Um ponto prévio: sou por princípio contra mudanças no decurso da época, a não ser em casos que o justifiquem e que devem ser verdadeiramente excecionais. Portanto não estou de forma nenhuma a defender a saída de Marcel Keizer. Estou só a especular e a falar academicamente.
Um esclarecimento ao ponto prévio: um desses casos excecionais que justificam o despedimento a qualquer altura, sem mais justificação, é o de José Peseiro, que deveria ter saído logo no final da época de 2005 e nunca mais deveria ter entrado no Sporting.
Dito isto, eu não me importaria nada de um dia voltar a ver Jorge Jesus no Sporting. Jesus cometeu muitos erros, mas se tivesse tido um mínimo de estabilidade no final da época passada teria lutado pelo título até ao fim e, sem dúvida, conquistado o acesso à Liga dos Campeões e ganhado a Taça de Portugal. Eu não exijo aos jogadores e equipas técnicas ganhar sempre: exijo-lhes lutar sempre para ganhar até ao fim e obterem resultados consentâneos com a sua valia e a dos seus adversários. (Às direções exijo que contratem jogadores e treinadores ambiciosos e com valor para ganhar.) Tendo em conta este critério, o trabalho de jogadores e equipa na época passada pareceu-me bastante aceitável e com tendência para melhorar. Se houvesse estabilidade, aquele grupo acabaria por ser campeão. Pensava eu e pensavam muitos sportinguistas. Na mesma linha de raciocínio, gostaria de ver no Sporting muitos dos jogadores que partiram (dos que rescindirame voltaram nem vale a pena falar, não acham?). Gostaria muitíssimo de ver o Fábio Coentrão e o Adrien. Gostaria de ver o Sporting a convencer o Simeone de que ele não sabe escolher bem jogadores, e a devolver o Gelson. Desde que fosse um negócio com o Sporting a propor ao Atlético que aceitaria o Gelson pelo mesmo dinheiro que o Atletico pagou por ele, e nem mais um cêntimo - o passe, e não um empréstimo. Nestas condições - mas só nestas - aceitaria bem o Gelson, em vez de o ver a demonstrar o seu talento com o Leonardo Jardim, como estou certo de que vai ocorrer. Também não me importaria nada de voltar a ver o Rúben Semedo de leão ao peito - preferi-lo-ia ao Ilori. Cu bo ti fim de mundo. Nunca fui defensor da máxima "orgulhosamente sós" que infelizmente tantos sportinguistas parecem defender. E agora, como diria um ex-membro deste blogue na sua coluna regular na imprensa, chamem-me o que quiserem.
Muito se discute, nestes dias, a especificidade portuguesa de não haver partidos populistas dignos de registo, com representação parlamentar, algo que cada vez mais constitui uma exceção na Europa. Pode haver vários motivos, mas a meu ver um dos principais está noutra especificidade portuguesa: temos quatro canais noticiosos, e todos eles têm infindáveis programas de "debate" sobre futebol. Anda-se a discutir futebol toda a semana. A isto acrescem três diários desportivos, todos eles com uma dedicação largamente maioritária ao futebol. Neste mês de Janeiro esteve aberto o mercado de jogadores. Não se passou assim nada de especial, mas todos os dias - todos - o "Record" tinha uma secção intitulada "Mercado a ferver". Há a propensão para a caça a notícia, e quando não há inventa-se. Não há "coletes amarelos" portugueses porque eles andam entretidos com isto. E, no caso dos sportinguistas, a comentar em blogues e nas redes sociais.
(Imagem roubada aos "Truques da Imprensa Portuguesa")
Rebentava a Operação Lex - e o Benfica via-se cada vez mais a braços com casos judiciais. Nem o jornal A Bola conseguia evitar o assunto.
«Operação Lex abala a Luz - Buscas no clube e em casa do presidente do Benfica em processo relacionado com Rui Rangel», escrevia o matutino, nesse dia 31 de Janeiro de 2018, a toda a largura da primeira página.
Ontem, no Bonfim, batemos um recorde da última década. Mas um recorde nada lisonjeiro. Segundo leio na imprensa de hoje, há 566 jogos que o Sporting não entrava em campo sem nenhum jogador da formação. Tinha acontecido pela última vez em 20 de Outubro de 2007 num confronto com o Fátima para a Taça da Liga.
Nas doze épocas anteriores, partida após partida, actuámos sempre com pelo menos um elemento formado na Academia de Alcochete no onze titular. Uma saudável tradição agora quebrada neste desafio com o V. Setúbal: só aos 63', quando Nani entrou, tivemos enfim alguém da nossa formação em campo. Já Jovane e Miguel Luís permaneceram no banco de suplentes do princípio ao fim.
Jorge Jesus foi despedido, sem apelo nem agravo, do Al-Hilal: a sua experiência saudita redundou num fracasso, não tendo sequer durado oito meses.
Fecha-se esta página, outra vai abrir-se. Aqui deixo, portanto, a pergunta aos leitores em jeito de teste à perspicácia de cada um: Jesus regressa a Portugal para treinar em breve o Benfica, o FC Porto ou o Sporting?
Mais uma vez desafiei o bom senso e rumei ao Bonfim, para observar a cores e ao vivo um desafio muito disputado, à chuva e num terreno pesado, e com uma daquelas arbitragens manhosas e medíocres que sempre nos aparecem nestas ocasiões.
Acabei por assistir ao jogo com um bilhete comprado por 4€ e 85 cêntimos (era o que tinha trocado) a um adepto vitoriano que tinha desistido de ir ao jogo, em pé e à chuva, porque cobertura não havia e as cadeiras estavam encharcadas, no meio dos poucos vitorianos que não levaram a mal que berrasse o golo do Bas Dost. E no final lá fui ao choco frito do Leo, carpir as mágoas.
O Bonfim para o Sporting não costuma ter bom fim. É um facto.
Como diz o nosso presidente, o Sporting tem de olhar para dentro e analisar os erros que está a cometer nestas viagens a terras pequenas, onde clubes a lutar pela descida entram para o campo com a lição bem estudada e com confiança que vão sair com pontos.
E quais são os principais erros que vejo neste tipo de jogos cometidos pelo Sporting de Keizer, não falando dum ou outro jogador que aqui e ali faz por demonstrar que não tem a categoria mínima para vestir a nossa camisola?
Erro 1 - Não marcar primeiro. O Sporting não pode entrar em campo amolecido, avançando linhas alegremente, deixando os centrais desprotegidos, e levar com um golo no contra-golpe depois de falhar uma ou outra oportunidade. Depois do adversário marcar primeiro, o campo torna-se mais pequeno, a confiança deles exponencia-se, o público da casa empolga-se, o tempo passa, os adversários caem redondos no chão ao mínimo toque, o árbitro ajuda à festa e fica tudo mesmo muito complicado. Tem de entrar controlando a bola e o jogo, não dando hipóteses a qualquer golo contrário. E marcar primeiro.
Erro 2 - Discutir com os árbitros. Parece uma praga que este ano invadiu Alvalade, a começar pelos capitães Nani e B. Fernandes, a que se juntou o mau exemplo de Beto, e com extremos naqueles que vivem intranquilos com a hipótese de transferência no mercado de inverno, Acuña e Ristovski. Não falando no Jefferson. Quantos amarelos e vermelhos já viram esta época os jogadores do Sporting por discutirem com os árbitros? E quanta desfocagem e desconcentração isso causa durante o jogo? E qual é o resultado positivo da discussão? Isto tem de acabar duma vez por todas, a bem ou a mal, o prejudicado é o Sporting.
Erro 3 - Rotatividade. Se há posições que requerem estabilidade, GR, DCs, PL, MC/6, nas restantes o desgaste é tremendo e não podem jogar sempre os mesmos, arrastando-se em campo e tomando más decisões por fadiga também mental. Existe a competitividade interna e o bom ambiente de todos se sentirem úteis.
E assim ficámos a 5 pontos do Benfica antes do dérbi de Alvalade...
Espero que os gabinetes de prospecção da DHL e UPS tenham prestado a devida atenção a Hélder Malheiro. Há muito tempo que não via alguém tão competente a entregar uma encomenda à hora e no local combinado. E ainda por cima já em horário nocturno!
Quem me lê sabe que apoio a actual direcção sem dúvidas ou hesitações. Confio no presidente Frederico Varandas, mas de forma alguma fico condicionado na minha capacidade para criticar ou pedir explicações sobre situações que não entendo. A escolha de Marcel Keizer foi uma surpresa porque desconhecia até a existência do treinador, que se revelou agradável pelas exibições e resultados produzidos. A alegria instalou-se em Alvalade, mas infelizmente foi sol de pouca dura. É verdade que presidente e treinador não planificaram a época, mas o mercado está aberto e já lhes foi possível efectuarem alguns ajustes. Com um plantel curto, uma época longa e desgastante pelo facto de estarmos em quatro competições é necessária alguma rotação de jogadores, sob pena de chegar aos jogos decisivos em Abril e Maio, com os jogadores mais influentes arrastando-se pelo relvado. Se jogadores como Bale, Modric, Cristiano Ronaldo, Messi ou Suarez entre outros são poupados nalguns jogos, por que razão Bruno Fernandes, Nani, Coates, Mathieu ou Bas Dost não podem descansar à vez? Mas há situações que de todo escapam à minha compreensão, Jovane Cabral jogou algumas partidas a titular, sem grandes exibições é certo, mas foi tremendamente decisivo nalguns jogos saindo do banco. Não entra em campo há quantos jogos? Miguel Luís foi opção no meio-campo em vários jogos consecutivos, tendo assinado uma boa exibição diante do Belenenses, inclusivamente apontando o golo da vitória. De então para cá não calçou. Luiz Phellype que foi o primeiro reforço desta reabertura do mercado, apenas foi titular num jogo. Francisco Geraldes não leva qualquer minuto, limitou-se a estar presente alguns jogos no banco, o que faz supor que os problemas físicos com que chegou estarão resolvidos, ou não teria sido convocado. Para já gostei do que vi ontem em Doumbia, precisamos alternativas na defesa para lesões e castigos. Mas não podemos continuar a desperdiçar activos, veja-se a postura do rival do Norte com jogadores que não renovam em final de contrato, seguida esta época também pelo rival da 2ª circular. Ambos com maior número de soluções no plantel e melhor qualidade que a nossa. Pelo que não compreendo nem aceito a não utilização de jogadores como forma de pressão seja para o que for. Com resultados desportivos desastrosos para o clube, como temos vindo a assistir...
Quando José Peseiro foi despedido, entre manifestações de intensa euforia de muitos sportinguistas, incluindo aqui no blogue, seguíamos dois pontos atrás do FC Porto no campeonato e estávamos só um abaixo do Benfica (cumprido já o difícil desafio na Luz). Apesar de termos acabado de perder jogadores nucleares e atravessado um dos Verões mais conturbados de que há memória.
Hoje, após nove jornadas sob o comando de Marcel Keizer, vemos os portistas a dez pontos de distância e temos o Benfica cima pontos acima. Apesar dos reforços entretanto chegados a Alvalade.
Salvou o ponto possível nos descontos, quando Nani fez um atraso de bola calamitoso e ofereceu um segundo golo dos setubalenses que o brasileiro não deixou acontecer. Teria sido o pior castigo imaginável para quem começara a tornar-se mero observador depois de uma primeira parte trabalhosa, e na qual foi deixado à mercê do adversário no lance do golo que ajudou as duas equipas que não chegaram à final da Taça da Liga a adiantarem-se na luta pelo outro lugar de acesso à Liga dos Campeões que não implica vencer o campeonato.
Ristovski (2,0)
Pareceu-lhe que era boa ideia gritar com um árbitro que aos dez minutos já tinha amarelado o colega que evitou ser expulso por acumulação e preferiu deixar escapar o autor do golo da equipa da casa. Tudo bem que o macedónio teve uma ligeira atenuante: Hélder Malheiro nem falta marcou ao adversário que lhe desferiu uma cotovelada capaz de fazer nascer de imediato um enorme galo na testa. Expulso quando a equipa tentava inverter o resultado negativo, ainda demonstrou dotes de ninja ao partir uma bandeira de canto com um pontapé, pelo que a suspensão que irá receber por ter sido agredido à cotovelada enquanto o videoárbitro metia sal nas pipocas é capaz de o afastar de mais jogos além da recepção ao Benfica. Diga-se, em abono da verdade, que não estava a fazer um jogo brilhante antes de perder a cabeça em mais do que um sentido.
Coates (4,0)
Terminou o jogo como único central leonino e, tendo em conta que toda a gente que joga ao seu lado acaba por sucumbir à fadiga muscular ou partir o nariz, talvez seja altura de apostar no 3-3-4 depois de o 3-2-4 ficar muito perto de valer três pontos. O uruguaio voltou a mostrar a razão para, se houver justiça antes do reino dos céus, acreditar que ainda conseguirá grandes conquistas ao serviço do Sporting. Incansável a defender, com uma única falha que teve de resolver com o agarrão que lhe valeu um cartão amarelo que ficou colado no bolso em intervenções homólogas de adversários, manteve a média de cortes providenciais e integrou-se com extrema raça e critério em jogadas de contra-ataque. Não conseguiu marcar, mas pode ser que se esteja a guardar para os principais beneficiários dos dois pontos deixados em Alvalade.
Petrovic (2,5)
Já habituado a estar em campo com o nariz fracturado, desta vez teve direito a uma máscara facial para o proteger após ter sido operado. Infelizmente faltou-lhe protecção contra quem lhe mostrou o amarelo aos dez minutos, o que o dissuadiu de derrubar o autor do golo do Vitória de Setúbal. Compensou a falta de velocidade, perigosa ao enfrentar avançados rápidos, com entrega e bom timing nos cortes, acabando por ver-se sacrificado na hora do tudo por tudo.
Jefferson (3,5)
Com Acuña de partida e Borja de chegada, ninguém mais havia para titular. Facto: no primeiro quarto de hora de jogo fez dois cruzamentos aos quais só faltava um lacinho, mas Bas Dost desperdiçou os presentes do brasileiro com duas cabeçadas muito aquém dos mínimos. Jefferson não esmoreceu e passou o jogo inteiro a cruzar bolas, quase sempre em boas condições, sem que ninguém quisesse corresponder ao esforço de quem terminou só com dois colegas na linha defensiva.
Idrissa Doumbia (3,0)
Os primeiros minutos ao serviço do Sporting mostraram que pode ser uma solução muito mais dinâmica do que Gudelj para a posição 6. Ainda que não tenha convencido completamente no que toca a poder de choque, o reforço de Inverno é capaz de acelerar jogadas, tem visão de jogo e poderá ser muito útil em jogos vindouros. No desafio em apreço acabou por ser substituído para que o 3-2-4 aparecesse em Setúbal, sem o efeito obtido aquando de outra aparição, cento e tal quilómetros mais a norte.
Wendel (3,0)
Tentou resolver o problema com remates de média distância, após desperdiçar uma ocasião dentro da grande área, e em posição frontal, devido a uma overdose de fintas. Terminou muito cansado, visto que o ónus de jogar com menos um recaiu em grande parte sobre o meio-campo, o que não o impediu de a poucos minutos do final embrenhar na área e servir Bruno Fernandes para uma das melhores oportunidades de consumar a reviravolta.
Bruno Fernandes (3,5)
Conseguiu três grandes proezas - o remate oportuno que Bas Dost desviou para golo, resistir às recorrentes cacetadas dos adversários e chegar ao fim sem o segundo amarelo ao engolir palavras perante as artimanhas de um novo valor da arbitragem nacional -, e só lhe faltou um pouco de sorte para manter o Sporting próximo das duas equipas que não foram à final da Taça da Liga e lutam pelo lugar de acesso à Liga dos Campeões que não implica vencer o campeonato. Voltou a fazer passes emolduráveis e mesmo um cruzamento que só não foi perfeito porque Raphinha provou ser bastante mau a cabecear.
Raphinha (3,0)
Tirando aquela parte de ter recebido um cruzamento perfeito no coração da grande área e ter cabeceado sem nexo ao lado da baliza? O brasileiro voltou a agitar o ataque leonino, produzindo uma sucessão de jogadas que ninguém fez o favor de aproveitar. Na hora de desespero, sendo necessário Nani em campo, foi ele a sair em vez de Diaby, por razões que só Keizer conhece.
Diaby (2,0)
Bem tentou disputar bolas dentro da grande área adversária, mas Oliver Torres não foi emprestado ao Vitória de Setúbal, pelo que ninguém o chegou a carregar de forma tão flagrante que nem o ‘dream team’ para ali mobilizado pudesse ignorar. Particularmente penoso foi assistir à tentativa de pontapé de baliza em que se estatelou após falhar a bola.
Bas Dost (3,0)
Marcou um golo de elevada nota artística, com um toque com “a parte lateral do pé” e de costas para a baliza, mas passou o resto do tempo a recordar os adeptos e colegas de que anda de cabeça perdida no que respeita a utilizá-la para desviar bolas para o fundo das redes. Qualquer momento será apropriado para retomar aquela média de concretização que chegava a parecer demasiado boa para o rectângulo à beira-mar plantado.
Bruno Gaspar (3,0)
Chamado a jogo após a expulsão de Ristovski, combinou bem com Nani e fez um bom cruzamento que contribuiu o golo do empate. Também se aguentou bastante bem nas missões defensivas, ainda que uma linha de três com Coates no meio seja meio caminho andado para o sucesso.
Nani (3,0)
Tinha pouco mais de meia hora para ajudar a virar o resultado e livrar-se de ver o amarelo que o afastaria da recepção ao Benfica. Cumpriu o segundo objectivo e fez tudo o que estava ao seu alcance para atingir o primeiro, incluindo driblar um quarteto de adversários até ser derrubado. Pena é que tivesse ficado a um passo de oferecer a vitória ao Setúbal com um atraso incrivelmente disparatado.
Luiz Phellype (2,0)
Voltou a não conseguir fazer a diferença nos minutos que ficou em campo. Aguarda-se que isso suceda, mais cedo ou mais tarde, pois até ao presente momento não justificou a contratação.
Marcel Keizer (2,5)
Viu-se forçado a entregar a titularidade ao facialmente desafiado Petrovic, face à ausência de Mathieu e à falta de coragem para arriscar no corpulento Abdu Conté, apostou na estreia de Idrissa Doumbia face ao castigo de Gudelj, e deixou Nani no banco. Podia ter corrido bem, mas não era noite para isso, e se a desvantagem não levou o holandês a ser particularmente criativo, talvez por crer que o seu compatriota acabaria por cabecear decentemente , ficar com menos um jogador teve o condão de agitar a imaginação do pioneiro das tácticas 3-3-3 e 3-2-4, essa última prejudicada pela ineficácia do segundo avançado-centro. Mais difícil de explicar é o critério para prescindir de Raphinha em vez de Diaby.
O Vitória (de Setúbal) é a minha segunda equipa. Com pouco afã mas é. Não, não é por causa do verde-e-branco (ainda que ajude). Nem nunca "fui muito feliz em Setúbal". É mesmo por causa do Allison, do Manel e do Rui Manuel Trindade Jordão (e não me venham para aqui uns putos falar da rábula do Gauld e do Geraldes, que não sabem nada da história ...). Dito isto, avante.
O Vitória tem um plantel muito curtinho, valha-lhes Deus Nosso Senhor. Pois "não há dinheiro, não há palhaços" (não, não é insulto, o dito refere-se a artistas). Como não há dinheiro parece que os jogadores têm o taco em atraso. Nem começaram mal o campeonato mas estão a afundar. Os golos mais que rareiam, os pontos já nem os alcançam. Está o clube tão mal que na semana passada o treinador foi à vida - não foi uma "chicotada psicológica", o homem fez-se à estrada para onde lhe pagassem, seguiu para a Arábia Saudita mas afinal parou no Bessa. Ficou o director do futebol a tratar do assunto enquanto não arranjam alguém que se queira meter na boca do sado nestas condições.
E nisto tudo, para piorar, são visitados pelo campeão de inverno. Ok, o árbitro inventou ali na história do Ristovski. Mas não chega para esta miséria. Certo, se houvesse penalties no fim, para o desempate, teríamos ganho. Mas no campeonato não há. Há só isto. Uma equipa que vai a Guimarães e leva um banho de bola e uma derrota. Que vai a Tondela e leva umas arroxadas e uma derrota. Que empata em casa com o Porto, a jogar o q.b. para empatar (as pessoas terão visto o tempo que o Renan levava a devolver a bola para o jogo?, o que isso mostrava da disposição mental dos jogadores? E se calhar das instruções?). E que agora empata com o medíocre Setúbal, sem jogar a ponta de um chifre. Eu vou repetir o notório: derrota com o Guimarães, derrota com o Tondela, empate com o Setúbal.
É certo que olho para a equipa e há coisas que não percebo. O campeão de Inverno só tem 3 centrais no plantel, durante o Janeiro que é sempre difícil? Mas não há equipas sub-isto e sub-aquilo, cujos jogadores são para fazer subir à equipa principal quando necessário? Ainda para mais agora que se fez uma sub-23, jogadores já graúdos? E aquele Diaby joga sempre porquê se nunca joga? E os miúdos da Academia, que o Jesus não lançava apesar de tão talentosos, e que um treinador da escola Ajax tornaria estrelas, onde andam eles? Aquele Jovane, aquele outro rapaz que o avô, tão simpático, foi "apanhado", comovido, quando o neto marcou um golão? E úo leitor de Saramago, que não deixaram ficar em Setúbal, onde jogava, e agora também não na Alemanha, onde talvez viesse a jogar? E outros que devem se calhar andar por lá? Quando é que virá um holandês voador da escola Ajax, para lançar os miúdos?
Eu vou repetir, caso não tenham lido com atenção. Derrota em Guimarães, derrota em Tondela, empate com o Setúbal (e o Setúbal nestas condições, imagine-se que estava um bocadinho melhor ...).
O presidente Varandas está a dormir? A massa adepta, o "Universo Sporting", emigrou? Francamente, dr. Varandas, não há volta a dar-lhe: demita o Peseiro, já! O homem não tem mãos para isto.
Nas vésperas dos jogos, daqueles que apelidamos de especiais, perdemos sempre pontos. Esta sina já vem de longe e hoje mais uma vez aconteceu em Setúbal. Podemos atribuir isso a vários fatores, agora, depois do jogo terminar mais fácil se torna comentar aquilo que se viu. Uma coisa foi por demais evidente, não quisemos resolver a partida na primeira parte. Sempre lentos, sem qualquer fio de jogo, pensando que com um Vitória tão fraco, o golo iria aparecer. Efetivamente apareceu, mas na nossa baliza, onde um Ristovski completamente desorientado, deixa ao lento e lesionado Petrovic, defesa central por empréstimo a responsabilidade de o ir cobrir e obviamente foi "faca em manteiga". Depois, o habitual nestas coisas, ou seja, correr atrás do prejuízo. Mais esforço físico, menos discernimento, mais atabalhoamento nas jogadas e um artista vestido de vermelho a complicar mais as coisas. Como é que um lance plausível de ser considerado conduta violenta, com expulsão do jogador do Vitória, é transformado depois de muita "arte", convertido na expulsão do nosso defesa direito? É criticavel, é, não devia ter falado com o senhor de vermelho, não, agora desafio alguém que leve uma cotovelada daquelas a manter a serenidade e não dizer absolutamente nada . Eu não conseguia. E assim ficamos a jogar com dez. Depois, foi o tudo ou nada... podíamos ter ganho, mas também podíamos ter perdido, naquela infantilidade do Nani, valendo-nos mais uma vez Renan. E mais uma vez a mesma sina de sempre!!!
Jorge Jesus está livre para assinar por qualquer clube. Não sei qual será o futuro imediato do Sporting, que passa pela recepção ao Benfica na próxima jornada do campeonato, eliminatórias para a taça de Portugal e Liga Europa a partir de Fevereiro. Mas quero lançar aqui um apelo ao presidente Frederico Varandas, haja o que houver, até final da presente época ou mesmo na próxima, se porventura chegar à conclusão que Marcel Keizer terá de ser substituído no comando técnico do Sporting, em qualquer circunstância não considere sequer possível a contratação do mestre da táctica. Bem sei que é seu amigo, esteve na comissão de honra da candidatura, convide-o para sua casa, jantem quando entenderem, mas não pense colocar semelhante personagem no banco. Sei que não sou o único sportinguista a querer J.J. longe de Alvalade. Se precisar de ir ao mercado, não faltam opções, no mínimo de valor idêntico e seguramente a preço inferior.
De ver o Sporting perder mais dois pontos na Liga 2018/2019. Hoje viemos de Setúbal com um magro e medíocre empate: 1-1. Sofremos um golo logo aos 24' e estivemos quase uma hora em desvantagem: o nosso golo ocorreu apenas aos 80'.
Da nossa primeira parte. A equipa arrastou-se no terreno com movimentos lentos, previsíveis, trocando a bola sem intenção atacante, com deficiente entrosamento colectivo, demorando imenso a aproximar-se da baliza adversária. Pode dizer-se que demos 45 minutos de avanço ao onze opositor: o Vitória de Setúbal só pode agradecer.
Dos lances desperdiçados por Bas Dost. O holandês está muito longe da sua melhor forma física. Isto ficou bem evidente na forma como desperdiçou dois soberbos cruzamentos de Jefferson quando se mantinha o empate a zero: o primeiro aos 9', o segundo aos 12'. Centros teleguiados, dirigidos à cabeça de Dost, que num caso atirou por cima e no outro rematou à figura. Se qualquer destas bolas tivesse entrado, a história do jogo seria muito diferente.
Das mudanças forçadas. Marcel Keizer fez quatro alterações ao onze titular da final da Taça da Liga, três das quais por imposição das circunstâncias: André Pinto, lesionado, deu lugar a Petrovic, central improvisado que jogou com máscara após ter fracturado o nariz na partida anterior; Jefferson alinhou no lugar de Acuña, que vai deixar Alvalade; Idrissa Doumbia, reforço de Inverno, alinhou de início na posição 6 por impedimento de Gudelj, ausente por acumulação de cartões. A quarta alteração - nada feliz - foi a entrada de Diaby como titular, o que deixou Nani fora do onze inicial. O internacional português acabaria por entrar só aos 63', substituindo Raphinha, quando a equipa já estava a jogar só com dez.
De Diaby. Uma nulidade. Permaneceu os 90 minutos em campo sem que ninguém vislumbrasse porquê. Desgarrado da manobra colectiva, submetendo-se às marcações, sem capacidade de criar desquilíbrios nem de abrir linhas de passe, o maliano passou ao lado do jogo. Com Jovane sentado no banco, algo que ainda me intriga mais.
Do apitador de turno Há muito tempo que o Sporting não era tão prejudicado por uma arbitragem. Aos 10', Helder Malheiro já estava a mostrar o primeiro cartão amarelo, a Petrovic, por falta que ninguém descortinou, condicionando assim o jogador, que actuava numa posição que não costuma ser a sua. Seguiu-se a exibição de mais cinco amarelos, vários dos quais de todo incompreensíveis - a Raphinha (30'), Jefferson (45'), Bruno Fernandes (50'), Coates (86') e Luiz Phellype (89'). Mas o pior ocorreu aos 55', quando mostrou um cartão vermelho directo a Ristovski, vítima de uma falta violenta não sancionada. O macedónio, atingido no sobrolho esquerdo pelo cotovelo de um adversário impune, ficou de imediato com um impressionante hematoma, exprimindo verbalmente a sua dor. Malheiro, em vez de castigar o prevaricador, mandou o nosso para a rua, interferindo no destino da partida: actuámos durante mais de 40 minutos só com dez jogadores.
Do golo sofrido. Aconteceu aos 24', numa rapidíssima jogada de contra-ataque do Vítória, com Ristovski apanhado muito fora de posição e Petrovic incapaz de acompanhar a passada do setubalense Cádiz, autor de um disparo sem hipóteses de defesa para Renan. Cifra nada lisonjeira: há 21 jogos consecuticos que sofremos golos fora de casa. Alguma equipa conseguirá ser campeã assim?
Da má condição física. Com a chuva a cair durante grande parte do jogo e o terreno muito enlameado, aumentou o desgaste dos nossos jogadores, na sequência da extenuante final da Taça da Liga. Teremos menos 24 horas de descanso do que o Benfica, o que pode desequilibrar contra nós, logo à partida, o clássico de domingo em Alvalade frente aos encarnados. Não augura nada de bom.
De vermos o segundo lugar cada vez mais distante. Já tínhamos abandonado, uma vez mais, qualquer ilusão de discutirmos o título de campeão nacional. Acontece que, depois destes dois pontos perdidos no Bonfim, também o segundo posto parece mais inalcançável. Defrontaremos o Benfica, daqui a quatro dias, com menos cinco pontos do que a turma adversária - já sem dependermos de nós próprios para atingirmos um lugar que nos permita sonhar com a Liga dos Campeões. E seguimos dez pontos atrás do FC Porto.
Gostei
Da ver Dost regressar aos golos de bola corrida. Tardou mas aconteceu: na sequência de um remate de Bruno Fernandes com defesa incompleta do guarda-redes sadino, o holandês meteu a bola lá dentro, com um bom gesto técnico, praticamente de costas para a baliza. Redimiu-se assim, mas só em parte, dos dois falhanços do início do jogo.
De Bruno Fernandes. Foi um dos mais inconformados, um dos mais insatisfeitos, um dos mais lutadores. Bateu bem livres e cantos, fez alguns passes longos a desmarcar colegas, interveio no lance do golo. E quase marcou, com uma bomba disparada aos 90´+1. Merecia esse golo.
De Coates. Sem Mathieu e André Pinto (ambos lesionados), seus habituais parceiros no eixo da defesa, actuando com um improvisado central a seu lado e tendo à sua frente um médio defensivo em estreia absoluta pelo Sporting, foi um gigante neste sector. Com cortes providenciais aos 12', 45', 65', 87' e 90'+2. Ganhou ainda mais influência após a expulsão de Ristovski, o que o forçou a atenção redobrada para acudir às dobras. Nos últimos minutos, o treinador mandou-o jogar lá na frente, confiando nele para marcar o golo da vitória. Só faltou isso ao uruguaio, que para mim foi hoje o melhor da nossa equipa.
Da estreia de Idrissa Doumbia. Não deslumbrou, nem se esperava que o fizesse, no relvado empapado do Bonfim. Mas revelou bons pormenores, sobretudo no capítulo técnico, nesta sua estreia de verde e branco, mostrando-se confiante e desinibido. É cedo para um veredicto definitivo, mas esta primeira impressão foi positiva. Saiu aos 63', quando Keizer se viu forçado a mexer na equipa após a expulsão de Ristvoski.
Ristovski acaba de ser expulso. Terá dito demais ao árbitro. Mas é inacreditável que tudo isto se passe diante de um árbitro, dois fiscais-de-linha e a rapaziada do VAR (que deve falar em situações de expulsão). O homem leva uma cotovelada tamanha que logo lhe cresceu um gigante galo. Foi de propósito. Diante do árbitro. E todos se calam.
Não vale a pena. O futebol só dá para um tipo se irritar. Saudações leoninas.
Exemplo de profissionalismo, dedicação e amor ao clube, Paulinho, muito mais do que um empregado do Sporting, completa hoje 50 anos. Parabéns ao melhor roupeiro do mundo!
A contratação de Peseiro terá sido a contratação possível, dentre um leque de treinadores habituados aos grandes. Não correu bem, ou pelo menos não correu como gostaríamos e foi substituído por um holandês de que quase ninguém tinha ouvido falar e que nos entusiasmou a todos nos primeiros jogos e que até já conquistou um troféu, apesar de todos, do presidente ao mais novo associado, sabermos que a equipa é curta.
E agora temos indo às compras. Tenho muita esperança no novo Doumbia, eles no youtube são todos bons, mas neste tenho fé, prontes! E agora um defesa esquerdo mexicano, um Borja, o que poderá ser um bom cartão de visita, um deles chegou a papa...
Comprámos no entanto um defesa central também. Para substituir um rapazinho turco, Demiral, que mandámos embora por dez réis de mel coado e que parecia ter um futuro risonho à sua frente. É assim, somos pródigos em descartar os miúdos que formamos e da bancada exigir-lhes a lua ou arrasá-los com assobios se ficam a meio caminho. Comprámos um defesa central, repito. Mas não comprámos um central qualquer, comprámos um que já por cá esteve e que também augurava um belo futuro. Tão belo que teve à sua procura o Naitede, o Shelce, o PSD, o Tothaname, o Náples e até o Barce, mas acabou na cidade dos bitles no Livérpul, vendido a ferros por 7,5M€. O curioso é que o trajecto deste rapaz foi o inverso que tinha até chegar à primeira equipa do Sporting, foi sempre a descer até acabar vendido ao Reading, de onde agora chega, completamente desvalorizado. Não veria mal na contratação, se se tratasse de um jogador "normal", mas não. Não posso deixar de recordar as circunstâncias da saída, a forma como jogador e empresário forçaram um negócio ruinoso para o clube e a triste (não quero adjectivá-la de outra forma) entrevista onde diz que não se importava de estar dois anos sem jogar, se não tivesse conseguido sair. Quero dizer que nada tenho contra o rapaz, que toda a gente tem direito a uma segunda oportunidade, que desejo que seja muito feliz no Sporting que é sinal de que foi útil ao clube, mas o que questiono é a qualidade actual de Ilori. Convém lembrar que foi descendo até à zona de despromoção à terceira divisão inglesa e isso talvez não seja grande cartão de visita. Quanto à atitude que teve na altura e antecipando-me já a alguns comentários merdosos, lembro o que dissemos aqui, alguns autores e muitos comentadores sobre Carrillo, que preferiu não jogar a renovar contrato e até foi para o nosso mais directo rival.
Era escusado. Demiral fazia o lugar, está numa fase ascendente da sua curta carreira e a direcção ao optar por Ilori, põem-se a jeito para críticas desnecessárias. Repito, era escusado. Sem mais qualquer qualificação, que não a quero nem devo dar, a bem da pacificação.
Com mais um troféu amealhado na nossa vasta galeria, retomamos hoje a nossa participação no campeonato nacional. Defrontando o V. Setúbal, no Bonfim, a partir das 19 horas.
«Julgo que se deveria passar a jogar a fase de grupos da Taça da Liga em Agosto, no início da época, antes do arranque do campeonato. Arranque este que tem sido cada vez mais antecipado, para alturas em que muita gente ainda está de férias. (Em Espanha, por exemplo, o campeonato só começa em Setembro.) O campeonato começaria duas semanas mais tarde do que o que tem começado, e nessas duas semanas jogar-se-ia a fase de grupos. Quanto à final four, a melhor altura para a realizar seria entre o Natal e o Ano Novo. A Taça da Liga disputar-se-ia assim em alturas de férias, como uma competição alternativa, o que talvez até lhe trouxesse um interesse suplementar.»
«O que mais falta por aí são equipas de comunicação bem montadas, que usam e abusam das plataformas sociais para lançarem ataques, quantos deles soezes e sem fundamento para somente desviarem as atenções do essencial. Concluo assim que o futebol luso, ao contrário do que hipocritamente se diz, vive demasiado bem neste profundo lamaçal.»
«Um aplauso para o nosso edifício judicial. Ex-primeiro-ministro investigado e a caminho de julgamento, destino igual para o mais poderoso banqueiro do regime e, agora, o presidente do Benfica a braços com a Justiça. Tudo coisas do campo da ficção há uns anos apenas, hoje tão reais como muitas das vitórias encarnadas foram marteladas e que desembocaram na percepção de uma grandeza que, afinal, pode não ser mais do que mera ficção.»