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Sou do Sporting. Mas não sou surdo. E muito menos cego. Ao Sporting, lamento reconhecer, só resta lutar pelo terceiro lugar no campeonato (e pela Taça de Portugal e pela Liga Europa, mas isso é outra conversa, muito mais saborosa). Custa-me concluir isto, mas há que dizer a verdade. Estou, portanto, a torcer pelo Sporting de Braga. Conseguirá manter até ao fim o excelente nível que tem exibido? Espero bem que sim. Entretanto considero vergonhoso que nenhum dos programas televisivos dedicados aos debates “desportivos” (onde o futebol é sempre, e só, a única modalidade desportiva em discussão) tenha incluído até agora, nos seus painéis de comentadores, um representante permanente do Sporting de Braga. Continuam a ser sempre os mesmos três clubes representados nestas intermináveis sessões de bate-boca sobre a bola. Como se não houvesse mais nenhum outro clube em Portugal. Como se o Sporting de Braga não tivesse sido, desde o início do actual campeonato, um claro candidato ao título.
Percebo bem a lógica destes canais de televisão - incluindo o canal público, que devia ter obrigações acrescidas nesta matéria. Há que manter intacto o sistema, há que fazer tudo para continuar a fingir que o futebol português se resume a dois clubes de Lisboa e um clube do Porto.
Como se o resto do País só fosse paisagem.
Como se Braga, apesar do seu clube tão emblemático e tão digno de elogios, não fizesse parte do mapa desportivo português.