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Depois de ouvir isto e isto, cada vez sinto mais orgulho em ser do Sporting.
Será apenas a minha fértil imaginação, ou há aqui alguma coisa que não faz sentido ? Leonardo Jardim deixa o Beira-Mar a meio caminho, na época de 2010-11, para ficar desempregado em «stand-by» para o SC Braga. Acaba de fazer uma excelente campanha neste clube e foi agora demitido da posição, por razões que iludem a lógica e o bom senso, pelo menos no domínio público. As alegadas divergências entre o treinador e o presidente bracarense enquadram-se tão bem como as noticiadas incompatibilidades entre Pinto da Costa e Fernando Gomes, após dez anos de missão comum, que levaram o último à presidência da Liga e, mais recente, ao trono da FPF. Perdoem-me o meu cepticismo, mas algo menos transparente está em pleno andamento à espera de «timing» adequado para ser divulgado. E, em tudo isto, não pesa no intelecto admitir a possibilidade de que o dedo mestre do presidente do FC Porto esteja a conduzir a «orquestra», como é usual, especialmente considerando a constante colagem a António Salvador de tempos a esta parte. Aliás, em abono da verdade, será justo questionar quanto do recém-sucesso do SC Braga se deve à sua associação ao FC Porto e seu líder. Entretanto, Domingos Paciência continua no desemprego - bem remunerado, pelos vistos - e Sérgio Conceição assume agora a vaga de «stand-by». Indícios de uma telenovela «in loco»... e mais para vir.
Sinto cada vez mais dificuldade em distinguir quais são as cores que Rui Oliveira e Costa verdadeiramente defende. As minhas dúvidas, confesso, avolumaram-se no passado dia 15, ao ouvi-lo sair em defesa aberta do Benfica no programa Trio d' Ataque (RTP i) dizendo que este clube não pode de forma alguma ser conotado com o regime derrubado a 25 de Abril de 1974, não se esquecendo também de elogiar Luís Filipe Vieira.
Mais confusão ainda me faz o apreço que o referido comentador exterioriza pelo presidente do FC Porto. Nesse mesmo programa, aliás, não teve dúvidas em afirmar o seguinte: «Muitos sportinguistas me criticam por eu apreciar Pinto da Costa. (...) Trinta anos de poder e dezanove campeonatos.» Manuel Serrão, Miguel Guedes e José Guilherme Aguiar não dirão algo muito diferente.
Mal refeito ainda destas monumentais sessões de graxa simultânea aos presidentes do Benfica e do FC Porto, ouvi ontem Oliveira e Costa insurgir-se abertamente no mesmo programa contra o ex-seleccionador nacional de futebol Luiz Felipe Scolari. Nestes termos exactos: «Scolari é um verdadeiro aldrabão, um pantomineiro.»
Estranhei esta linguagem, nada habitual num comentador que costuma aveludar cada frase que profere. Até porque tenho boa memória e não me esqueci que Oliveira e Costa foi um dos mais entusiásticos apoiantes de Scolari enquanto o brasileiro comandou o onze nacional (2003-08). É certo que o actual treinador do Palmeiras se encontra hoje muito longe de Lisboa e é sempre mais fácil criticar alguém que está a oito mil quilómetros de distância.
Mas cedo percebi o motivo de tanta animosidade. Scolari limitou-se a dizer em voz alta aquilo que todos já suspeitávamos: o presidente do FC Porto condiciona as escolhas da selecção nacional de futebol. Os portistas não gostaram desta revelação, claro - o que não admira. Oliveira e Costa também não - o que já espanta um pouco mais. Ou talvez não.
«A direcção do FCP tem-nos habituado a ser ágil a reagir», ia elogiando este sportinguista tão rendido ao duvidoso charme das agremiações rivais. Deixando-me cada vez mais confundido sobre a sua verdadeira afición clubística.
Ontem falei aqui do programa Os Bastidores da Selecção que a SIC emite todas as noites no Jornal da Noite, hoje tenho que reconhecer que a estação de Carnaxide está bem acompanhada pela RTP no que diz respeito aos trabalhos ridículos sobre o que rodeia a equipa nacional. Em vários noticiários do canal público, vi dois 'apontamentos de reportagem' de fugir. Um sobre o "pequeno Pedro" e outro sobre o "polvo Paulo". O primeiro tratava-se de um 'trabalho' nas bancadas sobre um jovem jogador de futebol - por acaso das camadas jovens do Sporting - e o segundo sobre um cefalópode que adivinha resultados de jogos de futebol. Não há paciência para um panorama mediático que a poucos dias de um europeu serve este tipo de fast-food televisiva. Pois não?
Quando o Sporting estava ainda a lutar em várias frentes (Liga Europa, terceiro lugar no campeonato e Taça de Portugal) as notícias que envolviam alguns dos seus dirigentes de topo não paravam. Até à exaustão. Já a Académica de Coimbra não teve a mesma 'sorte'. Veio buscar a Taça de Portugal a Lisboa, aguentou-se na primeira liga e agora este tipo de notícias já podem sair. Sem problema nenhum.
O Sporting de Paris é campeão nacional de futsal em França. Uma reportagem de Paulo Dentinho... a não perder.
O futebol é um desporto que atrai multidões à escala mundial. O futebol é uma indústria de milhões. O futebol deve projectar valores como o desportivismo, a equidade, a justiça e a verdade. O comentário futebolístico deve acompanhar a evolução das sociedades e as novas tecnologias são um sinal de modernidade. Elas acompanham o nosso dia-a-dia e outras modalidades desportivas já as adoptaram na procura da verdade. Os comentadores desportivos são muitas vezes contestados e, na maior parte das vezes, pelos próprios protagonistas do jogo. Para acabar com esse ruído, às vezes fautor de violências várias, condenáveis em todos os sentidos, há que aproveitar as ferramentas à disposição para os apoiar nas suas avaliações e conferir ao comentário maior verdade. A introdução das novas tecnologias no comentário futebolístico, para reduzir a margem de erro dos comentadores, protegendo-os, não tem necessariamente de mudar a essência do comentário: o seu ritmo, a beleza das figuras de estilo, a genialidade dos protagonistas. Mas dar-lhe-á verdade. Camus dizia, que ‘chega sempre um momento na história em que quem se atreve a dizer que dois e dois são quatro é condenado à morte’. Se a mentira tem pressa, a verdade não pode esperar. Este é um desafio de hoje e de sempre. O futebol tem um efeito multiplicador e é bom aproveitar essa força para multiplicar os bons valores. A verdade é um desses valores. As nações serão melhores nações se conseguirem emular os bons exemplos. A verdade no comentário desportivo é um bom exemplo. Verificando que as novas tecnologias estão ao dispor das sociedades modernas, com vantagens óbvias no quotidiano de milhões de pessoas e considerando a natural falibilidade dos comentadores futebolísticos em determinadas situações decorrentes de um jogo que se realiza numa superfície de mais de 100 metros de comprimento e mais de 60 de largura, perante o qual o comentador desportivo não é capaz de descortinar todas as incidências da competição; considerando ainda que o futebol se transformou por excelência num jogo televisionado, em que as câmaras e a repetição das imagens dão ao telespectador aquilo que os comentadores desportivos não conseguem, em muitas situações, observar, propõe-se:
1. Dar mais verdade desportiva ao comentário futebolístico através do recurso às imagens televisivas e transmitir ao espectador, em tempo real, a análise rigorosa das situações;
2. Introduzir a tecnologia do ‘olho de falcão’, já testada, com bons resultados, em Inglaterra, que serve essencialmente para apurar se a comentador desportivo está a ultrapassar, na totalidade ou em parte, a linha da imparcialidade
3. Introduzir a figura do ‘vídeo-espectador’ que actuará nas imediações dos comentadores desportivos das principais competições profissionais da Liga para assegurar a análise rigorosa dos lances e das incidências das competições.
«Ele (Pinto da Costa) tinha influência nas escolhas da seleçção. Toda a gente sabe que tinha. Ele pode opinar sobre este ou aquele jogador, ele pode numa conversa muito interessante com o presidente da Federação sugerir a ideia de jogar aqui ou lá. Senti muito destas influências e por isso tive esta rixa.»
- Luiz Felipe Scolari -
Observação: Depois de tantos anos ainda com a Selecção Nacional em mente. Tem razão, toda a gente sabia, ou pelo menos suspeitava, as nebulosas acções do presidente do FC Porto, não obstante a nega de Gilberto Madaíl, que considerou a afirmação de Scolari «sem pés nem cabeça». Esperamos que tenham cessado com Paulo Bento, uma vez que foram por de mais evidente com Carlos Queirós, nomeadamente pelo conluio que levou à exclusão de João Moutinho do Mundial 2010. Comentou ainda o caso de Ricardo Carvalho que, segundo ele, já imaginava que acontecesse mais tarde ou mais cedo, pelas atitudes repentinas que o jogador assumia ocasionalmente.
Em 2003, a pedido de um clube de futebol amador, organizei uma digressão com cinco jogos amistosos, entre os quais um com Os Belenenses - gentileza do dr. Sequeira Nunes, presidente e António Cascais, vice-presidente - e outro com o Sporting. O conjunto de Belém, então orientado por Manuel José, era composto por jogadores da não oficial equipa B e diversos juniores à mistura. O único nome de relevo que registei foi Rúben Amorim que, por coincidência, tinha marcado um golo ao FC Porto escassos dias antes. O jogo com o Sporting teve lugar na Academia e os 20 jogadores equipados - 16 dos quais utilizados - constavam de um misto de elementos da equipa B treinada por Yordanov, que então militava na II Divisão Nacional, juniores orientados por João Couto e dois ou três juvenis. A supremacia «leonina» nunca esteve em dúvida com uma esmagadora vitória por 7-1. No dia seguinte, a manchete noticiosa mais notável referia aos «super-mini-leões». Já o encontro no Estádio do Restelo foi mais equilibrado, resultando num empate a duas bolas. Passados nove anos, é deveras impressionante verificar os nomes agora sonantes que constituiram aquela equipa do Sporting, incluindo quatro jovens que fizeram parte dos campeões europeus sub-17, alguns que atingiram o topo competitivo, mas também, dolorosamente, aqueles que desapareceram na obscuridão de campeonatos e divisões inferiores, em Portugal e algures no mundo.
Mário Felgueiras (Cluj) / Christopher Pilar (outro guarda-redes agora na União da Madeira) / Pedro Cardoso (Cova da Piedade) / Miguel Mateus (Clube Futebol Benfica) / Zezinando (Samut Songkhram da Premier League da Tailandia) / Carlos Marques (Olympiacos Nicosia do Chipre) / João Pimenta (Oliveirense) / Fábio Ferreira (Amora) / Zé Semedo (Sheffield Wednesday da 1.ª divisão inglesa) / Bruno Filipe (Tirsense) / Fábio Paim (Benfica Luanda ) / Emídio Rafael (FC Porto) / Silvestre Varela (FC Porto) / João Moutinho (FC Porto) / Carlos Saleiro (Servette da Suiça) / Yannick Djalo (Benfica) / Miguel Veloso (Génova) / Sabino Fernandes (Real Massamá) / Fernando Ferreira (Os Belenenses) e Nani (Manchester United). Para não destoar, os golos foram marcados por Nani, logo aos 5 minutos, Carlos Saleiro (2), Yannick Djalo, Fábio Ferreira, Fernando Ferreira e João Moutinho, na conversão de uma grande penalidade.
No almoço-convívio que teve lugar no mesmo dia do jogo na «Cada vinte e um» em Alvalade, com a presença do presidente, dr. Dias da Cunha e da vice-presidente, dra. Margarida Caldeira da Silva, entre outros, passou-se algo muito estranho, até bizarro. Os visitantes fizeram questão de patentear o seu apreço pela hospitalidade do Sporting, ofertando uma travessa de porcelana com a pintura de um leão, uma antiguidade com cerca de 150 anos, que se encontra em exposição no Museu desde essa data. Consciente da cerimónia que seguiria e antes de chegar ao restaurante, o dr. Dias da Cunha fez saber que o Sporting receberia a oferta, mas não por sua mão. Perante este nada expectável dilema e após longos momentos de visível embaraço, na presença da comunicação social, a peça foi eventualmente aceite pela igualmente perturbada dra. Margarida Caldeira da Silva. O presidente não adiantou qualquer explicação para a sua muito peculiar atitude e ninguém se atreveu a perguntar-lhe. Matéria ainda hoje preservada ao segredo dos deuses.
Para ser justo, devo também mencionar que após contactos meus com Luís Filipe Vieira, o Benfica estava igualmente receptivo a realizar um jogo. Este acabou por não acontecer apenas pelo nosso muito congestionado itinerário, mas a comitiva de cerca de 30 pessoas foi convidada a assistir ao primeiro jogo oficial internacional no novo Estádio da Luz (6 de Novembro de 2003), a contar para a Taça UEFA, frente ao Molde FK da Noruega, em que o Benfica saiu vitorioso por 3-1.
Declaração do director desportivo do Sevilha, Ramón Rodriguez Monchi: «Seguimos muito o Carriço durante esta temporada, inclusivamente fomos vê-lo várias vezes, mas as circunstâncias eram difíceis. Primeiro, o Sporting não o quis deixar sair, depois ele próprio decidiu ficar.»
Na minha opinião, decisões sábias tanto da parte da SAD como do Daniel e o Sporting beneficiará com isso, desportiva e financeiramente.
Já se vai tornando ridículo a forma como tentam diminuir o valor dos jogadores do Sporting. Primeiro, o Portal Sapo anuncia Sevilha desiste de Carriço. E depois no desenvolvimento da notícia, afinal, lê-se isto:
O diretor desportivo do Sevilha, Ramon Rodriguez, assumiu esta terça-feira que o ‘namoro’ com Daniel Carriço não vai em frente. «Seguimos muito o Carriço durante esta temporada, inclusivamente, fomos vê-lo várias vezes, mas as suas circunstâncias eram difíceis. Primeiro, o Sporting não o quis deixar sair, depois ele próprio decidiu ficar», explicou, em declarações à televisão do clube.
A espaços, tem vindo a falar-se de eleições antecipadas no Sporting. O próprio Presidente, Godinho Lopes admitiu esse cenário, tendo porém, mais tarde, afirmado que não vai ocorrer. Ora, não tendo apoiado Godinho Lopes, estou à vontade para dizer que não percebo a razão de se querer, como alguns querem, eleições antecipadas. Apesar dos resultados insatisfatórios da equipa de futebol, do nunca bem explicado processo de despedimento de Domingos Paciência e da forma como se lidou com o “caso Pereira Cristóvão” - que considero as situações em que o Presidente não esteve bem – penso que houve igualmente situações positivas.
A saber, o maior número de pessoas nos jogos em Alvalade, o ressurgimento de algumas modalidades entretanto extintas, uma melhor política de comunicação (destaque para a comunicação 2.0) que aproximou os adeptos da equipa e sobretudo, um final de época onde foi possível ver o Sporting a “jogar à Sporting” com um dos "nossos" no lugar de treinador. No geral, não foi um bom ano se olharmos apenas para os resultados do futebol, mas não faz sentido ir para eleições após um ano de mandato, sem nenhum evento de extrema gravidade que o justifique.
O projecto de Godinho Lopes precisa de mais um ano e então aí, com a casa mais do que arrumada e moldada segundo as suas directrizes, será possível fazer uma análise séria, onde seja possível responder a uma pergunta simples – a actual direcção está a fazer um bom trabalho? Se sim, é para continuar. Se não, então talvez seja mais adequado ir para eleições. Nesta fase, além de prematuro, penso que a balança ainda não pende taxativamente para nenhum dos lados. Reafirmo o que já disse no passado, os projectos em futebol precisam precisam de tempo para se afirmar e dar fruto, o que contrasta com a sede de títulos que temos. Não podemos andar todos os anos em eleições, sob o risco do clube se tornar ingovernável.
É certo que chutar para a frente com a barriga é algo típico nos clubes de futebol (a tal história do “para o ano é que é”), falando em amanhãs que cantam, para menorizar as derrotas do presente. No futebol, querem-se as vitórias e os títulos para ontem. Não obstante, não esqueçamos que gerir uma organização como o Sporting, embora deva ser feita sempre com grande paixão, requer igualmente razão, onde a serenidade e a ponderação em cada escolha imperem para o melhor do nosso clube.
Lembremos a máxima popular que nos diz “Roma e Pavia, não se fizeram num dia" e apliquemo-la ao nosso Sporting!
Sou só eu que acho que a rubrica que a SIC emite em todas as edições do Jornal da Noite é uma valente xaropada? Os Bastidores da Selecção pretende mostrar supostamente o outro lado da equipa portuguesa, o lado de lá, mas fica-se por imagens de jogadores de cuecas e tronco nu, jogadores de chinelos, jogadores e suas "máquinas" (vulgo carros), roupeiros a contar cacifos e camisolas, massagistas a trabalhar, treinadores a mostrar planos de marcação de livres, etc, etc. Sinceramente, que interesse é que isto tem? O problema deve ser meu.
A equipa de futsal do Núcleo Sportinguista de Moura acaba de ganhar a Supertaça Distrital de Futsal. Parabéns, Leões!
A expressão, datada do século XIX, é originária da política, mas rapidamente se alastrou a vários sectores da sociedade, incluindo obviamente o futebol.
Lembrei-me de escrever sobre isto, quase pelos motivos óbvios: agora que o campeonato acabou e que o novo ainda não começou – e numa altura em que é preciso continuar a manter aceso o negócio da bola – as notícias dos jornais enchem-se de rumores, contra-rumores, tácticas e técnicas, para os meses alucinantes que se avizinham em que volta tudo ao início e onde qualquer equipa pode ser campeã.
Nas semanas da silly season futebolística pode-se dizer e escrever praticamente tudo. Hoje em dia é bem mais arriscado fazer esse exercício, com a televisão, a rádio, os jornais e a internet a registarem as promessas dos clubes, as gafes dos comentadores e as apostas dos adeptos. Mas lembro-me do saudável tempo de impunidade quando era miúdo e sabia pelas supostas novidades do Sporting pela bíblia (A Bola, obviamente).
Hoje em dia, ler A Bola na praia é um desafio mais ou menos suportável, com um nível de esforço igual à leitura de um outro qualquer jornal. Mas, há 20 anos, não era bem assim. A Bola era de um tamanho incomportável para se ler na praia, mas todos nós lá em casa fazíamos esse esforço.
Chegávamos à praia de manhã cedo e o meu pai iniciava a leitura sentado na cadeira junto à barraca que alugávamos religiosamente todos os verões na Ericeira. O meu pai, consoante o número de cigarros que fumava e os comentários que fazia, dava, a mim o meu irmão, o sinal que aquela edição de A Bola era merecedora da nossa atenção.
Às vezes, o meu pai interrompia a leitura para ir dar um mergulho ao mar e deixava o jornal de lado. Apesar do pedido, sempre reiterado, de querer ler o jornal em primeiro lugar, nestas alturas aproveitávamos para dar uma espreita às novidades do nosso Sporting.
Quando a coisa corria bem, conseguíamos ler sem que o meu pai se apercebesse que o desportivo tinha sido mexido. O problema é que, inúmeras vezes, corria mal. O vento levava as folhas pelo areal, o jornal ficava sujo de areia, algumas páginas eram rasgadas pela disputa incessante de cada um de nós querer ler o que acontecia ao Jordão, ao Manuel Fernandes, ao Artur e a tantos outros jogadores. E, naturalmente, se a nossa equipa iria ter reforços dignos de vestirem a camisola do leão.
Muitas vezes éramos, por isso, apanhados. Mas, confesso-vos, o melhor apanhado foi feito pela minha mãe. Uma das fotos que guardo com muita saudade é de um verão passado, não sei situar o ano. A minha irmã brinca na areia, enquanto três cabeças debruçadas sobre A Bola lêem as últimas novidades. O meu pai, no meio, e dois rapazes traquinas, um em cada ponta, a espreitar. Alguém falou em silly season?
*Artigo publicado hoje no jornal do Sporting
« Não se trata de a imprensa espanhola não saber perguntar. É um problema da imprensa em geral. O futebol está cheio de pessoas que dizem entender tudo mas que não entendem nada ».
- José Mourinho -
Observação: A verdade nua e crua que não vai perturbar os que "entendem tudo".