Aproxima-se a passos largos mais um ano para ser estreado.
Entretanto este que agora termina trouxe ao Sporting muitas alegrias, mas ao mesmo tempo muitas tristezas, dúvidas, guerras intestinas em que ninguém, rigorosamente ninguém, ficou a ganhar (quiçá somente alguns jornais!!!).
Gostaria, por isso, de ver em 2020 um Sporting diferente não só com mais sucessos desportivos, mas acima de tudo com uma novel postura dos actuais dirigentes leoninos.
O Sporting necessita de paz. Primeiro interna para que esta seja depois alastrada aos adeptos. O clube precisa de estabilidade e mais que tudo esta instituição requer… verdade!
Verdade nas contas, nas atitudes, nos desejos e nas perspectivas para o futuro. Os sportinguistas, já se sabe, são gente paciente, mas digam a verdade aos adeptos… seja ela qual for.
Num ano em que pouco escrevi sobre o clube, este é um mero desabafo que muito gostaria de ver plasmado no próximo ano.
Ele não merecia ter saído como saiu. Já com a época a decorrer, sem ter podido despedir-se em campo de sócios e adeptos, a uma semana de se esgotar o prazo para o fecho do mercado estival de transferências. E sobretudo por um preço irrisório, até ridículo para o seu valor. Em nome da «contenção de custos», alegou-se como justificação para tal desfecho. Como se ele não gerasse receita e só provocasse despesa.
Bas Dost deixou o Sporting, transferido para o Eintracht Frankfurt, por meros sete milhões de euros. Quantia que causou admiração até ao presidente do clube alemão, que viria a a admitir o seu espanto por desembolsar tão pouco por um dos maiores goleadores dos campeonatos europeus: escassas semanas antes, Dost "custava" o dobro.
Os números falam por si: nas três temporadas em que prestou serviço no Sporting, o holandês marcou 93 golos em jogos oficiais - à pendular média de um golo a cada 90 minutos. Tornou-se um ídolo da massa adepta, sobretudo entre os mais jovens, que vibravam de maneira muito especial a cada remate vitorioso que lhe saía dos pés ou da cabeça. Puro ponta-de-lança posicional - a posição de que andamos mais carentes nesta frustrante época que vai quase a meio.
Dost, pai de um menino nascido há 17 meses em Portugal, tornou-se um dos três maiores artilheiros do nosso clube no século XXI, integrando com Jardel e Liedson este restrito lote. Chegou a ser o terceiro maior goleador das competições europeias na temporada 2016/2017, sendo ultrapassado então só por Messi (Barcelona) e Cavani (PSG). E revelou-se também um dos jogadores mais consensuais no balneário leonino, sem a menor demonstração de egoísmo em campo, sempre pronto a felicitar e a incentivar os colegas.
Deixou-nos bruscamente, no Verão passado. Carentes de golos e de vitórias, impossíveis sem eles. Sentimos falta daquela camisola n.º 28 e dos cânticos de euforia que nos suscitava o seu desempenho. Gostaríamos de voltar a escutar "Thunderstruck", dos AC/DC - a música que lhe fica para sempre associada no nosso imaginário.
Quatro meses depois, o seu lugar continua infelizmente por preencher.
«A fuga dos jovens talentos para o Seixal e outros clubes não é alheia à nossa realidade. Um jovem promissor que tenha dois dedos de testa e que que queira o melhor para a sua carreira não vem para o Sporting. Já lá vai o tempo em que o nosso clube era sinónimo de Formação. Agarremo-nos ao Figo e Cristiano Ronaldo para legitimar chamar-nos um clube formador. Nani não, porque saiu pela porta pequena para pouparmos nos ordenados: convém não dar esse exemplo.»
Se há jogador da formação leonina que dispôs de oportunidades para mostrar o que vale na equipa principal foi ele. Lançado por José Peseiro ao mais alto nível do futebol profissional do Sporting a 21 de Outubro de 2018, previa-se que o ano que agora acaba fosse o da explosão de Miguel Luís, na linha das promissoras exibições que fizera no Sporting B, entretanto extinto, e sobretudo nas selecções jovens, tendo-se sagrado campeão europeu sub-17 (em 2016) e sub-19 (em 2018).
No final da época passada, sentindo-se pouco aproveitado, o jovem médio, com 20 anos, deu sinais de que pretendia abandonar Alvalade, jogando por empréstimo noutro clube. Mas o então treinador Marcel Keizer fechou as portas a essa possibilidade, mantendo-o integrado no plantel principal, onde foi um dos escassos sobreviventes da formação leonina, ali reduzida à expressão mínima no início da época em curso.
A 19 de Setembro, durante a liderança interina de Leonel Pontes, dispôs enfim dos primeiros minutos de competição na temporada. Foi a 21 de Setembro, frente ao PSV na Holanda para a Liga Europa, e a partida correu-lhe mal: teve claras responsabilidades em dois dos três golos marcados pela equipa anfitriã. A estreia no campeonato 2019/2020 ocorreu quatro dias depois, contra o Famalicão em Alvalade: voltou a não correr-lhe bem esse jogo em que fomos derrotados em casa.
Já sob o comando de Silas, a 17 de Outubro, desperdiçou a maior das oportunidades num dos nossos jogos de mais triste memória deste ano: aquele em que fomos derrotados por uma equipa do terceiro escalão, o Alverca, e saímos eliminados da Taça de Portugal. Miguel Luís tinha especiais responsabilidades nesse desafio, em que actuou com a braçadeira de capitão face à ausência de Bruno Fernandes do onze titular. E voltou a passar ao lado da partida, com nova exibição para esquecer.
«Exibição marcada pela dificuldade em fazer cruzamentos ou contribuir de forma decisiva para um desfecho diferente daquele que mostrou aos sportinguistas que continua a haver mais túnel no fundo do túnel», escreveu o Leonardo Ralha na crónica desse jogo. Eu, igualmente decepcionado, incluí-o entre os que «se arrastaram sem préstimo em campo».
Das mais recentes aparições deste jogador fica-nos a imagem frustrante de alguém que se esconde em campo, só faz passes laterais ou à retaguarda, mostra-se incapaz de criar desequilíbrios e falha em momentos decisivos, nomeadamente no capítulo da finalização. Onde estão os passes de ruptura que lhe vimos em anos anteriores? Onde está o jogador inteligente e criativo a que nos habituou nos escalões jovens?
Esperamos todos que 2019 tenha sido apenas um triste interregno numa carreira que vai muito a tempo de se recompor.
«Contratação cirúrgica quer dizer, no nosso clube, meia dúzia de tipos, quem sabe algum até lesionado, para ver quem serve. E claro, desperdiçar milhões em salários. Confesso que até preferia que não se contratasse ninguém. Talvez apenas um ponta-de-lança (e mesmo assim, preferia ver o que Pedro Mendes é capaz de fazer). Talvez fazer regressar algum dos nossos jogadores emprestados.»
Já se esperava a notícia, era apenas uma questão de data. E ela chegou, a 26 de Setembro, quando Luís Maximiano se estreou na equipa principal a defender a baliza leonina. Num confronto que terminou mal para as nossas cores: perdemos com o Rio Ave na primeira jornada da Taça da Liga. Mas que ficará como marco na carreira do jovem guarda-redes a quem muitos auguram um percurso na esteira de um Rui Patrício, seu ídolo assumido.
O ano encerra com Max - o nome pelo qual é mais conhecido entre colegas e adeptos - já no onze titular. Culminando uma subida a pulso. Com muito esforço, muito trabalho, muita dedicação e muito mérito.
«É um guarda-redes com uma margem de progressão enorme. Sabe ouvir, sabe trabalhar. Quer sempre mais. É muito preocupado com os detalhes, com os pormenores. E isso é importante porque ele tem de perceber que tem de continuar a crescer, a melhorar, e não pode relaxar.» Palavras do capitão Bruno Fernandes há três dias, em entrevista ao Record. Palavras que expressam a confiança do grupo de trabalho neste talentoso guardião que aprendeu tudo quanto sabe no Sporting e é fruto da excelência da nossa Academia.
Já como guarda-redes titular, teve actuação louvável nos jogos desta época em que o Sporting mais brilhou: a 28 de Novembro, na goleada que impusemos em Alvalade ao PSV para a Liga Europa; e a 21 de Dezembro, na espectacular reviravolta leonina frente ao Portimonense, no Algarve, para a Taça da Liga.
Nada que surpreenda quem tenha acompanhado com atenção o percurso de Luís Manuel Arantes Maximiano, iniciado em 2012 de verde e branco, ligado por contrato ao Sporting Clube de Portugal até 2023.
Pois já chegou. A uma semana de completar 21 anos, Max é hoje mais uma confirmação do que uma promessa. Se prosseguir como até aqui, pode continuar a sonhar alto. Com a certeza antecipada de que o futuro vai sorrir-lhe.
Em altura de balanços, aqui fica um "termoestato" do que é para o nosso clube esta transição de ano:
GELADO - A credibilidade das instituições do futebol e do Estado. Sobre as arbitragens, estamos há muito esclarecidos. Ou pensavamos que sim, pois novos e ultrajantes limites foram alcançados este ano com o árbitro Pinheiro em Alvalade e em Portimão. Sem esquecer o VAR da Cidade do Futebol. Daquilo que se vai vendo das arbitragens dos nossos rivais, só se pode dizer que a farsa continua no futebol português. A novidade é que, em vez de regredirem, os sinais de controlo das instituições pelo rival de Lisboa alastram-se ao Estado. Novos limites foram alcançados este ano, com a extraordinária retirada do SL Benfica do processo Gonçalves - que, segundo a juíza, agiu de motu próprio, apesar de ser o braço-direito do presidente do clube. Curiosamente, enquanto os 3 anos de Gonçalves foram rápida e comodamente varridos para debaixo do tapete, no que ao SL Benfica diz respeito, os 30 minutos de de vandalismo no balneário do Sporting em 2018 vão servindo para uma devassa quotidiana da vida do clube e jogadores - que irá prolongar-se ad aeternum, com prejuízo para a imagem do clube. Com o Estado manietado, a verdade desportiva parece, em Portugal, cada vez mais uma miragem. E assim se destrói (ainda mais...) a credibilidade da Liga e se coloca os amantes do futebol a assitir a Premier League ou La Liga. Até porque acertar no totobola é cada vez mais fácil. O que esperar em 2020 do processo que envolve LF Vieira no caso de corrupção de um alto magistrado? Pouco ou nada, infelizmente. Que esperar do julgamento do assassino de Marco Ficcini na Luz? Três anos depois, será feita Justiça?
FRIO - O conflito com as claques Infelizmente, novos e quiçá graves episódios do conflito da direcção com as claques são de esperar no novo ano. A insultos e ameaças das claques, a direcção responde agora com... ameaças e insultos. Em vez de agir com inteligência, reage com virulência, descendo ao nível daqueles que se servem das claques para vandalismo e, nalguns casos, benefícios materiais. Em vez de colocar alguém a falar com aqueles que, dentro das claques, sabem colocar os interesses do Sporting em primeiro lugar (ou simplesmente ignorar os insultos e ameaças, como fizeram seus antecessores no cargo), é o próprio presidente da direcção que resolve fazer do combate às claques uma causa - na minha interpretação, para se desculpar de fracassos (o intratável "clube de malucos"...) e tentar apanhar a "onda" de contestação à JL e DUXXI, pós-vandalismo em Alcochete. Como já aqui pude expor, o clima é de guerra aberta. Em última instância, tudo isto só divide o clube e tem de parar. Em 2020, quando esta direcção completar 2 anos de mandato, espera-se mais inteligência. E capacidade de exercer o poder que tem de forma plena e firme, mas serena, dignificando o clube. Como o final de mandato do antecessor de Varandas demonstra, iderar não é agitar uns contra outros. É exactamente o contrário: congregar, pelo esforço e mérito, todas as forças de todos os quadrantes, sendo representante dos valores e da missão da Instituição.
QUENTE - O regresso da formação Keizer chegou ao clube com aura de "mago" da formação, mas em pouco mais de meia época acabou por não encontrar na equipa principal lugar para várias promessas da Academia. Menos avesso ao risco, Silas já lançou Max, e com muito sucesso. Camacho respondeu, em Portimão, de forma espectacular, às dúvidas que se colocavam em relação à sua contratação. Quer um, quer outro, têm noção da grandeza do Sporting, coisa que não abunda no actual plantel. À porta da equipa principal estão agora Rodrigo Fernandes, Mateus Nunes, Pedro Mendes, Eduardo Quaresma e outros. E em 2020 teremos ainda o regresso de valores em "rodagem" como Daniel Bragança, Palhinha ou Ivanildo Fernandes. Há razões para acreditar que na próxima época teremos, como tem sido saudável hábito no passado recente, uma equipa-base com metade ou mais de jogadores da formação. Se 2020 não nos trouxer títulos, ao menos que nos traga novos valores, e uma equipa com raça de Leão e "fome" de títulos.
Os meus votos de um Novo Ano verde-e-branco para todos.
«Quero isto a engrenar no futebol para permitir que a discussão se centre onde deve ser: no caminho, na estratégia para o concretizar e nas pessoas para o liderar. Para mim, se Silas resultar, é um problema a menos e encontrámos o timoneiro de campo. Logo nos ocuparemos do plantel.»
«Muitas vezes os meus colegas reclamam, ou vão reclamar, e eu meto-me à frente para poder ser eu a falar, para que não aconteça o amarelo, mas o amarelo acontece na mesma. E não se vê essa parte, vê-se que o Bruno está a falar, está a reclamar, está a dizer. E passa sempre uma imagem muito negativa.»
«O chuto na porta no Bessa não é negativo só para mim. Como é que as imagens vêm a público sem que ninguém se responsabilize por nada, como se fosse completamente normal?»
«O Boavista sabia que tinha sido eu a partir a porta e disse que não se iria escrever nada no relatório, porque não faria sentido, era um momento normal, do calor do jogo. Foi essa a mensagem que passaram. E depois as imagens saem cá para fora. As pessoas com quem eu falei do Boavista dizem que não foram elas, que não foi o Boavista, porque quem tem acesso é a [empresa] CCTV. O que mais me magoa é a Liga. As imagens saem quando não podem sair, porque isso não é permitido [por lei], e a Liga nada faz.»
«Vieram os áudios, continuei a marcar, a assistir, a aumentar os meus números. Depois de tudo o que se falou, o arranque deste ano foi muito melhor do que o do ano anterior.»
«Aquelas palavras [do áudio] foram aquilo que eu disse no balneário. Não só eu. Houve outros jogadores que referiram essas ou outras palavras, mas com o mesmo intuito. Daí aqueles áudios não terem impacto no grupo.»
«Tentamos sempre corrigir um erro de um colega. Às vezes ele não quer ser corrigido, mas são coisas que se resolvem e sempre se resolveram no balneário.»
«Conversei com o míster [Silas] após a discussão com o Eduardo e ele disse-me: "Quero que tu continues a corrigir os teus colegas, a ajudá-los, porque é uma das coisas que fazes bem e eu gostaria de ter mais como tu a fazer isso." Todos os jogadores têm um temperamento e eu como capitão tenho de saber levá-los a todos, e a todos de maneira diferente, assim como o treinador tem de o fazer.»
«Sou um jogador que precisa de responsabilidade, gosto de assumir, de saber que tenho de fazer mais. Não de fazer mais do que os outros, mas fazer mais para demonstrar que, a cada dia que passa, estou melhor.»
«Quando chego a casa, pode ser às 3h, 4h ou 5h da manhã, a primeira coisa que faço é pegar no comando da televisão, puxar [a emissão] atrás, rever o jogo, rever todos os lances em que toco na bola, onde podia fazer melhor, onde a decisão foi má. (...) É uma coisa que já faço há alguns anos.»
«Se os jogadores não conseguirem dar um bom espectáculo, as pessoas estão no direito de assobiarem ou até de dizerem que os jogadores não merecem o apoio delas. Mas nós tentamos tudo para que os adeptos tenham alegrias. Ninguém sai do relvado feliz por perder.»
«Há gente que vai ver o jogos dos sub-19 e dos sub-23 e diz: "Como é que este não está na equipa principal?!" Mas não é igual. O ritmo é muito mais elevado. Independentemente de mostrarem muita qualidade, na equipa principal tudo tem de ser feito duas vezes mais rápido. E às vezes, quando os miúdos se treinam connosco, sentem dificuldade nos tempos, nos momentos de decisão.»
«Para quem tinha dúvidas, mostrámos [em Portimão] que temos uma equipa com muitas soluções e grande vontade de ganhar. Fomos todos grandes leões, à altura do Sporting. Podemos estar orgulhosos uns dos outros. Existiu uma entreajuda enorme.»
«Treinar é algo que eu penso fazer. Por acaso, ainda há uns dias estive a pensar como seria melhor fazer esse percurso de treinador. Se devia começar já e ir tirando o curso aos poucos, com mais tranquilidade. Ou se deixava tudo para o final da carreira. Vou tirar o curso, isso é certo.»
Excertos da entrevista de Bruno Fernandes ao Record conduzida pelo jornalista Alexandre Carvalho
Irá singrar no Sporting? Sou capaz de apostar que sim. E ele já deu um indício claro disso, ao apontar um extraordinário golo no mais recente jogo da nossa equipa - o segundo contra o Portimonense na Taça da Liga, que contribuiu para virar a partida, quando tínhamos um jogador a menos e recuperávamos de dois golos sofridos na meia hora inicial.
Rafael Euclides Soares Camacho fez o início da sua aprendizagem futebolística nas escolinhas do Sporting antes de rumar com os pais a Inglaterra, onde actuou nos escalões de formação do Liverpool. Jurgen Klopp, que o conhece bem, apostou nele não apenas como extremo direito - posição preferida do jovem de ascendência angolana nascido há 19 anos em Lisboa - mas também como lateral. E foi precisamente a percorrer todo o corredor direito, fazendo duas posições, que ele se destacou no recente confronto em Portimão em que saiu enaltecido pela imprensa como o melhor em campo.
Regressou ao Sporting em Junho, como aposta da SAD leonina para reforçar o plantel após duas partidas pelo plantel principal do Liverpool, onde treinou ao lado de craques como Firmino, Mané e Salah. «Gosto de ter liberdade para jogar, fugir dos defesas, driblar, assistir e fazer golos.» Assim se definiu numa das primeiras entrevistas concedidas após assinar o contrato que o faz jogar de Leão ao peito, a troco de uma generosa quantia: o Sporting pagou cinco milhões de euros para o ver de verde e branco.
Demorou a dar nas vistas, com uma lesão pelo meio, mas vem conquistando claramente a confiança de Silas, que não hesita em atribuir-lhe cada vez mais responsabilidade. Ele tem respondido, com notável aptidão técnica e capacidade de desequilíbrio nos confrontos individuais. O golaço a que me referi é um excelente exemplo disso.
Klopp telefonou-lhe quando viu na televisão as imagens desse golo. Rafael certamente sentiu orgulho ao receber um elogio daquele que muitos consideram hoje o melhor treinador do mundo. Fazemos votos, da nossa parte, para que ele nunca se arrependa de ter trocado Anfield por Alvalade. Seria excelente por vários motivos - até para sacudir de vez a maldição do n.º 7, que vem assombrando o Sporting desde a partida de Luís Figo.
«Mais valia ter continuado Sousa Cintra, mesmo com os seus disparates. Sempre construiu um plantel razoavelzito que Varandas fez o favor de desfazer! Não sei o que será melhor para o clube neste momento, confesso. Entendo que não é de todo saudável andar a mudar de treinador e presidente a cada mau resultado, mas não encontro esperança ou capacidade de inverter o rumo com Varandas...»
Respondeste da melhor maneira, na entrevista ao Record, ao imbecil que no Tribunal de Monsanto fez de conta que não sabia quem eras ao atirar-te uma frase digna da pré-primária: «Boa tarde, Joaquim. Como se chama?»
A julgar que assim te amesquinhava - a ti, que és um símbolo do Sporting. Quando afinal só serviu para se cobrir de ridículo.
«O papel dele [advogado de Bruno de Carvalho] passa por tentar enervar-me. Talvez tivesse ordens de alguém para me tentar enervar chamando-me Joaquim. Mas eu também não sei o nome dele e, sinceramente, não estou muito interessado nem preocupado com o facto de ele me chamar Joaquim ou outro nome qualquer. Pelo que me disseram, estamos a falar de um sportinguista. Acho estranho um sportinguista não saber o meu nome. Se é assim tão adepto, deveria saber o nome dos jogadores que representam o seu clube.»
As modalidades leoninas vivem um dos melhores momentos de sempre, dando incontáveis alegrias aos adeptos. Incluindo aquelas que durante anos permaneceram adormecidas em Alvalade, como sucedeu com o hóquei em patins, uma das mais populares entre os portugueses. Há cinco anos, em boa hora, Bruno de Carvalho decidiu recuperá-la. Na presidência de Frederico Varandas, o nível tem-se mantido e até acentuado. Graças a um timoneiro exímio na orientação da equipa: Paulo Freitas, oriundo do Óquei de Barcelos - onde venceu duas Taças CERS - e nosso treinador pela terceira época completa consecutiva.
Com ele ao leme, logo em 2017/2018, o Sporting sagrou-se campeão nacional. Mas as maiores proezas ocorreram já este ano. Primeiro, a 12 de Maio, com a conquista da Liga Europeia, máximo troféu da modalidade ao nível de clubes, reeditando a façanha de 1977, quando fomos campeões europeus com um elenco titular de luxo: Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Chana e Livramento. Depois a 29 de Setembro, com o inédito triunfo na Taça Continental, ao derrotarmos o FC Porto num vibrante Pavilhão João Rocha com casa cheia.
Mais duas páginas inesquecíveis no vasto historial de êxitos de um clube fundado em 1906 para ser tão grande como os maiores da Europa. Páginas a que este treinador de 51 anos ficará para sempre ligado ao comandar uma equipa onde brilham Ângelo Girão, Pedro Gil, Caio, Ferran Font e Gonzalo Romero. Paulo Freitas confirma-se assim como o homem certo no lugar certo. Levando o Sporting não apenas a vencer mas também a convencer pela qualidade do hóquei que pratica, tanto na construção ofensiva como na segurança defensiva.
Honrando da melhor maneira o lema do nosso fundador.
«Concordo que Silas será mais um... para queimar. Mas quem é que quererá actualmente treinar o nosso Sporting, que parece uma casa de "malucos" e em que o presidente faz mais de médico tratador de doentes do que de gestor?»
Há por aqui mais alguma coisa. Infelizmente temos que chegar a essa conclusão, depois do castigo aplicado a Bolasie com um jogo de suspensão, impedindo assim o jogador de poder enfrentar o Porto na próxima jornada. Todos aqueles que viram o jogo com o Portimonense, e repito, todos os que viram o jogo, não tiveram qualquer dúvida em perceber que tinha havido um erro grosseiro do árbitro ao expulsar o jogador. O sr. Pinheiro equivocou-se, enganou-se, não analisou bem o lance, estava distraído, não gosta do verde, não gosta do Bolasie, eu sei lá, pode-se dizer o que se quiser, agora o que toda a gente viu, e ele também viu, foi que Bolasie não agrediu o jogador do Portimonense. Mas admitamos que um "erro de paralaxe" o equivocou. Os auxiliares também não viram? Também se equivocaram? Não deviam ter dito ao seu chefe de equipa que estava a cometer um erro?
Enfim... quanto ao lance fiquemos por aqui. Passemos agora ao relatório do jogo. Seria tão difícil dizer quando escreveu o tal relatório que, apesar da expulsão, verificou que efetivamente se tinha equivocado? O sr. Pinheiro seria mais homenzinho se tivesse reposto a verdade no final do jogo quando escrevia o relatório sentado no seu balneário e depois do duche retemperador. E tinha espaço para isso no seu relatório... era só querer. Mas não quis, manteve e só assim se explica a punição de um jogo aplicado pelo Conselho de Disciplina.
O sr. Pinheiro podia-se ter tornado um bom pinheiro de Natal se tivesse feito uma boa ação, mas não quis emendar e assim continua a ser um pinheiro raquítico, que não dá pinhas, e qualquer dia há de vir uma ventania forte que o há de levar para muito longe.
Um dia destes tivemos na televisão que todos pagamos uma amostra clara do que se usa chamar benfiquistão. Um apresentador de televisão, sportinguista, sem dúvida conhecedor das vigarices perpretadas por um dos seus convidados, presidente do clube rival, ter-se-á visto obrigado a convidar tal personagem para abrilhantar o seu programa. Não quero crer que Fernando Mendes se tenha vendido por um prato de lentilhas. Sabendo bem como funciona o futebol em Portugal, não gostei de ver um conhecido sportinguista fazer a apologia do rei do benfiquistão.
O benfiquistão, e tudo o que à volta dele circula, teve mais um episódio caricato revelador do estado das coisas no mundo da bola: Bolasie, que foi expulso em Portimão de forma caricata e injusta, foi hoje castigado com um jogo de suspensão por ter sido partenaire numa rábula de teatro de revista de duvidosa qualidade levada a cabo no estádio do Portimonense Futebol Clube.
Toda a gente viu as imagens, elas são claras sobre a inocência de Bolasie neste lance que lhe valeu um segundo amarelo e o consequente vermelho. Num país onde o futebol deveria querer ser parte da modernidade e da evolução, castiga-se um jogador com base no relatório do árbitro, que toda a gente viu, inclusive quem impôs o castigo, que errou de forma grosseira. Não virá ao caso, mas este incompetente faz parte daquela fornada que o concursante do Preço Certo lá de cima pagou ao INATEL para formar. Ou terá alguma coisa a ver?
Exige-se que o Sporting peça a despenalização do jogador. É o mínimo, apresentando as imagens de que a FPF dispõe, não precisa de outras. É ridículo? É! É o futebol português no seu melhor.
Muitos adeptos não hesitam em classificá-lo como um dos melhores médios criativos que já passaram pelo Sporting. Aos 25 anos, Bruno Fernandes é não apenas o capitão da equipa mas o prolongamento do treinador em campo, transmitindo constantes indicações de posicionamento aos colegas e dando ele próprio o exemplo de como deve comportar-se um futebolista que traz o emblema do Leão ao peito.
Tem um perfeito domínio técnico tanto a receber a bola como a construir lances ofensivos. Desenha jogadas colectivas na cabeça antes de lhes dar execução prática, denotando uma notável leitura de jogo. Exibe uma invejável capacidade física, surpreendendo aqueles que se deixam iludir pela sua compleição franzina. E revela uma inesgotável fome de golo, bem traduzida em números: nas três épocas que já leva em Alvalade somou intervenções em mais de cem golos, tanto a marcar como a assistir.
Bruno Fernandes é a jóia da coroa do futebol leonino. Não por acaso, foi o único jogador a actuar em Portugal a ser nomeado, muito recentemente, para o onze ideal das competições organizadas pela UEFA.
Terminou a época passada em grande, como médio mais concretizador de sempre no futebol europeu, com um registo de 31 golos: dezanove no campeonato, seis na Taça de Portugal, três na Taça da Liga e três na Liga Europa. Esta temporada segue pelo mesmo caminho: já marcou 13 e fez 12 assistências. Lidera isolado a lista dos goleadores da nossa equipa no campeonato e é o rei da participação em golos, à escala continental, na Liga Europa, com média de um marcado por jogo. Compensando assim, em boa parte, o facto de contarmos apenas com um ponta-de-lança, aliás nem sempre disponível, para as competições internas.
Em boa hora regressou, recusando o bónus de cinco milhões de euros a que teria direito. Comporta-se em cada jogo com o entusiasmo de um estreante e a sabedoria de um atleta em fim de carreira, conciliando o melhor de dois mundos. E está a tornar-se um jogador cada vez mais influente também na selecção nacional: muitos vaticinam que será titular no próximo Campeonato da Europa, onde Portugal vai defender o título.