Liga Europa – 2.ª mão dos Dezasseis-avos de final da Liga Europa
27 de Fevereiro de 2020
Luís Maximiano (2,0)
Ao longo dos séculos milhares de portugueses tiveram o azar supremo de atingir a maioridade em tempo de guerra, morrendo ou ficando estropiados nas trincheiras lamacentas europeias ou na curva de uma picada poeirenta africana. Mais afortunado, Luís Maximiano limitou-se a conquistar a titularidade na baliza do Sporting quando este é treinado por Silas, dirigido por Hugo Viana e presidido por Frederico Varandas. Algo que se traduz em 27 golos sofridos nos 21 jogos desta temporada em que lhe coube calçar as luvas, sendo as derrotas (9) quase tantas quanto as vitórias (11). Desta vez fica ligado a mais um recorde negativo da actual gerência, pois o Sporting nunca tinha perdido na Turquia, e com responsabilidades inegáveis no segundo golo, por muito que o livre directo tenha sido bem cobrado. Mas nem por isso deixou de ter intervenções que impediram o resultado de atingir proporções em que a humilhação pública da equipa superaria decerto a potente anestesia que leva os adeptos a convencerem-se de que o lema do clube é “esforço, dedicação, devoção (desde que bem-comportada, claro está) e miséria”. Assim foi no lance da segunda parte em que não só defendeu o remate de Demba Ba como também a recarga que o avançado – apenas um dos sete “trintões” que foram titulares no Basaksehir, juntando-se-lhe o veterano Robinho para as derradeiras estocadas ao leão assarapantado – teve liberdade de executar mesmo estando caído do relvado. Ou na forma como evitou um azarado autogolo de Tiago Ilori. Encontra-se entre os raríssimos jogadores que mereceriam uma passagem aos oitavos-de-final que só não aparentava estar garantida após o 3-1 trazido de Alvalade porque já toda a gente sabe do que este Sporting é capaz.
Ristovski (1,5)
Assenta sobre os seus ombros grande parte da responsabilidade pelo tardio terceiro golo turco que forçou o prolongamento, pois demorou a acercar-se do jogador que tinha a bola nos pés e concedeu-lhe ampla liberdade para o remate em arco que prenunciou um dilúvio no qual o Sporting voltou a ver-se sem arca. Fustigado ao longo de todo o jogo pelo caudal ofensivo do adversário, nem sempre esteve ao seu nível, tal como raramente contou com o auxílio de que necessitava, terminando o prolongamento em péssimas condições físicas. Ligeiramente melhor só mesmo em missões ofensivas, assinando um cruzamento com selo de golo que seria o 3-2, mas que Vietto carimbou para cima da barra.
Coates (1,5)
Merece mais meio ponto pela forma como pediu desculpa a todos os adeptos na “flash interview”, e prometeu uma autocrítica da equipa, sobretudo porque o adjunto que a UEFA finge acreditar ser treinador principal do Sporting preferiu mergulhar de cabeça na “verdade alternativa”, cantando loas ao domínio leonino num jogo em que foi goleado e saiu de cabeça baixa da única competição em que lutava por algo mais do que um terceiro a quinto lugar. Mas o central uruguaio teve uma noite muito abaixo do seu valor, começando por uma verdadeira assistência para o primeiro golo do Basaksehir, e nunca transmitiu tranquilidade aos colegas.
Tiago Ilori (1,5)
Teriam a goleada e o afastamento da Liga Europa ocorrido se Mathieu estivesse a jogar em vez desta esperança cancelada da formação leonina? Dificilmente, ainda que a presença do veterano francês permitisse toda outra qualidade na saída com bola, pois o problema de raiz foi mais uma das tácticas suicidas com que Silas vai distribuindo alegrias aos adversários do Sporting. Seria a hora certa para ir buscar Jesualdo Ferreira, apostar nos sub-23 e, sobretudo, eleger dirigentes que tenham noção daquilo que andam a fazer...
Acuña (3,0)
Ninguém lhe consegue apontar semelhanças físicas com Gary Cooper, mas chegou a parecer o xerife Will Kane de “High Noon – O Comboio Apitou Duas Vezes”, lutando contra tudo e contra todos por um desfecho melhor do que o esperado. Pertenceram ao lateral-esquerdo os melhores remates do Sporting na primeira parte, sendo um deles antecedido por uma maravilha de domínio de bola e de inteligência nos pés dentro da grande área turca. Já na segunda, quando havia mais alguns braços e pernas a remar contra a corrente, cruzou com precisão milimétrica para Vietto reverter o Alvaladexit que se adivinhava. Mas quis o destino que não fosse o suficiente, pelo que o argentino fica contido ao rectângulo à beira-mar plantado e poderá muito bem ser a próxima solução da gerência para conseguir mais uns trocos que paguem comissões dos próximos génios incompreendidos a aterrar na Portela.
Battaglia (2,5)
Esteve quase a ser o herói da noite, tão oportuno e preciso foi no corte que adiou o 3-1 por alguns segundos. Antes, quando pareceu que o Sporting poderia empatar ou até vencer o jogo, tamanha era a desorganização dos turcos em busca do prolongamento, teve uma arrancada em que recordou os adeptos de que não tem o remate de longa distância entre os pontos fortes. Resta-lhe a escassa compensação de ter sido um dos menos responsáveis por mais um desastre da equipa.
Wendel (2,0)
Melhor a transportar bola do que os extremos titulares, esforçou-se para que o jogo corresse melhor. E, sem culpa nenhuma, fica ligado à perda da eliminatória no tempo regulamentar, pois o “timing” da sua substituição contribuiu para abrir a cratera no posicionamento da equipa que permitiu o 3-1.
Bolasie (0,5)
Displicente no primeiro lance em que foi solicitado, ao ponto de permitir um contra-ataque perigoso, nunca mais se reencontrou, oscilando entre as habituais trapalhices na hora de driblar ou rematar e uma falta de atitude competitiva para a qual seria perfeitamente ajustado reagir com o proverbial “pano encharcado nas fuças”. Ter ficado perto de uma hora em campo só poderá ser explicado pela pulsão suicida que é marca de água do futebol de Silas.
Jovane Cabral (1,5)
Muito interventivo, faltou-lhe apenas o detalhe de intervir bem ou, no mínimo, decentemente. Remates de pendor surrealista mostraram que não era aquele o seu dia, embora não andasse muito distante de uma terra há uns milénios surgiu outro salvador que também parecia improvável.
Vietto (1,5)
Impõe-se a pergunta: será que o Sporting estaria agora a preparar-se para os oitavos-de-final da Liga Europa, vencendo o desempate da eliminatória através da marcação de grandes penalidades se o avançado argentino não tivesse feito tão lamentável e desnecessária falta na sua grande área quando faltava muito pouco para o final do prolongamento? É bem possível que assim fosse, o que não apagaria mais uma exibição vergonhosa, daquelas que causam danos reputacionais. E neste momento todos estariam a elogiar o cabeceamento irrepreensível de Vietto a desviar o cruzamento de Acuña para as redes do Basaksehir. No entanto, apesar do mérito nesse golo e na leitura de jogo, manteve-se o tendencial desacerto que o impeliu a desperdiçar um belo cruzamento de Ristovski.
Sporar (1,0)
Recordou-se tarde e a más horas de que estava presente no relvado e fez um remate descalibrado. Feita esta relativa prova de vida, remeteu-se à contemplação.
Gonzalo Plata (2,5)
Pôs a mexer a equipa, vergada pelo 2-0 aquando da sua tardia entrada no jogo. Bom a driblar e a encontrar espaços, pior esteve no instante em que era preciso decidir.
Idrissa Doumbia (2,0)
Entrou para segurar o resultado, mas a sua intervenção mais relevante foi a participação num contra-ataque em que quase voltou a marcar.
Eduardo (1,0)
Não tem culpa de que a sua entrada, com o claro objectivo de queimar mais uns segundos antes do iminente apito final, tenha aberto o buraco na defesa leonina que permitiu o 3-1. Mas também pouco ou nada ajudou a equipa durante o prolongamento.
Pedro Mendes (-)
Pôde entrar como quarto substituto durante o prolongamento, adoptando um registo muito parecido com a contemplação de Sporar.
Silas (0,5)
Ao contrário de Groucho Marx, Silas é capaz de mudar os seus princípios de jogo mesmo que gostem deles. Portanto, aquilo que fez depois de uma agradável exibição frente ao Boavista foi instruir os jogadores a darem a iniciativa ao adversário e retirar do onze titular Gonzalo Plata, que dias antes assinara a melhor exibição individual pós-Bruno Fernandes de que há memória. Vendo-se a perder e com a Liga Europa a fugir-se-lhe pelos dedos, teve a sanidade ao retardador de mexer na equipa à hora de jogo e quase de tal colheu agridoce fruto. Mas uma substituição pessimamente gerida ajudou a que o Basaksehir empatasse a eliminatória, servindo de prenúncio do dilúvio de água gelada que se iria abater. Este é mais um desaire que tem a marca de Silas, que provavelmente será mantido em lume brando para que as suas insuficiências sirvam de manto de ocultação de incompetências alheias. A não ser que seja goleado na visita a Famalicão, o que também já não espantaria ninguém...
Preocupa-me perceber que existem pessoas no clube que acham que esta crise passa com os resultados do futebol.
Tenho falado diversas vezes com amigos sportinguistas, mais novos e mais velhos, e todos me dizem que o grupinho de sócios do SCP de Lisboa não respeita, nem ouve sequer, os restantes sócios do país. O que permite a eternização da incompetência nos órgãos sociais do clube.
A maioria dos sócios, que não vivem em Lisboa, ficam expostos à ditadura das minorias de Lisboa, que cria entropias na gestão do clube.
Este momento crítico pode reduzir a dimensão do clube a uma escala inimaginável: de clube nacional a um clube regional e sem peso nas estruturas do futebol.
Será uma crise de identidade do próprio Sporting se não se fizer a reforma dos estatutos do clube, modernizando-os.
Sem sócios não haverá clubes, por muito dinheiro que lá se injecte. Os sócios são e serão a alma dos clubes. A comunhão de ideias e objectivos (entre outros, ganhar aos adversários) é o que mantém os clubes unidos. Sem partilha igual de direitos e deveres não existe união, nem nas sociedades mais avançadas.
Vivo num país [Suíça] que cuida e leva a sério a igualdade e a justiça social, por isso sei do que falo.
Texto do nosso leitor Henrique Dias, publicado originalmente aqui.
«Teresa Machado foi, efectivamente, uma atleta extraordinária. Privei com ela durante muitos anos e dela recordo a simpatia e sentido de humor, a que se juntavam uma enorme humildade, característica dos grandes. À família e ao SCP, deixo as minhas mais sentidas condolências.»
Na sequência duma troca de ideias "on-line" com o "nosso" Pedro Azevedo, fui alinhavando algumas ideias sobre esta figura de director desportivo, com a ideia de fazer um post sobre o assunto, guardei-as em rascunho no dia de ontem por falta de tempo para as terminar mas também porque estava com a impressão de estar a debitar banalidades e que me estava a faltar o essencial.
Eis que leio hoje que Frederico Varandas anda à procura dum director desportivo e vejo Carlos Freitas metido na conversa, enfim, parece realmente então que vale a pena discutir a questão, e acabar o que me tinha proposto fazer.
Em primeiro lugar, acho que importa discutir a questão em termos de Sporting Clube de Portugal e não de Frederico Varandas, de Bruno de Carvalho, João Benedito, Ricciardi, ou seja quem for. Por isso, quem ande nessas guerras, passe à frente e ignore o que vou dizer, tem outros posts deste blogue, manifs, facebooks e tascas virtuais onde pode dizer de sua justiça.
Então vamos lá discutir a figura do director desportivo.
Em primeiro lugar quem é o melhor director desportivo da 1.ª Liga? Bom, se a pergunta fosse o treinador, enfim podia dizer quem no meu entender seria o melhor. Se a pergunta fosse o presidente, também teria uma opinião. Mas director desportivo? Nem sei quem são, quanto mais o que fazem ou deixam de fazer...
Mas se formos para outras Ligas e países, então já encontramos directores desportivos, alguns até famosos, alguns até portugueses (Antero Henriques e outros), alguns que até conseguem "pôr os patins" em treinadores que foram importantes no próprio clube (Leonardo Jardim).
Mas então porque não existem directores desportivos em Portugal como existem lá fora?
Bom, penso que será tudo uma questão de poder.
O poder dos treinadores está nas vitórias, vivem na corda bamba dos resultados, passam rapidamente de bestiais a bestas e vice-versa. Seja quem for o presidente, enquanto o treinador for ganhando ninguém lhe toca.
O poder dos presidentes em Portugal está nos votos dos sócios. E os sócios querem vitórias. Então a primeira missão de qualquer presidente é encontrar um treinador que consiga as tais vitórias. E quer estar próximo e partilhar dos louros dessas vitórias. E descartar-se dos treinadores que não ganham.
O problema é que é preciso ovos para se fazerem omeletes, ou seja, é preciso jogadores para se conseguirem vitórias, e os jogadores bons para uns treinadores são maus para outros. Então um presidente não se pode dar ao luxo de cada treinador exigir um cabaz de jogadores que para ele são essenciais mas que passam a ser descartáveis para o treinador seguinte. Ou seja, tem de aguentar com o "entulho" que cada novo treinador deixa no final da "sua obra".
Então faz falta realmente uma figura que garanta os interesses a longo prazo do clube, construindo plantéis, gerindo carreiras, promovendo, contratando, dispensando e emprestando jogadores, articulando com a formação, promovendo um modelo de jogo e uma cultura táctica transversal a todas as equipas do clube, construindo uma "linha de montagem" de jogadores que garantam sucesso desportivo e financeiro ao clube.
Uma figura necessariamente profissional, conhecedora do mercado, explorando o scouting interno, não obrigatoriamente adepta do próprio clube, que até possa permanecer no cargo quando um novo presidente seja eleito.
No Sporting até existiram figuras assim, como Luís Duque e Carlos Freitas, e fomos duas vezes campeões com Duque.
Mas existiram essas figuras quando na presidência do Sporting também existiram presidentes com uma visão empresarial do clube e da SAD, que pretendiam alguma distância do relvado e alguém a gerir a coisa. Como Roquette, Dias da Cunha e Godinho Lopes. Tal como existem esses presidentes ou donos de clubes nas Ligas estrangeiras, onde existem os tais directores desportivos.
Mas como podem existir directores desportivos em clubes portugueses onde os presidentes têm a mania que percebem de futebol, que contratam e despedem, vêm a público protestar contra tudo e contra todos quando a equipa perde, sentam-se no banco e andam aos pulos no relvado nas vitórias? Ou, pior um pouco, quando existem presidentes-adeptos?
Concluindo, sou a favor da criação na SAD do Sporting Clube de Portugal da figura do director desportivo profissional, que não seja um mero ajudante do presidente da altura, com um quadro de poder e de responsabilização adequado à configuração e capacidade financeira da SAD, tendo como limite a não criação dum poder bicéfalo e conducente ao divórcio entre as duas entidades (vide Belenenses).
Amanhã à noite em Famalicão, a equipa do Sporting Clube de Portugal entra em campo para vingar a derrota de Alvalade e colar-se ao Braga para ultrapassá-lo numa destas jornadas. Já são demasiados pontos obtidos por estes nos últimos minutos dos jogos, alguma dia isso irá acabar.
Silas convocou os seguintes jogadores :
Guarda-redes: Maximiano, Diogo Sousa e Anthony Walker.
Defesas: Ilori, Coates, Luís Neto, Rosier e Borja.
Médios: Eduardo, Acuña, Battaglia, Francisco Geraldes e Doumbia.
Avançados: Rafael Camacho, Luciano Vietto, Gonzalo Plata, Pedro Mendes, Jovane Cabral e Sporar.
Assim, gostaria de vos perguntar o seguinte:
Silas à parte, e com os jogadores convocados, qual seria o vosso onze e qual a disposição do mesmo em campo?
No meu entender cada vez mais é mais evidente a necessidade de avançar Acuña no terreno (cada um é para o que nasce, contra os turcos centrou para golo no ataque, e amorteceu para penálti contra na defesa) e também aproveitar o bom momento de Plata. Sobre Eduardo, francamente prefiro Doumbia, pela atitude de combate, embora ainda à procura da posição mais adequada e carente dum treinador que lhe lime as arestas. Jovane mais uma vez provou que não tem a cultura táctica dum Gelson Martins ou dum Raphinha, e assim não dá para jogar de início, é bem mais útil na fase final dos jogos.
Então o meu onze seria o seguinte:
Max; Ristovski, Coates, Neto e Borja; Battaglia, Doumbia e Vietto; Plata, Sporar e Acuña.
Bruno Fernandes 15 (Braga, Rio Ave, Boavista, PSV, Rio Ave, Aves, Lask Linz, Paços de Ferreira, Rosenborg, PSV, PSV, Gil Vicente, Santa Clara, V. Setúbal, V. Setúbal)
Luiz Phellype 9 (Portimonense, Rio Ave, Lask Linz, Paços de Ferreira, PSV, Moreirense, Santa Clara, Santa Clara, Portimonense)
Vietto 7 (Famalicão, Belenenses SAD, Belenenses SAD, Gil Vicente, Portimonense, Basaksehir, Basaksehir)
Coates 4 (Marítimo, V. Guimarães, Rosenborg, Basaksehir)
Ramós Unzaga inventou a jogada, no campo do porto chileno de Talchuano: com o corpo no ar, de costas para o chão as pernas disparavam a bola para trás, num vaivém repentino de lâminas de tesoura.
Mas esta acrobacia só se chamou chilena alguns anos depois, em 1927, quando o Colo-Colo foi à Europa e o avançado David Arellano a exibiu nos estádios de Espanha. Os jornalistas espanhóis festejaram o esplendor daquela cabriola desconhecida e baptizaram-na assim porque tinha vindo do Chile, como os morangos e a cuenca (n.r.: dança típica chilena).
Depois de vários golos acrobáticos, Arellano morreu nesse ano, no estádio do Valladolid, devido a um choque fatal com um defesa.»
Completam-se, nas próximas horas, quatro dias desde que o Sporting Clube de Portugal foi eliminado da Taça UEFA. Atendendo às circunstâncias desta eliminação, acreditei que - desta vez - haveria uma qualquer iniciativa directiva que visasse mitigar o compreensível desânimo dos adeptos. Não ignoro o que as últimas entrevistas concedidas por presidente do conselho directivo e vice-presidente para a área financeira, trouxeram. Estupefação, embaraço e, por cúmulo, (mais e maior) contestação. Olho para as notícias de hipotéticas contratações de directores técnicos e de outros técnicos, com reserva. Muita reserva. Leio análises ao último RC e degluto em seco.
Pergunto-me e pergunto-vos: de quem esperar uma reacção perante a adversidade? Compreendo a dificuldade - identificada há muito - de comunicar com a massa adepta. Compreendo que, por esta altura, há muito pouco, se algo, de positivo para que se apontar. Em todo o caso, faz sentido uma instituição como o Sporting Clube de Portugal, cuja massa adepta é a da ordem de grandeza que se conhece, ficar entregue ao vazio, como tem acontecido até aqui?
Que sinais concretos existem, que nos permitam olhar para os actuais corpos sociais com confiança e alguma esperança?
A minha relação com o Sporting Clube de Portugal? É a que se vê nas imagens: compras efectuadas na loja verde online a 26/02, pagas a 29/02, quotas pagas até 12/2021 (operação concluída às 8:50 de dia 29/02). Não estarei presente na manifestação que acontecerá em breve. Conto deslocar-me a Alvalade pelo menos uma vez mais, apesar de tudo o que não se vê em campo. Mas, e para que não restem dúvidas, a minha relação com os actuais corpos directivos? Esgotou-se.
No dia do desaire na Turquia, deixei parte de uma letra de um tema dos Kasabian, Goodbye kiss, na caixa de comentários do texto A pique. Pelo tom, não pesaroso e por parte substantiva da letra. Pelas irreflectidas atitudes, mesmo quando há tempo para regular emoções de valência negativa e reancorar ao 'bem maior', pondo tudo em perspectiva. É por tudo o que não se vê, de forma generalizada que, desta vez, sou eu quem envia beijinhos. De despedida. Não, jamais, ao Clube, mas aos seus órgãos sociais.
Doomed from the start We met with a goodbye kiss, I broke my wrist It all kicked off, I had no choice You said that you didn't mind 'cause love's hard to find Maybe the days we had are gone, living in silence for too long Open your eyes and what do you see? No more laughs, no more photographs
Turning slowly, looking back, see No words, can save this, you're broken and I'm pissed Run along like I'm supposed to, be the man I ought to Rock and Roll, sent us insane, I hope someday that we will meet again Running wild Giving it everyone, now that's all done Cause we burnt out, that's what you do When you have everything, it can't be true Maybe the days we had are gone, living in silence for too long Open you're eyes and what do you see? The last stand, let go of my hand
Turning slowly, looking back, see No words, can save this, you're broken and I'm pissed Run along like I'm supposed to, be the man I ought to Rock and Roll, sent us insane, I hope someday that we will meet again You go your way and I'll go my way No words can save us, this lifestyle made us Run along like I'm supposed to, be the man I ought to Rock and roll, sent us insane, I hope someday that we will meet again
Imaginemos que Bruno Fernandes havia sido transferido não do Sporting, mas de uma agremiação desportiva qualquer diferente.
Os jornais desportivos colocariam hoje fotos do jogador a apanhar toda a primeira página e nem estou a imaginar os epítetos com que seria brindado pela imprensa da especialidade. Seria naturalmente endeusado.
O problema é que Bruno Fernandes saiu do Sporting e não de outro clube qualquer.
Depois do golão deste fim de semana, que deu o empate ao Manchester United na visita ao Everton, o jornal a “Bola” informa num pequeno rectângulo na primeira página: “Bruno Fernandes volta a marcar”, enquanto o Record diz apenas “Bruno marca outra vez”. O Jogo nem se dá ao trabalho de informar.
Até nisto se percebe a pouca ou nenhuma consideração que a imprensa desportiva tem pelo Sporting.
O Rio Ave de Carlos Carvalhal tropeçou em casa frente ao Belenenses SAD, empatando. O Braga de Rúben Amorim safou-se à justa na Madeira, marcando o golo da vitória tangencial frente ao Marítimo no último lance, quando já tinham sido ultrapassados os sete minutos de compensação fixados pelo árbitro Tiago Martins.
Neste contexto, temos um confronto muito difícil: iremos amanhã a Famalicão, onde defrontamos a equipa local a partir das 20 horas.
E se com 70 milhões estamos a quase 20 pontos do primeiro lugar, onde iremos parar com um corte desta dimensão no investimento? Que "critério na construção do plantel" milagroso é esse que irá permitir fazer mais com menos? O mesmo que presenteou os sportinguistas com sucessivas exibições miseráveis e humilhações, a mais recente na Turquia? O mesmo que esvaziou o Estádio - com inevitáveis reflexos nas receitas de venda de bilhetes e Gameboxes?
Esta política de cortes já a vimos no triste mandato de Godinho Lopes. Foi há bem pouco tempo, não há como esquecer...
E confirma aquilo que já se conseguia adivinhar - a entrada no ciclo vicioso do desinvestimento, redução de expectativas e depauperização de resultados. Ciclo esse de que dificilmente se sai. Sobretudo, quando o nível de ambição do Clube está, neste momento, ao nível do Famalicão ou Rio Ave. E o nível de união está próximo do de israelitas e palestinianos na Cisjordânia.
Dr. Varandas: se a sua intenção é manter o Sporting ao nível do Braga ou nem isso, ou se não consegue fazer mais do que tem feito, por favor convoque eleições. Se já percebeu que não consegue ter os milhões de sportinguistas consigo, tenha a dignidade de passar o testemunho. Como Godinho Lopes, no final, teve. A bem do Sporting, que definitivamente não foi criado para misérias.
1 - Houve paciência com Jorge Jesus no Benfica, mas porque ele ganhou o campeonato logo no primeiro ano. Não tivesse acontecido isso e seriam quatro anos de paciência e cheira-me que JJ não tinha aguentado.
2 - O melhor ano de Jorge Jesus é o primeiro, em que mexeu muito pouco no plantel mantendo a estrutura de Leonardo Jardim e Marco Silva, com a vinda de Teo, [Bryan] Ruiz, Naldo e, a meio da época, Coates. Mas já aí JJ deixou a sua marca e foi o começo do fim na ligação com o plantel e com o presidente. Essa marca foi aproveitar a lesão para encostar de vez Paulo Oliveira que acabou transferido por meia dúzia de tostões, apesar de ser um balúrdio comparado com o que se passa agora.
3 - A época até começou bem, mas desandou cedo com aquele jogo em Madrid e com as declarações e expulsão de Jorge Jesus. Invenções atrás de invenções, naquela lógica de amores e ódios de estimação contra alguns jogadores, típica de JJ. Chegámos a meio da época com aquela dupla jornada em Chaves, que nos afasta da luta pelo título e, se não me engano, da Taça de Portugal. Quem protegeu Jesus e os jogadores? Bruno de Carvalho, que andava a dar a cara literalmente em frente aos sócios e adeptos. A contestação foi tão forte que obrigou JJ a trazer a meio da época Podence, Geraldes e Matheus, numa simulação de que voltávamos ao caminho que vinha a ser traçado nas épocas anteriores, mas que ele não defendia.
4 - Foi esta combinação de factores que provocou na terceira época a explosão que houve. Eu defendi na altura que mencionei, em Chaves, que Bruno de Carvalho ou impunha o projecto inicial da sua presidência, e que os sócios abraçaram, ou despedia Jesus. Não fez nem uma nem outra e o resto é o que todos sabemos.
Texto do nosso leitor José Neto, publicado originalmente aqui.
«Dá para uma vez por todas pôr os interesses do Nosso Sporting à frente de tudo o resto? Somos do Sporting, caramba, não das Direcções. Eu quero é ver o Sporting a ganhar! É isto que os nossos rivais querem, ver-nos todos em guerrilha.»
Chega ao fim mais um mês, é tempo de fazer outro balanço. Entre 1 de Março de 2019 e 1 de Março de 2020, o És a Nossa Féregistou 903.172 visitas e 2.046.611 visualizações - correspondendo portanto a 5.195 visualizações diárias, em média, ao longo do ano que passou.
Números inequívocos, que atestam o sucesso contínuo deste blogue. Sem cartilhas, rejeitando unicidades e sempre em defesa do Sporting, amor e paixão de todos nós.
Finalmente, uma jornada com muitos palpites que bateram certo. Seis prognósticos anteciparam aqui o resultado do Sporting-Boavista (2-0). Quem acertou? CAL, Edmundo Gonçalves, José Vieira, Leão de Queluz, Pedro Batista e Verde Protector.
No capítulo dos marcadores dos golos, que costuma funcionar como critério de desempate, apenas a nossa simpática colega CAL ficou de fora. Os restantes previram que Sporar seria o marcador de pelo menos um dos golos - tal como viria a suceder.
Parabéns, portanto, pela pontaria e pela argúcia. Numa época em que não tem vindo a ser nada fácil adivinhar os resultados da nossa equipa.
O futebol está cheio de pecados. Aqui há uns anos (poucos), em conversa com um ex-presidente do Sporting, este contava, numa roda de pessoas que nada tinham a ver com o futebol, como e quais jogadores da equipa que liderava à época se tinham deixado corromper.
Era interessante saber o que se passa com as apostas desportivas e como influenciam o desempenho dos jogadores e das equipas. Quando um campeonato como o Campeonato de Portugal (futebol amador) gera apostas de 170 milhões de euros não dá sequer para imaginar o que ocorre numa Primeira Liga e como se condicionam jogos, jogadores, árbitros, classificações e campeonatos.
No canal 11 corre uma reportagem bem interessante sobre o tema. E os jogadores, que estão proibidos de apostar em jogos de futebol sob pena de pesadas penas de prisão, não têm problema em admitir que apostam. E se apostam nas suas próprias competições, não há como acreditar na competição. Ela está viciada e os jogadores têm interesses financeiros em causa nos próprios jogos, contrários aos interesses das equipas que representam e a quem lhes paga o ordenado. O telemóvel é tramado e há jogadores que passam a vida agarrados ao telefone até entrarem em campo. Silas tem pecados, mas há outros pecados no futebol. Não há clubes nem equipas imunes ao fenómeno, que começa nos escalões mais baixos da formação das equipas, desde os iniciados e juvenis até aos graúdos de todos os campeonatos e competições.
Texto do nosso leitor João Gil, publicado originalmente aqui.
«Foi dito recorrentemente que o ano passado foi a melhor época dos últimos 17 anos. Veremos é se esta não será a pior. Temos de ouvir os sportinguistas e ter uma direcção que prepare devidamente a próxima época. Já percebemos que isto afundou mas existem sobreviventes e é com projectos que saímos disto e não com guerras às claques. Silas será responsabilizado pela opinião pública mas na realidade é o quinto treinador de Varandas. Vamos para o sexto?»