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És a nossa Fé!

Mário Moniz Pereira

Temos os cinco violinos e um grande maestro. Um humilde obrigado Senhor atletismo e mais, muito mais.

Na hora da meta final, fica a certeza de que pudemos aplaudir e agradecer ao vivo e em vida um dos nossos melhores.

A maior potência desportiva de Portugal e o atletismo e desporto nacional devem-lhe muito.

Para a História.

 

 

In memoriam!

Se houve alguém que me marcou, foi ele.

Se houve alguém muito grande neste país, foi ele.

Se houve alguém que todos desejavam ser, foi ele.

Se houve alguém que amou o Sporting, foi ele.

Se houve alguém a quem o país mais deveu, foi ele.

Se houve alguém que foi o expoente máximo do lema do Sporting, foi ele!

Jamais o esqueceremos, Professor, jamais!

 

Também aqui

Parabéns, Catarina

Catarina Cardoso.jpg

 

Já vai tarde a referência elogiosa, mas vale mais tarde que nunca. Refiro-me a Catarina Cardoso, que aguentou muito bem a condução da emissão na Sporting TV quando falhou o directo para Badajoz, terça-feira passada, na primeira transmissão de um jogo da nossa equipa principal no canal do clube, por motivos técnicos alheios à estação, conforme viria a ser explicado.

Foram 15 minutos inesperados a trabalhar sem rede, enquanto se aguardavam as imagens do Villarreal-Sporting. E os problemas técnicos poderiam ter-se prolongado bastante mais, ameaçando até inviabilizar a transmissão do desafio, o que felizmente acabou por não acontecer. Imperou então o profissionalismo da jovem leoa, que segurou as rédeas da emissão - ajudada, é verdade, pelos dois comentadores em estúdio: Fernando Peres e Manuel Fernandes, figuras de referência do universo leonino que tanto prestigiaram as nossas cores como jogadores de eleição.

Mas o principal mérito é dela. Daí as palavras de elogio que aqui lhe deixo. A Catarina merece-as.

 

Crónica de férias

Daqui, de um repouso merecido em Cabanas de Tavira, peço desculpa pelo aparte, mas (provavelmente) a mais linda praia de Portugal, uma pequena reflexão sobre esta pré-época:

- Continuamos com um conjunto com todas as condições para ganhar o campeonato, isso viu-se hoje na primeira parte do jogo do "Troféu Cinco Violinos";

- Temos uma segunda linha razoável nalgumas posições e claramente deficitária noutras, a saber guarda-redes suplente, defesa esquerdo e ponta de lança;

- A coisa com os "Aurélios" fia mais fino e perder um deles seria complicado.

 

E pronto, vou continuar a banhos, sem nunca perder de vista o Sporting.

Para a semana vai haver dois jogos cá pelo reino dos algarves. Se tudo correr bem, lá estarei, já que vou perder o jogo de abertura do campeonato e há que matar a fome de bola!

 

As primeiras impressões (6)

O melhor jogo da pré-temporada leonina terminou há pouco em Alvalade, perante mais de 30 mil adeptos. Com uma vitória do Sporting frente ao Wolfsburgo que nos permitiu conquistar mais um Troféu Cinco Violinos.

A primeira parte - em que jogámos com o onze-base que terminou a temporada anterior, já com os nossos quatro campeões europeus reintegrados na equipa - foi muito mais positiva, com claro domínio verde e branco sobre a turma alemã. A nossa vitória (2-1) foi construída nesse período: os jogadores trocaram bem a bola, revelaram muita mobilidade e fizeram uma exibição convincente. Mostrando uma inegável vivacidade e alegria por regressarem aos desafios no relvado, aspecto que merece ser assinalado.

Após o intervalo, Jorge Jesus foi fazendo sucessivas alterações, deixando apenas Rui Patrício em campo, o que afectou a qualidade global da equipa. Foi nesse período que os alemães marcaram o seu golo solitário, insuficiente para travarem a derrota. Mas podiam ter empatado se Rui Patrício não fizesse uma excelente defesa aos 69' - o guarda-redes titular da selecção que conquistou o Euro 2016 merece aliás ser mencionado como o melhor jogador desta partida.

Alguns dos suplentes deram boas provas, outros nem por isso. Mas todos precisam de mais minutos de jogo para ganharem automatismos, desenvolverem destreza muscular e mostrarem o que valem no plano táctico.

Um dos poucos que permaneceram no banco foi Barcos. Sinal evidente de que o treinador não contará com ele. Ninguém tem dúvidas: precisamos de um reforço urgente na frente atacante. Ou talvez mesmo dois.

 

................................................

 

Apreciação sucinta dos nossos jogadores:

 

Rui Patrício - Qualidade indesmentível. Duas defesas monumentais: uma aos 42', a remate de Ricardo Rodríguez, outra aos 69', travando Kruse, isolado à sua frente. Merece ser distinguido como o melhor em campo.

 

Schelotto - Bastante mais contido do que nos tem habituado, sobretudo nas incursões ofensivas. A defender, voltou a exibir segurança e solidez. A lateral direita parece bem entregue. Saiu aos 65'.

 

Coates - Outra exibição muito positiva, sobretudo na articulação com Rúben Semedo no eixo da defesa. Magistral corte aos 41'. Substituído aos 76'.

 

Rúben Semedo - Voltou à titularidade, evidenciando classe: é um dos jogadores que mais tem evoluído sob o comando de Jesus. Tudo lhe sai bem. Aos 44', pôs fim a um contra-ataque perigoso. Saiu aos 77'.

 

Marvin - A sua melhor exibição da pré-temporada. Foi combativo e arriscou mais incursões pelo seu flanco, sem descurar a vigilância defensiva. Substituído aos 65'.

 

William Carvalho - Regresso em boa forma, com a qualidade de passe que bem conhecemos. Foi o maior distribuidor de jogo da equipa, complementando bem a acção de Adrien na fase de construção ofensiva. Saiu aos 76'.

 

Adrien - O dínamo da equipa, que pauta naturalmente o ritmo de jogo colectivo do Sporting. Marcou muito bem o nosso segundo golo, de penálti (34'). Saiu aos 55', visivelmente cansado, sob uma chuva de merecidos aplausos.

 

Bruno César - Outra boa exibição. Muito dinâmico na ala esquerda, fez um cruzamento perfeito para o primeiro golo e cavou o penálti de que resultaria o segundo. Ainda um grande remate a rasar o poste (31'). Substituído aos 77'.

 

João Mário - Menos explosivo do que nos habituou, demonstrou alguns pormenores de grande classe, sobretudo na forma como domina e transporta a bola. Mas soube a pouco. Saiu ao intervalo.

 

Bryan Ruiz - Com Adrien de regresso, voltou a adiantar-se no terreno. E jogou desta vez no eixo do ataque, tendo Slimani à sua frente, posição em que parece render melhor. Muito marcado pela defesa alemã. Saiu aos 76'.

 

Slimani - O estádio quase veio abaixo quando o argelino regressou aos golos, aos 26'. Com excelente gesto técnico: recebeu a bola de costas, fez uma rotação com ela dominada, driblou Dante e fuzilou. Saiu aos 55', muito aplaudido.

 

Iuri Medeiros - Jogou toda a segunda parte, no lugar de João Mário. Acusa algum excesso de ansiedade, mas vai melhorando de desafio para desafio. Precisa de entrosar melhor com os companheiros de ataque.

 

Palhinha - Outra exibição positiva. Entrou aos 55', com a responsabilidade de substituir Adrien. Mais retraído do que o campeão europeu na fase de construção, foi sobretudo útil no apoio ao nosso eixo defensivo. Cumpriu.

 

Alan Ruiz - Esteve em campo desde o minuto 55, mas não propiciou à equipa as soluções que Slimani fornece no ataque. Hoje pareceu um pouco mais lento e preso de movimentos do que nos jogos anteriores.

 

Jefferson - Substituiu Marvin aos 65'. Tem os defeitos e os atributos simétricos aos do seu companheiro: mais lesto e ousado no ataque, mais inconstante a defender. Podia ter feito melhor no golo alemão, sofrido aos 78'.

 

João Pereira - Rendeu Schelotto ao minuto 65. Os centros não lhe saíram bem e revelou alguma dificuldade em acompanhar o extremo do Wolfsburgo. Mas nunca vira a cara à luta nem desiste do combate, o que justifica elogio.

 

Podence - Entrou aos 76'. Precisa de ganhar traquejo após uma boa época na equipa B. Jesus poderá contar com ele na Liga 2016/17. Destaque para uma grande simulação que possibilitou um golo a Aquilani, infelizmente falhado.

 

Aquilani - Pena ter falhado o golo que Podence ajudou a construir para ele, quase no fim do jogo. Entrou aos 76', para o lugar de William Carvalho. Sabe jogar, mas parece faltar-lhe sempre um suplemento de ânimo.

 

Ewerton - Substituiu Coates aos 76'. Podia ter feito muito melhor no lance do golo alemão, ocorrido em parte devido a uma falha de marcação sua. Está muito longe da forma ideal.

 

Naldo - Rendeu Rúben Semedo aos 77'. Tem disciplina táctica e sentido posicional, embora lhe falte a qualidade de passe do colega. Cumpriu no essencial.

 

Matheus Pereira - Entrou aos 77', cheio de vontade de mostrar serviço, o que lhe aumenta os níveis de ansiedade. Fez dois bons centros para Podence, já no tempo extra. Qualquer deles podia ter dado golo.

A pressão

Se isto for pressão, pois bem: considerem-na como tal. Eu não exijo a Jorge Jesus - décimo melhor treinador do mundo - nada menos do que exigi a Fernando Santos no Campeonato da Europa: a conquista do título.

Chega de paleio, basta de desculpas, nem tolero ouvir falar nas famigeradas vitórias morais: 15 anos de jejum já bastam.

Quero o Sporting campeão nacional em Maio de 2017.

Os nossos comentadores merecem ser citados

«Os melhores já cá estavam (alguns...) mas os passes estavam espartilhados por fundos e empresários por meia dúzia de patacas. É conveniente não esquecer. Só um exemplo: em tempos, 25% do passe de João Mário, à semelhança de muitos dos mais prometedores atletas da formação, foi oferecido a umas sanguessugas quaisquer por singelos 400.000€. Isto ACABOU!»

Bryan, neste meu texto

Sem surpresa

Jorge Jesus foi eleito o  décimo melhor treinador do mundo pela FourFourTwo, provavelmente a revista especializada em futebol mais conceituada a nível internacional.

Subiu cinco lugares desde a votação anterior. Pelo trabalho que fez no Sporting, com destaque para dois recordes já batidos em Alvalade: ter terminado o campeonato com 86 pontos, a nossa mais elevada pontuação de sempre, e com 36 vitórias nos jogos disputados durante a temporada, outra proeza inédita.

Nada que nos surpreenda.

Os nossos comentadores merecem ser citados

«Adoro a pirueta a 180.º que a maioria dos benfiquistas que conheço deram no momento exacto em que se soube que Carrillo assinou pelo seu clube. Um jogador que durante anos foi inconsistente, imaturo, fonte de problemas e desestabilizador de balneários rapidamente se tornou numa promessa quase certeza, génio ou um dos melhores jogadores da Liga portuguesa, quiçá da Europa.»

Nuno Rodrigues, neste meu postal

Cada vez mais longe do abismo

joaomariobcarvalho[1].jpg

 Foto A Bola

 

O chamado  "caso" João Mário - primeira telenovela da estação pateta do nosso jornalismo futebolístico, que vai abrir caminho a várias outras - acaba por constituir uma homenagem involuntária ao espírito combativo de Bruno de Carvalho por parte dos seus detractores.

Ao assumir a liderança do Sporting, em Março de 2013, o actual presidente leonino cortou radicalmente com péssimos hábitos instalados no clube - sobretudo ao nível da gestão dos seus principais activos, que são os jogadores.

Antes dele foi possível que um dos melhores defesas da nossa formação, Daniel Carriço, acabasse transferido por meros 750 mil euros, quando já era capitão da equipa. Hoje é um profissional cotado no campeonato espanhol, com duas Ligas Europas no seu currículo.

Antes dele foi possível outro grande defesa formado no Sporting, Eric Dier, ter um contrato de tal maneira lesivo para os interesses do nosso clube que encorajava qualquer agremiação inglesa a resgatá-lo por meros cinco milhões de euros. Assim sucedeu, com o Tottenham: Dier é hoje titular da selecção inglesa.

O Sporting, que foi sempre um clube formador por excelência, raras vezes colheu os frutos devidos dessa formação. Nenhum de nós esquece o que aconteceu com a venda de Cristiano Ronaldo, em 2003: aquele que viria a ser o melhor jogador do mundo foi despachado com apenas 18 anos, rendendo só  8,2 milhões de euros aos cofres leoninos. A pressa em vê-lo longe de Alvalade, por parte dos dirigentes da altura, foi imperdoável. Quase criminosa.

 

Bruno de Carvalho pôs fim a esta negligência lesiva dos nossos interesses. Actualizou salários, readquiriu passes dos jogadores, renovou contratos (o de João Mário teve a primeira actualização logo em Julho de 2013, quatro meses após a posse do presidente), subiu cláusulas de rescisão. Não voltará a repetir-se uma situação como a que nos levou a ficar privados do talento de Eric Dier após termos investido nele onze anos de formação.

Lembro-me bem do gozo generalizado de que foi alvo o presidente ao elevar as cláusulas a cada revisão contratual. Hoje os nossos principais rivais praticammesma política, sem que haja ninguém a gozá-los. Percebe-se porquê: isto defende os interesses de qualquer clube, por mais que possa desagradar a determinados empresários e a uma certa camada de agentes intermédios, pertencentes a uma clique parasitária que ambiciona enriquecer à custa do suor alheio.

 

Com João Mário, tal como sucedeu com outros jogadores de inegável valia, Bruno de Carvalho agiu com astúcia negocial mas de forma transparente, procurando acima de tudo defender o interesse do Sporting.

Antevendo as boas prestações do jogador na Liga 2015/16 e no Campeonato da Europa, o presidente actualizou o salário do nosso médio criativo e propôs-lhe a celebração de um novo contrato, prontamente aceite há menos de um ano. Um contrato que vincula até 2020 João Mário ao clube que o formou e fixa uma cláusula de rescisão inteiramente adequada ao seu valor. Nada mais natural, tratando-se daquele que é talvez o melhor activo do futebol leonino.

Na altura isto não suscitou o menor protesto por parte das virgens ofendidas que agora pululam por aí.

 

Dizem as notícias mais recentes que o empresário de João Mário terá recebido propostas de aquisição do jogador por parte de quatro dos maiores clubes europeus, oscilando entre 35 milhões e 40 milhões de euros. Sem perceberem, estes jornais vão prestando tributo à gestão de um presidente que tem conseguido valorizar como nunca os jogadores. Basta lembrar que há dois anos, sem acesso à equipa principal e pouco utilizado na equipa B, João Mário jogava por empréstimo no Vitória de Setúbal. Hoje é conhecido na elite do futebol europeu.

De que outro profissional do Sporting se podia dizer o mesmo antes de Março de 2013, quando seguíamos em décimo lugar no campeonato, não ganhávamos um só título interno desde 2008, havia cinco anos que permanecíamos fora do acesso à Liga dos Campeões e vendíamos jogadores ao desbarato - de  Matías FernándezRicky von Wolfswinkel - para cumprir elementares operações de tesouraria?

 

Hoje, apesar de continuarmos a honrar a pesada dívida que as gestões anteriores contraíram perante a banca, temos liquidez suficiente para recusar novas saídas de jogadores a preço de saldo, por mais que isso nos mantivesse nas boas graças dos empresários que só ambicionam somar milhões às suas contas bancárias.

Deixámos de estar com a corda na garganta, deixámos de agir em função do desespero de circunstância. A larga maioria dos passes dos nossos jogadores regressou à titularidade do Sporting. As renovações contratuais voltaram a defender os interesses do clube, sublinhando a nossa capacidade formadora, e beneficiaram igualmente os profissionais do futebol que servem da melhor maneira a instituição.

 

Hoje temos quatro futebolistas titulares da selecção que acaba de conquistar o cobiçado título de campeã da Europa.

Óptima notícia para os jogadores, cada vez mais valorizados - os “aurélios”, como orgulhosamente lhes chamamos em justa homenagem a esse grande descobridor de talentos que é o nosso Aurélio Pereira.

Óptima notícia para o Sporting, que vê reconhecida como nunca a sua excelência formadora e enriquecido o seu magnífico património humano.

Óptima notícia para todos nós, sócios e adeptos. Por vermos o clube bem gerido, a formação a produzir mais e melhores frutos e os patamares de exigência elevados como nunca.

 

Esperamos que seja uma via sem retorno. Para tornar cada vez mais distante aquele passado recente que nos deixou à beira do abismo.

Como se o golo fosse só para nós

Aos olhos de um miúdo, não há melhor escola para aprender a ver futebol do que as tardes passadas nos estádios em companhia do pai. Aconteceu comigo. Ainda hoje recordo os nomes de futebolistas antigos que o meu pai ia desfiando enquanto víamos as partidas ao vivo, as histórias que me relatava a propósito dos desafios de outros tempos e as noções tácticas e técnicas do jogo que me ia passando nesses momentos irrepetíveis.

As modas mudam muito, mas certas tradições vão-se mantendo. Para um garoto destes dias, continua a ser emocionante ter a oportunidade de ver ao vivo os jogadores que figuram nas cadernetas de cromos, relíquia que persiste em acompanhar cada menino, temporada após temporada, no decurso das gerações.

 

Artur[1].jpg

Já era assim no meu tempo. Já era assim no tempo daqueles que me antecederam. Ainda hoje recordo a emoção que senti ao conseguir um autógrafo do Jacinto João após um jogo da Taça UEFA contra o Arad da Roménia à saída dos balneários do estádio do Bonfim. Juntei o autógrafo ao cromo do jogador, craque do Vitória de Setúbal, juntamente com o José Maria, o José Mendes, o Guerreiro, o Octávio Machado e o José Torres. E foi com imenso orgulho que o exibi aos colegas da escola.

Além do Sporting, sempre com lugar à parte, outra equipa em destaque nessa caderneta era a da Académica – a equipa dos “estudantes”, como então se dizia. Merecia-me especial admiração, incutida pela arguta pedagogia paterna, por demonstrar que o futebol não era incompatível com os estudos. Com Rui Rodrigues, Rocha, Vítor Campos, José Belo, Gervásio, Manuel António e um tipo que dava nas vistas por ser muito louro. Chamavam-lhe ‘ruço’ e tinha o mesmo apelido que eu. O Artur Correia.

 

Ele e o Rui Rodrigues – um defesa elegante, que cultivava a arte de desarmar sem falta – viriam a decepcionar-me quando se transferiram para o Benfica. Mas fui acompanhando o percurso do ‘ruço’, um lateral de enorme mobilidade, que percorria o corredor direito num constante vaivém e sabia centrar com precisão. Eram dois jogadores que gostaria de ter visto no Sporting.

E acabei mesmo por ver um deles de verde e branco. O Artur, que em 1977 se transferiu para Alvalade. Lá permaneceu três épocas, vencendo a Taça de Portugal em 1978 e sagrando-se campeão nacional em 1980. Um ano de glória, um ano de infortúnio: quatro meses depois do título, jogando já nos Estados Unidos, sofreu um AVC que o afastou para sempre do futebol. Tinha apenas 29 anos. Começava aí uma longa via crucis só agora terminada, quando nos deixou de vez. No ano passado tinham-lhe amputado uma perna – supremo sofrimento para quem, como ele, tão bem jogou futebol.

 

SE226WC5.jpg

Artur Correia com a Taça de Portugal conquistada pelo Sporting (1978) 

 

Lembrei-me do meu pai quando soube da notícia da morte do Artur Correia. Porque o último jogo que vi ao vivo com ele, nas bancadas do Estádio Nacional, foi o único em que o Artur marcou com a camisola da nossa selecção. A 1 de Novembro de 1979, num desafio de qualificação para o Campeonato da Europa do ano seguinte.

Recordo-me perfeitamente. Os noruegueses marcaram primeiro, gelando o estádio. A nossa equipa acusou o golo e andou perdida em campo. Até que o Artur pega na bola lá atrás, avança com ela com uma vontade indómita de virar o resultado, ultrapassa todos os adversários e dispara uma bomba a mais de 30 metros da baliza, num remate muito bem colocado. Empatava a partida, a sorte do jogo virava. Viríamos a ganhar 3-1.

Foi um golo do outro mundo: nunca mais o esqueci. Estávamos na curva sul do estádio, um pouco acima da baliza norueguesa. Abracei-me ao meu pai como nos tempos em que ainda colava cromos na caderneta. E ele abraçou-se a mim como se eu fosse ainda o catraio que antes levava pela mão, de jogo em jogo.

Parecia que aquele golo tinha sido marcado só para nós.

 

Iria tornar-me adulto, depois rumei a outras paragens, não regressei com o meu pai ao futebol - nem em pensamento. Até agora, mal soube que o Artur perdera a  última partida no traiçoeiro campeonato da vida.

Voltei a abrir a velha caderneta, desenterrei os autógrafos do pó do arquivo, imaginei-me a falar com uma remota voz infantil. E senti que o Pai me escutava, de polegar erguido, apaziguando todos os meus receios: “Tenho a certeza de que vamos vencer.”

 

Publicado originalmente aqui

Novelas só em setembro

Aqui ficam as minhas modestas sugestões para títulos para notícias sobre João Mário, nos próximos dias:

 

João Mário e pai dizem que médio está feliz no Sporting mas fonte próxima do processo garante que não

João Mário é melhor em campo diante do Wolfsburgo mas mostrou-se claramente contrariado

João Mário aplaudido em Alvalade mas só pensa em sair porque não sente apoio

João Mário aumentado, fica ofendido por ganhar menos do que Cristiano Ronaldo

João Mário vendido por 59 milhões. Bruno não cumpriu promessa de vende-lo pela clausula

 

PS: Agora a sério. João Mário é um grande jogador, é natural que tenha ambição de ganhar mais dinheiro de jogar em ligas mais competitivas mas já deve ter percebido que não sai por tuta e meia. Num mercado que dá 120 milhões por Pogba e 90 milhões por Higuaín, um jovem número dez, campeão europeu, vale entre 45 e 50 milhões.

Os nossos comentadores merecem ser citados

«Quando ouvi dizer que Spalvis vinha para o Sporting, pesquisei rapidamente na Net e li o seguinte no Transfermarkt: 14/15 Cruciate Ligament Surgery Aug 7, 2014 Apr 5, 2015 241 days 32. Basicamente esteve 241 dias sem jogar em 2014 devido a problemas de ligamentos... No primeiro jogo que fez pelo Sporting, rebentou ligamento cruzado e menisco. Agora prevê-se mais seis meses...
Não sou médico (a unica experiência que tenho da área foi por ter rebentado também o ligamento e o menisco num campo de golfe), limito-me a notar que os Jeffrens e os Ewertons continuam a chegar ao Sporting...
»

SportingSempre, neste texto do Francisco Chaveiro Reis

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