2020 em balanço (2)
TREINADOR DO ANO: RÚBEN AMORIM
Não têm faltado, felizmente, bons treinadores ao Sporting nas mais diversas modalidades. Basta mencionar Luís Magalhães, com excelente folha de serviço no basquetebol, ou Nuno Dias, que segue imparável à frente do futsal, já para não mencionar Paulo Freitas, intocável no comando do nosso hóquei em patins.
Mas este ano o destaque tem mesmo de ser para o técnico que lidera o futebol leonino. Rúben Amorim, que se estreou no Sporting no início de Março, substituindo o decepcionante Silas, confirma que os valores individuais contam - e de que maneira - neste desporto colectivo. Um homem pode fazer a diferença.
No caso dele, fez. Como logo se viu naquele desafio inicial, o último em que estivemos no nosso estádio enquanto espectadores antes de sermos remetidos a "prisão domiciliária" devido ao novo coronavírus. Mesmo com início titubeante, e com o primeiro golo marcado já quando ia decorrida mais de uma hora de jogo, o Sporting venceu o Aves - que 22 meses antes nos derrotara na final de uma tristíssima Taça de Portugal. A equipa fez tudo para sacudir o marasmo. A vitória foi difícil mas foi nossa.
Esse era ainda um tempo em que o Sporting estava inundado de pinos chegados sem critério a Alvalade: Bruno Gaspar, Ilori, Rosier, Borja, Lumor, Eduardo Henrique, Doumbia, Mattheus Oliveira, Diaby...
Com Amorim, a política de contratações mudou muito. E para melhor. Vieram Pedro Gonçalves, Pedro Porro, Nuno Santos, Bruno Tabata, Antonio Adán, Feddal - todos titulares ou em vias disso. Mais importante ainda: passou a haver um aproveitamento real dos talentos da nossa formação. Com a ascensão à equipa principal de Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Daniel Bragança e Tiago Tomás. Além do regresso de Palhinha, que se comprovou ser decisivo.
Amorim foi contratado ao Braga, e por preço exorbitante, o que causou natural polémica. Mas acabou por ser uma aposta decisiva da SAD leonina, apesar do quarto lugar alcançado nesse campeonato, com plantel desequilibrado e deficiente do qual só Coates e Neto sobreviveriam como titulares. O jovem técnico de 35 anos promoveu uma profunda alteração ao nível dos métodos de trabalho, do sistema táctico, dos índices de motivação e do próprio discurso, com resultados hoje à vista, dez meses depois: com ele no comando, só perdemos dois dos 21 jogos disputados e ascendemos à sétima jornada à liderança do campeonato, que mantemos na ronda 11. Dobrámos o Natal em primeiro, o que não sucedia desde a época 2001/2002, última em que fomos campeões.
Rúben Amorim devolveu aos sportinguistas a capacidade de sonhar com a conquista de títulos verdadeiros, não com vitórias morais. E começa a pagar um preço bem elevado por isso: ele, que nunca antes vira o cartão vermelho em toda a carreira, enquanto jogador e treinador, já foi expulso duas vezes como técnico do Sporting. Experimenta na pele como o campo se inclina, no futebol, contra quem traz o Leão ao peito.
Mas, mesmo com um sorriso nos lábios, ele é um osso muito duro de roer. O que produz um efeito contagioso: agora para onde vai um, vão todos. E nós com eles.
Treinador do ano em 2012: Domingos Paciência
Treinador do ano em 2013: Leonardo Jardim
Treinador do ano em 2014: Marco Silva
Treinador do ano em 2015: Jorge Jesus
Treinador do ano em 2016: Fernando Santos
Treinador do ano em 2017: Jorge Jesus
Treinador do ano em 2018: Nuno Dias
Treinador do ano em 2019: Paulo Freitas