Virado do avesso
Oiço portistas, armados em calimeros, queixarem-se de arbitragens e da "inaceitável complacência com o mundo subterrâneo". E penso com os meus botões: este mundo parece virado do avesso.
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Oiço portistas, armados em calimeros, queixarem-se de arbitragens e da "inaceitável complacência com o mundo subterrâneo". E penso com os meus botões: este mundo parece virado do avesso.
A conversa da arbitragem é areia para os olhos. Não estavam habituados à normalidade de o Sporting ganhar clássicos. Pois é melhor habituarem-se. Rui Vitória, Nuno Espírito Santo, Casillas são verdadeiros gentlemen, na conversa habitual do comentário desportivo. Mas a verdade é que mal perdem (ou empatam) um jogo transformam-se em versões bem-falantes de José Mota, jorrando culpas para cima do árbitro. À terceira jornada, já vai um chinfrim sobre os árbitros que não acaba. E os calimeros somos nós.
O Porto perdeu porque não dá para mais. Começaram melhor, mas porque usaram uma táctica que ninguém aguenta 90 minutos contra equipas grandes: a pressão alta (altíssima). Toda a gente fala dos passes falhados do Sporting nessa altura. Não foram falhados. Foram interceptados pelos jogadores do Porto, que não deixavam o Sporting jogar. Pois, a pressão alta é muito gira, mas dá cabo do corpinho. Foi uma táctica tão boa no curto-prazo quanto péssima no longo-prazo. À meia hora de jogo estavam rebentados, tanto mais que já tinham feito uma coisa do género contra a Roma na terça-feira. Tal como no jogo com a Roma, ao fim de 20 minutos começaram a defender cá atrás e o Sporting começou a mandar. O Sporting joga melhor, tem mais rotinas. O Porto não tem. Os golos foram naturais e podiam ter sido mais, sobretudo na segunda parte. Na segunda parte, aliás, os jogadores do Porto não podiam com uma gata pelo rabo. Foi por causa disto, e duns jeitinhos que o Jesus deu no meio-campo, que perderam. Não foi por causa do árbitro.
Siga para bingo, que o pior está para vir: João Mário foi-se, Slimani foi-se e diz que Adrien também está a caminho. Jesus, agora é que é preciso mostrares o que vales: terás de montar um meio-campo novinho. Rapidamente e em força.
Gelson Martins: 19
Slimani: 19
Bruno César: 19
Rúben Semedo: 19
William Carvalho: 18
Adrien: 16
Rui Patrício: 15
Coates: 15
João Pereira: 15
Campbell: 14
Marvin: 14
Bruno Paulista: 13
Bryan Ruiz: 13
Carlos Mané: 1
A Bola elegeu Bruno César como melhor sportinguista em campo. O Record optou por Slimani. O Jogo escolheu Gelson Martins.
A ser verdade, a transferência de Adrien é a maior perda possível para a equipa do Sporting e aquela que eu mais temia. O capitão leonino podia não ser o melhor jogador da equipa mas era a sua alma em campo. A forma como abordava cada jogada e a intensidade que colocava em cada disputa faziam dele a voz de liderança e o exemplo a seguir. Não vejo como é que vamos conseguir encontrar dois bons médios-centro até quarta-feira. Para ser franco, nem me apetece festejar a vitória de ontem!
Este frustrado candidato a Zandinga, como é costume, voltou a falhar nas previsões. E falhou a dobrar de uma vez só. É obra.
«Quem nunca vejo nervoso no momento de decidir é Jorge Jesus. Adrien pode inventar em quatro ou cinco lances sem criar danos. William Carvalho conseguiu evoluir no terreno várias vezes a passo. A super-reacção de Brian Ruiz no lance do golo permitiu evitar uma mão na bola. Não admira que apenas precise de três jogadores para fazer um quadrado. Obrigado aos vermelhos por nos "dispensarem" este extraordinário treinador.»
J. S. Ferreira, neste meu texto
Saímos de Alvalade com uma sensação de plenitude. Vimos um bom jogo, intenso e emotivo. E vimos a nossa equipa vencer mais um clássico - o sexto em sete partidas desde que Jorge Jesus foi contratado para treinador.
A vitória por 2-1 frente a um FCP mais sólido do que aquele que derrotámos a 2 de Janeiro para a Liga 2015/16 resultou de um exibição muito convicente - superior àquilo que indicia o resultado final, construído ainda na primeira parte após a turma portista ter estado a vencer.
Excelente organização colectiva da equipa leonina, com vários jogadores em excelente nível - quase a fazer esquecer já a ausência de João Mário, entretanto contratado pelo Inter. Não é fácil destacar um como melhor em campo, mas realço a presença combativa de Slimani, autor do nosso primeiro golo. Provavelmente o último que marcará pelo Sporting, pois despediu-se em lágrimas do público que o aplaudia sem reservas no fim da partida.
Aplausos bem merecidos para um dos maiores goleadores que vestiram a camisola verde e branca neste século. Ainda não partiu e já temos saudades dele.
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RUI PATRÍCIO (7). Sofreu o primeiro golo deste campeonato, logo a abrir a partida, quando tinha o sol de frente e terá sido encadeado num lance de bola parada. Sem culpas neste lance, esteve em grande nível durante todo o jogo.
JOÃO PEREIRA (7). Não tem a energia de outros tempos, mas é um jogador cada vez mais racional. E combativo como sempre. Travou duelos constantes na sua ala e venceu a maioria deles. Com fibra leonina.
COATES (7). Outra exibição muito segura do central uruguaio com intervenções decisivas em diversos lances. Destaque para dois cortes consecutivos aos 54' e outro aos 71'. Dá solidez à equipa com a sua boa leitura de jogo.
RÚBEN SEMEDO (8). Impressiona como um jogador tão jovem tem já tanta maturidade competitiva. Todos os cortes lhe saíram bem e até pareciam fáceis - mesmo quando não eram. Grande qualidade na reposição de bola.
MARVIN (6). Foi o elemento mais apagado do nosso quarteto defensivo, sobretudo na primeira parte, em que por vezes se atrapalhou com a bola. Cresceu de rendimento no segundo tempo, saldando-se por uma exibição positiva.
WILLIAM CARVALHO (8). Foi um gigante nos confrontos individuais no meio-campo. E desta vez ousou diversas incursões pelo sector mais ofensivo. Cabeceou muito bem na sequência de um canto, mas Casillas negou-lhe o golo.
ADRIEN (8). Parece desdobrar-se em múltiplas acções de comando nas zonas mais diversas do campo. É o maestro indiscutível do nosso onze, mesmo quando aparenta algum cansaço, como hoje sucedeu perto do fim do jogo.
BRUNO CÉSAR (7). Nunca dá um lance como perdido, o que faz dele um elemento muito valioso no nosso plantel. Bom executante de lances de bola parada. Num livre, atirou ao poste. Da recarga viria o segundo golo. Saiu aos 90'.
BRYAN RUIZ (6). Muito marcado por Danilo, que lhe tolheu os movimentos, teve pouca posse de bola e não foi o desequilibrador a que nos habituou. Redimiu-se na jogada do segundo golo, assistindo Gelson Martins. Saiu aos 69'.
GELSON MARTINS (8). Pode ser o sucessor de João Mário e trabalha para isso: não se limita a brilhar na ala: já faz boas incursões para o eixo. Autor da recarga no primeiro golo e marcador do segundo, aos 26'. Substituído aos 69'.
SLIMANI (8). Marcou o primeiro golo (14') e teve excelente actuação no plano táctico, em pressão constante sobre a defesa, nunca deixando o FCP organizar-se a partir de trás. Alvalade tributou-lhe uma sentida e merecida homenagem.
CAMPBELL (7). Entrou aos 69' sob intensos aplausos de boas-vindas neste jogo de estreia com a camisola verde e branca. Correspondeu à expectativa com bons apontamentos, sobretudo no plano técnico. Temos reforço.
BRUNO PAULISTA (6). Entrou aos 69' com a missão de refrescar o meio-campo e desempenhou com brio a tarefa que lhe foi confiada. Vê-se no entanto que ainda lhe faltam rotinas que só virão quando tiver mais tempo de jogo.
CARLOS MANÉ (6). Jesus mandou-o entrar aos 90' para segurar a bola com a sua reconhecida mestria técnica. O jovem vice-campeão europeu sub-21 cumpriu, confirmando uma vez mais que o técnico pode confiar nele.
Gostei
Da vitória. Triunfo indiscutível do Sporting no primeiro clássico da temporada. Vencemos e convencemos, com clara supremacia da nossa equipa frente ao FC Porto treinado por Nuno Espírito Santo.
Da reviravolta. Não é fácil virar o jogo perante uma equipa como o FCP estando a perder logo aos 8'. Mas o Sporting fez isso, com determinação e consistência, partindo para o intervalo já a vencer por 2-1, com dois golos marcados em doze minutos. O resultado manteve-se até ao apito final.
Da exibição. O Sporting apresentou em campo um onze maduro, sólido, seguro, confiante. Um onze construído à imagem e semelhança de Jorge Jesus.
Da intensidade do jogo. Partida emotiva, cheia de lances de ataque continuado e consistente. Um clássico que honrou os pergaminhos da modalidade.
De Slimani. Alguns imbecis especulavam antes deste desafio sobre o ânimo de Slimani, que já estaria "ausente" de Alvalade, considerando que já estaria com a cabeça noutro local, e que certamente iria "poupar-se" para preservar eventuais lesões. A exibição do avançado argelino provou o contrário: conquistou o livre que nos valeu o primeiro golo, marcado por ele (14'); foi sempre o primeiro jogador a perturbar o início da manobra ofensiva portista; forçou os defesas adversários a estar em alerta permanente. No final da partida despediu-se em lágrimas, sob fortíssima ovação, neste que terá sido o seu último jogo pelo Sporting. Despede-se com uma vitória. Sai pela porta grande: elejo-o como o melhor em campo num desafio em que quase todos os nossos jogadores estiveram muito bem.
De Rúben Semedo. Exibição de cinco estrelas do jovem formado na nossa Academia. Cortou tudo quanto havia para cortar no nosso reduto defensivo e repôs a bola em jogo sempre com qualidade e precisão. Exemplar o modo como travou uma investida perigosa de Herrera aos 16'. É já, sem a menor dúvida, um dos melhores centrais do futebol português.
De Adrien. Outra actuação de gala a pautar o jogo leonino e a incutir ânimo aos colegas do princípio ao fim. Podia ter marcado, com um grande remate aos 32': Casillas travou-o com uma defesa difícil.
De William Carvalho. Energia inesgotável do nosso maior recuperador de bolas, que se revelou um obstáculo intransponível à progressão dos jogadores portistas. Fez um cabeceamento letal a que Casillas correspondeu com a defesa da noite (56'). O nosso campeão europeu teria merecido este golo.
De Gelson Martins. Participou na construção do primeiro golo, com uma recarga quase vitoriosa a que Slimani deu o melhor desfecho, e marcou o segundo com um bom disparo. Progride de jogo para jogo. E ganha cada vez mais confiança à medida que Jesus vai apostando nele como titular.
Da estreia de Joel Campbell. O jogador costarriquenho, recém-contratado, estreou-se a meio da segunda parte e teve bons apontamentos encostado à ala direita, tanto a atacar como a defender. O público gostou e não lhe regateou aplausos.
De ver a nossa equipa invicta. Três jogos, três vitórias: estamos na liderança do campeonato com todo o mérito.
De ver as bancadas cheias. Hoje fomos 49.399 espectadores em Alvalade. Uma das maiores assistências de que há memória no nosso estádio.
Do estado do terreno. Temos enfim um relvado em bom nível. Já era tempo. E merece elogio especial.
Não gostei
Do golo portista. Ocorreu muito cedo e começou por gelar o estádio. Mas o gelo rapidamente derreteu perante a óptima réplica dos nossos jogadores.
Do resultado tangencial. Face à exibição da nossa equipa, acabou por saber a pouco.
Das expulsões. O árbitro Tiago Martins, muito nervoso nesta estreia a apitar um clássico, confundiu autoridade com autoritarismo ao expulsar o nosso treinador e o médico do Sporting, Frederico Varandas. Jorge Jesus já foi expulso mais vezes em apenas um ano no Sporting do que nos seis anos em que esteve no Benfica. Não há coincidências.
Da ausência de João Mário. O nosso campeão europeu já não está no Sporting. Mas a equipa não se ressentiu desta lacuna, o que confirma a sua maturidade e constitui uma homenagem suplementar que devemos fazer a esta equipa comandada por Jorge Jesus.
… Que à terceira jornada o Sporting seria líder do campeonato?
Pois nem os adeptos Sportinguistas mais optismistas assim o pensariam. Mas o futebol é assim mesmo: hoje alegria para uns, tristeza para outros.
No entanto, e de forma a evitar o que se passou na época passada, é bom que Jorge Jesus comece já a moderar o seu discurso, assim como Bruno de Carvalho. O campeonato é longo e ainda agora começou, portanto seria fantástico que todos usassem de alguma parcimónia na hora de falarem da situação de sermos líderes.
O meu avô, homem sábio e conhecedor da natureza humana, usava da seguinte máxima: “Mais vale o que fica por dizer do que aquilo que se diz”.
Também aqui
Primeiras impressões acerca do jogo de hoje, com o FCPorto:
Os primeiros quinze minutos dominados pelo Porto, em que marcou um golo.
Dos quinze aos sessenta minutos, jogo claramente dominado pelo Sporting, que começou com o golo do empate e ainda marcaria outro antes da meia hora.
Dos sessenta até final, claramente dominado pelo árbitro, que quis ser protagonista num jogo em que claramente não é especialista. Muito mau nos campos técnico e disciplinar, ele apenas, conseguiu cortar o ascendente do Sporting a partir da hora de jogo. Incompetente, para não lhe chamar outra coisa.
De qualquer forma, não merece contestação o resultado e o vencedor é mais que justo.
Melhor em campo: Ruben Semedo.
Fernando Santos, estás à espera do quê para convocar o Ruben Semedo?
«João Mário já não estava com o coração em Alvalade.»
Ontem, na SIC Notícias
Lembrou bem o Mister Pedro Correia que eu sugerira aqui a contratação de Joel Campbell. Era um jogador que eu, há anos, desejava ver de verde e branco. Tenho poucas dúvidas que será uma das nossas maiores estrelas esta época. Como extremo ou como segundo avançado fará a diferença. Eu já ali tenho a roupa escolhida para logo.
Há algo que me custa observar num estádio de futebol e que se prende com aquele adepto que numa determinada partida achou por bem levar a sua excelsa a ver pela primeira vez um jogo de futebol.
Acreditem, não há pior. Ela nunca vai perceber em 90 minutos todas as nuances do Desporto-rei e ele não consegue ver o jogo com a atenção devida! Aquilo são perguntas atrás de perguntas e o pior é que o adepto fica completamente inibido de expressar-se com o calão que o adversário ou o árbitro merecem.
Deste modo, caros adeptos, aceitem este conselho: se a sua esposa, namorada, companheira ou simples amiga nunca foi à bola… também não a leve amanhã, pois a nossa equipa necessita do apoio de todos nós!
Esperemos que o autocarro do FCP tenha mais uns furos amanhã.
...como eu aqui previ (e foi gozado). Foi por 40+5. Obrigado ao miúdo que passou de talentoso camisola 49 do Sporting B a camisola 10 da selecção campeã da Europa em poucos anos. Com a camisola listada, como sénior, fez 171 jogos.
Já confirmado oficialmente: João Mário vai ser jogador do Inter, com um contrato de cinco anos. Consuma-se assim a mais valiosa transferência de sempre de um jogador português a actuar no nosso campeonato. João Mário Eduardo, um dos indiscutíveis valores forjados na Academia leonina, campeão europeu de futebol, transfere-se aos 23 anos para o histórico clube italiano por 45 milhões de euros - incluindo cinco milhões por objectivos.
Deixando a grande distância aquela que era até agora a mais proveitosa venda do Sporting: a de Nani, em 2007, por 26,5 milhões.
Gostaria que João Mário - que permaneceu 14 anos de verde e branco, desde as nossas escolinhas infantis - tivesse continuado em Alvalade. Mas reconheço que esta transferência ocorre nas melhores circunstâncias para as duas partes - jogador e clube. Terminou o tempo em que a Academia leonina formava jogadores e via-os partir demasiado cedo, quase sempre por tuta e meia, sem lucrar com eles nem no plano financeiro nem no plano desportivo.
Enfim, um monumental golo marcado por Bruno de Carvalho, que continua a defender com profissionalismo e competência os interesses do Sporting Clube de Portugal. Ao invés da gestão de Godinho Lopes, que em 2012 vendeu irresponsavelmente 25% do passe de João Mário por 400 mil euros a um fundo de investimento. A troco de tão modesta quantia, e sem nada ter feito de relevante pelo jogador, esse fundo prepara-se agora para empochar 11,25 milhões - como se lhe saísse o totoloto e o euromilhões ao mesmo tempo, graças aos préstimos da anterior direcção, que tanto fez para afundar o Sporting.
Boa sorte, João Mário: bem a mereces. Continuarás a ser Leão de corpo e alma.
Nove jogadores formados pela Academia leonina na primeira convocatória para o apuramento do Mundial 2018.
Nada que surpreenda seja quem for.
O Sporting sempre a contribuir para o prestígio do futebol português.
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