Leoas às sextas
Margarida Neuparth
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Margarida Neuparth
ADENDA: Na sequência da primeira versão deste artigo desenvolveu-se uma intensa discussão no twitter que me levou e estes outros recortes que agora aqui junto. Da lápide que contem a inscrição da data de fundação de um certo clube (e não a de nascimento do seu primeiro fundador ali enterrado) a uma outra lápide de um outro fundador de um outro clube (curiosamente com o mesmo nome) que havia sido fundado em 1893 e sobrevivido escassos meses, extinguindo-se em 1894. Como única prova da continuidade entre o clube primogénito e o que lhe herdou o nome, há o relato de ter havido um (1) jogador de uma das primeiras equipas do clube ainda sobrevivo que teria sido amigo do fundador do defunto primogénito. E assim acontece revisionismo histórico em Porutgal. Em 1976 e após 70 anos de rica história, orgulhavam-se os associados do aniversário, o septuagésimo, precisamente. Hoje despreza-se tal memória e diria mesmo apouca-se a história que se devia achar de monta ao se sentir a necessidade de encontrar um outro berço, uma outra era, um outro estatudo suportado numa maior patine. Perante este ridículo oferecido de bandeja como não prezar ainda mais o sentido histórico e o respeito pela memória que caracteriza o nosso Sporting? Quem se envergonha de ter "só" 107 anos? Nós não!
Encontrado por aí:
Record, 10 de Fevereiro de 2013:
Título: Bruma estreia-se nos convocados
Legenda: Bruma está blindado por uma cláusula de 30 milhões
Texto: "Bruma é a grande novidade da convocatória de Jesualdo Ferreira para o embate com o Marítimo. O jovem extremo da equipa B é visto em Alvalade como um dos maiores talentos da formação, mas até ao momento ainda não havia sido chamado para nenhum jogo oficial da equipa principal.
Aos 18 anos, em processo de renovação com os leões, com quem tem contrato até 2016 (cláusula de rescisão de 30 milhões de euros), Bruma cativou a atenção de Jesualdo Ferreira que, ao contrário de Sá Pinto, Oceano ou Vercauteren, nunca tinham incluído o internacional sub-20 nas suas opções da equipa principal. [sic]
Bruma soma sete golos na equipa B, gosta de actuar preferencialmente pelo lado esquerdo do ataque e faz da velocidade e capacidade técnica as principais características.
Aliás, o jovem atacante tem sido muito assediado por clubes estrangeiros, com o Manchester City no topo da lista dos principais interessados, situação que tem motivado os responsáveis leoninos a procurar blindar o jogador."
Os sublinhados do texto são meus
Excelente, a longa entrevista de seis páginas que o presidente do Sporting concedeu à edição de hoje do Jornal de Negócios. Uma entrevista que faz manchete do jornal, com uma frase de Bruno de Carvalho, sob o título "Sporting tem um líder que decide tudo". A pretexto dos primeiros seis meses do seu mandato, que se cumpriram esta semana, o dirigente máximo do nosso clube passa em revista os mais diversos temas nesta entrevista muito bem conduzida por Pedro Santos Guerreiro e Pedro F. Esteves.
Aqui ficam alguns excertos, para a apreciação dos nossos leitores:
«Antes de ser presidente do Sporting, sou sportinguista. (...) Tenho o pior adepto possível a viver comigo e não me consigo afastar dele: sou eu próprio.»
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«É evidente que o perfil do gestor apontado para o Sporting estava perfeitamente errado, porque o perfil do gestor que tem de estar apontado é o de alguém que conheça o Sporting, como clube, como entidade, como adepto, como sócio, como accionista, que viva o Sporting, que saiba identificar a realidade dos seus adeptos.»
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«Quando acabar o meu mandato, um dos factores de relevância será ser campeão nacional de futebol. (...) Não quero como sportinguista estar aqui quatro anos em que não possamos todos sair daqui com um título.»
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«Aquilo que está nos nossos horizontes é colocar outra vez o Sporting no lugar que merece, que é o topo do futebol nacional.»
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«Quem quer estar em primeiro não se alia a ninguém, tem é de deixar os outros para trás.»
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«Chegámos à conclusão que temos cerca de 40 a 45 milhões em compras nos últimos dois anos, com comissões que rondarão os 15 milhões, não incluídas no custo do jogador. (...) O Sporting pagava comissões de tudo!»
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«Não posso, ao fim de renovar com 19 jogadores, ter dois miúdos que destroem todo o trabalho que fizemos. No momento em que me disseram que ou eu cedia às condições ou eles iam para o Porto, ofereci-me também para, se fosse necessário, eu levá-los no meu carro e deixá-los ao pé do estádio.»
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«Os bancos estão perfeitamente confortáveis com o trabalho que estamos a fazer e com os objectivos que temos definido, inclusivamente quanto à auditoria de gestão. É algo de que não abdicamos, é algo que vamos realizar e estamos todos perfeitamente em sintonia: vai acontecer, com as consequências que tiver.»
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«Não é possível fechar uma renegociação em que eu não acredite ao milímetro. Eu não vou assinar absolutamente nada que não acredite que não vou fazer, isso foi das grandes mudanças que se fez e é por isso que a reestruturação está a correr bem. Porque pela primeira vez não impuseram uns papéis que estavam a ser elaborados, mas foi o próprio Sporting que liderou um processo que envolveu também, como é lógico, as entidades credoras, e a empresa que estava na altura a fazer as auditorias e a consultadoria. Mas num raciocínio completamente novo: é que o Sporting é que define as regras, as prioridades e os valores.»
"Ser campeão" - entrevista de Bruno de Carvalho disponibilizada no Cacifo do Paulinho
Sem corantes nem conservantes, sem meias palavras ou meias medidas, com realismo e sem cinismo, com frontalidade e identidade, com Valores e Príncipios, com Orgulho e Honra, sem réstea de complexada subserviência a Norte ou bizarra complacência a Sul, eis o Sporting que nos foi sonegado durante... muitos anos!
No meu texto Memórias de Alvalade o nosso comentador Roberto Dias recorda uma famosa agressão de Caniggia a Emílio Peixe que ficou impune. Fui ao Youtube e encontrei o excelente vídeo que aqui deixo sobre a análise da arbitragem do jogo. Não tinha memória disso mas aparentemente foi um jogo bastante violento.
Núcleo Sportinguista da Carapinheira: Sinal mais.
Um Lugar a Sul: O primeiro deslize.
Visão do Peão: Empate.
As Redes do Damas: Travão de mão.
Universo Verde e Branco: Agora é que eles precisam de nós.
A Insustentável Leveza de Liedson: Para que servem os árbitros?
Leão de plástico: Cultura.
O Cacifo do Paulinho: Ilusão?
Sporting Visto por Nós: Um semestre de Bruno de Carvalho.
Sector B32: Jesus está na berra.
(actualizado)
O primeiro derby que vi em Alvalade remonta à época de 1994/1995. A minha memória diz-me que foi um grande jogo. Ganhámos 1-0 com um golo do nigeriano Emmanuel Amunike (melhor jogador africano de 1994), atleta que teve uma passagem curta por Alvalade e uma carreira repleta de lesões.
Recordo-me bem que o Sporting, naquela altura, contava com uma grande equipa: Carlos Xavier, Oceano, Krassimir Balakov, Luís Figo, Peixe, Emmanuel Amunike, Iordanov, Sá Pinto. O jogo foi um massacre que não resultou numa goleada das antigas porque na equipa adversária jogava um dos melhores guarda-redes que vi até hoje, o belga Michel Preud'homme que fez uma exibição notável.
Desde esse jogo assisti a muitos derbys em Alvalade, uns com melhores recordações outros com péssimas memórias mas a verdade é que nunca esquecerei o primeiro!
"O Costinha não chega ao Natal."
Agora vamos imaginar que Jesus em vez de estar em Guimarães estava no estádio da luz.
Caso? Qual caso? Há imagens que provem a agressão?
Que o FCP é o que é, já o sabíamos. Que o Caldeira é aquilo, também. Mas, na minha opinião, o presidente da AFL fez o seu show - igualzinho, nas intenções, ao do Jazuz. Transformou umas bocas de futebol num incidente grave, e apareceu nas TV's e jornais como queria: uma vítima e uma estrelinha de noticiários. A meu ver, mesmo sendo um homem dos clubes de Lisboa (de quais?), se está sentado como convidado de honra na tribuna tem de ter um comportamento contido, como mandam as regras institucionais. O resto é provocação - e, sendo, iguala-se aos que critica. Não podemos pedir um comportamento de 'gentlemen' a terceiros e termos nós um de provocador imberbe. As reações serão as esperadas, já se sabe. Ou então temos um Adriano Pinto sulista, benfiquista e elitista no trono da AFL. E, ainda por cima, na sua imaturidade, dizendo aquilo que não deveria ser dito. Ah, e é verdade: o Sporting é o Clube de Portugal e não consta que seja Sporting Clube de Lisboa.
Gostei, francamente gostei, das palavras de Bruno de Carvalho sobre o jogo com o Rio Ave. Não se refugiou - como já o não fizera Leonardo Jardim - no 'erro' de arbitragem, foi direto às causas: uma péssima exibição, um manifesto abrandar do querer, uma incipiência confrangedora na segunda parte. Direto aos jogadores que mostraram não ser capazes de se bater com um adversário superior. Dias maus, todas as equipas têm, ciclos maus também. Mas o nosso ciclo menos bom não pode começar - depois do arranque valoroso - contra os mais pequenos. Mas foi um toque a rebate, este último jogo. Temos uma equipa valorosa,mas estamos loonge, ainda, de ter uma boa equipa. Bastou um pouco de pressão («o Sporting é candidato ao título») e a ansiedade da imaturidade veio ao de cima. Motivo para descrer? Não, quem fez o que fez em casa contra Arouca e Benfica e fora contra Académica mostra que sabe o que faz, quando quer e o adversário permite. Mas nada de euforias, Jardim sabia o que dizia quando preveniu para o negativo do intervalo das seleções.
Gostei, repito, do que afirmou Bruno de Carvalho, sobre o jogo e sobre as arbitragens e as declarações de treinadores. Apreciei a equidistância em relação a esses temas e aos outros dois 'grandes' - eu que estava já assustado com uma possivel e exclusiva aliança a sul (como 'revelou' o jovem e imaturo presidente da AFL, depois do confrangedor comportamento no Estoril). Lutar contra todos e ao mesmo tempo é um erro, a meu ver. Ter aliados táticos é uma coisa, já nas alianças estratégicas fia mais fino. A ver vamos.
A última jornada foi quente em matéria que rodeia o jogo propriamente dito.
No Estoril tivemos o já habitual comportamento dos dirigentes do porto. São gente pequena que acha normal o insulto e a agressão, não sabem comportar-se de outra forma.
Em Guimarães o mullet voltou a mostrar o que pensa sobre as mais básicas regras de urbanidade. Da outra vez foi um jogador, agora um agente da autoridade. Pormenores apenas.
Gosto. De um treinador que não se refugia nas arbitragens para tentar camuflar os desaires da sua equipa.
Não gosto. De jornais que dão por garantido o onze titular de uma equipa para determinado jogo e afinal acertam... ao lado.
Contra o Rio Ave, o nosso meio-campo esteve desta vez abaixo das exibições e do rendimento noutros jogos. Isso fez toda a diferença. Houve também erros individuais, nomeadamente na defesa, que comprometeram a exibição colectiva, com reflexos no resultado.
O que teve de pior? Mau ensaio para o próximo jogo, no terreno do Braga.
O que teve de melhor? Permitir detectar erros e limar arestas em tempo útil.
Este atleta ter vindo para o Sporting e ter custado tantos milhões?
«Este empate [contra o Rio Ave] deixa-nos com um sabor amargo na boca. Na época passada ter-nos-ia deixado contentes (sempre era um ponto)... Acho que isto diz tudo sobre o espírito que se vive actualmente no nosso Sporting.»
Leoa Ferrenha, neste meu texto
Temos uma jovem equipa em construção. Uma equipa que não deve ser assobiada nas bancadas pelos próprios adeptos: é vergonhoso que isso aconteça por parte dos mesmos de sempre. Os que assobiaram Bobby Robson e exigiram que fosse despedido por ter perdido um jogo. Os que argumentavam aos berros contra José Mourinho, impedindo-o de treinar o plantel por não ter currículo nem competência para o Sporting. Os que vaiaram Paulo Bento porque "só" chegava ao segundo lugar e colocou o Sporting na Champions em quatro épocas consecutivas. Os que apontaram a porta de saída a Domingos por não terem paciência para esperar e contribuíram para transformar Alvalade num cemitério de treinadores.
Aqueles que se mostram incapazes de perceber que nada se consegue sem trabalho e que os frutos do trabalho exigem tempo. Estamos decepcionados pelo empate contra o Rio Ave? Nada mais compreensível. Mas convém ter boa memória: os nossos três confrontos da época passada com a mesma equipa saldaram-se por três derrotas, com apenas um golo marcado e seis sofridos.
O progresso conquista-se assim. Com pequenos passos.
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