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És a nossa Fé!

Coisas em que acredito


Bruno Fernandes foi hábil na sua relação com os jornalistas, pelo que o seu lastro de saudade será longo. Era um jogador decisivo, fundamental e fulcral, também porque a bola ia sempre para ele e ele podia fazer o que queria com ela. Nunca vi, nem em Messi, nem em Ronaldo, tanta tolerância da crítica e comentadores – ou das bancadas - para um jogador. Vejam nesta frase um elogio à inteligência emocional de BF, que soube sempre dizer as coisas certas.
Acredito que a vida para BF em Manchester não será fácil. Como se viu, em especial desde que Nani saiu do clube, BF é melhor, muito melhor, quando é pai da bola, chefe de orquestra, o escolhido. Em Manchester, terá de conquistar esse lugar. A seu favor, tem uma disponibilidade física impressionante e uma enorme vontade e foco de visar a baliza adversária. Acredito que triunfará. Pela minha parte, voltarei a ver os jogos do MU.
A sua transferência, como a de qualquer jogador que se destaque num clube português, era esperada. Varandas e a sua equipa tiveram nervos de aço e conseguiram excelentes valores, numa altura em que a época não conta para nada e nos últimos dias de mercado.
Ficaremos em quarto (digo eu), iremos à Liga Europa porque para o ano há mais e pronto.
Acredito que o Sporting tem agora a folha mais em branco para tentar fazer uma equipa. Acredito que haverá alguns jogadores no plantel a crescer imenso, agora que não há BF a conviver com eles.
Nunca vi Silas na vida, mas acredito que há um lado (talvez pequeno, talvez médio, talvez grande) em que esteja a festejar esta notícia. Poderá finalmente ser “o” treinador. Temos plantel para isso? Talvez não, mas imagine-se que sim, que temos…
Quatro anos depois de o SCP ter sido a base da equipa que venceu o Euro, este ano é quase um facto consumado que não haverá qualquer jogador de leão ao peito na equipa. A vida é mesmo assim, como os interruptores.

Quando já pensávamos ter visto tudo…

«"Fui repreendido por suturar Bas Dost",

recorda enfermeiro do Sporting.

 

Carlos Mota, enfermeiro do Sporting, marcou presença esta quarta-feira no Tribunal de Monsanto, onde testemunhou no julgamento do processo do ataque à Academia de Alcochete, a 15 de maio de 2018.

Mota recorda ter suturado Bas Dost depois das agressões ao avançado holandês, medida que conduziu a uma repreensão, revelou: "Não vi a agressão ao Bas Dost. Fui eu que o suturei, fui repreendido porque achavam que tinha de esperar que chegasse o médico que vinha de Lisboa para suturá-lo. (...) Frederico Varandas estava lá. Só sei que o homem estava a sangrar, a chorar deitado, e eu propus-me a suturá-lo. Fui repreendido, dizendo eles que era um ato médico. Fiquei surpreendido, porque se tinha de chamar um médico que estava em Lisboa e ia demorar a chegar a Alcochete", relatou o enfermeiro, que garante não ter sentido medo.

"Andei em enfermagem para servir quem necessita. Não tive medo, fui agredido, mas não tive medo", acrescentou Carlos Mota, recordando também a chegada de Bruno de Carvalho à Academia após a invasão:

"Chegou de semblante triste, naturalmente. Acho que foi uma vergonha para o Sporting. Recordo [o ataque] com tristeza, porque sou enfermeiro e sportinguista desde que nasci. É triste que se aproveitem estas situações para denegrir e dar cabo do Sporting. Ele era presidente na altura, bem ou mal, era o presidente, eu respeitava-o por isso", rematou Carlos Mota.»

 

In: Jornal «O Jogo» acedido em 29/01/2020

75.º aniversário d'«A Bola»

Hoje o jornal «A Bola» celebra o seu 75.º aniversário.

Permitam-me que vos deixe aqui um texto de um dos seus fundadores e figura maior do futebol português: Cândido de Oliveira. Trata-se do texto que prefacia o livro «Memórias de Peyroteo».

 

«Fernando Peyroteo foi, sem dúvida, o nosso mais extraordinário avançado-centro. Não terá sido porventura o avançado-centro mais popular, por nunca ter jogado no Benfica que é, sem dúvida, o clube de maior projecção nas camadas populares, tanto por ter sido desde a sua origem um clube restritamente português, outro tanto, se não ainda mais, por adoptar a camisola vermelha, a cor que exerce mais demorada e mais agradável sensação na retina do espectador. Mas, sem ter sido tão popular como Vitor Silva e Espirito Santo (dois excelentes jogadores da mesma posição, ambos do Benfica) conseguiu ser, na opinião geral, o mais notável de todos os avançados- centro devido à sua extraordinária propensão para a tarefa Principal desse posto, e que é, como sabemos todos, o poder de remate à baliza. Bastará recordar que durante a sua carreira de jogador do Sporting e da equipa nacional, carreira que foi prematuramente interrompida, ele marcou 700 golos -uma enormidade! E se ele tem continuado a jogar, como podia e devia ter sucedido, alcançaria por certo o magnifico record de um milhar de golos!

Realmente, Peyroteo retirou cedo de mais devido a um conjunto de circunstâncias que não vem ao caso referir. Possuía apenas trinta anos e, como se diz na gíria do futebol, tinha tudo bom. Efectivamente, estava então não só na plena posse das suas excepcionais faculdades atléticas mas possuía, ao mesmo tempo, uma integridade funcional e técnica absoluta, resultante não só da experiência adquirida, mas do facto invulgar, em futebolistas e sobretudo em avançados-centro, de não ser portador de qualquer das lesões articulares ou musculares que tradicionalmente inferiorizam o jogador a partir de certa idade ou de longa permanência no jogo.

Fernando Peyroteo, deixou de jogar pouco tempo depois de termos dado por finda a nossa missão no Sporting, como orientador da equipa, que foi chamada dos cinco violinos. A saída de Peyroteo, como não podia deixar de ser, afectou notavelmente a capacidade realizadora da linha de ataque e os dirigentes sportinguistas pensando, generosamente, que o nosso regresso poderia traduzir-se por um acréscimo de poder da equipa, no decurso dum jantar oferecido pelos corpos gerentes ao malogrado Dr. Ribeiro Ferreira, solicitaram-me que regressasse à equipa. Sinceramente convencido de que não era a falta da nossa colaboração a causa dos insucessos, manifestámos a impossibilidade de anuir à solicitação, ao mesmo tempo que acentuámos: “ Vão buscar o Peyroteo, que é, afinal, o que mais está faltando à equipa - e tudo se recomporá!” Esta solução, ao que parece, não foi ou não era muito viável, Fernando Peyroteo não voltou ao jogo e, com ele, desapareceu do nosso futebol - da equipa do Sporting e do onze nacional - a peça mais influente do ponto de vista dos resultados!

Pouco tempo adiante Peyroteo realizou a “festa de despedida” e coube-nos a dura tarefa de dizer algumas palavras, nesse momento, em jeito de elogio… fúnebre! Não temos, agora, possibilidade de reler o que então dissemos, mas na nossa memória perdura, e perdurará sempre, a lembrança de havermos dito: “Muitos anos hão-de passar antes de surgir no nosso futebol um avançado-centro com as excepcionais qualidades técnico-atléticas de Fernando Peyroteo”!

Já vão decorridos quase dez anos e, sem menosprezo pelos seus sucessores no onze nacional e no onze de clube, ainda não se vislumbra um jogador à altura de preencher cabalmente o seu posto, revelando um idêntico poder de remate e uma tão portentosa propensão para marcar golos - de qualquer forma! Repetimos, esta observação não deve ser entendida como traduzindo menos apreço pelas qualidade técnico-atléticas dos raros ávançados-centro de boa qualidade que o nosso futebol tem possuído desde que Peyroteo desapareceu dos campos de futebol. Não. Por exemplo, José Águas, outro angolano como Fernando Peyroteo, tem sido sem dúvida, quando em plena forma, um excelente avançado-centro, com um poder, facilidade e precisão de remate muito apreciável, mas - eis a questão! - ainda não atingiu o conjunto de qualidades (especialmente poder de remate, poder atlético e endurance) que celebrizaram Peyroteo e o tornaram, a um tempo, o maior inimigo dos guarda-redes e o avançado mais policiado pelos jogadores de defesa.

Dez anos depois de ter “arrumado as botas de futebol” Fernando Peyroteo, à maneira dos grandes internacionais, decidiu-se a reunir em livro as suas memórias de futebolista e desejou, amavelmente, que fôssemos nós a escrever algumas palavras em jeito de prefácio.

Desejamos confessar a nossa satisfação pelo encargo e só lamentamos que este contributo em nada valorize o seu livro de memórias, que aliás está apresentado Por si próprio, dada a projecção do seu autor nas camadas desportivas nacionais, as quais não podem, decerto, deixar de aguardar com viva curiosidade uma obra recheada de sugestivas evocações da afortunada carreira futebolística do nosso mais notável avançado-centro. A nossa anuência, por isso mesmo, não possui outro significado que não seja manifestarmos de novo a nossa sincera e constante admiração pelo talento futebolístico de Peyroteo, o jogador português mais notável como avançado-centro que conhecemos até hoje - e desde os tempos já muito distantes “ das balizas às costas”!

As memórias de Peyroteo, por certo, não podem ser, acima de tudo, uma alta afirmação de pendor literário-desportivo, ò que aliás também acontece com os livros de memórias de alguns jogadores ingleses de grande nomeada, apesar de não poucas vezes, quanto a estes últimos, esses livros não terem dispensado a colaboração literária de jornalistas desportivos… E no caso de Peyroteo, foi ele próprio que delineou a obra e redigiu integralmente as páginas que vão decerto surpreender agradável mente o leitor, quanto mais não seja pelo magnífico repositório de factos, de episódios, de lembranças e de ideias originais que o enformem.

Dentro das suas caracteristicas particulares, que admiravelmente reflectem o temperamento e o espírito do autor, as memórias de Fernando Peyroteo são tão aliciantes que, não temos a menor dúvida, hão-de prender tão vivamente a atenção do leitor que o livro será lido numa verdadeira galopada. E para esse verdadeiro êxito muito há-de contribuir a circunstância de Fernando Peyroteo ter moldado o seu livro, de sorte que ele ganha aqui o aspecto de pura biografia e logo a seguir surge um aspecto novo, de evocação de factos e episódios vividos, a lembrança dum jogo, dum golo, dum pequeno incidente, duma saborosa anedota, de tudo um pouco, e sempre com uma nota atraente de cunho pessoal, sadio e jovial.

Este livro de Fernando Peyroteo resiste vitoriosamente a um confronto com os livros semelhantes publicados pelos mais notáveis jogadores de outros países. Nenhum conhecemos mais susceptivel de cativar o espírito dos afeiçoados do futebol e de o suplantar pela originalidade ou pela escolha de motivos capazes de provocar interesse, curiosidade ou, até, um bem humorado sorriso.

A figura de Peyroteo, como futebolista e, mais, como homem de desporto, não sai diminuída sob qualquer aspecto deste seu esplêndido livro que, estamos certo, constituirá o que, em síntese, costuma chamar-se um autêntico êxito de livraria.

Em resumo: a leitura deste curioso e valioso livro de memórias de Fernando Peyroteo há-de contribuir também para se perceber melhor a sua figura de avançado-centro de classe excepcional, as suas ideias pessoais sobre o jogo, os casos e os homens do futebol e, mais ainda, há-de fazer compreender que, realmente, há motivo para deplorar que ele não tivesse prolongado a sua portentosa carreira de jogador até ao limite das suas magníficas e invulgares faculdades futebolísticas!

Finalmente, há que agradecer-lhe a lembrança deste livro que permite reviver com frequência e amplidão a figura do avançado-centro n.º 1 de Portugal - até ao presente!

 

Cândido de Oliveira»

 

In: Peyroteo, Fernando - Memórias de Peyroteo. 5ª ed. Lisboa : [s.n.], 1957 ( Lisboa : - Tip. Freitas Brito). pp. 9-12

 

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Comovente…

… ler este comentário do leitor Manuel Parreira, num texto da CAL, a quem peço desculpa por o republicar.

 

«Olhe CAL, sou Sportinguista desde que me conheço, meu pai foi Sportinguista, meu irmão e irmã também são sportinguistas, minhas filhas, (Anna e Nancy) nasceram aqui na Califórnia e gostem quando lhes digo que o Sporting ganhou e o mesmo acontece com meus netos (Kayla, 18, Kelsey, 16 Addisyn 11 e Linkin 9. Quando Nancy visitou Portugal lá foi com seu marido ver o estádio de seu pai e sogro e a loja verde aonde me comprou muitas e muitas coisas enfim....

A minha história do nosso amor, é curta e não é lá muito agradável; sou dos Açores aonde vivi até vir para a Califórnia em 1970, mas em 1966 fui para o serviço militar e tive a sorte de ir para Coimbra tirar a especialidade de enfermeiro (sim sorte porque alguns colegas meus foram para o ultramar e lá ficaram) indo estagiar no hospital da estrela.

Mas afinal o que tem isto a ver com o Sporting? É que estando eu no hospital da estrela, o dinheiro não abundava mas, quando jogava o Sporting, no velhinho Estádio de Alvalade e se não estivesse de serviço, lá ia eu a caminho de Alvalade, vi vários jogos, vi Benfica 3 Porto 1, Belenenses 1 Sporting 1 e em Alvalade vi vários jogos, nunca vi o Sporting perder, mas também nunca vi o Sporting ganhar, fui de volta para os Açores com este nó na garganta.

Depois voltei numa excursão em junho de 2008, no dia 10 de junho foi o dia da minha chegada a Lisboa e depois de comer um bacalhau de cebolada, escusado será dizer que com vários amigos lá fomos visitar o novo Alvalade, falo/escrevo isto sempre com muita emoção, tive pena de não haver jogos e nunca mais houve outra oportunidade.

Esta é a história da minha relação com o Sporting, obrigado por me “obrigar” a lembrar-me um tempo maravilhoso que passei em Lisboa.

Um beijinho muito carinhoso e viva o Sporting.»

Armas e viscondes assinalados: Herói inesperado na noite fria de adeus a um imenso

Sporting 1 - Marítimo 0

Liga NOS - 18.ª Jornada

27 de Janeiro de 2020

 

Luís Maximiano (3,0)

O Marítimo revelou-se a equipa ideal para o arranque de uma primeira volta em que o Sporting corre atrás de todos os recordes negativos, a começar pela pior assistência do estádio em jogos para a Liga NOS, com 12.798 espectadores, ao ponto de por uns instantes se conseguir ouvir uns tímidos gritos de “mar’itmo!”, mas poderia muito bem ter sido o tipo de equipa dominada do primeiro ao último minuto e que sai de Alvalade com um ou três pontos graças ao aproveitamento de uma ou duas ocasiões de golo. E se tal não aconteceu muito se deve ao jovem guarda-redes, que fez uma defesa extraordinária depois de um adversário enganar os centrais e rematar na grande área. Apesar de continuar sofrível nas reposições de bola, Maximiano esteve para as encomendas.

 

Ristovski (3,0)

Embora tenha falhado uma ocasião de golo magnífica, desaproveitando o cruzamento de Bruno Fernandes com um remate para a bancada sul tão silenciosa e desprovida de claques quanto as outras bancadas estiveram quase sempre silenciosas e quase sempre desprovidas de adeptos, continua a ser um dos raros resquícios de melhores tempos do que estes. Viu-se mesmo forçado a enfiar-se dentro da baliza para evitar que o Marítimo marcasse na segunda parte e, perante a debandada em curso, parece estar a um passo de subir ao grupo dos capitães.

 

Coates (3,0)

O magnífico golo que marcou, dominando de peito o cruzamento teleguiado de Bruno Fernandes antes de desferir um remate acrobático com a elegância de um hipopótamo do “Fantasia”, foi o primeiro dos golos (surpreendentemente) bem anulados ao Sporting. Lá atrás, naquilo que é pago para fazer, nem sempre demonstrou acerto, ainda que bem mais do que o parceiro que lhe coube em sorte, mas o certo é que desta vez não houve quem marcasse à equipa da casa.

 

Neto (2,5)

Substituir Mathieu, não raras vezes o maior responsável pela condução de bola criteriosa para o ataque leonino, pesou toneladas ao central português, não mais do que esforçado nessa missão. Também algo permissivo face aos pouco inspirados visitantes, teve um resultado melhor do que a exibição. Mas que atire a primeira pedra aquele que não tiver sentido vontade de correr para o Marquês ao saber que Mathieu estará disponível para a visita a Braga.

 

Borja (3,5)

O remate certeiro e de ângulo difícil do lateral-esquerdo valeu os três pontos, apesar de o inefável Rui Costa ainda ter alimentado a esperança de que o videoárbitro encontrasse irregularidade no início da jogada. Foi um momento particularmente comovente, pois basta assistir a duas ou três intervenções do colombiano para desconfiar que não terá tido muito contacto com bolas de futebol nos anos formativos. Só que mais uma vez Borja compensou a falta de domínio de bola com muita vontade de ajudar, sendo tão eficaz a defender o seu flanco como a dar o apoio possível ao ataque. Sobretudo na segunda parte, a partir do momento que ficou sem uma má companhia que por ali andou, fazendo além do golo um excelente cruzamento que resultou no tento anulado a Rafael Camacho.

 

Idrissa Doumbia (2,5)

Titular vá-se lá saber porquê apesar de Battaglia estar disponível e sentado no banco de suplentes, não teve problemas suficientes para ver emergirem as suas piores insuficiências. Mesmo assim escapou ao amarelo em duas ocasiões, o que se torna ainda mais espantoso pela conhecida vontade de amarelar sportinguistas que o árbitro Rui Costa não cessa de demonstrar.

 

Wendel (3,0)

A falta de Mathieu e a incapacidade de Idrissa fizeram com que fosse o criador de jogadas substituto, esforçando-se por fazer “slalons” por entre os adversários que permitiram um domínio das operações muito superior do que a real qualidade do Sporting. Pena é que não esteja com confiança para ensaiar o remate de longa distância que já provou fazer parte do seu repertório, ainda mais necessário quando o especialista das últimas duas temporadas e meia está de malas aviadas para o seu “Alvaladexit”. Razão mais do que suficiente para que Wendel perceba que chegou a hora de assumir o comando.

 

Bruno Fernandes (3,0)

Mais triste do que o último jogo de um dos melhores de sempre do Sporting coincidir com um novo recorde negativo de assistência em jogos da Liga? Mais triste do que apenas uma fracção dos poucos que foram a Alvalade terem ficado mais uns minutos para aplaudirem o capitão claramente de partida? Mais triste do que qualquer encaixe financeiro obtido com o seu passe, que à hora de escrita destas linhas ameaça constituir um dos raros recordes positivos da actual gerência? Só mesmo o facto de Bruno Fernandes não se ter conseguido despedir com um grande golo ou uma grande assistência. E não foi por falta de tentativa, pois os cruzamentos com que serviu Ristovski e Coates na grande área mereciam melhor aproveitamento ou posicionamento face à linha de fora de jogo, e o remate estrondoso que fez na segunda parte continuará a ser sentido pelo poste da baliza norte muito depois de ter partido para outras paragens. No resto, foi igual a si próprio, quer a comandar os colegas no terreno (quem raio é que o fará doravante?), quer a questionar a abantesma da arbitragem que ali foi parar, quer a inventar aquilo que os restantes não conseguem. Parte sem glória e com o amargo de boca de deixar ainda mais à deriva aquilo que teve tudo para ser um espada cravada nos interesses instalados do futebol português. E se muitos são culpados do estado a que o Sporting chegou, de Bruno de Carvalho a Jorge Jesus, de Sousa Cintra a José Peseiro, de Frederico Varandas a todos os desgraçados que aceitam ser profetas do perdedorismo transformado em religião oficial, a Bruno Fernandes nada há a apontar e muito a agradecer.

 

Rafael Camacho (2,5)

Ainda marcou, fuzilando a baliza escancarada, mas o videoárbitro encontrou uma falta alheia que adiou o alívio aos poucos que combateram a chuva, o frio, o adiantado da hora e sobretudo o desânimo. Teria sido um bom incentivo para o jovem resgatado de Liverpool que muito promete, sem que no entanto grande coisa cumpra por enquanto.

 

Jesé Rodríguez (1,5)

Elevado à titularidade por entre uma chuva de ausências (Bolasie e Vietto) e uma hesitação em apostar no futuro (Gonzalo Plata e Jovane Cabral), o espanhol voltou a exibir a sua pesada e milionária mediocridade no relvado. Todos os minutos que passou em campo foram um desperdício de recursos e um espelho de tudo o que está errado neste Sporting que começa a segunda volta com os mesmos 19 pontos de desvantagem com que terminou a primeira.

 

Luiz Phellype (1,5)

Estava mais uma vez a passar ao lado do jogo quando um dos muitos sarrafeiros do Marítimo lhe desferiu um golpe junto à linha lateral que não chegou para que Rui Costa assinalasse falta mas culminou numa rotura dos ligamentos cruzados do joelho. Terminou a época para o avançado brasileiro, o que é uma tragédia pessoal e mais um problema para um plantel que parece um viveiro de dificuldades.

 

Sporar (2,5)

Claramente abaixo de forma e debilitado, o esloveno teve de entrar ao quarto de hora para o lugar de Luiz Phellype e quase se manifestou de forma precoce, pois o seu primeiro toque na bola foi um remate perigoso que o guarda-redes do Marítimo conseguiu suster. Refreou o entusiasmo a partir daí, ainda que numa jogada da segunda parte tenha dado indicações de estar familiarizado com o funcionamento das bolas de futebol, e além de ser o responsável pela anulação do golo de Rafael Camacho, visto que terá empurrado um defesa, chegou atrasado ao cruzamento de Jovane Cabral que Borja se encarregou de dirigir para a baliza.

 

Gonzalo Plata (2,5)

Entrou para agitar o jogo e cumpriu razoavelmente, ainda que não raras vezes fosse mais trapalhão do que uma jovem esperança do futebol sul-americano deveria ser. Seja como for, tem a vantagem de fazer parte do futuro.

 

Jovane Cabral (3,0)

Sem ser o marcador do golo, como nos tempos em que se tornou o salvador de José Peseiro, o regressado de lesão ligou o Sporting à corrente e assinou o tal cruzamento que conta como assistência. Poderia ter marcado, mas não conseguiu desviar o cabeceamento de Coates para dentro da baliza, tendo ficado perto de marcar num livre directo em que Bruno Fernandes lhe passou o testemunho,

 

Silas (2,5)

Condicionado por lesões e castigos, montou uma equipa titular em que as titularidades de Idrissa Doumbia e Jesé Rodríguez não são fáceis de explicar e contribuíram para que um jogo fácil tivesse alguma incerteza. Mais acertado na hora de fazer substituições, conseguiu os três pontos que devolvem o Sporting ao terceiro lugar da Liga. Manter a equipa no pódio será, no entanto, um desafio que nada indica ser fácil de superar por um treinador que tarda em encontrar um fio de jogo e perde agora a grande referência. Conviria que conseguisse integrar a juventude leonina de Alcochete, mas a verdade é que Rodrigo Fernandes, Matheus Nunes e Pedro Mendes têm sido tratados como escumalha na ordem de prioridades de Silas.

A melhor venda de sempre no Sporting

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Em Maio de 2007, Filipe Soares Franco protagonizou, como presidente do Sporting, a transferência mais bem remunerada de toda a história leonina até então. Quando Nani saiu para o Manchester United, a troco de 25,5 milhões de euros.

 

Quase uma década depois, em Agosto de 2016, também Bruno de Carvalho conquistou merecido lugar na restrita galeria dos presidentes que geraram enormes mais-valias com transferências de jogadores. Quando fechou acordo com o Inter de Milão para a venda de João Mário, que acabara de sagrar-se campeão europeu.

Por 40 milhões de euros, estabelecendo novo máximo que parecia muito difícil de suplantar.

 

Bastaram afinal três anos e cinco meses para o Sporting superar o ambicioso tecto estabelecido neste historial de transferências. Com a saída, agora finalmente anunciada, do nosso capitão Bruno Fernandes - o melhor médio que passou por Alvalade no último quarto de século - para o Manchester United. Rendendo 55 milhões de euros, mais 10 milhões em objectivos facilmente concretizáveis. O primeiro concretiza-se mal Bruno faça 20 jogos ao serviço do histórico clube inglês. O segundo atinge-se quando o United marcar presença nas próximas três edições da Liga dos Campeões (estão previstos 3 milhões no primeiro ano e os restantes 2 a dividir nos anos subsequentes).

Aspecto muito importante: o Sporting salvaguardou uma percentagem de 10% em futuras transferências de Bruno para outros emblemas a partir de Manchester.

 

Frederico Varandas entra assim também na história do nosso clube, à semelhança daqueles dois antecessores, por ter batido largamente o recorde absoluto de angariação de receita pela saída de um só jogador do plantel leonino. Tem motivos para se sentir satisfeito e orgulhoso, certamente com a noção do dever cumprido.

 

Chegou, pois, a altura de dizer sem mais rodeios: obrigado, Sousa Cintra.

A voz do leitor

«A saída de Bas Dost não faz sentido para ninguém. A compra deste avançado é feita em emergência total. Esta equipa do Sporting não resiste à aritmética da tabela. Em meia prova está a 19 pontos, o que quer dizer que se nada muda no fim da prova pode acabar a 38... Ao ritmo da primeira volta estaremos em posição de descida, quando acabar o campeonato. A campainha deve ter soado nas cabecinhas dos responsáveis do Sporting. »

 

João Gil, neste texto do Francisco Chaveiro Reis

O anti-clímax: o fora-de-jogo pós-VAR

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Sei que a maioria dos visitantes deseja opiniões sobre a transferência do Bruno Fernandes. Mas o postal do Pedro Oliveira, que alude ao "falo" "teso" evocado pelo respeitável Dr. Bagão Félix, lembrou-me outros dois postais que eu escrevi há alguns meses sobre a mesma temática (o VAR, não a erecção fálica). E por isso parcialmente os repito na crença de que, apesar do ditado, esta voz chegue ao céu. Pois a matéria me é causa - repito, falo do VAR não do falo.

1. (No Delito de Opinião) Alerto para o anti-clímax que está a ser o vídeo-árbitro. Tecnologia que é preciosa, para reduzir erros e para combater a mariolagem arbitral. Mas cuja utilização trouxe uma vertente "tecnocrática", uma mania de "justiça" que de tão maximalista, pois milimétrica, não é ... justa. Eu gostaria de lhe chamar um justicialismo mas a palavra está usurpada por um outro sentido, histórico (o peronismo), do qual bem que podia ser libertada pois faz falta para coisas de hoje - até porque dizer (neste caso, condenar) um apotropismo, uma crença apotropaicista, não convenceria ninguém, mais que não seja devido à fonética. 

Feito intelectual da bola, julgo que para manter o entusiasmo do jogo e para preservar a boa tecnologia são precisas duas mudanças: uma alteração legislativa e uma diferente jurisprudência.

(No És a Nossa Fé) O VAR foi influente no jogo (Manchester City-Tottenham). O 5-3 nos descontos finais, a suprema reviravolta, é a festa do futebol, o apogeu da ideia de clímax na bola. E depois anulado pelo VAR, o cume do anti-clímax. Ora isso está a acontecer imensas vezes, e é óbvio que vem retirando brilho, paixão, ao jogo. O VAR é fundamental, é óbvio que reduz os erros dos árbitros e que é um grande instrumento contra a protecção aos grandes clubes e contra a corrupção - promovida pelos clubes e por essa relativa novidade das apostas desportivas privadas e avulsas. Mas ao quebrar o predomínio da paixão e da festa arrisca a tornar o jogo mais cinzento e, nisso, a ilegitimar-se. Assim as suas imensas capacidades tecnológicas de observação desumanizam o jogo. Ontem foi exemplo disso. Para que o VAR seja protegido dever-se-á pensar a aplicação das regras, refrear a tendência legalista que ele trouxe, uma verdadeira ditadura milimétrica promovida pela tecnologia. Urge regressar, e reforçá-las, a tradições na jurisprudência futebolística, pois humanizadoras, cuja relevância ontem foi demonstrada:

No fora-de-jogo há que recuperar o ideal da protecção do avançado em caso de dúvida na aplicação desta lei, de uma (muito) relativa indeterminação. Anda tudo a aplicar ilegalidades ínfimas, se o calcanhar de um está adiante ou não, se o nariz do avançado pencudo está à frente das narinas achatadas do defesa. Veja-se a imagem do tal 5-3, que beneficiaria o City: Aguero está em linha, de costas para a baliza tem apenas o rabo gordo à frente do defesa. Que interessa isso para o fluir do jogo? Urge recuperar essa ideia do "em linha", e permitir que o avançado esteja "ligeirissimamente" à frente do defesa: se confluem, relativamente, numa linha horizontal ... siga o jogo. Claro que depois se discutirá se o calcanhar dele estava ou não em linha com a biqueira do defesa. Mas serão muito menos as discussões. E haverá mais golos. E, acima de tudo, menos anulações diferidas. Donde haverá mais festa, mais alegria exultante. É esse o caminho para a defesa da tecnologia. E da paixão. Julgo eu, doutoral aqui no meu sofá.

Penso logo falo

"Qualquer dia, e num jogo bem teso, vai haver um offside de 1 centímetro por causa do falo de um jogador"

in A Bola 2020.01.28, p.36, Félix, António Bagão

 

Quanto à educação dos adeptos/sócios/«apoiantes» (está entre aspas, pois, este senhor foi ministro das finanças, apoiar um clube será, também ajudar a nível fiscal? fica a pergunta) do Benfica, penso que estamos conversados.

O "post" não é sobre isso.

É para pensarmos.

Pensarmos em futebol, pensarmos em análises, pensarmos em protocolos.

No sítio da Federação Portuguesa de Futebol, protocolo VAR, diz isto:

As categorias das decisões/incidentes que podem ser revistas no caso de (...)
“claro e óbvio erro” ou “incidente grave não detetado” são:  

A questão é que no golo de Camacho não há nenhum erro, nem claro, nem óbvio.

Vejamos/Leiamos aquilo que Duarte Gomes (na minha opinião, foi um péssimo árbitro mas é um bom comentador das arbitragens, comprometido, claro, mas não deturpa as regras); p.9:

«Rafael Camacho marcou mas o videoárbitro interveio para que Rui Costa analisasse possível infração atacante de Sporar. As imagens mostraram, com certeza relativa, um  empurrão (...)»

É pá! Possível infracção que as imagens mostraram com certeza relativa?

Então mas o VAR não é para intervir única e exclusivamente quando existir um "claro e óbvio erro"?

Na mesma página o "nosso" Duarte Gomes volta a afirmar «O lance (...) acabaria por ser bem anulado (...) pois as imagens parecem mostrar».

Parecem mostrar?

É pá! (outra vez) não sou jurista mas penso que Cícero se olhasse para isto diria "in dubio pro reo" [se calhar o meu latim está enferrujado].

Matriz - parte V

parte I

parte II

parte III

parte IV

Saio da A9, enxotada pela temível (e odiosa) coluna de seguranças. Zarpam por ali acima à velocidade da luz, raios(partam). Persistem, sem esfarelar, perante os olhares mortíferos que lhes lanço. Verdadeiramente? São raios laser verdes que me saem pelos olhos. Começo por olhá-los de cima para baixo, na vertical, imaginando-os, qual fole desconchavado, a caírem às finas fatias, para os lados. Exaspero-me perante a constatação do meu falhanço, ziguezagueio o olhar, na esperança de lhes apanhar qualquer ponto nevrálgico com sucesso. Desço – invariavelmente – as escadas, (in)conformada, olhos semicerrados, extremidade do lábio superior esquerdo ligeiramente arqueada, a deixar ver o canino brilhante. Da próxima vez? Trago o Dodi. Quero ver só se se aproximam, ó carro vassoura do meu descontentamento. 

Cruzo-me com muitas caras ao sair. Sorrio. Sorrio sempre. Desvio-me, desviam-se. Não me vêem – nunca me vêem – mas observo-vos. Carreirinhos de formigas apressadas, em todas as direcções. Não me vêem – nunca me vêem – mas vimo-nos há instantes. Somos as caras por detrás das luzes de telemóvel que se acenderam e que acenámos. Cruzo-me, sem saber quem é quem. Sei, contudo, o essencial: são Sportinguistas. Sabê-lo, é quanto basta para fazer-me sorrir(-vos).

Até à Rotunda do Leão, tento ainda perceber, sem sucesso, se seriam eslovacos ou eslovenos, alguns dos Leões de Ocasião. Os que nos devolvem a (prova empírica da) Glória (também além fronteiras) que somos. Viro à esquerda, passo pelo PJR, Loja Verde de luzes acesas e aquele Olha mãe! Está aberta! que me fez estremecer e enterneceu. Desejo, em silêncio, que a Mãe possa comprar-te o bocadinho de Sporting (físico) que a alegria da tua voz transporta já, pequenino. Chegou-te à alma, estou certa. Desejo, em silêncio, que a Mãe possa comprar-te o bocadinho de Sporting físico, que dará forma visível ao que te percorre a alma.

Enquanto saio do posto de abastecimento olho o José Alvalade atentamente, uma última vez. Conduzo agora ao seu encontro, à saída da Rotunda mergulho em direcção a casa, não sem antes passar pela casinha. Recuso-lhe maiúscula e olhá-la de frente. É na minha direita, colada à casa de todos nós, que concentro atenções. Constato-a menos povoada por capacetes, bastões e fardas azuis. Com o passar do tempo, todas as peças voltam ao seu lugar. Em retrospectiva, é sempre mais fácil perceber que somos todos peças de uma, e desta, engrenagem. E que todas as peças fazem parte da engrenagem maior. Volto à tona, recupero o sorriso momentaneamente perdido.

Voltámos à tona.

Faço a viagem de regresso à minha (outra) casa, sem a mais pequena suspeita de que dali a mais ou menos 12 horas, o João Carlos, vai (também ele) entrar a pés juntos ao meu coração. Sim, se o Senhor Felicidades no final do jogo pôs a mão no meu ombro direito e, sorridente, disparou um extraordinariamente doce Felicidades! que me deixou (dolorosamente) pregada à cadeira - quase sem reacção -, o João Carlos esmaga-me, ajuda-me a cada interacção (e sem sabê-lo) a colar os cacos em que todos ficámos. João Carlos. Ou JC. Ou Johnny. Prefere Johnny.

Prefiro JC. Talvez por sentir que Cristos terrenos, serão sempre a expressão mais fiel e digna, do Divino.

Interrogo-me muitas vezes como, ou por que razão, chegámos ao ponto a que chegámos. Sei, contudo, que o verdadeiro Amor, é paciente, bondoso, tudo perdoa, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, nunca perece. Sei, também, que a massa de que somos feitos resiste incólume à violenta erosão de existências madrastas.

A cal, também chamada cal viva, ou óxido de cálcio, em condições ambientes, é um sólido branco e alcalino.

O principal uso da cal viva é a produção de cal hidratada (hidróxido de cálcio). Para isto, dissolve-se a cal em água. A utilização da cal hidratada é difundida, principalmente em argamassas para alvenaria. Assim como o cimento, tem características aglomerantes. O endurecimento da cal ocorre pela absorção do dióxido de carbono presente no ar. Essa reação transforma a cal hidratada de volta em carbonato de cálcio (principal componente de rochas como os calcários).

[in Wikipedia]

Não sei o que diria de Carvalho (Galopim) mas creio que talvez tenhamos que ser todos – Sportinguistas –, um bocadinho ‘cal viva’ que se mistura com água. Parece que ao misturá-la com água (diluí-la?), absorve o dióxido de carbono presente no ar, o que, pasme-se, lhe confere características aglomerantes, tais como as do cimento.

Então e… se nos diluirmos um bocadinho? E se absorvermos um bocadinho (a parte útil d) o que nos envolve? Será que nos unimos? Talvez só assim consigamos ser argamassa que liga os tijolos da nossa comum edificação.

A nossa casa, Senhor Visconde de Alvalade, será sempre, primeiro, sua.

Disse-nos, no princípio, que queria que nos esforçássemos. Que nos dedicássemos. Que vivêssemos com Devoção. Seriam os passos para, enfim, alcançarmos Glória e sermos tão grandes como os maiores da Europa.

Pôs os olhos lá no alto, o Senhor Visconde. Pôs os olhos na eternidade.

Quis-nos, quiseram-nos na verdade, não circunscritos à sua realidade económico-social e geográfica, mas mobilizados por todo o país e, sempre, com os olhos postos bem lá no alto. Ditaram, fundadores do Sporting Clube de Portugal, os seus deveres fundamentais e que se sobrepõem a qualquer direito natural: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. É a nossa matriz.

A história que aqui vos trago? É real, acontece ainda agora, escrita pela mão de cada um de nós.

A história que aqui vos trago?

[continua]

Não posso estar mais de acordo

«Como é possível marcar-se um jogo de uma competição profissional para as 21 horas de uma segunda-feira (fria e chuvosa) de Janeiro? Estranha indústria esta, a do futebol português, que tanto desrespeita o público... Mesmo convidados a ficar em casa, 12.798 adeptos - a esmagadora maioria afecta ao Sporting, claro, cerca de duas dezenas a torcer pelo Marítimo - trocaram o sofá pela cadeira de sonho em Alvalade.»

 

Paulo Cunha, no parágrafo inicial da crónica do Sporting-Marítimo, no jornal A Bola de hoje

Nunca mais é sábado

Bruno Fernandes despediu-se ontem dos adeptos do Sporting. Pela décima vez. Já foi do Manchester City e do Tottenham. Mas logo regressou ao Sporting. Transferiu-se depois para o Manchester United, tendo estado em dúvida para a receção ao Benfica. Só viajou depois para Old Trafford. Mas regressou a tempo de estar na Final 4 da Taça da Liga. Fez uma perninha ontem, mas logo para voltar a ser transferido. Bruno vai jogar pelo Valência durante meio ano, destronando Parejo, capitão de equipa há uma vida, apenas para no verão se juntar ao Barcelona. Lógica? Uma troca de empréstimos. O Barcelona gastaria já 60 milhões em Fernandes para o emprestar e receberia Rodrigo Moreno, cujo passe custa…40. Calculo que Fernandes passe pelo Mestalla e pelo Camp Nou e regresse mesmo a tempo de ser titular…na Pedreira.

PS: Para que fique claro, sou fã de Bruno Fernandes e uma transferência para uma liga maior, parece-me um passo natural, assim cheguem os 60 milhões pedidos. Só me parece é que a novela nao vai acabar esta semana.

O elo mais fraco

Ter dado a titularidade a Jesé (*) e não ter convocado Pedro Mendes, em detrimento do recém-chegado Sporar, o técnico do clube deixou uma mensagem clara:

Pedro Mendes é o elo mais fraco.

Só espero, desejo, é que, para este jogador, não haja um desfecho como no concurso:

- Adeus!

(*) Qual a diferença de vencimento entre este jogador e aquilo que Bas Dost ganhava?  Dá para pensar…

Cansaço

Uma equipa do Sporting cansada mental e fisicamente sofreu muito para levar de vencida um Marítimo que muito lutou e pouco jogou e um árbitro que deixou bem vincado que estava ali para ser mais uma dificuldade. Nas bancadas notou-se a falta de muita gente, também ela cansada com este estado de coisas.

Foi uma noite de sofrimento também pelos dois golos anulados e o remate à trave, que só terminou quando o herói improvável, Borja, dum ângulo difícil, a meteu lá dentro. E assim as claques em guerra (desta vez a Torcida Verde fez um número ridículo para justificar a sua cobardia e demissão no apoio à equipa) já se puderam concentrar nos insultos ao presidente do Sporting à vontade, deixando os "palhaços que jogam à bola" em paz e sossego.

O Sporting até começou bem, com vontade de resolver as coisas depressa e criando situações sucessivas de potencial perigo, goradas por um último passe, cruzamento ou remate mal feitos, mas a lesão estúpida do LP29 (volta depressa, és o segundo marcador da equipa e precisamos de ti) desconcentrou a equipa que pouco a pouco foi deixando o Marítimo recuperar, sentir-se confortável no jogo e criar um par de oportunidades.

Sporar entrou sem ritmo competitivo mas com pormenores de ponta de lança, e as substituições desta vez resultaram, Plata e Jovane trouxeram coisas novas à equipa, Jovane acabou por fazer a assistência para golo.  Bruno Fernandes, mesmo com o vai-não-vai-fica-não-fica, foi mais uma vez o melhor em campo com uma grande remate à trave, Acuña e Mathieu fizeram muita falta (que se passa, Neto, são apenas nervos ?), Wendel e Doumbia correram muito e jogaram pouco, e tudo somado foi mais uma exibição que deixou muito a desejar.

Mas o que importa são os três pontos. Famalicão e Guimarães perderam em casa, o Braga tem uma deslocação complicada onde pode perder pontos, vamos chegar a Braga no terceiro lugar e pelo menos com dois pontos de vantagem esperando um desfecho bem diferente no terreno de jogo. Não há sorte que sempre dure.

Que Silas veja e reveja o jogo da Taça da Liga, e que faça tudo diferente também. E que o Bruno... fique!

SL

Elas (Toupeiras) "Andem" Aí

Rui Costa (o árbitro, não o funcionário de Vieira) não veio ontem a Alvalade arbitrar.

Veio fazer pouco dos sportinguistas. Fazer muito pouco, mesmo.

É, aliás, algo em que se vem especializando há longos anos:

Mostrando ao que vinha, sem rodeios, em apenas 30 minutos de jogo, conseguiu perdoar dois amarelos ao Maritimo - falta violenta sobre Sporar e entrada por trás a Bruno Fernandes.

A falta sobre Luiz Phyllipe que causou lesão (grave)? nem sequer foi falta, pois claro.

Primeiro cartão do jogo? Para o Sporting, como não podia deixar de ser (Neto, na primeira falta que faz).

Já na segunda parte, com visão de toupeira, lá foi rebuscar no VAR um motivo para anular o 1-0.

De recordar que ficamos sem Vietto para os jogos com o SLB e final da Taça da Liga depois de uma autêntica sessão de 90 minutos de pancadaria contra os nossos jogadores em Setúbal - https://www.record.pt/multimedia/videos/detalhe/a-lesao-de-vietto-que-o-obrigou-a-ser-substituido-no-v-setubal-sporting

Sessão de pancadaria essa de que, curiosamente, saímos com apenas menos um cartão do que o Vitória - https://www.zerozero.pt/jogo.php?id=6958650. O ridículo cartão a Coates só pode ser percebido como destinado a impedir que o central jogasse contra o SLB. 

Interessante também recordar que, apesar da violência de ontem e de Setúbal, o único jogador expulso nos últimos jogos do Sporting foi nosso - Bolasie, em Braga, após um choque que nem sequer amarelo valeria para Ruben Dias (SLB) ou Pepe (FCP). 

Nada disto é propriamente novo. Luís Filipe Vieira escolhe árbitros, há muitos anos:

E nada lhe aconteceu. Aliás, a sua influência só tem vindo a aumentar, de dia para dia. 

O SLB, aliás, tem 60 anos disto. 

DN.jpg

Mas isso era no tempo em que se irradiavam árbitros. Hoje, não há corrupção. Há toupeiras e padres.

E acontece-lhes... nada. "Andem" aí. É um lamaçal completo, em que dirigentes (e os Paulos Gonçalves da vida) apanhados em flagrante continuam na maior impunidade. E espera-se que nós, que gostamos de futebol, nos conformemos. Ou desistamos.

Assim se leva as pessoas a afastar-se dos estádios e da Liga. Conheço muitos que, sem paciência para um jogo viciado, passaram a seguir a Premier League ou La Liga.

E a direcção do Sporting no meio disto tudo? Zero, ou quase. De vez em quando lá aparece Beto a refilar, como em Braga, e é tudo.

É para o lado que os que viciam o jogo dormem melhor. E vão sonhando com as "reconquistas" e "hegemonias".

{ Blogue fundado em 2012. }

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