E de repente veio-me à memória (uma frase batida) a frase preferida de Mortimore, treinador dos rivais há um ror de anos, cuja equipa não jogava nadinha, mas que por obra e graça do Espírito Santo lá conseguia ir ganhando os jogos, quase todos, por 1-0. À sacramental pergunta dos jornalistas, "mister, de novo um a zero?..." Mortimore respondia invariavelmente "um a zero, dois ponta!"
Pois hoje foi um a zero e três "ponta". O resto há-de vir depois, espero eu.
Foi uma vitória crucial para relançar a temporada, obtida a partir duma das piores exibições dos últimos tempos e com os artistas da companhia remetidos a papéis menores, alguns até ao banco. Nota-se que a moral da equipa bateu no fundo com os últimos resultados, as mudanças/invenções tácticas dos sucessivos treinadores e com as (no mínimo inoportunas) declarações do seu capitão. Nada ou quase nada sai bem. Valeu um lance fortuito para resolver o encontro.
Mas também nada de muito melhor se poderia esperar, e agora há que ganhar os próximos desafios de forma a que a confiança e a paz regressem ao balneário. Oxalá Silas tenha a sensibilidade e a competência necessária para recuperar a união e o espírito de equipa que existiram no Jamor, e que quase se perderam completamente nestes poucos meses. Porque independentemente das estratégias e tácticas isso é essencial.
Bruno Fernandes, Acuña e Wendel têm de voltar a ser o que foram no passado, em particular nos melhores momentos da última época.
Temo profundamente que os mesmos sócios, repito os mesmos sócios, onde eu não me incluo, que expulsaram BdC de sócio do Sporting, venham um destes dias dizer: regressa Bruno que estás perdoado!
No final de Fevereiro deste ano escrevi aqui que não acreditava na capacidade deste presidente para dirigir o nosso clube. Ao longo dos últimos meses esperei, caladinho, por não ter razão. A entrevista de sábado não foi mais do que a confirmação que Varandas não tem quaisquer condições para se manter como presidente do nosso clube. Num clube democrático como é o Sporting, eleições não são, de todo, uma forma de instalar qualquer confusão. São acima de tudo o meio para que os sócios do clube possam escolher a melhor opção para nos dirigir. Ninguém podia esperar, depois da desastrosa pré-época, que na entrevista de sábado o presidente Varandas pudesse surpreender. Infelizmente os problemas de comunicação, tão evidentes desde que se assumiu como candidato, não eram apenas problemas de comunicação. Não se pode aceitar o nível de amadorismo que tem pautado este último ano. Todos temos que saber o tamanho das nossas pernas. Ninguém questiona o Sportinguismo do presidente e dos que o acompanham na direcção. Se isso chegasse, todos poderíamos ser presidentes do nosso clube.
Espero que o presidente tenha a humildade para reconhecer que não há nada que possa fazer que consiga inverter o que fez no último ano. E saia.
Nos 21 destaques feitos pelo Sapo em Setembro para assinalar os dez blogues mais comentados nesta plataforma ao longo do mês, És a Nossa Fé recebeu 21 menções. Fazendo assim o pleno, pelo quarto mês consecutivo.
Além disso, figurámos 20 vezes no pódio dos mais comentados - com dez "medalhas de ouro", nove de "prata" e uma de "bronze".
Recorde-se que os textos publicados ao fim de semana são agregados aos de sexta-feira para este efeito, o que leva o número de destaques a ser inferior ao número de dias.
Teresa Dimas, jornalista da SIC, certamente nunca teve nem talvez volte a ter pela frente um entrevistado que, em 32 minutos, pronuncie tantas vezes o nome dela.
Pelas minhas contas, Frederico Varandas disse 115 vezes «Teresa» ao ser entrevistado por ela no Jornal da Noite de sábado. Se não for recorde nacional, anda lá muito perto. A merecer medalha. E talvez menção no Guinness.
«Tenho esperança de que Rosier seja alternativa a Ristovski e precisamos de um central jovem e rápido para pensarmos no futuro. A construção de uma equipa deve ser feita da defesa para o ataque, e não o contrário, pois sempre ouvi dizer que o ataque ganha jogos mas a defesa ganha campeonatos. Lembro-me que no ano em que fomos campeões com Beto Acosta, André Cruz, Duscher, Schmeichel, etc., fartámo-nos de ganhar jogos por 1-0. Falta mais um ponta-de-lança, temos alas em excesso, e precisamos de um Battaglia em forma para potenciarmos Wendel e os outros jogadores da frente.»
O Sporting voltou a sofrer dois golos, voltou a perder em casa, voltou a escorregar pela tabela classificativa abaixo.
Desta vez perdemos com o Famalicão, que lidera o campeonato desde a quarta jornada, como equipa invicta. A grande surpresa desta Liga 2019/2020. Até estivemos a ganhar - com um golaço de Vietto - e fomos para o intervalo com vantagem no marcador, o que sucedeu pela primeira vez nesta temporada. Mas o segundo tempo foi uma desgraça: o Famalicão dominou, marcou dois golos (com Coates a ajudar, facturando o segundo) e pela primeira vez na sua história roubou-nos pontos em Alvalade. Uma tristeza.
Pelo menos na habitual ronda de prognósticos, por cá, houve quem marcasse golos, antecipando o resultado: a nossa leitora Maria Inêse o nosso leitor Sam. Vencedores ex-aequo, mostrando aos nossos jogadores como se faz.
Alguém hoje contabilizou já em quanto desvalorizou a marca Sporting essa coisa levianamente dita pelo senhor presidente do Conselho Directivo, Frederico Varandas, de que o Sporting é um clube de malucos?
Esclareço antecipadamente que o meu contributo para a sua saída da cadeira do poder é o mesmo que dei para a saída do antecessor no cargo, nenhum. Não subscreverei listas de destituição, tal como não subscrevi para o anterior e se porventura houver lugar a uma AG onde o assunto seja a destituição, farei questão de não estar presente, como não estive na que destituiu o antecessor. A minha "batalha" será aqui, para a exigência da apresentação do pedido de demissão de todo o órgão. O próprio deverá chegar à conclusão de que faz já parte do problema, sem nunca ter chegado a fazer parte da solução.
Como é que se costuma dizer? Isso... Os superiores interesses do Sporting.
Lamento que Frederico Varandas não tenha ontem aproveitado a entrevista de 32 minutos em horário nobre à SIC para dizer, sem esperar por pergunta alguma, que abdicará do aumento salarial que lhe foi proposto pela comissão de accionistas da SAD. Mais que lamentável: é imperdoável. Como dizia o outro, não há segunda oportunidade para uma primeira impressão.
Frederico Varandas perdeu ontem mais uma oportunidade para dar confiança aos sportinguistas? Sim... Teresa. De entrevista em entrevista, FV parece cada vez menos ambicioso para o Sporting? Infelizmente, sim. A este ritmo, daqui a dois meses já se dá por contente com a manutenção na primeira liga. A direcção que FV encabeça planeou esta época de forma amadora? Sem qualquer dúvida. Devemos estar preocupados, ao contrario do que FV diz? Ó, se devemos.
Agora... Precisamos de um novo presidente e de uma nova direcção? Bem, entendo quem diz que sim, mas acho que não neste momento. E dou cinco razões para isso:
1. Mal ou bem, FV conseguiu dois títulos na primeira época.
2. Não se pode avaliar uma direcção por um ano de trabalho, quando foi eleita para quatro.
3. Esta direcção é jovem, inexperiente. Era óbvio desde o início que ia cometer muitos erros, até porque herdou uma situação complicada.
4. Quem/qual é a alternativa, e o que nos garante que não será pior?
5. Mais importante que tudo, será que queremos que os presidentes, tal como os treinadores, passem a estar dependentes de ciclos de sete ou oito jogos? Cada ciclo mau, um novo presidente e uma nova receita?
Começa por declarar que Silas era exactamente o treinador que queria e que correspondia ao perfil, para de imediato revelar ter feito convites a outros de maior gabarito. Deixou escapar que um deles recusara o Sporting por ser “um clube de malucos”, tentou disfarçar o que disse, mas a entrevistadora não lho permitiu.
Senti vergonha alheia. Varandas pura e simplesmente não percebeu o enxovalho. Mourinho? Jardim? Um deles chamou-lhe maluco na cara, com todas as letras. Porque uma expressão destas, dita por quem está a ser abordado para contratação, é evidente que se refere à organização e aos dirigentes que a gerem e ali a representam.
No resto da entrevista, segundo percebi, tentou explicar que “malucos” são os sócios que engolindo o aumento de preço pagaram a game box desta época e que, estranhamente para ele, mostram o seu desagrado e a sua impaciência pelo espectáculo que lhes é oferecido. Os mesmos sócios a quem se quer pedir que aprovem um aumento dos vencimentos dos dirigentes.
Se Varandas acha que “malucos” são os sócios, porque não haveria de achar que essse descontentamento é manipulado? E aqui, nos encravanços do verbo, nos tropeções de frases que não vão ter a lado de nenhum, nas explicações sem lógica nem tino, na agressividade contra os sócios, esses miseráveis ingratos, Varandas recordou as últimas entrevistas de Bruno, naquele mesmo canal. O Presidente do Sporting saiu dali como o bobo da aldeia do futebol.
Por mim, que votei nele e agora vem insultar-me, devolvo a Varandas o respeito com que ele me trata.
Nenhuma entrevista de um dirigente político, empresarial ou desportivo deve ser feita de improviso, sem preparação. Sobretudo quando se trata de uma entrevista a um canal televisivo, em sinal aberto, à hora de maior audiência.
Na preparação de qualquer entrevista, que inclui a simulação de perguntas com uma equipa de assessores especializados e a preparação das respostas mais indicadas a essas questões, com particular incidência naquelas com maior potencial polémico, a preocupação deve ser de forma mas sobretudo de mensagem. Desde logo, antecipando o título jornalístico que se pretende transmitir.
Recuso acreditar que a equipa de assessores de Frederico Varandas lhe tenha sugerido que a ideia-força a emergir desta entrevista fosse esta de o Sporting ser «um clube de malucos», associada à noção de que nenhum técnico credenciado aceita treinar em Alvalade. Nem a equipa mais incompetente e amadora prepararia uma entrevista nestes moldes.
Resta, portanto, a hipótese alternativa: a de que a declaração inicial de Varandas - e que marcou esta deplorável entrevista ao Jornal da Noite, da SIC, matando à nascença o seu potencial enquanto factor de motivação dos sportinguistas - tenha resultado do improviso. Na linha do que sucedeu com a abortada venda de Bruno Fernandes, com a saída de Bas Dost a preço de saldo, com a desastrada preparação da época, com a não-inscrição de Pedro Mendes nas provas organizadas pela Liga, com as apostas malogradas em sucessivos técnicos, com o pior arranque de uma época futebolística registado desde sempre no Sporting.
Vejo nesta madrugada a entrevista do presidente do clube. É pungente. Ouço, com piedade, os primeiros 4 minutos: que atitude subjaz as declarações iniciais de Varandas? O clube em crise, insatisfação generalizada, preocupação de associados e adeptos. Como começa Varandas? Como sempre o auto-elogio, agora recorrendo a elementos externos: gaba a sua própria coragem, a sua própria paciência. E fá-lo através das palavras de treinadores (Mourinho, Jardim). Ou seja, nesses primeiros 4 minutos Varandas - marcando, de forma letal, o rumo da entrevista - sufraga a ideia de um "clube de malucos" (ideia que muitos de nós até partilharíamos, se em privado) para propagandear a sua "coragem" e a sua "paciência". Isto não é só pequenez, é desnorte. Para quê? Não entende ele que o fundamental é ser gabado por sportinguistas e não por treinadores que lhe recusam os convites?
Pungente? Logo de seguida, a partir dos 4 minutos, decide dar uma mensagem "directa", que entende necessária, aos sportinguistas. E balbucia uma longa deriva afirmando a "humildade" dele próprio e dos corpos dirigentes. Entenda-se, numa entrevista importante num momento de crise, Varandas começa por recorrer a um dichote externo propagandeando a ideia "de um clube de malucos" para poder sublinhar a sua "coragem" e a sua "paciência". E de seguida diz que a mensagem fundamental a transmitir é a da sua "humildade". Vejam os primeiros 7 minutos, e é isto, nada mais do que isto.
A importância de uma entrevista televisiva é muito relativa. De facto só tem relevância pelo que demonstra da personalidade do entrevistado e do estado da sua auto-consciência. E é notório que Varandas não se percebe a si próprio, devido às suas características. Ao longo do tempo, desde a sua apresentação como candidato, que o venho referindo: trata-se de alguém basto auto-convencido -. o que não é defeito, é característica. E que gere segundo intuições, crê na sua intuição, e em demasia. Isso dá azo a imprudências, e a opção Keizer disso foi exemplo. Letal. A ponderação, a prudência, apesar do tom repousado da sua expressão pública, é-lhe estranha.
Varandas será um belo profissional da medicina. É com toda a certeza um grande sportinguista, dadivoso. A sua disponibilidade para liderar o clube após o descalabro do anterior presidente é mais do que elogiável. Tudo aponta para que seja um homem probo. Mas torna-se óbvio, e ontem a televisão mais uma vez o demonstrou, que não tem as capacidades intelectuais necessárias para administrar um clube como o Sporting.
Como tal, mais do que discursos louvando a "estabilidade" ou sacralizando regulamentares prazos de mandatos, é importante que se perceba que vai haver eleições a curto ou médio prazo no clube. Pois após apenas um ano a direcção Varandas está esgotada, na trapalhada da gestão do futebol, nos tiques autoritários (o caso da elisão do campeão mundial de judo é totalmente inaceitável), na incapacidade de apreensão do real, na demagogia (o financista Salgado Zenha especulando sobre futebol), na desastrada comunicação com os associados e a massa adepta. Etc. Ou seja, estes corpos sociais ofertaram-se, generosamente, ao clube. E falharam. Urge compor nova opção, e o quanto antes para evitar maiores maleitas.
Não conheço as pessoas, não vivo a vida interna do clube. Mas vendo-o de fora parece-me que a solução é interna. Vendo de longe parece-me, e apenas especulo, que Miguel Albuquerque, o homem do sucesso das modalidades amadoras sob Bruno de Carvalho e que vem mantendo esse barco com Varandas, tem as características para inverter a deriva presente e passada. Congreguem-se as tendências sportinguistas, suspendam-se os desbragados egos, desistam os interesses esconsos. E mude-se isto, antes do Natal se for possível.