Revisitando a temática «João Gobern»
Locutores e comentadores da rádio e da televisão são unidades jornalísticas autónomas que fazem parte da experiência desportiva e, pela sua função, assumem o cometimento com a audiência de informar e comentar com exactidão, imparcialidade e integridade, requisitos tão essenciais à sua credibilidade, como instrumentos esterilizados a um cirurgião. Salvo em casos em que o alicerce da programação assenta no debate entre adeptos, provisoriamente instalados em painéis para discussão improvisada, o comentador tem o dever de moderar a sua analogia, enquanto profissional, a fim de preservar a objectividade e fidedignidade do seu desempenho jornalístico, indiferente das suas tendências naturais para uma qualquer coisa. O jornalismo, como profissão e arte, é governado por regras de conduta que não dispõem de precisão científica. Muito por essa implícita latitude, o desempenho não se ajusta meramente à transmissão de opiniões, reacções e ideias, sem primeiro consciencializar a veracidade da informação em que a expressão é fundamentada. Esta, para ter equilíbrio e probidade, não deve ser indevidamente influenciada por factores partidários que comportam, por inerência, o potencial para a desvirtuação desportiva e o desrespeito pela propriedade da audiência. João Gobern, tanto no seu comentário in loco como na sua palavra escrita, sempre transpirou a sua extraordinária inibição em encontrar a imunização contra o seu fervor clubístico, consideração que há longo tempo o deveria ter desqualificado da participação num programa como «Zona Mista», componente da televisão pública que aspira aos ideais de jornalismo no comentário desportivo.