apenas para lhe endireitar a coluna.
Adenda: A coisa foi tão evidente, tão comentada por todos, toda a gente se referiu ao lance como normal (excepto o inconfundível Leirós, conselheiro de arbitragem do... Benfica), que o larápio sobrinho já reconheceu que errou. Valha-nos isso, mas ainda falta a despenalização.
Não vou sequer falar do lance que todos sabem qual foi, muito me iria enervar e pouco iria acrescentar ao que os meus colegas muito bem disseram. Parece que o apitador esteve a falar com o Hugo Viana no final do jogo, o Sporting vai apresentar recurso, aguardemos. Vou falar apenas do jogo em si.
A lição que a equipa recebeu contra o Rio Ave funcionou e os primeiros minutos mostraram que o Sporting entrou no Bessa para resolver as coisas bem depressa. Ritmo vivo, bola a circular com critério entre sectores, Nuno Mendes e Porro bem soltos nos corredores, João Mário mais atrasado empunhava a batuta, Matheus Nunes vagabundeava e confundia marcações, Boavista em aflição constante e sem conseguir articular contra-ataques, o melhor que conseguiam era ter um ou outro livre a seu favor, fruto do mergulho de algum seu jogador, um primeiro golo já muito visto, centro tenso em diagonal do Nuno Mendes e desvio para golo do Nuno Santos, e depois... Sporar e João Mário a desperdiçarem, um, dois, três, quatro golos feitos, era só encostar, mas faltou o só. Era dia para Bas Dost fazer um "poker" como fez em Tondela há quase 4 anos, comigo na bancada.
Os minutos foram passando e quem não marca normalmente sofre, o desgaste da Taça da Liga começou a fazer-se sentir e Amorim refrescou a equipa, primeiro com Bragança, que pouco adiantou, depois com TT e Palhinha, e finalmente chegou o golaço do Porro. E o Sporting ganhou por dois, mas podia ter sido a goleada da época, Nuno Mendes voltou a ser quem é e foi de longe o melhor em campo nos 90 minutos, mas Porro mais uma vez marca um golo do outro mundo, e assim foi o herói da noite.
Concluindo, uma grande exibição do Sporting num campo sempre difícil, muito sofrimento desnecessário, Sporar está sem qualquer confiança, se calhar a pensar se fica ou se vai não sei para onde, falta um ponta de lança de nível para projectar esta equipa para outros patamares. Continuamos na liderança da Liga com 4 pontos de vantagem do perseguidor mais directo a dois jogos do final da 1.ª volta, e temos sem dúvida treinador e equipa, com ou sem um ou outro, para ganhar os dois jogos que faltam.
É isto que se pede após assistirmos a mais um triste episódio de arbitragem no futebol nacional.
Coragem a todos os profissionais do Sporting Clube de Portugal, e não só, que, infelizmente, semanalmente, têm de enfrentar indivíduos com falta de carácter, sede de protagonismo e moralmente desonestos, dentro e fora do relvado.
Coragem às grandes instâncias do futebol português para que de uma vez por todas ponham fim às práticas criminosas que vêm ocorrendo há décadas e contribuam para o crescimento do nosso futebol, seja punindo árbitros, observadores e dirigentes, seja disponibilizando diálogos do var ou despenalizando profissionais injustamente sancionados.
Respeito pelos profissionais que apenas querem desempenhar o seu trabalho e que infelizmente, de forma ridicula se veem proibidos de o fazer.
Respeito pelos adeptos que querem ver bom jogos com os melhores intervenientes e discutir o espectáculo e não fenómenos praticamente sobrenaturais que insistentemente ocorrem.
Respeito pelas instituições que, com cada vez mais dificuldades, trabalham de forma séria com o intuito de atingir os seus objetivos desportivos e que ao serem condicionados veem em risco de ser comprometidos possiveis retornos financeiros que advêm da performance desportiva.
Agora, mais que nunca, contra tudo e contra todos. Venha o Benfica na segunda-feira.
Eis outro árbitro-proveta com insígnias FIFA sem a menor categoria para apitar nos estádios portugueses. Ficou bem evidente esta noite: João Palhinha entrara em campo minutos antes, mal tocara ainda na bola, há um lance dividido, com carga de ombro de ambos os lados, o jogador do Boavista atira-se ao chão e logo Fábio Veríssimo puxa do amarelo e exibe-o sem pudor ao nosso médio defensivo. Que assim falhará a presença no clássico Sporting-Benfica, da próxima segunda-feira.
Nem falta foi. E, se fosse, jamais seria lance para amarelo. A disputa de bola ocorre em zona lateralizada, longe da grande área e com ambos de costas para a nossa baliza, não havendo ali qualquer indício de ataque prometedor do Boavista. Mas Veríssimo nem hesitou: aquele era o primeiro cartão do jogo, já estavam decorridos 79', o "critério largo" do árbitro era afinal uma treta urdida para melhor apanhar o nosso jogador na sua teia. E deixá-lo de fora no dérbi lisboeta. Faz sentido: ninguém ignora que este apitador, sobrinho do imarcescível Olegário Benquerença, é um fervoroso adepto do Benfica.
Palhinha saiu de campo em lágrimas. Revoltado por ser injustamente impedido de participar num dos jogos grandes da temporada. Numa partida em que o Boavista fez o dobro das faltas do Sporting (25 contra 13) e viu o mesmo número de cartões (dois). Nada de novo: é mais do mesmo. Estes são os critérios de quem insiste em inclinar o campo, manchando uma vez e outra e outra a verdade desportiva.
Rúben Amorim cometeu um erro clamoroso neste jogo. Foi desde logo uma temeridade alinhar com Nuno Santos e Coates, um sanguíneo e um defesa que não teme o choque, mas o domínio do Sporting foi tão avassalador e sereno que não deu azo a equívocos. Mas quando vi Palhinha a tirar o fato de treino juro que tive um arrepio de horror. Os meus piores augúrios depressa se confirmaram, bastou a Palhinha soprar nas orelhas de um adversário para que a hiena do Fábio, há 75 minutos à espera desta oportunidade, puxasse o cartão amarelo. Amorim não é ingénuo, conhece bem com que linhas se cose o futebol nacional, e já experimentou na pele por duas vezes a sanha e o acinte do anti-sportinguismo institucional, redobrado agora que a equipa se mostra inquebrável enquanto os adversários directos ou tropeçam ou vão vingando bem amparados. Estava-se mesmo a ver que isto ia acontecer, como foi possível caíres na esparrela, Amorim?
Digam o que disserem, Sebastián "Seba" Coates é um dos melhores defesas centrais que o Sporting alguma vez teve, um leão de raça que nunca se esconde do jogo e ruge nos momentos críticos. Na final da Taça da Liga esteve simplesmente imperial, fez uma das melhores exibições de sempre com a camisola do Sporting, repetindo o que tinha feito na última Taça de Portugal ganha no Jamor.
Desde os tempos do meu ídolo Hector "Chirola" Yazalde, e os defesas centrais daquele tempo não eram extraordinários, que o Sporting contou com magníficos jogadores na posição, como Luisinho, Marco Aurélio, Naybet, André Cruz, Beto ou Mathieu. Tal como Damas "dava frangos" e fazia defesas milagrosas, todos eles tiveram momentos menos bons e momentos de glória, todos eles tinham qualidades e defeitos, todos eles deixaram saudades quando partiram. Nenhum deles pode apresentar, nem de perto nem de longe, os números e as conquistas que Coates conseguiu já ao serviço do Sporting do qual é capitão de equipa desde há cerca de um ano: foram 221 jogos, 16 golos marcados, uma Taça de Portugal, três Taças da Liga. "And counting", como dizem os ingleses, porque pode vir aí muito mais.
O uruguaio Sebastián Coates formou-se no Nacional de Montevideo e já internacional A do seu país mudou-se para o Liverpool, onde não foi feliz: foram quatro anos marcados por lesões e empréstimos. Chega ao Sporting em Janeiro de 2016 nessa condição de emprestado, e com a desconfiança decorrente dos problemas anteriores, mas logo convence e em Fevereiro de 2017 o Sporting adquire o seu passe por cerca de 5 milhões de euros, assinando com ele um contrato até 2022, ficando com uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros.
Em 2018 surge visado estupidamente e desde o sofá pelo presidente que o contratou com a bonita frase "vi Coates e Mathieu a fazerem o que os avançados do Atlético não conseguiam." Vê-se envolvido como todos os colegas na guerra aberta entre presidente e plantel, assiste impotente à vergonhosa e cobarde invasão da Academia de Alcochete, sofre a humilhação da derrota no Jamor e os insultos igualmente cobardes dos idiotas das claques nas escadarias do mesmo. Mesmo assim aguenta e não desiste, do clube e do país que não é o seu, obteve em devido tempo as garantias necessárias e com os que ficaram, regressaram e vieram, ajudou o futebol do Sporting a reeguer-se.
A recompensa veio logo nessa época com duas Taças. Em 2020 recebeu o Prémio Stromp de Futebolista do Ano. Não podia ter havido melhor escolha, que premiou o que de longe me parece ser um grande homem, introspectivo, calmo e sossegado, resiliente, nervos de aço, como demonstrou naquele momento em que interpretou prontamente a asfixia de Salin e lhe evitou males maiores desenrolando-lhe a língua.
Além de tudo isto, Coates é presença constante na selecção do seu país, pela qual conta 40 jogos e um golo, estando presente no Mundial da Rússia de 2018 onde chegaram à meia-final eliminando Portugal nos oitavos. Por isso mesmo sofre um desgaste incrível durante a temporada, muitas horas passadas em viagens intercontinentais, mudanças de clima e alimentação, etc. Nem sempre consegue voltar como partiu. O que valoriza ainda mais o seu desempenho.
Coates é um defesa central do antigamente, alto e pesado, que sabe impor respeito nas duas áreas, excelente leitura de jogo e capacidade de comando, mas também é muito forte tecnicamente, tem boa finta curta, sabe passar curto e à distância, sabe bem cabecear e marcar penáltis. Para ser perfeito falta-lhe apenas saber marcar livres como André Cruz ou Mathieu e ter a velocidade de recuperação de alguém menos pesado do que ele, que mais parece um pivot do andebol. E já agora refrear aquele seu ímpeto de entrar com a bola pela baliza dentro depois de fintar meia equipa adversária, duvido até que o falecido Maradona alguma vez o tenha feito.
Pela tal natural falta de velocidade de recuperação, Coates sofre numa táctica de quatro defesas quando tem ao seu lado uma barata tonta como lateral, sempre ausente em parte incerta, e foi muito isso que Coates teve ao longo do seu percurso no Sporting. Com Rúben Amorim encontrou finalmente uma táctica em que se sente de faca e garfo com uma bela picanha uruguaia à frente e o copo do mate ao lado, finalmente não tem de ir ao encontro de Galenos embalados e soltos de marcação.
Logo à noite vamos mais uma vez desfrutar com "El patrón" a liderar a equipa do Sporting na corrida pelos primeiros lugares da Liga. Que seja mais um dia de sorte e de sucesso para ele, para a equipa e para todos nós.
Campeões de Inverno, sim. Mas o que nós queremos agora é o campeonato - a prova que mais conta e que mais nos contentará.
Chegamos à 15.ª jornada com a garantia prévia de que continuaremos no primeiro posto, aconteça o que acontecer.
Logo, a partir das 21.15, defrontamos o Boavista no Bessa. Com vontade de conseguir melhor do que na época passada, quando lá fomos empatar 1-1. Num jogo de triste memória em que Bruno Fernandes, tendo levado sarrafada o tempo todo, acabou expulso por um fulano a quem chamei nocivo ao futebol enquanto os sarrafeiros escapavam impunes.
Mas isso são águas passadas. Agora venho só pedir-vos prognósticos para o Boavista-Sporting desta noite.
Infelizmente esta praga arbitral estende-se a todos os escalões seniores de futebol do Clube, senão vejamos: na quinta-feira, Nicolai Skoglund nos sub-23 foi expulso; no sábado, na final da Taça da Liga, Pedro Gonçalves foi expulso; e no domingo, na equipa B, João Silva aos 58' e Edu Pinheiro aos 90+1 minutos foram expulsos (duas expulsões nos B).
Se houvesse jogos todos os dias tínhamos expulsões todos os dias da semana...
Curiosamente, tanto a principal equipa como a equipa B estão à frente da classificação dos seus respectivos campeonatos. É uma excentricidade digna do Guinness Book of Records que equipas que lideram os campeonatos sejam as mais caceteiras. Só [acontece] em Portugal e só acontece ao Sporting.
Isto é apenas o espelho da não-escolha de qualquer árbitro português para o maior evento futebolístico mundial, o Campeonato do Mundo na Rússia, alegadamente por falta de qualidade suficiente para lá estarem. Mas, sendo assim, por que razão a praga só recai sobre o Sporting?
Resposta que dá como prémio um curso de árbitro do Inatel, patrocinado pelos do costume.
Texto do leitor JMA, publicado originalmente aqui.
«Tenho de destacar o Nuno Santos. Não é um artista, dos tais que fazem arrancadas bonitas e fintas incríveis. O que me surpreende nele é a capacidade de dominar os aspectos principais (e básicos) do jogo: passe, remate, cruzamento, visão e velocidade. Depois, tem uma [robustez] psicológica enorme e uma garra de leão. Leva o jogo tão a sério que às vezes vai um pouco longe demais. Um tipo que quando sai vai chateado, mesmo que tenha marcado um golo e a equipa esteja a ganhar? Fossem todos assim!»