2019 em balanço (5)
DECEPÇÃO DO ANO: MIGUEL LUÍS
Se há jogador da formação leonina que dispôs de oportunidades para mostrar o que vale na equipa principal foi ele. Lançado por José Peseiro ao mais alto nível do futebol profissional do Sporting a 21 de Outubro de 2018, previa-se que o ano que agora acaba fosse o da explosão de Miguel Luís, na linha das promissoras exibições que fizera no Sporting B, entretanto extinto, e sobretudo nas selecções jovens, tendo-se sagrado campeão europeu sub-17 (em 2016) e sub-19 (em 2018).
No final da época passada, sentindo-se pouco aproveitado, o jovem médio, com 20 anos, deu sinais de que pretendia abandonar Alvalade, jogando por empréstimo noutro clube. Mas o então treinador Marcel Keizer fechou as portas a essa possibilidade, mantendo-o integrado no plantel principal, onde foi um dos escassos sobreviventes da formação leonina, ali reduzida à expressão mínima no início da época em curso.
A 19 de Setembro, durante a liderança interina de Leonel Pontes, dispôs enfim dos primeiros minutos de competição na temporada. Foi a 21 de Setembro, frente ao PSV na Holanda para a Liga Europa, e a partida correu-lhe mal: teve claras responsabilidades em dois dos três golos marcados pela equipa anfitriã. A estreia no campeonato 2019/2020 ocorreu quatro dias depois, contra o Famalicão em Alvalade: voltou a não correr-lhe bem esse jogo em que fomos derrotados em casa.
Já sob o comando de Silas, a 17 de Outubro, desperdiçou a maior das oportunidades num dos nossos jogos de mais triste memória deste ano: aquele em que fomos derrotados por uma equipa do terceiro escalão, o Alverca, e saímos eliminados da Taça de Portugal. Miguel Luís tinha especiais responsabilidades nesse desafio, em que actuou com a braçadeira de capitão face à ausência de Bruno Fernandes do onze titular. E voltou a passar ao lado da partida, com nova exibição para esquecer.
«Exibição marcada pela dificuldade em fazer cruzamentos ou contribuir de forma decisiva para um desfecho diferente daquele que mostrou aos sportinguistas que continua a haver mais túnel no fundo do túnel», escreveu o Leonardo Ralha na crónica desse jogo. Eu, igualmente decepcionado, incluí-o entre os que «se arrastaram sem préstimo em campo».
Das mais recentes aparições deste jogador fica-nos a imagem frustrante de alguém que se esconde em campo, só faz passes laterais ou à retaguarda, mostra-se incapaz de criar desequilíbrios e falha em momentos decisivos, nomeadamente no capítulo da finalização. Onde estão os passes de ruptura que lhe vimos em anos anteriores? Onde está o jogador inteligente e criativo a que nos habituou nos escalões jovens?
Esperamos todos que 2019 tenha sido apenas um triste interregno numa carreira que vai muito a tempo de se recompor.
Decepção do ano em 2012: Elias
Decepção do ano em 2013: Bruma
Decepção do ano em 2014: Eric Dier
Decepção do ano em 2015: Carrillo
Decepção do ano em 2016: Elias
Decepção do ano em 2017: Alan Ruiz
Decepção do ano em 2018: Rafael Leão