Frederico Varandas formalizou hoje a entrega das listas que candidata aos órgãos sociais do Sporting. Foi o primeiro candidato a cumprir esta indispensável formalidade.
Lembram-se do que aconteceu a muitas famílias logo a seguir ao 25 de Abril de 1974?
Ora bem, para quem não tem memória ou não viveu esses momentos, recordo que muitas e muitas famílias ficaram desavindas durante tantos anos, devido às diferentes opções políticas que cada um tomou.
Hoje, na família sportinguista, passa-se precisamente o mesmo.
e algo engasgado o "apelo" do ex-ministro Poiares Maduro e de alguns outros sportinguistas. No sonho de uma "união nacional" (ou "bloco central"), temerosos das "fracturas sociais e geracionais" do clube e do ressuscitar da hidra carvalhesca. Vamos lá a ver, as fracturas sociais, culturais, existem e há que viver com elas. O bestialismo carvalhesco é resiliente, até neste blog. Há que proceder à nossa quimioterapia, tentando que ele não metastize. Mas não há tempo a perder, siga o clube o seu caminho. E sim, mudem os estatutos, e incluam a segunda volta eleitoral, é inacreditável que isso não esteja regulamentado. E aqui entre nós, deixemo-nos de coisas, um Espírito Santo não pode pertencer à direcção de um grande clube português. Muito menos ser presidente. O primo do ex-DDT que tenha juízo e fique lá entre a sua malvada parentela e clube de escroques.
A crise recente que abalou toda a estrutura institucional do Sporting fez cair por terra um dos nossos maiores valores. Falo obviamente da identidade leonina.
Independente da opinião de cada um, ou melhor, da versão que cada um pretendeu escolher para os eventos, certo é que o Sporting deixou de estar associado àquela ideia de um clube onde não se baixava de nível numa conversação, especialmente com os nossos adversários. Bem pelo contrário.
Entretanto com um Presidente armado de um lança-chamas verbal que a todos pretendeu atingir, foi fácil alguns adeptos entrarem em Alcochete e destruírem um balneário atingindo fisicamente jogadores e acima de tudo derreterem a tal filosofia inerente ao Sporting.
Passámos de um clube pacato e sóbrio para um clube composto por arruaceiros e malfeitores. Basta visitar alguns espaços na blogosfera para ficarmos esclarecidos no que toca ao ambiente que reina no espírito leonino.
As próximas eleições, ao invés do que seria de esperar, vão dividir ainda mais o Sporting e os sportinguistas. Os defensores do presidente destituído continuam numa demanda contra tudo e todos, seguindo o seu mentor. Vivem assentes no pressuposto de quem não está comigo está contra mim.
A linguagem reles, baixa, a roçar o burjesso é um espelho triste de alguns sportinguistas. E o pior ainda estará para vir… Assim que o primeiro resultado negativo acontecer mais acusações e vis ataques vão surgir.
Este é um caminho que só agora começou a ser trilhado. O destino é inimaginável. O futuro incerto.
A esperança, essa, morreu há muito. Porque, repito, perdemos a nossa identidade.
Existem candidaturas em andamento à presidência do clube, mas pelos vistos também há quem não tenha sido convidado por qualquer candidatura, ou pelo menos não conseguiram um lugar que considerassem interessante e preferem negociar mercearia nos bastidores.
Seria uma falta de respeito para com os sócios que avançaram candidaturas e para outros que entusiasticamente se empenharam neste momento, conceder algum crédito a esta proposta de adiar eleições ou juntar listas. Que os sócios decidam em Setembro quem querem à frente dos destinos do clube.
Se porventura a candidatura mais votada acabar eleita com uma votação residual, proponha uma alteração estatutária no sentido de incluir uma segunda volta no próximo acto eleitoral e promova eleições antecipadas. Atender às pretensões dos signatários deste documento está para mim totalmente fora de hipótese, que espero não venha a merecer qualquer credibilidade por parte da actual CG ou MAG...
Faz hoje um ano, começava no nosso blogue a nova secção A Voz do Leitor, que desde então não falhou um só dia. Dando destaque a comentários e apreciações aqui feitas por quem nos lê.
Nesse dia 31 de Julho de 2017, o Pedro Boucherie Mendes fazia aqui a antevisão da temporada. Escrevendo, nomeadamente, isto:
«O Benfica parece mais fraco, em especial porque vendeu o extraordinário Ederson. O Porto mais forte, porque o efeito Conceição é visível e pode ter o efeito de voltar a criar aquela alquimia do “à Porto” que lhes valeu em muitos momentos nas décadas passadas. Sobretudo, digo eu, o Porto tem laterais muito fortes, o que num campeonato de jogo de ataque em 90% dos jogos como o português é vital. No nosso caso, acredito que Podence, se tiver uma pontinhazinha muito pequenina de sorte, se pode transformar na coqueluche. Aquela sua rapidez de execução ainda não é completamente entendida pelos colegas e há muitas bolas tipo passe de olhos fechados que se perdem. Ou então, caro Daniel, esquece isso do último passe e foca-te na baliza. Em paralelo, Gelson precisa de ser libertado do estatuto de estrela da equipa. Tem futebol para tal, mas não me parece ter feitio para isso, o que está a prejudicar a sua decisão no último passe, só camuflada pelo colinho geral dos adeptos e da imprensa.»
Acho mal o Francisco Geraldes ser emprestado pois é melhor do que alguns que estão no plantel, que porventura vão ficar, e começamos a descaraterizarmo-nos sem jogadores da formação. E era mais que tempo para ter uma oportunidade a sério, até porque já é o 3.º ano em que enriquece a prestação de outras equipas (ao menos neste ano o mutuário não é do nosso campeonato). Mas já está e não tenho muito interesse em saber se se sentiu indesejado ou pouco desejado, ou o treinador não teve interesse nele. A diferença está em que nos 2 empréstimos anteriores ninguém se incomodou, quase não se viu uma linha a contestar essa política (quando havia um resultado menos conseguido do Sporting ou o jogador fazia um bom jogo, lá se ouviam umas vozes isoladas) e nem li nada do próprio como agora, que escreveu um texto cheio de mensagens. Porquê? Talvez por no Moreirense e no Rio Ave se ter sentido desejado ou o Presidente e treinador serem outros... o que é facto é que não teve a dimensão agora atingida em termos de “barómetro” de sportinguismo e crítica à SAD por parte dos entusiastas da discussão (chamar discussão é assim uma espécie de bondade...) nas redes sociais.
Na verdade, pressinto que isto é mais um episódio da divisão em que estamos. E, no fundo, é o Sporting que sai prejudicado pois começa a perder élan quanto ao tradicional aproveitamento de jogadores da formação. Vá la que deu para perceber que Jovane, por exemplo, deve ser acarinhado pois tem grande potencial. Mas a futura direção tem que fazer reflexão séria e profunda sobre o modelo de formação que temos, construir um percurso para os jovens em que não se cometam erros de avaliação, designadamente quando atingido o patamar competitivo mais elevado. Para isto há que ter colaboradores com elevado grau de conhecimento e profissionalismo, não nos devendo limitarmos apenas ao cv de quem foi jogador do clube há uns anos ou velha glória. São precisas equipas multidisciplinares, que façam o acompanhamento desportivo mas também escolar e acompanhem de perto a própria situação familiar dos miúdos. A Academia precisa de ser refundada através duma espécie de regresso às origens, formando jogadores e homens e dotando o Sporting de ativos, quer em termos de desempenho desportivo quer depois em termos de sustentabilidade do clube com a sua valorização e reconhecimento pelo mercado.
Por tudo isso desejo rapidamente o 9 de setembro, o regresso em definitivo à normalidade com nova direção democraticamente eleita e posto fim ao verdadeiro estado de exceção que vivemos há meses.
Nos últimos anos, a política desportiva do Sporting em matéria de formação andou aos tropeções. De tal maneira que perdemos influência e peso nas selecções jovens. Não por acaso, o Sporting B foi desvalorizado - ao ponto de descer de divisão. E os miúdos formados na Academia foram perdendo as expectativas de singrarem em escalões superiores, esbarrando com mil obstáculos levantados por gente mais propícia a acolher de braços abertos o primeiro sérvio que desembarcasse em Lisboa.
É o momento de perguntar aos responsáveis desportivos do Sporting - e a todos os candidatos à eleição de 8 de Setembro - o que pretendem fazer com a formação em geral e estes jovens jogadores em particular. Para que não se percam, como tantos outros, de empréstimo em empréstimo e de tropeção em tropeção.
«Lanço aqui um repto à direcção do Sporting. Vamos criar o Dia do Adepto nas várias modalidades com o futebol à cabeça, onde os adeptos possam privar e contactar com os atletas de forma a criar maiores laços com o Clube. O futebol, o andebol, o voleibol, o futsal, o hóquei, o atletismo, enfim, todas as modalidades onde os adeptos além de poderem adquirir equipamentos da modalidade, possam também conversar e ter "recordações" dos seus ídolos. Tenho a certeza que esta acção iria trazer a alegria a muitos adeptos, principalmente aos mais novos que sonham ainda um dia de ser também eles atletas do Sporting.»
Esse dia 30 de Julho de 2017 foi marcado pelo rescaldo da vitória na véspera, em Alvalade, contra a Fiorentina, na conquista do Troféu 5 Violinos. Com três apontamentos que aqui recordo.
«Gostei do desportivismo, da recepção aos jogadores do Fiorentina, de escutar o belo hino deles, dos cinco violinistas a tocar O Mundo Sabe Que, do aplaudido regresso do Matías Fernández a Alvalade agora com camisola violeta, do sol, do calor, das famílias, de ver cada vez mais mulheres nas bancadas (e cada vez mais bonitas), da alegria colectiva, do vídeo-árbitro a repor a verdade desportiva no nosso estádio pelo segundo jogo consecutivo, do golo do Bas Dost. Gostei até das 13 ou 14 pombas pousadas na nossa lateral direita durante a segunda parte, petiscando sem receio nem temor as sementes da relva fresca. Tudo isto faz parte da festa do futebol.»
Seguia-se o Pedro Azevedo, que analisava os reforços leoninos e rematava desta forma: «Para fechar o plantel faltará um lateral direito que possa ser alternativa a Piccini e, talvez, um ala/extremo esquerdo (caso William ou Adrien saiam e haja dinheiro, visto essas posições estarem bem guarnecidas) desequilibrante em finta, que poderia ser Pity Martinez (River Plate).»
Este terceto de apreciações fechava com um texto do Edmundo Gonçalves, que a dado passo destacava dois titulares: «William Carvalho é hoje um jogador a roçar a perfeição e vamos mesmo ter que nos habituar à ideia de ir ficando sem ele. Não fosse WC enorme no seu desempenho e o homem do jogo teria sido Battaglia. Temos jogador! Não perdeu um lance e a exemplo de William saiu sempre a jogar da maior parte das situações que neutralizou. Consiga ele ter a noção de profundidade para colocar "mísseis" a 40 metros e será um caso sério.»
Se existe um denominador comum aos sportinguistas, pese embora todas as clivagens, é a vontade de manter o controlo da SAD. Quando se fala na mera possibilidade de um dia o clube perder a maioria do capital, dois nomes aparecem de imediato, Álvaro Sobrinho e José Maria Ricciardi. Ontem durante o anúncio da candidatura, Ricciardi garantiu que a sua presidência manteria o controlo da SAD no clube, mas não é possível ignorar que em tempos defendeu exactamente o contrário. Obviamente que é legítimo a qualquer pessoa mudar de opinião, Ricciardi não é uma excepção, mas terá que dar aos sócios do Sporting explicações credíveis, que restabeleçam a confiança, sob pena de obter uma votação residual.
Frederico Varandas terá que se acautelar com a entrada em cena de José Maria Ricciardi, porque o seu candidato para Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, Rogério Alves, é advogado de José Maria Ricciardi e admitiu há menos de um mês, a possibilidade de presidente do clube e presidente da SAD, não serem a mesma pessoa. Bem sei que Frederico Varandas já afirmou que tenciona exercer o cargo de presidente da SAD, caso venha a ser eleito, mas nesta altura, com várias teorias conspirativas já a circular, precisa de o reiterar de forma clara e inequívoca. Rogério Alves para não se tornar num activo tóxico para Frederico Varandas, terá que alinhar pelo mesmo diapasão e distanciarem-se ambos da candidatura de José Maria Ricciardi. Qualquer tentativa de fusão envolvendo as candidaturas, não acrescenta votos, diminui as possibilidades do médico que partiu com enorme vantagem, cortar a meta em primeiro lugar.
João Benedito, que considero o principal outsider, pode bem aproveitar, se souber agora conduzir a campanha. Os sportinguistas não querem o regresso a um passado recente de triste memória, foram inequivocamente expressivas no passado sábado, as ovações aos atletas que rescindiram e agora regressaram. Todos sabemos por culpa de quem foram as rescisões, não vale a pena andarmos sempre a carregar na mesma tecla, a bancada de Alvalade mostrou que a maioria de 23 de Junho, se mantém. Mas também em simultâneo, deu para perceber que grande parte dos adeptos, ainda que aprove e agradeça o trabalho de Sousa Cintra, não morre de amores pela actual situação do clube. Pelo contrário, querem é realizar as eleições e enterrar de vez este capítulo da nossa história. E dos candidatos que até agora se apresentaram, apenas Frederico Varandas e João Benedito podem virar a página, se forem claros no discurso, sem meias palavras, sem hesitações, sem dependências de apoios das figuras do passado, o que não invalida serem apoiados como é óbvio, qualquer sócio é livre de apoiar a candidatura que entender, diferente será o candidato aceitar negociar apoios.
Num dos mais populares blogues sportinguistas, a expressão do mais rancoroso ressabiamento carvalhista continua a manifestar-se ao nível das caixas de comentários.
Onde gente que se proclama simpatizante do Sporting escreve coisas sobre o nosso clube - sempre sem assinar com o nome próprio - que nem o mais fedorento lampião seria capaz de expressar na praça pública.
Deixo aqui apenas alguns exemplos das últimas 48 horas:
«Não fui, nem voltarei a Alvalade enquanto um dos tristes traidores ingratos estiver a jogar com as nossas cores.»
«Espero que este pesadelo termine depressa e que estes mercenários sejam vendidos já na próxima janela de mercado por um valor razoável.»
Não vi o jogo. À semelhança dos jogos da selecção. Ainda não arranjei espaço no estômago para ver BF em campo. Pelo que dizem, foi capitão e tudo. Há quem faça operações para reduzir o estômago. E para alargar, há?»
«Não consigo me imaginar sentado em Alvalade a bater palminhas à equipa como um acéfalo.»
«Aqueles camarotes deviam implodir tal a merda que estava lá, então o Soares Franco… the old Sporting is back.»
«Ver hoje as imagens dos filhos da puta que reapareceram em Alvalade mete-me nojo.»
«Quero é que este Xporting Sa Foda!!»
Por aqui se vê até que ponto Bruno de Carvalho fez mal ao Sporting. Pelas sementes de ódio viscoso e lamacento que lançou e agora germinam junto desta gente que bolça impropérios enquanto imagina inimigos em toda a parte e dispara para dentro da própria casa, torcendo por derrotas do nosso clube.
Deixaram de cultivar a insígnia «Esforço, dedicação, devoção e glória» - se é que alguma vez a tiveram - e adoptaram como lema «Quanto pior, melhor».
«Cédric, numa entrevista a um jornal desportivo, disse: "Em Inglaterra muitos adeptos nem sabem o nome do presidente do seu clube, lá as estrelas são os jogadores e os treinadores." Aqui, é tudo ao contrário, como em outras actividades. Afinal, o que vamos fazer aos estádios? Ver os presidentes? Chiça!!!! A malta quer é ver a bola rolar, aplaudir os seus ídolos, queremos ser campeões.»
Há precisamente um ano, o vídeo-árbitro estreava-se no estádio José Alvalade. Foi no jogo Sporting-Fiorentina, no âmbito do Troféu Cinco Violinos, que conquistámos ao vencermos por 1-0 a equipa italiana com a qual mantemos uma sólida relação de cumplicidade.
Bas Dost marcara o golo, iam decorridos 28', quando o árbitro interrompeu a partida para consultar as imagens antes de validar o disparo certeiro do holandês. Ao princípio estranhámos, por falta de hábito. Mas não tardaríamos a confirmar que o vídeo-árbitro é um poderoso auxiliar da verdade desportiva.
Éramos 37 mil espectadores ali presentes para saudar os jogadores e a equipa técnica, com a esperança sempre renovada. «Gostei do que vi. Uma equipa mais consistente e confiante, com maior solidez defensiva e uma apreciável qualidade de passe, desenhando boas jogadas no relvado de Alvalade e revelando capacidade de pressão sobre os adversários», escrevi aqui nesse dia 29 de Julho de 2017. Destacando as exibições de William Carvalho (a defesa central improvisado), Battaglia, Podence, Acuña e Gelson Martins.
Comentando no mesmo dia a introdução do vídeo-árbitro no futebol português, o Pedro Azevedo lembrava que este recurso tecnológico para a análise de lances controversos já existia noutras modalidades - designadamente o ténis, o râguebi e o futebol americano.
E anotava aqui a reacção hostil de alguns "Velhos do Restelo" instalados nas pantalhas que logo se apressaram a contestar a nova medida. Com destaque para Ribeiro Cristóvão e Jorge Baptista. «Jogadores fazem grandes festas e depois não valeu... futebol é um jogo de erro, e o erro serve de discussão... para os jogadores é um quebra-cabeças, um bico-de-obra», objectou o primeiro. «Estão a matar emocionalmente o jogo, a pouco-a-pouco. Agora não, mas daqui a dez anos se calhar ninguém vai ao futebol», insurgiu-se o segundo.
Convém termos memória: estes comentadores, entre vários outros, militaram contra o vídeo-árbitro. E a favor do erro. Apetece perguntar, um ano depois, se algum deles já faz a indispensável autocrítica.
Gostei dos aplausos aos regressados. Bas Dost merecia-os, mesmo tendo-se ficado pela rescisão. Há que sarar as feridas.
Gostei do jogo, apesar de tudo, contra um adversário daqueles que não é carne nem peixe (nem é bom, nem é mau, antes pelo contrário).
Não gostei de não ter visto Xico Geraldes integrado na equipa.
Não gostei que não fossem dispensados os mesmos aplausos aos que ficaram, que aos que rescindiram e voltaram.
Não gostei de ver a braçadeira de capitão em Bruno Fernandes.
Não gostei do frango do Viviano, quase ao nível do frango de Patrício na última jornada da época anterior.
Não gostei da feira de vaidades no camarote presidencial, exalava um cheiro característico.
Por fim, fiquei intrigado com a passividade da curva sul, apesar de algumas mensagens, que até pareceram encomendadas, não fosse alguém reparar na falta de crítica.
Que role a bola, mas parece-me que até 8 de Setembro vai saltitar muito...
Orgulho dos aplausos dos sportinguistas aos nossos jogadores, de enorme significado os aplausos a Bas Dost e Bruno Fernandes, demonstrando sem margem para dúvidas que a razão foi recuperada no Sporting a 23 de Junho. A loucura, a intolerância, o despotismo e a demência são passado, um pesadelo que não queremos tornar a viver…
1. Bas Dost e Bruno Fernandes, por esta ordem, foram os dois jogadores ontem mais aplaudidos em Alvalade. Era o que faltava para se fechar de vez um contencioso que nunca devia ter existido. Nós, os adeptos que estivemos no estádio, tratámos disso. Por maioria esmagadora.
2.O golo solitário do Marselha deveu-se a um frango de Viviano. Pode acontecer ao melhor guarda-redes. Gostei de ver José Peseiro a incentivar o italiano - dando o mote às bancadas, que foram aplaudindo cada intervenção do dono da baliza. Atitude correcta: é assim que se moralizam os jogadores.
Estreia da nova equipa no nosso estádio, num magnífico fim de tarde que ontem se prolongou por uma amena noite de Verão. O adversário, nesta partida ainda de pré-temporada, foi o poderoso Olympique de Marselha, finalista vencido da mais recente edição da Liga Europa, onde apenas o Atlético de Madrid foi capaz de lhe travar o passo - após se ter cruzado no caminho do Sporting, nas infelizes circunstâncias que sabemos.
Foi, portanto, um teste exigente. Nas fileiras adversárias destacam-se o internacional brasileiro Luiz Gustavo e o internacional francês Payet, carrasco de Cristiano Ronaldo na final do Euro-2016. Além do grego Mitroglou, que ontem só entrou a poucos minutos do fim, tendo sido brindado com uma assobiadela monstra.
Éramos cerca de 29 mil em Alvalade - em números oficiais, menos oito mil do que há um ano, no desafio de apresentação da equipa contra o Mónaco de Leonardo Jardim - e com uma Juventude Leonina em estado murcho, exibindo um deplorável estado de orfandade. Mas o teste essencial foi ultrapassado com distinção: os regressados Bruno Fernandes e Bas Dost - o primeiro alinhando como titular, o segundo lançado só à beira do fim - acabaram por ser os jogadores mais aplaudidos, logo seguidos de Nani - também ele regressado, após dois anos de ausência, e agora o único campeão europeu em título que resta de verde e branco. Além dele, houve três outras novidades no onze titular: o guarda-redes Viviano (protagonista de um frango monumental logo aos 4', que nos aumentou a saudade deixada por Rui Patrício), Jefferson (mais um regresso, após um ano de empréstimo ao Braga) e Matheus Pereira (será desta que se impõe na equipa principal do Sporting?)
Boas movimentações no plano ofensivo da equipa treinada por José Peseiro, logicamente ainda sem rotinas nem automatismos, perante um adversário mais avançado na preparação da época. Falta-nos um médio defensivo com qualidade (Battaglia, o último dos regressados, foi apresentado aos adeptos mas não calçou) e mantém-se um défice na posição de ponta-de-lança, que Montero não consegue preencher. Será possível ver ainda Rafael Leão como suplente de Dost?
Bruno Fernandes, colocado como médio mais ofensivo, com manifesta liberdade de movimentos, foi o jogador em maior evidência. Apontamentos muito positivos de André Pinto (marcador do golo que selou o empate por 1-1, aos 61'), Nani, Wendel e Matheus Pereira. Acuña entraria a meio do segundo tempo, para a surpreendente posição 8, em que mostrou bom desempenho. E o jogo terminou num 4-4-2, com Castaignos jogando muito próximo de Bas Dost, em evidente ensaio de soluções tácticas que irão sendo desenvolvidas ao longo da época.
Curiosidade: a braçadeira de capitão teve três titulares nesta partida: começou com Nani, passou para Bruno Fernandes entre os minutos 81 e 86, terminou com Coates.
Começou a época. Mais do que nunca é caso para dizer "até que enfim!", tamanho o desatino passado. Há que reconstruir. Vi pouco (e mal) o jogo, num restaurante, pelo topo do olho. E será pouco significativo, o realmente relevante é ter sido o "primeiro dia da nossa vida".
Neste começo de 2018/19 apenas um apontamento, na sequência de críticas à constituição do plantel e aos percursos recentes dos jogadores. Houve uma séria ruptura entre jogadores e clube. Nove rescisões e uma outra, anunciada mas nunca cumprida. Após este malvado defeso o que se vê? Acuña afinal não rescindiu, Battaglia regressa (e estes tinham sido particularmente visados pela grupo avançado do esgoto claqueiro), Bas Dost regressa, Bruno regressa. Quem não regressa? Rui Patrício, William, Gelson, Podence, e, até ver, Rafael Leão (e Ruben Ribeiro, uma patetice de Jorge Jesus, e que presumo que ninguém se importe que vá jogar para a Ásia turca). Todos da formação. Ao mesmo tempo sai um punhado de jogadores também da casa (Geraldes, Domingos Duarte, Palhinha, como antes Tobias Figueiredo, etc.) como outros ainda virão a sair (estou certo que Mané não fará o ano no clube).
Cada um destes jogadores é um caso próprio, desde a expectativa de tentar outros campeonatos à tentativa de encontrar um rumo positivo à carreira. Mas há esta óbvia coincidência. Os jogadores que não regressaram ao clube são os que foram formados no clube; e os jovens (enfim, aos 23 anos um jogador de futebol não é um "jovem") da formação não ficam no clube. Há gente que vem dizer que a culpa é dos jogadores, da "falta de valores" e patacoadas dessas. Uma enxurrada destas mostra o óbvio: os jogadores da casa querem partir, os jogadores vindos de fora querem ficar. Isto mostra uma coisa óbvia: os da casa são pior tratados no clube do que os jogadores que chegam de fora. Não há como enganar, esta é a escancarada verdade.
Para um clube que se vangloria da sua "formação", da sua "academia" e que tem tantos constrangimentos financeiros, esta situação é completamente esquizofrénica. Muito se terá devido a estes últimos anos do projecto "Jesus", avesso a jovens da casa - Jesus merece muitos créditos, e acima de tudo pela forma heróica como sustentou o plantel sob o execrável Bruno de Carvalho e a sua turba de infectos adeptos. Mas o seu projecto no clube estava esgotado. Mas a situação não se reduz a isso, decerto que há muito para mudar na cultura organizacional do futebol profissional para evitar este desequilíbrio.
Vamos lá a ver se a saúde psicológica regressa ao clube. Sem presidentes demenciais, adeptos patológicos. E sem políticas esquizofrénicas de gestão de plantéis. Isto está tudo ligado.