Vitória indiscutível do Sporting no regresso aos jogos em Alvalade para o campeonato. Tendo uma boa réplica do Estoril, que nunca deixou de discutir a partida. Após duas goleadas (5-1 frente ao Guimarães e 3-0 no estádio da Luz), desta vez o triunfo tangencial, por 1-0, soube a pouco. Mas a nossa equipa teve boa prestação em campo: bem organizada, muito veloz, com intenção atacante e talentos individuais nos diversos sectores.
Teo Gutiérrez decidiu a partida, com a marcação de uma grande penalidade aos 54'. Mas também Gelson Martins, Bryan Ruiz e Jefferson podiam ter marcado.
RUI PATRÍCIO (7).Intransponível. Duas grandes defesas, aos 8' e aos 18', confirmaram que se mantém ao melhor nível. Segundo jogo consecutivo sem sofrer golos.
JOÃO PEREIRA (7). Veloz. Foi um quebra-cabeças permanente para a defesa do Estoril. Autor de excelentes centros (5', 30', 59') que podiam ter resultado em golos.
PAULO OLIVEIRA (7). Sólido. Joga sempre com simplicidade, sem complicar. E deste modo assegura o comando da defesa. Muito bom nas acções de cobertura.
EWERTON (7). Sereno. Regressou ao campeonato após longa lesão. Ninguém diria que esteve tanto tempo parado, a avaliar pela sua actuação de grande classe.
JEFFERSON (6). Discreto. Mais contido nas incursões ofensivas do que é habitual. Falhou por muito pouco o golo aos 66'. Livre muito bem marcado aos 84'
WILLIAM CARVALHO (8).Decisivo. Exibição cheia de categoria, ao melhor nível a que nos habituou. Exímio no passe. Precioso na recuperação de bolas.
JOÃO MÁRIO (7).Influente. Jogando na posição de Adrien, foi mais discreto do que contra o Benfica. Mas sempre muito inteligente nos passes e nas desmarcações.
GELSON MARTINS (7).Criativo. Cada vez a jogar mais para a equipa. Foi titular com todo o mérito. Coube-lhe a melhor jogada do primeiro tempo: quase marcou aos 32'.
BRYAN RUIZ (8).Persistente. Talvez o mais tecnicista dos nossos jogadores, teve pormenores dignos de aplauso. Esteve a milímetros de marcar aos 50'.
TEO GUTIÉRREZ (7). Activo. Boa articulação com Slimani. Carregado em falta na grande área, aos 53', converteu o penálti que nos deu três pontos neste jogo. Saiu aos 60'.
SLIMANI (7). Inconformado. Muito marcado pela defensiva contrária, procurou outras zonas do terreno para ganhar a bola. Sem nunca desistir. Saiu já no tempo extra.
MONTERO (6). Dinâmico. Substituiu o compatriota Teo Gutiérrez aos 60'. Autor de um forte disparo aos 76', para defesa em esforço do guardião adversário.
MATHEUS PEREIRA (6). Estreante. Primeira oportunidade dada por Jesus no campeonato ao jovem de 19 anos, que entrou aos 70' para o lugar de Gelson. Cumpriu.
BRUNO PAULISTA (-). Caloiro. Outra estreia na Liga 2015/16. Mas entrou já nos minutos complementares, só para queimar tempo. Mal se deu por ele.
Tivemos, claro. O Estoril não é o Benfica. Mas o mais importante foi ver confirmadas numa partida a sério as boas indicações deixadas no jogo-treino da semana passada.
Do nosso caudal atacante. Sobretudo no segundo tempo, o Sporting jogou sempre em velocidade, com bolas ao primeiro toque, fazendo pressão permanente sobre a equipa adversária.
De William Carvalho.Desta vez sem Adrien a complementar o seu trabalho no meio-campo, voltou a ser um bastião da equipa. A recuperar bolas, a abrir linhas de passe e a organizar jogo. O melhor em campo.
De Bryan Ruiz. O costarriquenho voltou a estar em alta. Teve uma actuação muito personalizada, de grande classe, denotando excelente visão de jogo.
De Teo Gutiérrez. Marcou o golo da vitória, de penálti, aos 54'. O terceiro golo em três jogos consecutivos. Já lá vão seis, desde o início da temporada oficial.
De Gelson Martins. Jorge Jesus apostou nele como titular. Aposta ganha: grande exibição do jovem formado em Alcochete. Foi um dos jogadores mais dinâmicos e criativos do nosso onze.
De João Pereira.Grande exibição do nosso lateral direito, muito veloz e combativo, autor de vários centros que ofereciam golo.
Do regresso de Ewerton. Estreou-se na Liga 2015/16 após longa lesão, cumprindo na perfeição a missão que lhe estava confiada. Parece jogar há anos com Paulo Oliveira, seu parceiro no eixo da defesa.
Das estreias de Matheus Pereira e Bruno Paulista. Mais dois jovens hoje lançados na equipa principal por Jesus, o treinador de quem diziam que não apostava em profissionais no início de carreira.
De ver o Sporting alinhar de início com seis portugueses. Rui Patrício, João Pereira, Paulo Oliveira, William Carvalho, João Mário e Gelson Martins.
Da boa réplica da equipa adversária. O Estoril manteve o jogo sempre em aberto, sem abdicar do ataque nem estacionar o autocarro na sua grande área.
Do equipamento. Pela segunda semana consecutiva, os nossos jogadores alinharam com calções pretos, recuperando uma tradição que já quase parecia esquecida.
Do apoio nas bancadas. Hoje compareceram 40.144 espectadores em Alvalade.
Da nossa média de dois golos por jogo. Temos o melhor diferencial de golos no campeonato: 18 marcados e apenas cinco sofridos.
Não gostei
Da ausência de Adrien. Ficou de fora por acumulação de amarelos. E fez falta para complementar a actuação de William Carvalho na organização do nosso meio-campo.
Do zero a zero ao intervalo. Soube a pouco. Aquele remate em arco de Gelson Martins que passou a rasar a baliza do Estoril merecia ter sido golo.
Do cartão mostrado a Jefferson. O árbitro Jorge Ferreira, numa incompreensível demonstração de autoritarismo, exibiu-lhe o amarelo porque a bola estava alguns centímetros para fora do semicírculo do canto. Não dá para entender.
«A grande vantagem de Jorge Jesus para Rui Vitória ou mesmo Marco Silva, é que JJ tem como premissa a ideia de que os suplentes têm de competir com os titulares pelo seu lugar, criando mais competitividade e mais soluções em caso de lesões ou castigos.»
Lá conseguiu ler umas penosas linhas que alguém lhe escreveu. Mas tarda em aprender: continua a ler muito mal, daquela forma trapalhona e titubeante a que habituou os sócios.
O campeonato continua, agora na jornada nº 9. Quais são os vossos prognósticos para o Sporting-Estoril, que se joga sábado, a partir das 20.45, com arbitragem de Jorge Ferreira?
Jorge Jesus - o tal treinador que "não sabe aproveitar os talentos da formação" - conduziu o Sporting à segunda vitória sobre o SLB em dois meses, desta vez fazendo alinhar cinco jogadores oriundos da Academia de Alcochete: Rui Patrício, William Carvalho, Adrien, João Mário e Gelson Martins.
É o momento apropriado para alguns comentadores que acusavam Jesus de detestar trabalhar com jogadores portugueses meterem a viola no saco. E é também o momento para alguns deles aprenderem finalmente a pronunciar correctamente o nome dos nossos jogadores. Deixando, por exemplo, de chamar Gerson ao Gelson.
- Desde 1993 que o Sporting não liderava isolado o campeonato nacional de futebol à oitava jornada. Nesse ano, sob o comando do saudoso Bobby Robson, somámos sete vitórias e um empate.
- Nunca até domingo uma equipa portuguesa tinha estado a vencer o Benfica por 3-0, ao intervalo, no estádio da Luz. Igualamos assim o Ajax, com idêntica marca (e dois golos de Cruyff) alcançada a 19 de Fevereiro de 1969, em jogo da Taça dos Campeões.
- O Sporting (já sem contar com o contributo de Carrillo) marcou 17 golos nos últimos quatro jogos oficiais. Mais dois do que os 15 marcados (ainda com o peruano integrado na equipa) nos 11 jogos anteriores.
- Jorge Jesus utilizou, com manifesto êxito, 22 jogadores nas últimas duas partidas que o Sporting disputou (contra os albaneses do Skënderben, para a Liga Europa, e o Benfica, para o campeonato).
No editorial da edição de hoje do diário A Bola, José Manuel Delgado - bem ao seu estilo - tenta defender o indefensável: salvar a face do Benfica enquanto procura amesquinhar o Sporting. Qualificando de "época positiva", assim quase em jeito de comiseração, este simples facto de estarmos a liderar o campeonato isolados à oitava jornada.
Escreve o inefável director-adjunto do jornal da Travessa da Queimada que "tirando os dois jogos com o Benfica desta época", os resultados desportivos do nosso clube "não são deslumbrantes". Até porque - salienta o plumitivo - o Sporting ainda não defrontou o FCP e o Braga.
Eu poderia escrever, na mesma lógica, que "tirando os editoriais de José Manuel Delgado", os editoriais d' A Bola quase parecem modelos de isenção. Mas não vou por aí. Limito-me a anotar, divertido, os esforços quase titânicos do ex-guarda-redes suplente do Benfica para dourar a pílula, exprimindo em jeito de interrogação o desejo de que o seu clube do coração consiga superar enfim de forma positiva a terceira prova em três meses frente às nossas cores: "Será à terceira, em Alvalade, para a Taça?"
Sem uma palavra a incomodar Vitória, sem um vocábulo a beliscar Vieira, Delgado conclui o editorial com esta pérola que soa a suspiro: "Em suma, quis o destino que Jesus fosse buscar aos jogos com o Benfica aquilo de que mais precisava..." Não é mérito, não é esforço, não é trabalho, não é determinação: foi o destino que assim quis.
Concluindo: eis o equivalente em texto àquela charutada de Mitroglu para a bancada na Supertaça que o Sporting conquistou ao Benfica. Espero sinceramente por novas "análises" deste género dadas à estampa na "Bíblia" da Queimada. Para que os nossos sorrisos se alarguem ainda mais.
Ontem estava a pagar umas compras quando surgiu um idoso conhecido do empregado da loja, segundo percebi pela forma como foi tratado. Escutei então este diálogo:
- Ora aqui está o homem que nos vai explicar aquele desastre do fim de semana...
Sem rodeios, o homem abriu o "livro":
- O Jesus sempre disse que tinha duas equipas: a primeira que treinara seis anos, a outra três meses. E no Domingo, na primeira parte ,o Benfica jogou à JJ. Já na segunda jogou à RV.
- Mas olhe lá, o Benfica jogou mal... e se entra aquela bola do Luisão... - acrescenta um dos empregados.
- O Sporting joga ainda à moda de Marco SIlva, é o que vos digo. Quando começar a jogar à JJ vais ver onde vai parar... Acontece-lhes o mesmo que a nós!
Percebi que não podia nem deveria fazer qualquer comentário. Há momentos em que o silêncio vale ouro. Paguei e saí.
O optimismo era generalizado, mas só um acertou no resultado do Benfica-Sporting: o nosso colega de blogue João António, que anteviu o inédito triunfo leonino por 3-0 na Luz. Assim fica demonstrado que vale a pena haver alguma dose de ousadia nestes prognósticos.
Além do resultado, o João António acertou ainda no nome de Slimani como marcador de um dos golos. (Eu não faço prognósticos, só os anoto, mas abri uma excepção para prever que Teo Gutiérrez marcaria).
(eu pecador me confesso) Tenho por aqui escrito que a nossa "zaga" direita precisa de ser reforçada, que as duas opções não são tão interessantes como as da esquerda.
No entanto quero destacar aqui a excelente prestação de João Pereira no Domingo.
Terá tido a ver com as novas funções de João Mário?
- Da nossa vitória frente ao Benfica, claro. Por números que jamais tinham acontecido. Houve festa rija lá em casa. E na tua?
- Na minha não houve festa.
- Não me digas que não celebraste a vitória da nossa equipa...
- Festejei à minha maneira. Celebrei para dentro.
- E por fora?
- Mantive-me impassível. Aliás não queria incomodar os vizinhos.
- Eu estive-me nas tintas para isso. Até porque os meus vizinhos são todos do Sporting! E ao menos bebeste umas cervejolas?
- Não. Bebi meio copo de água com um comprimido de Alker Seltzer dissolvido. Estava sem sede e sentia alguma azia: devo ter abusado dos croquetes ao almoço. Já sabes que é o meu petisco favorito: ao menos nisto não mudei.
- Somos muito diferentes. As vitórias secam-me a garganta, preciso de umas geladinhas para acabar com a secura. Mas olha: nem te reconheço. Tu dantes festejavas tudo, até empates e derrotas!
- Tornei-me uma pessoa muito mais contida. Confesso-te que o meu sportinguismo arrefeceu. Este presidente conseguiu tirar-me o gosto de ver futebol em Portugal. Não vou ao estádio, deixei de usar cachecol, enjoei aqueles documentários sobre a natureza por estarem sempre a mostrar leões.
- A sério?!
- Sim. Vinho, só maduro. E até abdiquei de usar a via verde na auto-estrada.
- E Jesus?
- Nem me fales de religião. Perdi a fé. Tornei-me agnóstico.
- Muito me contas... Por esta é que eu não esperava. Olha lá: e nada mais te interessa?
- Interessa, sim. Este fim de semana, por exemplo, interessou-me derrotar o Atromitos.
- Atromitos?! Que é isso?
- O clube grego que perdeu com o Olympiacos. Fui logo pôr um like no facebook do Marco Silva. E já tenho cachecol com riscas verticais vermelhas e brancas. Havias de usar um também: é muito giro. No Natal, se quiseres, ofereço-te um.