Aos domingos e às segundas
Este fim de semana os comentaristas rubro-azul do costume vieram todos deitar lágrimas pelo Domingos e lágrimas, verdadeiramente de crocodilo, pelo 'projeto do Sporting'. Para os rapazes Domingos é uma virgem, pura do não cometer erros, que candidamente levava o Sporting à glória. Eles não cuidaram de questionar(se) porque havia tantas mudanças na equipa e tantos jogadores magoados, porque a equipa entrou num ciclo de óbvio cansaço (como seria a preparação física?), porque o treinador repetia, jornadas seguidas, que o time dera a primeira parte ao adversário ou porque deixara de saber marcar golos. A acção do treinador não teria algo a ver com isso? Ou o treinador seria um extra-terrestre, sem responsabilidade no comportamento da equipa? Mas nada disto, que é (seria) sério, preocupou os jornalistas e comentaristas. Nem preocupou saber (e veio-se a saber) se em Braga já se teriam verificado situações semelhantes. Até cairem numa situação caricata: o Domingos e o projeto do Sporting, em que o eleito para dirigir o clube e ter um projeto parece ter sido o treinador do qual, pelos vistos, o presidente sufragado maioritariamente pelos sócios seria um mero apêndice. Como é então? No tempo do Paulo Bento que, com parcos meios, levou o Sporting três anos seguidos à Champions e ganhou duas Taças de Portugal e duas Supertaças - e pediu-se a sua cabeça. No tempo de Paulo Sérgio, sem meios também, humilhou-se o saber do treinador e pediu-se a sua cabeça. Com Domingos, a quem o clube ofereceu os jogadores que ele pediu, fez a renovação que ele pediu, há um sentimento de 'coitadinho do treinador'. Que resulta destes meses? Uma equipa que teve momentos de bons resultados e os perdeu e ia deslizando para o meio da tabela (não era lutar pelo terceiro lugar, porque ainda não teria estaleca para lutar pelos dois primeiros... estávamos já a lutar pelo quinto!), um treinador claramente desorientado e sem chama, etc, etc, etc. Não dá para entender esta gente.