Tem vindo hoje a ser abundantemente difundida por um conjunto de comentadores a ideia de que a Operação LEX não envolve o Benfica. Na minha opinião, envolve o Benfica (ou este vê-se envolvido) e importa, e muito, aos benfiquistas. Em que medida? A confirmar-se a veracidade das escutas citadas pelo CM, Luis Filipe Vieira teria alegadamente pedido ao Juiz Rui Rangel para mover influências junto de outros juízes, no sentido da obtenção de uma decisão favorável quanto a uma dívida fiscal de um filho seu, dando como contrapartida - e é aqui que LFV, alegadamente, envolve directamente o Universo Benfica (e indirectamente o Benfica) - um cargo remunerado na Fundação Benfica (fundada pelo Sport Lisboa e Benfica) e/ou na futura Universidade Benfica. Por isso, este caso, mais do que importar aos concorrentes do Benfica, é de toda a relevância ser do conhecimento dos sócios e adeptos do clube da Luz (e dos accionistas da sua SAD?), porque o Benfica ou, mais concretamente, empresas do seu universo - uma delas penso que ainda a constituir - estariam a ser, alegadamente, usados como contrapartida de resolução de questões que importam apenas ao cidadão Luis Filipe Vieira. Para além de um eventual ilícito - e até qualquer decisão tramitar em julgado deve ser seguido o princípio da presunção da inocência dos arguidos - é essa contrapartida, a ser verdadeira, que deverá preocupar os benfiquistas. Alguns deles, eventualmente menos preocupados com questões de ética, poderão menosprezar os alegados emails, vouchers ou suspeitas de viciação de resultados, talvez por considerarem que, por hipótese, mesmo vindo a ser provadas práticas ilegais, isso destinava-se a ajudar o Benfica a ganhar, mas neste caso, provavelmente, não perceberão qual a vantagem que poderia advir do consumo de recursos financeiros do Universo Benfica com o ordenado de Rui Rangel.
Com base nisto, talvez se compreenda o "spin" comunicacional e a razão pela qual alguns "opinion-makers" - em sentido contrário destaco a posição lúcida de Ricardo Araújo Pereira - tentam adormecer a nação benfiquista.
O antijogo é um cancro do futebol português, com manifesta evidência nos jogos que envolvem os três grandes.
Na final da taça da Liga, ainda mal tinha iniciado a segunda parte e já Pedro Trigueira começava a demorar a marcação dos pontapés de baliza. O árbitro Rui Costa não foi de modas e amarelou o guardião setubalense. Fiquei agradavelmente surpreendido. Por norma, os árbitros guardam esse amarelo para perto do final da partida.
Com a adopção das novas tecnologias no sentido de contribuir para a verdade desportiva, importa também aproveitá-las no combate ao antijogo, nas suas diversas manifestações (pontapés de baliza, lançamentos da linha lateral, jogadores no chão a simular lesão).
No tocante aos pontapés de baliza, já é mais do que tempo para adoptar o contador electrónico. A partir do apito do árbitro, o guarda redes, ou jogador de campo, tem cinco segundos (ou menos) para chutar a bola. Atingido o tempo para lançar a bola, é assinalada, de imediato, falta a favor da equipa adversária.
Para o "campeonato" dos treinadores de bancada, meus caros, quem acham que será o team inicial, hoje às nove da noite (uma hora que não lembra ao diabo), no jogo que nos trará como adversário o Pedro Martins?
Esta semana, por excesso de temas em agenda, a pergunta habitual surge só no próprio dia do jogo. Mas ainda chega a tempo.
Digam lá os excelentíssimos leitores - e os meus colegas de blogue - quais são os vossos palpites para este Sporting-V. Guimarães que começa a disputar-se às 21 horas, com arbitragem de Luís Godinho.
«Se o Raphinha sempre vier para o Sporting por 6,5 milhões com 14 golos já marcados pelo Vitória esta época, tendo apenas 21 anos, então estamos na presença de outra grande contratação, comparando o rendimento de um e outro com os 10 milhões pagos pelo Acuña ainda torna o valor pago pelo argentino mais exagerado.»
Rui Pedro Brás/Braz, ontem à tarde, na TVI 24, a propósito da denúncia anónima contra Bruno de Carvalho:
«É uma notícia que merece relevo. (...) Estamos aqui perante uma situação em que o futebol português está mergulhado numa série de situações desta natureza. É um ciclo vicioso: denúncias anónimas, queixas, investigações na justiça civil e na justiça desportiva... Desta vez tocou ao presidente do Sporting.»
Rui Pedro Brás/Braz, hoje à tarde, na TVI 24, a propósito do processo em que é arguido Luís Filipe Vieira:
«Ainda é um pouco cedo para percebermos o que está aqui efectivamente em causa. Aquilo que me parece mais ou menos pacífico dizermos nesta fase é que isto nada tem a ver com o futebol. E que, eventualmente, nem sequer tem nada a ver com o Benfica.»
Em 1962, Béla Guttmann deixou o Benfica. Incomodado pela recusa da direcção encarnada em lhe pagar um bónus pelas duas vitórias consecutivas na Taça dos Campeões Europeus, o técnico húngaro, alegadamente, terá profetizado: "sem mim, nem em cem anos, o Benfica vai conquistar outra taça europeia!".
Em Novembro de 2017, em entrevista à BenficaTV, o presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, declarou àcerca de uma pretensa aliança entre Sporting e Porto, referindo-se ao Sporting, que "um já perdeu", "já está a pé", "já acabou", e que o clube leonino bem poderia ir buscar 5/6 jogadores em Janeiro que no final "não vão ganhar nada".
Como em tudo, há boas profecias e más profecias. Umas são autênticas maldições, outras são banha da cobra.
Por muito que agora o Sporting até a tenha ganho, para mim a Taça da Liga será sempre uma prova secundária no calendário futebolístico nacional. Prova essa que motiva paragens injustificadas da principal prova, o campeonato nacional, e reagendamentos desnecessários de jornadas durante a semana, como acontece agora. Parece-me óbvio que esta solução não agrada a ninguém - implica paragens desnecessárias para clubes que não estejam na "final four" e sobrecarga de jogos para os outros.
Para evitar todos estes inconvenientes, julgo que se deveria passar a jogar a fase de grupos da Taça da Liga em Agosto, no início da época, antes do arranque do campeonato. Arranque este que tem sido cada vez mais antecipado, para alturas em que muita gente ainda está de férias. (Em Espanha, por exemplo, o campeonato só começa em Setembro.) O campeonato começaria duas semanas mais tarde do que o que tem começado, e nessas duas semanas jogar-se-ia a fase de grupos. Quanto à "final four", a melhor altura para a realizar seria entre o Natal e o Ano Novo. A Taça da Liga disputar-se-ia assim em alturas de férias, como uma competição alternativa, o que talvez até lhe trouxesse um interesse suplementar.
Oiço a Rádio, sou bombardeado com as notificações noticiosas no telemóvel, leio os vários "Última Hora" nos rodapés das televisões e só me me lembro do Robert Duvall a dizer-nos: "Adoro o cheiro a napalm pela manhã".
Primeiro a manchete do Expresso deste fim-de-semana, agora as notícias das buscas à casa do juiz Rangel, à residência do Luís Filipe Vieira, à SAD do Benfica. Ainda o ministro das Finanças a dizer que sai do Governo se for constituído arguido num processo de alegado favorecimento fiscal aos filhos do presidente do Benfica. Mais os emails da cúpula encarnada e demais cartilheiros do clube da Luz. Os alimentícios vouchers. As suspeitas sobre jogadores comprados para facilitar a vitória da equipa de Rui Vitória.
Uma soma que culmina agora na notícia: Luís Filipe Vieira constituído arguido.
É verdade, não se pode especular, há que presumir inocências até trânsitos em julgado, claro que sim, mas e parafraseando outro momento do cinema "It´s beyond my control" e por isso não escapo à frase do imortal Apocalypse Now do Coppola: "Adoro o cheiro a napalm pela manhã".
É muito fumo para não haver fogo.
P. S.: Um aplauso ainda para o nosso edifício judicial. Ex-primeiro-ministro investigado e a caminho de julgamento, destino igual para o mais poderoso banqueiro do regime e, agora, o Presidente do Benfica a braços com a Justiça. Tudo coisas do campo da ficção há uns anos apenas, hoje tão reais como muitas das vitórias encarnadas foram marteladas e que desembocaram na percepção de uma grandeza que, afinal, pode não ser mais do que mera ficção.
É com alguma estranheza que vou lendo e ouvindo muitos comentadores assumirem a necessidade de pacificar o futebol, de se acabarem com estas permanentes trocas de galhardetes entre dirigentes desportivos e não só, quando são muitas vezes os próprios a lançar gasolina para uma fogueira já excessivamente ateada.
Entretanto todos os dias vamos lendo em letras garrafais notícias de que este ou aquele dirigente está a ser investigado pelas autoridades competentes. Os jornais da especialidade, ditos desportivos, pelam-se por casos destes e exploram-nos até à exaustão. Não havendo outras notícias importantes para dar, socorrem-se destas para encher páginas.
Se pensarmos bem, esta nova ordem futebolística alimenta uma data de bocas e programas televisivos. Todos os canais dedicam horas aos casos de futebol, mas nenhum deles, repito nenhum deles procura apaziguar as entidades em confronto.
O que mais falta por aí são equipas de comunicação bem montadas, que usam e abusam das plataformas sociais para lançarem ataques, quantos deles soezes e sem fundamento para somente desviarem as atenções do essencial.
Concluo assim que o futebol luso, ao contrário do que hipocritamente se diz, vive demasiado bem neste profundo lamaçal.
A tal verdade desportiva, para já, não passa de um mito ou uma teoria que muitos não desejam ver passada à prática.