Nos 21 destaques feitos pelo Sapo em Novembro para assinalar os dez blogues mais comentados nesta plataforma ao longo do mês, És a Nossa Férecebeu 21 menções. Alcançando assim o pleno, pelo 18.º mês consecutivo. Há um ano e meio que integramos esta lista, dia após dia.
Além disso, figurámos também 20 vezes no pódio dos mais comentados - com treze "medalhas de ouro", seis de "prata" e uma de "bronze".
Fomos primeiros, portanto, em 61,9% dos dias que estiveram sob escrutínio.
Recorde-se que os textos publicados ao fim de semana são agregados aos de sexta-feira para este efeito, o que leva o número de destaques a ser inferior ao número de dias.
- No andebol, seguimos em grande nível nos palcos internacionais: vitória concludente por 32-27 ao Kristianstad, na Suécia. Segundo triunfo consecutivo em dois jogos no grupo B da Liga Europeia, cuja liderança partilhamos com o Füsche Berlin. No plano nacional, vencemos o SC Horta, por 30-24, na 12.ª jornada do campeonato, recuperando a liderança.
- No voleibol feminino, as Leoas superiorizaram-se a norte, derrotando o Boavista por 3-0, em desafio da 13.ª jornada, com parciais de 22-25, 14-25 e 17-25.
- No futebol, impusemos uma goleada ao Sacavenense, por 7-1, para a Taça de Portugal. No campeonato, à oitava jornada, novo triunfo: desta vez em casa, contra o Moreirense, que derrotámos por 2-1. Reforçámos a liderança da Liga, isolados, estando quatro pontos acima do segundo classificado da prova.
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No Sporting das competições virtuais:
- Um grupo de sócios encabeçado por Rui Mestre tornou público um ultimato ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, Rogério Alves, intimando-o a convocar duas assembleias gerais no prazo mais curto possível: uma para a readmissão imediata dos antigos sócios Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho, expulsos em 2018, e outra para a destituição também imediata de Frederico Varandas, alegando o aumento da dívida do clube à SAD e o protocolo com o Wolverhampton, entre outros motivos. Este grupo fixou 20 de Dezembro como data limite para a validação da documentação entregue, reservando-se «no direito de recorrer a todos os meios legais para fazer cumprir os estatutos do Sporting».
- Comentando este cenário, o ex-dirigente leonino Samuel Almeida escreveu no passado domingo na sua coluna do jornal O Jogo: «O que apelo ao Rui Mestre e demais subscritores dos requerimentos para a realização de assembleias gerais é que mostrem disponibilidade e abertura para, em conjunto com Rogério Alves, chegarem a um consenso tendo em vista a realização dessas assembleias no final da época. Num momento em que lideramos o campeonato seria um tremendo tiro no pé abrir discussões fracturantes no clube.»
1. O Sporting sofre aos 2 minutos de jogo e eu continuo a jantar tranquilamente com os batimentos cardíacos zero alterados.
O Sporting mantém o empate até ao intervalo e a tranquilidade persiste.
Uma pontinha leve de ansiedade durante 5 minutos até às primeiras mexidas na equipa.
O golo da vitória aparece naturalmente e até ao fim só me resta a dúvida: ainda conseguiremos marcar outro?
Acaba o jogo, tranquilidade total. Felicidade de ver uma vez mais o dever cumprido.
Obviamente algum dia não correrá bem e acabaremos por empatar ou mesmo perder, mas nesse momento nem isso alterará a minha tranquilidade porque será só a natural excepção que confirma a regra.
Há quantos anos não se tinha tanto prazer e tanta tranquilidade a ver o Sporting jogar?
Já nem me lembro.
2.Apesar de ele humildemente querer dividir os louros com toda a estrutura, não tenho a mínima dúvida de que o grande artífice - e responsável por 90% do que estamos a ver - se chama Rúben Amorim.
Basta ouvir: inteligência, fluidez e assertividade em cada um dos seus discursos e conferências de imprensa.
Se toda a porcaria que tivemos de comer nos últimos cinco anos foi para isto... Olha, valeu a pena.
Agora, a seu tempo, é só dar ao rapaz uma direcção que esteja ao seu nível, que tenha a mesma competência, humildade e capacidade de comunicação, e não sei onde poderemos chegar.
Diga-se em abono desta direcção que finalmente parece ter percebido que quem deve tratar de futebol é quem percebe de futebol. Ao que parece, nas modalidades verifica-se o mesmo princípio com resultados semelhantes.
No fundo é isto que se exige a uma direcção: competência nas escolhas da sua equipa de "generais" para o terreno, humildade para aprender com os erros e sentido do dever. Com estes princípios é mais natural que os resultados apareçam. E se não aparecerem é continuar e persistir. Não estamos sozinhos nisto, não podem ganhar todos e muitas vezes há alguém a ser mais competente que nós.
O resultado está à vista: Tranquilidade Total.
Texto da leitora Maria Inês, publicado originalmente aqui.
«Há motivos para estarmos satisfeitos com o binómio treinador+plantel? Há, bastantes. Há muito tempo que me apercebi disso, o treinador bastou-me ver os dez jogos da época passada, o plantel foi pelas aquisições cirúrgicas e de grande qualidade deste ano. Avançado à parte, claro. Mas temos de ter calma, é bom ver o Rui Santos a gaguejar sem saber como dizer mal do SCP, teve de dizer que a equipa pode falhar na defesa... Por falar em defesa, os nossos centrais podiam ser melhores, é certo, mas são/foram internacionais de boas selecções, daí a dizer que são da segunda divisão... Eu não trocava por Jardel, Otamendi e Vertonghen, por exemplo.»
Está realmente cada vez mais difícil manter a sequência de vitórias. A forma de jogar do Sporting é por demais conhecida, os pontos fortes e fracos também, e as equipas adversárias aparecem motivadas para fazer o que outros não fizeram. Sendo assim, o Sporting precisa de todo o onze a render e a inspiração dum ou outro a fazer a diferença. Um dia destes isso não vai acontecer e o Sporting vai perder. Não pode é acontecer no próximo jogo. Esse é mesmo para ganhar.
Ontem, e para quem acusava Rúben Amorim de ser um treinador defensivo, o que vimos foi um Sporting em turbilhão ofensivo desde o apito inicial, com a defesa bem subida e os três avançados em linha com os defesas adversários, com sucessivas bolas nas costas da defesa adversária e incursões do João Mário e dos dois alas que criavam situações locais de superiodidade numérica. Mas tudo tem um preço: um passe perfeito para as costas da linha defensiva, uma incursão rapidissima, um corte na queima, um auto-golo, o objectivo de marcar primeiro falhado e a necessidade de correr atrás do prejuízo.
Ao contrário do que poderia ter acontecido, a equipa continuou como se nada fosse, confiante no seu processo de jogo. As oportunidades foram-se sucedendo e Sporar ia falhando. Foi preciso Pedro Gonçalves fazer de ponta de lança, aproveitando uma defesa incompleta do guarda-redes adversário, para chegarmos ao intervalo empatados.
Foi uma bela primeira parte de futebol bem jogado, em que o Sporting passou ao lado duma vantagem folgada.
A segunda já foi completamente diferente. O ritmo da primeira deixou marcas, o Moreirense encolheu o campo confinando-se à sua metade, imperou a batalha de meio-campo onde Palhinha foi o imperador, a velocidade baixou, os passes errados sucederam-se, foi preciso mais uma vez Pote resolver o assunto: um chapéu soberbo que bateu na linha de golo, um remate traiçoeiro que passou mesmo a dita linha. Tempo para Amorim pôr trancas na porta e, depois dum desastrado Jovane, fazer entrar Tiago Tomás, Matheus Nunes e Antunes para matar o jogo.
Melhor em campo, com um bis e o tal chapéu terá mesmo de ser Pedro Gonçalves. Mas Palhinha esteve imperial nos 90 minutos: um trinco subido que desempenha um papel essencial neste modelo de Amorim. A continuar assim, Danilo e William têm o lugar em perigo no onze da selecção.
Quem esteve mal mesmo foi Sporar e a ala esquerda, Feddal e Nuno Mendes, estes com a desculpa de virem de lesões que desconcentram e quebram o ritmo. Sporar cada vez mais parece um segundo avançado para concorrer com Jovane e Tiago Tomás: recua, bascula, tabela, assiste, mas lá no sítio não está quando a bola chega. Ou está mas a bola não chega. Ou chega à bola mas falha.
O que seria desta equipa com Mathieu e Bas Dost quando chegaram ao Sporting? Fica à imaginação de cada um.
Da nossa vitória desta noite em Alvalade. Vencemos o Moreirense por 2-1 num jogo que dominámos por completo e em que o nosso guarda-redes, Adán, não fez uma só defesa digna desse nome. Partida bem dirigida pelo árbitro Vítor Ferreira, que merece uma referência elogiosa.
De Pedro Gonçalves. A melhor contratação do Sporting desde a vinda de Bruno Fernandes. Voltou a bisar - é a quarta vez que comete tal proeza nesta Liga 2020. Marcou logo aos 8', num lance de insistência, à ponta-de-lança, e assinou o golo da vitória com um remate potente e bem colocado aos 55'. E ainda atirou à barra, aos 69', num disparo que esteve a centímetros de ser um dos melhores golos do campeonato. Veio de lesão, mas nem se deu por isso. Mantém os olhos fixos na baliza e o resultado está à vista: nove golos em sete jogos, quinta partida seguida a marcar. O melhor em campo.
De Palhinha. Grande exibição do nosso médio mais recuado, figura pendular da equipa tanto no domínio defensivo como no momento da construção ofensiva. Mandou no meio-campo e voltou a ser excelente nas acções de desarme e nas recuperações de bola. Cada vez mais influente no onze titular.
De Nuno Santos. Outra boa exibição. Foi dele a assistência para o primeiro golo - a sétima com a sua assinatura nesta temporada. Impôs-se pela velocidade e pela qualidade dos cruzamentos, sobretudo na primeira parte, tendo servido de bandeja Sporar aos 22' num lance que o esloveno desperdiçou isolado frente ao guarda-redes. Tomou conta de todo o corredor esquerdo desde que saiu Nuno Mendes, aos 61', até à entrada de Antunes, aos 84'.
Da nossa reacção ao golo sofrido. Um autogolo de Neto, quando estavam decorridos apenas 3', colocou em vantagem o Moreirense, que chegou ao fim sem ter criado uma oportunidade de marcar. Vantagem que durou só cinco minutos: a nossa equipa nunca se atemorizou nem deixou de acreditar na reviravolta, mesmo com alguns jogadores abaixo do nível a que nos habituaram.
De ver o Sporting firme no comando. Continuamos a liderar o campeonato, agora com 22 pontos - mais seis que o FC Porto, mais sete (à condição) do que Benfica e Braga. Facto a registar: esta é a nossa melhor pontuação à oitava jornada desde que as vitórias passaram a valer três pontos, na já distante época 1995/1996.
Das estatísticas favoráveis. Os números confirmam: com 21 golos marcados e só cinco sofridos, mantemos o melhor ataque e a melhor defesa da Liga. Conseguimos a sétima vitória em oito jogos, com o melhor registo ofensivo desde 1990/1991, quando a equipa era treinada por Marinho Peres. E continuamos invictos na prova cimeira do futebol português.
Não gostei
Das duas bolas à trave. Primeiro por Sporar, que desperdiçou um golo cantado aos 22'. Depois por Pedro Gonçalves, num disparo com selo de golo aos 69'. Merecíamos um triunfo mais volumoso neste jogo de recomeço do campeonato após três semanas de paragem.
Do desempenho de Neto e Feddal. O primeiro, precipitando-se, colocou em jogo um adversário e acabou por introduzir a bola na própria baliza. O segundo, mostrando-se muito intranquilo, perdeu duas vezes a bola em zonas proibidas, possibilitando contra-ataques perigosos do Moreirense e nunca fez a diferença com passes bem colocados na fase de construção. No mercado de Inverno é fundamental a vinda de um reforço para o eixo da defesa neste Sporting que sonha ser campeão.
De Sporar. Outro desempenho medíocre do avançado esloveno, que falhou várias vezes no momento da decisão. Mesmo isolado perante o guarda-redes, o melhor que fez foi cabecear à trave. Péssimas decisões aos 50' e aos 57'. Matou uma excelente oportunidade criada por Nuno Santos aos 58', optando por um passe ao guardião. Incapaz de uma recarga aos 69'. Lento a reagir, sem antecipar as jogadas nem capacidade de atacar a bola. Falta-lhe instinto goleador, algo imperdoável num ponta-de-lança.
De Nuno Mendes. Talvez a partida menos conseguida do nosso ala esquerdo, que pareceu inferiorizado em termos físicos - o que não admira, pois veio de lesão contraída ao serviço da selecção sub-21. Saiu aos 61', com a noção clara de ter passado ao lado do jogo, nomeadamente quando abriu uma avenida ao ala adversário no lance que culminou no autogolo de Neto.
Da ausência de Pedro Marques. Após ter marcado dois golos em 20 minutos no desafio contra o Sacavenense, para a Taça de Portugal, o jovem avançado merecia pelo menos ter integrado a lista dos 18 convocados para esta oitava jornada do campeonato. Mas nem no banco se sentou, o que só parece explicar-se por algum problema físico.
O célebre golo fraudulento de Maradona, que foi validado no Mundial de 1986
O canal 11 - com uma programação cada vez mais criteriosa e digna de elogio - exibiu ontem à noite, na íntegra, o quase mítico Argentina-Inglaterra, dos quartos-de-final do Campeonato do Mundo de 1986. Jogo que vi à época, a torcer pelos argentinos, até porque Portugal vencera os ingleses na fase de grupos antes da balbúrdia de Saltillo - e de uma impensável derrota contra Marrocos - ter afastado a equipa das quinas desse Mundial, disputado no México.
Vale a pena revisitar este jogo, que o canal 11 recordou com boa narração contemporânea de Pedro Sousa e comentários apropriados de Nuno Presume. Não apenas pela presença inigualável de Maradona, que marca um golo fraudulento e batoteiro - um hino à fraude no futebol - mas para comparar o futebol desse tempo com o actual. Em 1986 vigoravam várias regras entretanto alteradas: só eram permitidas duas substituições, por exemplo. E os guarda-redes podiam agarrar a bola sempre que fosse atrasada deliberadamente, o que favorecia o antijogo. A tecnologia digital aplicada ao futebol era mero sonho e o vídeo-árbitro não passava de utopia, o que muito penalizou o guarda-redes inglês, Peter Shilton, batido naquele lance.
Curiosamente, a Argentina estreou neste desafio o sistema de três centrais hoje adoptado pelo Sporting - inédito à época.
Jogou em 3-5-2 e graças a essa inovação vulgarizou a selecção inglesa, que mal conseguiu passar do meio-campo na primeira hora da partida, condenando o seu astro, Gary Lineker, à irrelevância lá na frente. Tudo fruto do engenho de Carlos Bilardo, o seleccionador que sucedeu a César Menotti e também viria a sagrar-se campeão mundial.
Este foi o jogo da vida de Maradona. Pela batota, primeiro; e pela magia, logo a seguir, quando correu 60 metros com a bola, deixou cinco adversários pelo caminho e a meteu lá dentro após 12 toques sucessivos com o pé esquerdo em 12 segundos.
Maradona (chamado simplesmente assim, e não Diego Armando Maradona, como os complicadinhos insistem em designá-lo nos ditirambos fúnebres) atingiu ali, naquele péssimo relvado do Estádio Azteca, na Cidade do México, o cume da carreira. Com apenas 25 anos. Mas é injusto omitir os nomes de outros craques daquela selecção alviceleste: Burruchaga, Valdano, Ruggeri, Batista, Enrique.
«Com as parcas condições financeiras do Sporting, Rúben Amorim mostra mérito ao ter feito uma escolha criteriosa de jogadores que a cada dia se revelam mais na capacidade de superarem todas as expectativas, deixando as melhores perspectivas para os desafios que se avizinham, em crescendo com a confiança renovada da massa adepta que aos poucos se vê rendida às evidências.»
"Bomba em dia de derby, Luís Filipe Vieira bate com a porta"
Faltam cerca de dez minutos, no canal 11.
Sporting vs. Benfica.
Vieira, o presidente que comemorou, em cuecas, um título de campeão nacional de futsal vs. Varandas, o presidente que foi campeão europeu de futsal e não apareceu nas fotografias.
Voltamos à 1.ª Liga onde, ultrapassado de forma categória o Guimarães, temos agora a tal sequência de quatro jogos acessíveis: Moreirense(C), Famalicão(F), Farense(C) e B-SAD(F) que nos podem fazer chegar a 2021 na liderança da Liga e com alguma folga para o que virá a seguir. Mas não nos iludamos, não vão ser fáceis: cada vez mais as outras equipas estão prevenidas para o que encontram e vão pôr em campo contra-medidas para nos complicar a tarefa.
Felizmente a enfermaria de Alvalade está quase vazia. Pote já deve estar ok, Plata ainda em confinamento, e apenas LP29 continua na sua recuperação gradual e programada da lesão grave que teve.
Imagino então que Rúben Amorim vá convocar mais ou menos os seguintes jogadores:
Guarda-redes: Adán e Max.
Defesas Centrais: Quaresma, Neto, Coates, Feddal e Inácio.
Alas: Porro, Nuno Mendes e Borja.
Médios Centro: João Mário, Palhinha, Bragança e Matheus Nunes.
Interiores: Tiago Tomás, Jovane, Nuno Santos e Tabata.
Pontas de lança: Sporar e Pedro Marques.
Neste contexto prevejo que Rúben Amorim vá regressar ao onze-base do últimos jogo da Liga, ou seja:
Adán; Neto, Coates e Feddal; Porro, Palhinha, João Mário e Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Sporar e Nuno Santos.
Concluindo, amanhã o Sporting entra em campo em Alvalade para conseguir uma vitória contra o Moreirense e continuar na liderança.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
«[Pedro Marques] é um jogador que está a fazer o seu percurso e se foi chamado é porque tem estado muito bem na equipa B. Tem velocidade, posiciona-se bem, tem muito boa técnica e o sentido de adivinhar onde vai cair a bola. Enquanto outros ficam a ver a bola, ele já se movimenta para o sítio que imagina onde vai sobrar. A idade, 22 anos, nunca pode ser um problema. Os jovens, hoje, no Sporting sabem que, se forem competentes, jogam. O resto é treta. Tem 18, 20, 22 ou 30? Se é bom, joga. Gosto muito da meritocracia e, para nossa sorte, a equipa técnica também.»
Maradona não foi apenas um futebolista, o melhor de todos, de sempre, para sempre.
Foi uma vida de excessos. Excesso de tudo o que um homem pode ter. Não foi só a forma como jogava, como sozinho carregou uma selecção e um clube. Não há um futebol antes, nem haverá um futebol depois de Maradona. Ele está para além disso, o antes e o depois ficam reservados para os outros extraordinários jogadores. Maradona paira acima dessas afirmações. Foi o ser mais imperfeito, mais sublime, na forma e no conteúdo. Almeja-se sempre a perfeição, a luta inglória para ser imaculado, sem pecado. Quando Maradona nos mostrou que isso não é a perfeição. Foi maior que os deuses, por que nos toca, por que vive a nossa realidade. E ao vivê-la mostrou-nos como um ser imperfeito pode ser o maior de sempre, pode derrotar a injustiça, vencer o medo e exibi-lo a todos com a arrogância plena.
Maradona mostrou-nos que todos podemos ser maiores do que os deuses.
Fim
Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro Ajaezado à andaluza... A um morto nada se recusa, Eu quero por força ir de burro.
Estranho que o carácter revoltado e autodestrutivo de Maradona exerça tamanha atracção a uma determinada opinião publicada armada aos cucos. Se é certo que uma alma atormentada é algo que possui inegável interesse literário e inspira muitos artistas, no indivíduo concreto e naqueles que o amam significa apenas uma incomensurável dor, que tem pouco de revolucionário. Sendo assim, fiquemo-nos pelo futebol que em Maradona - sem moralismos - é o que verdadeiramente interessa. E já não é pouco.
Faleceu ontem também Reinaldo Teles, o fiel escudeiro de Pinto da Costa, e ficam aqui as minhas condolências à família e ao seu clube de sempre. O "chefinho", como era chamado, era muito querido pelas gentes do FCPorto e por quase todos os que passaram pela sua equipa de futebol, e pelos vistos tinha amigos um pouco por todo o lado que agora manifestam o seu pesar. Paz à sua alma.
Mas não nos podemos esquecer que Reinaldo Teles foi parte integrante e um dos actores principais do "sistema" mafioso que o Porto montou para dominar o futebol português, de braço dado com a Olivedesportos dos manos Oliveira que controlava economicamente os clubes, com personagens como Adriano Pinto, Lourenço Pinto e Guilherme Aguiar nos órgãos federativos.
O aparecimento e desenvolvimento desse "sistema" foi muito bem documentado por Marinho Neves no seu livro "Golpe de Estádio, o romance da corrupção do futebol português", de 1996, trocando os nomes reais por alcunhas bem apanhadas. O "Tony Balboa" (foi na secção de box que Reinaldo Teles e Pinto da Costa se tornaram amigos para a vida) é mesmo a personagem central do livro que acaba com o capítulo "O dia do juízo final", uma previsão do que seria uns anos depois o "Apito Dourado", mas com um desfecho bem diferente.
O livro não conheceu sequela, o autor teve azar na vida, parece que escorregou à frente da sua casa, como tiveram alguns árbitros e jornalistas desse tempo.
Foi o tempo em que João Rocha esteve sozinho contra o tal "sistema", ganhando umas vezes, perdendo outras, com arbitragens vergonhosas, jogadores a falhar em momentos-chave (vide Manuel José) e finalmente metendo a raposa no galinheiro com os manos Oliveira.
Depois vieram outros presidentes que foram contemporizando com a situação, com umas trocas de jogadores pelo meio, e só com Dias da Cunha se ouviu de novo uma denúncia clara e assertiva do "sistema". Depois dele as coisas foram mudando, o "polvo encarnado" começou a ganhar terreno ao "sistema", a diferença de peso institucional dos dois clubes começou-se a fazer sentir e o jogo fora e dentro do campo começou a ser bem diferente.
Com Bruno de Carvalho tivemos primeiro o enxovalho público pelo vice Caldeira, a que se seguiram umas frases mal educadas sobre Pinto da Costa, depois tivemos o episódio das "nádegas", finalmente arranjou-se ali uma bela amizade que está para durar. Um dos princípios do tal "sistema" é que os dois de Lisboa nunca podem estar juntos: a ideia, que se provou de eficácia tremenda, é sempre estar a namorar com um e a lixar o outro. Por isso mesmo, no dividir para reinar, o recente apontar da bazuca ao nosso presidente e passar a mão pelo lombo ao Bruno de Carvalho e à Juveleo.
Voltando ao início, com a saída de cena gradual daquela meia dúzia de personagens que formaram o núcleo duro da equipa de Pinto da Costa, e com a do próprio a acontecer um dia destes pela força da idade, com o aperto financeiro causado por anos e anos de engorda desse núcleo, com a guerra sem quartel do tal "polvo encarnado", o "sistema" já não é o que era e o "macaco" agita-se nervosamente nos "galhos".
Mas de certeza que não é o Sporting que lhe vai estender a mão para suavizar a queda.
Três semanas depois, regressa o campeonato nacional. Com o Sporting no comando há já um mês. Vamos receber o Moreirense neste sábado, a partir das 20.30.
«Deve ser inédito no mundo do futebol um jogador que marca o sexto golo de uma equipa que já estava a ganhar por 5-1 ir buscar a bola do golo que marcou às mãos do guarda-redes para recomeçar o jogo quanto antes, ainda acreditando que pudessem ser marcados mais golos num jogo sem história e praticamente no fim. E não é que o Pedro Marques tinha razão? Foi marcado mais um golo. Já tinha visto gestos desses em equipas que estão a perder, muito poucos em equipas que estão a ganhar e nunca em equipas que estão a golear.»